O «Anjo surfista», um seminarista brasileiro que evangelizava os pobres, futuro santo

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Ana Lívia Amaro da Conceição
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1 Guido Schäffer morreu afogado com 34 anos O «Anjo surfista», um seminarista brasileiro que evangelizava os pobres, futuro santo Guido Schäffer Actualizado 12 de Novembro de 2014 Álex Rosal / ReL Os surfistas de meio mundo podem estar contentes perante a possibilidade de ter, num futuro não muito longínquo, um santo que os proteja e que seja seu patrão. A Igreja católica iniciou a causa de beatificação de Guido Schäffer, morto em 2009 aos 34 anos na praia da Barra de Tijuca, Rio de Janeiro (Brasil), enquanto praticava surf depois de receber um golpe que o deixou inconsciente e, posteriormente, se afogou. Dali a poucas semanas estava prevista a sua ordenação como sacerdote. Começa a causa de beatificação O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos deu o nihil obstat a autorização formal que assinala que não existe impedimento algum para iniciar a causa de beatificação do seminarista Guido Schäffer conhecido como o Anjo surfista. A arquidiocese do Rio de Janeiro considera que a sua vida, inspira cada vez mais outros da juventude. (Uma página da internet sobre este servo de Deus em

A Igreja católica iniciou a causa de beatificação de Guido Schäffer, morto em 2009 aos 34 anos na praia da Barra de Tijuca, Rio de Janeiro (Brasil), enquanto praticava surf depois de receber um golpe

2 Modelo de cristão para a JMJ Rio2013 Além disso, a organização da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 nomeou-o modelo de jovem cristão, para o qual se realizaram documentários e livros como "O anjo surfista" do escritor Manuel Arouca. Hospital. De família acomodada Guido Schäffer era jovem, surfista, carioca e de família rica. Falava a gíria dos jovens do seu bairro, o exclusivo Copacabana, e teve uma namorada formal que muitos pressentiam que podia acabar em casamento. Há unanimidade em qualifica-lo como alegre e vitalista. Fez-se médico, um grande médico, segundo confirmam os seus professores da faculdade e chefes no Alegre e vitalista Teve uma infância normal. Passava muito tempo na praia surfando, a sua grande paixão, e praticava, além disso, outros desportes em companhia de amigos. Estava sempre rodeado de gente A sua alegria contagiava, e o seu tracto fácil fazia o resto para que fosse um íman nas relações sociais. Uma família católica Os seus pais foram decisivos na espiritualidade de Guido. Iam sempre à Eucaristia dominical na família e rezavam todas as noites juntos. Além disso, a sua mãe participava activamente no grupo de oração Bom Pastor, da Renovação Carismática Católica, e evangelizava como voluntária nas escolas públicas. Guido convidava desde adolescente os seus amigos para que fossem a algum retiro espiritual, em especial o do Cenáculo, que organizava o Movimento Sacerdotal Mariano, e ao qual ia todos os meses a sua mãe. Uma mudança brutal Ao iniciar a carreira de Medicina, Guido integrouse no grupo Fogo do Espírito Santo, outra comunidade carismática que atendia os pobres das Irmãs da Caridade. Mas o que activou uma mudança total na vida de Guido foi una frase que escutou num retiro: "Não vires a cara ante nenhum homem e Deus tampouco o separará de ti". Este texto de Tobias "golpeou-o" de tal maneira que rememorou as vezes que tinha desviado a cara perante algum pobre, e depois de pôr-se de joelhos e pedir perdão ao Senhor por estas pobrezas, suplicou-lhe: "Jesus, ajuda-me a cuidar dos pobres".

surfista" do escritor Manuel Arouca. Hospital. De família acomodada Guido Schäffer era jovem, surfista, carioca e de família rica.

