AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ESTRESSE EM PROFESSORES LICENCIADOS EM BIOLOGIA QUE ATUAM NA REDE ESTADUAL DE ENSINO, DO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR

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1 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ESTRESSE EM PROFESSORES LICENCIADOS EM BIOLOGIA QUE ATUAM NA REDE ESTADUAL DE ENSINO, DO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR COELHO, J. C. 1 ; SANTOS, M. C. F. 2 1 Discente do Curso de Ciências Biológicas FAP 2 Docente da Faculdade de Apucarana RESUMO Os professores passam atualmente, por dificuldades inerentes à sua carreira, o que, na maioria dos casos, culmina em professores estressados. No caso do professor de Biologia não é diferente. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de estresse em que se encontram os professores de Ciências/Biologia da rede estadual do município de Apucarana-PR e verificar a predominância dos sintomas deste, associando aos fatores que podem estar ligados aos mesmos. PALAVRAS CHAVES: Professores; Biologia; Estresse. ABSTRACT Currently, teachers spend difficulties inherent in his career which, in most cases, culminates in stressed teachers. In Biology teachers it is not different. Thus, the aim of this study was to evaluate the level of stress in Science/Biology teachers that give lessons in Apucarana-PR statewide education network and verify the symptoms prevalence of this, associating the factors that may be associated with them. KEY WORDS: Teachers; Biology; Stress.

2 INTRODUÇÃO Muito se ouve falar em pessoas estressadas, profissionais estressados ou, ainda, trabalhos estressantes, vida agitada, competição, acúmulo de informações, rapidez nas mudanças, globalização, internet, ou seja, mundo estressado. Estresse é um termo que vem do inglês stress e sua definição na física foi usada para traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando este é submetido a um esforço ou tensão. Depois, o termo foi transferido para a medicina e biologia designando o esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras à sua vida e ao seu equilíbrio interno. Sendo assim, existem profissões que ressaltam a predisposição ao estresse, entre elas está o trabalho docente. A realidade brasileira de educação e o sistema educacional ao qual está inserido torna o trabalho desgastante (CODO e GAZZOTI, 1999). Segundo Cantos (2005), o estresse pode ser considerado uma desregulagem de todo o sistema corpo e mente, e não somente um estado passageiro de tensão ou aborrecimento na vida de alguém, visto que é normal observar pessoas estressadas, desmotivadas com a função que desempenham e tendo relacionamentos pouco saudáveis. Aliás, este é um problema que vem se tornando comum também nas escolas é possível notar a perda de produtividade, que acaba comprometendo o resultado do processo de aprendizagem e a imagem da escola. Existem algumas questões que cooperam para que o fator estresse esteja presente nos professores, entre eles: a alta rotatividade, professores em caráter temporário, a falta de apoio dos superiores, a falta de reconhecimento da profissão, além da jornada estafante de trabalho, que acarreta cansaço, nervosismo e ansiedade. Mariano e Muniz (2006) alertam para o fato de que, diante das pressões existentes na organização do trabalho docente, os professores apresentam de forma diferenciada todo um conjunto de sentimentos que envolvem tanto angústia, quanto desgosto, raiva, desesperança, desmotivação, além de imenso cansaço físico e estresse e quando tudo isto fica reunido dá lugar à vivência do

3 sofrimento psíquico na atividade docente, visto que esta é uma das profissões mais desgastantes, o que pode prejudicar e ameaçar a saúde dos profissionais. Lipp (2002) aponta que os prejuízos causados pelo estresse à sociedade são muito grandes, tanto em termos econômicos quanto humanos. As relações de trabalho e experiências que originam de suas trocas formam uma imensa fonte de estresse para as pessoas, por conseguinte reduzem o bem estar e a qualidade de vida. Assim, surge a necessidade de se prevenir os fatores estressores que acabam interferindo na qualidade de vida dos professores e, para isto, é necessário investigar o nível de estresse e orientá-los sobre as consequências alavancadas por todo este mal estar acumulado, o qual danifica o trabalho e acaba dificultando o desempenho pessoal e profissional dos docentes, além de prejudicar as pessoas ligadas aos mesmos. Assim, o presente estudo justifica-se por apresentar bibliografia escassa sobre o tema, uma vez que se trata de algo bastante específico em uma área tão abrangente quanto à educação. Diante do exposto, o objetivo geral deste estudo gira em torno da avaliação do nível de estresse dos professores de Biologia da rede estadual do município de Apucarana, de modo a verificar a predominância dos sintomas do estresse. Também visa verificar o nível de estresse em que os professores de Biologia/ Ciências se encontram, analisando a possível relação existente entre o ambiente de trabalho e os níveis de estresse nestes professores. REFERENCIAIS TEÓRICO E METODOLÓGICO Este estudo é denominado transversal, observacional e descritivo. A população foi composta por professores que ministram a disciplina de Biologia/Ciências na rede estadual de ensino de Apucarana-PR. De acordo com os dados do Núcleo de Educação, existem 60 profissionais desta área atuando, entretanto, apenas 32 concordaram em participar da pesquisa. A pesquisa de campo foi realizada através da coleta de dados por um questionário sobre qualidade de vida estruturado que continha perguntas sobre gênero, idade, raça, período na profissão, entre outros. Também foi aplicado o Inventário de Sintomas de Stress de Lipp para adultos (ISSL), que busca analisar