3 Um livro de Larrañaga Outro facto que o marcou foi a leitura do livro "O irmão de Assis" (São Paulo), escrito pelo capuchino espanhol Ignacio Larrañaga, fundador dos Seminários de Oração e Vida, que lhe deu "uma grande luz de Deus na sua vida". A sua preocupação? Salvar almas A irmã Irma Caritas, missionária da Caridade de Madre Teresa de Calcutá partilhou muito tempo com Guido na atenção dos "irmãos da rua". Conhecia-o bem. Disse dele que a "sua única preocupação era salvar almas. Levar todos a um encontro pessoal com Cristo. Para isso não media esforços. De facto, toda a sua conversação estava direccionada com Ele e até Ele. Não perdia uma oportunidade de proclamar Jesus já foram com palavras ou com o seu próprio exemplo". "Cuando ia aos irmãos da rua continua a irmã Irma -, não os cuidava unicamente da saúde do corpo, mas sim sobretudo, a da alma. A nenhum dos pacientes deixava de falar de Cristo. Muitos deles saiam do consultório com lágrimas e profundamente tocados. Orava por cada um deles e convidava-os a receber os sacramentos como fonte de graça e comunhão com Deus". "Muitas vezes usava os carismas que o Senhor lhe concedia. Várias vezes presenciei como dava palavras de conhecimento aos seus pacientes. A todos tratava com delicadeza, paciência e compreensão. Nunca o vi irritado ou impaciente com nenhum. Inclusive quando alguém chegava bêbado ou com sobredose de drogas, Guido procurava acalmá-los... Sempre tinha tempo para cada um. O seu exemplo edificava-me e corrigia", conclui a missionária da Caridade. Dava testemunho da sua fé Por sua parte, Clementino Fraga Filho, professor residente de Guido no Hospital Santa Casa da Misericórdia, assinala que "exercendo como médico, em todo o tempo dava testemunho da sua fé, e vivia conforme os valores cristãos de cordialidade, temperança, caridade e justiça". No seminário Guido deixou a sua namorada e seguiu a chamada ao sacerdócio. Entrou no seminário de são José (Rio de Janeiro) e segundo os seus companheiros de curso "nunca falava mal de ninguém e quando se encontrava no meio de alguma discussão, tentava com habilidade desviar o assunto". Também destacava por um profundo conhecimento das Sagradas Escrituras e

Salvar almas A irmã Irma Caritas, missionária da Caridade de Madre Teresa de Calcutá partilhou muito tempo com Guido na atenção dos "irmãos da rua". Conhecia-o bem.

4 uma memória prodigiosa capaz de citar "de cor" textos da Bíblia. Mesmo assim, o seu amor pela Eucaristia era grande e, como médico, falava do seu poder de cura tanto na alma como para o corpo. O seminário não fez de Guido um homem sério. Pelo contrário, nem perdeu a sua alegria nem a sua forma extrovertida de ser. Continuava em contacto com os seus amigos surfistas e falava de Deus... O mesmo com os toxicodependentes e alcoólicos aos quais diariamente tratava. O padre Jorge Luiz Neves, mais conhecido como o padre Jorjâo, grande amigo de Guido, ao qual acolheu no grupo de oração da paróquia de Nossa Senhora da Paz quando era um jovenzinho assinala que "a vida de Guido desmente o discurso dos mass-media, que repetem repetidamente que as pessoas da Igreja são tristes, aborrecidas e tediosas". Seminarista comprometido Durante a sua estada no seminário, Guido continuava assistindo aos "seus irmãos da rua", levando comida pelas noites às favelas mais pobres, escutando com carinho, orando aconselhando aos mais desfavorecidos. A todos atendia como médico de forma gratuita. Uma dessas noites fazia muito frio, e um dos moradores de uma barraca construída com material de refugo estava tiritando sem poder entrar no calor. Guido, sem pensá-lo, tirou a sua caçadora de coro, e ofereceu-a ao indigente. Dizem os seus amigos que esse foi um dos dias mais felizes da sua vida. Guido, aos altares Foram tantos os testemunhos de santidade atribuídos a Guido Schäffer que recebeu o arcebispo do Rio de Janeiro, que a diocese decidiu abrir formalmente a causa de beatificação do jovem surfista, recaindo em Dom Roberto Lopes, bispo auxiliar de Rio de Janeiro, a postulação da mesma. Guido Schäffer, roga por nós... Oração para a devoção privada "Amado Deus e Senhor que através da vida de vosso jovem Guido Schäffer, nos ensinaste com o seu exemplo e ardor missionário a lançar-nos mar a dentro no caminho da fé, concede-nos pelo seu testemunho de jovem médico, seminarista e surfista, anunciar com renovado ardor a vossa Palavra e alcançar por sua intercessão a graça que pedimos (pedir a graça) a fim de que tenhamos um dia a alegria de vê-lo elevado à glória dos altares. Por vosso Senhor Jesus Cristo, filho bendito da Virgem Maria, Mãe do Amor Formoso, Ele que é Deus connosco na unidade do Espirito Santo. Ámen (Rezar um Pai Nosso, Ave Maria e Glória) De conformidade com os decretos do Papa Urbano VIII, declaramos que em nada

.. O mesmo com os toxicodependentes e alcoólicos aos quais diariamente tratava.

5 se pretende prevenir o julgamento da Autoridade eclesiástica, e que esta oração não tem finalidade alguma de culto público. in

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