4 o nível de estresse dos entrevistados, através da investigação dos sintomas físicos e psicológicos em determinado período da vida da pessoa. Este instrumento (ISSL) foi validado em 1994, por Lipp e Guevara. É um instrumento que oferece uma medida objetiva da sintomatologia do estresse em jovens acima de 15 anos e adultos. Para sua aplicação são necessários cerca de 10 minutos e esta pode ser realizada individualmente ou em grupos de até 20 pessoas. Além do mais, não é necessário que a pessoa seja alfabetizada, pois os itens podem ser lidos por outra pessoa. O Instrumento é formado por três quadros referentes às fases do estresse (ROSSETTI et al, 2008). Por se tratar de um instrumento restrito ao uso de psicólogos, a análise do resultado do teste será realizada pela psicóloga e professora Mayra Campos Frâncica dos Santos (CRP 08/13303). A análise dos dados foi realizada pelo programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20.0 para análise estatística dos resultados. Foi estabelecido um intervalo de confiança de 95% e o nível de significância de 5% (p<0,05) para todos os testes aplicados. CONCLUSÃO A amostra do estudo foi composta pelos professores de Biologia/ Ciências da rede estadual de ensino do município de Apucarana-PR. Os dados coletados apontam que, com relação à idade, a maioria dos professores pesquisados encontram-se na faixa etária entre 30 aos 39 anos (31,3%) e dos 40 aos 49 anos (28,1%). Quanto ao sexo, das 32 pessoas que aceitaram participar da pesquisa, apenas 2 professores eram do sexo masculino (6,3%) e 30 do sexo feminino (93,8%). De acordo com os dados obtidos foi possível observar maior prevalência de estresse em professores de Biologia (81,3%), estatisticamente significativa (P<0,05). Também foi possível notar que, mais da metade dos professores que apresentam estresse, encontram-se na fase de resistência (53,1%), sendo que a predominância dos sintomas são psicológicos (46,9%), estatisticamente significantes (P<0,05).

5 Não foram observadas associações entre os professores de Ciências, Biologia e os que ministram as duas disciplinas e o fator estresse. Também não houve associação entre os fatores associados à qualidade de vida e o estresse. O mesmo aconteceu em relação a quantas turmas os professores ministram aulas, em quantas escolas diferentes e o tempo de profissão, sendo que, em nenhum desses casos houve associação com o estresse. Importante destacar que os resultados não apresentaram associação com o fator estresse pelo fato de que a amostra dos professores sem estresse foi pequena (18,8%). Além disto, a pesquisa ainda não se encontra concluída, sendo estes os resultados parciais da mesma, que ainda irá avaliar os professores da rede particular de ensino do mesmo município a fim de comparação dos dados, de modo a avaliar se há diferença estatisticamente significativa do estresse em professores de Biologia/ Ciências entre a rede particular e a estadual de ensino. REFERÊNCIAS CANTOS, Geny Aparecida. Estresse e seu reflexo na saúde do professor. Departamento de análises clínicas Centro de Ciências de Saúde, UFSC/SC, CODO, W.; GAZZOTI, A. A. Trabalho e afetividade. In CODO, W. (Coord.). Educação: carinho e Trabalho. Petrópolis: Vozes, LIPP, Marilda (org). O estresse do Professor. Campinas: Papirus, MARIANO, Maria do Socorro Sale; MUNIZ, Hélder Pordeus. Trabalho docente e saúde: o caso dos professores da segunda fase do ensino fundamental. Estudos e pesquisas em Psicologia, UERJ, RJ. Ano 6, n.1. 1º semestre de Disponível em: acessado em 10 de setembro de ROSSETTI, M.O.; EHLERS, D.M.; GUNTERT, I.B.; LEME, I.F.A.S.; RABELO, I.S.; TOSI, S.M.V.D.; PACANARO, S.V.; BARRIONUEVO, V.L.. O Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp (ISSL) em servidores da polícia federal de São Paulo. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 2008, v.4. n.2., p