ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM DIFERENTES AGROECOSSISTEMAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL, PARÁ, BRASIL
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- Giovanni Tuschinski Sales
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1 ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM DIFERENTES AGROECOSSISTEMAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL, PARÁ, BRASIL Éleres, W.B. 1 ; Campinas, D.S.N. 1 ; Costa, M.M. 2 ; Tavares, D.S. 2 ; Amaral, I.G. 2 ; Brandão, A.D.S. 1 1 Universidade Federal Rural da Amazônia 2 Museu Paraense Emílio Goeldi *Contato do Autor: barrosoeleres@hotmail.com Avenida Tancredo Neves, 250. Departamento de solos. Terra Firme, Belém/PA Brasil; / RESUMO Estudou-se os atributos físicos de um Latossolo em dois sistemas de uso da terra no município de Capitão Poço, nordeste do Estado do Pará, Brasil. Para avaliação dos atributos físicos do solo foram selecionadas duas áreas experimentais, com diferentes tipos de uso do solo, que foram: Área constituída de vegetação secundária (VS), com vinte anos de idade e área cultivada com laranja (CL), há sete anos. Em cada sistema de manejo do solo foram coletadas 24 amostras com estrutura deformada e indeformada na profundidade de 0-10 e cm. As variáveis analisadas foram: granulometria, densidade do solo (DS), porosidade total (PT), microporosidade (MI), macroporosidade (MA), curva de retenção de água (CRA) e umidade volumétrica (UV). Para a análise granulométrica as amostras deformadas foram secas ao ar, destorroadas e peneiradas em malha de 2mm, para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA). A porosidade total (PT) foi determinada a partir da relação entre densidade do solo (DS) e a densidade da partícula, admitindo-se a densidade da partícula igual a 2,65 Mg m -3. A microporosidade (MI) foi determinado pelo método da mesa de tensão, por meio da determinação da curva de retenção de água no solo, na tensão de -0,006 MPa. A macroporosidade (MA) foi calculada pela diferença entre a PT e a MI. A caracterização hídrica do solo foi baseada pela CRA no solo saturado. A área com vegetação secundária apresentou melhores condições físicas em relação a área com cultivo de citros. PALAVRAS-CHAVE Física do solo; Sistema de manejo; Região amazônica. INTRODUÇÃO As atividades antrópicas têm ocasionado diversas alterações na paisagem da região amazônica, a transformação de áreas de vegetação natural em áreas de cultivo provoca mudanças na estrutura e no funcionamento dos ecossistemas ocasionando na maioria das vezes a degradação desses espaços devido a forma em que tais recursos são geridos. De acordo com Blainski et al.(2008), vários fatores contribuem para a degradação física do solo, tais como, redução da matéria orgânica, erosão e compactação. O monitoramento dos tipos de manejo em diferentes unidades de paisagem pode contribuir como uma forma de preservação do solo e melhoria na produtividade agrícola (FIALHO et al., 2008). O nordeste paraense se constitui em umas das regiões mais antigas do estado do Pará, composto por um mosaico de vegetação secundária (capoeiras) e agricultura com cultivo perene. Trindade et al. (2012) define capoeiras como áreas de crescimento espontâneo de vegetação secundária proveniente do processo sucessional dos ecossistemas florestais naturais, e surgem a partir do 1
2 abandono da área utilizada após o desenvolvimento de atividades como a agricultura e pecuária, assumindo um papel central no agroecossistema da agricultura itinerante. A citricultura no estado do Pará atingiu índices elevados de crescimento nos últimos dez anos, tornando-se uma cultura importante para a economia local, colocando o estado como o maior produtor da região norte e incluindo-o a uma posição de destaque entre os maiores produtores do cenário nacional, no entanto, as práticas convencionais, como o tráfego excessivo ocasionado por operações como pulverizações e adubações, os pomares cítricos podem apresentar compactação do solodevido a redução da macroporosidade (Bordin et al, 2008). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi analisar o as propriedades físicas do solo em dois sistemas de uso da terra no Estado do Pará. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada na fazenda Ornela ( a S e a W), localizado no município de Capitão Poço, nordeste do Estado do Pará, Brasil. O município ocupa uma área de 2.899,540 km² (IBGE). O clima regional é do tipo Ami, segundo a classificação de Köppen, com precipitação pluvial média anual oscilando em torno de 2000 mm, com os maiores índices de pluviosidade de janeiro a maio e os menores de agosto a novembro. O solo predominante da região foi classificado por Silva et al (1999) como Latossolo Amarelo, textura média. Para avaliação dos atributos físicos do solo foram selecionadas duas áreas experimentais, com diferentes tipos de uso do solo, que foram: Uma com mata nativa (vegetação secundária VS, com 20 anos de idade) e a outra com cultivo de laranja - CL (implantada a cerca de sete anos), as quais apresentam as mesmas características edáficas, com textura franco-arenosa. Em cada sistema de manejo do solo foram coletadas 24 amostras com estrutura deformada e indeformada, nas profundidades de 0-10 e cm. As amostras deformadas foram coletadas utilizando-se um trado tipo holandês e as indeformadas utilizando-se anéis metálicos de kopecky, medindo 5cm de altura e 7cm de diâmetro, com um volume de aproximadamente 100 cm³. As variáveis estudadas foram: granulometria, densidade do solo (DS), porosidade total (PT), microporosidade (MI), macroporosidade (MA), curva de retenção de água (CRA) e umidade volumétrica (UV). A análise granulométrica foi realizada pelo método da pipeta descrito por Gree e Bauder (1986) utilizando-se a terra fina seca ao ar (TFSA), obtida pelo processamento das amostras deformadas, conforme metodologia descrita em Embrapa (1997). A DS foi determinada a partir de amostras indeformadas, utilizando anéis volumétricos, segundo metodologia descrita por Blake e Hartge (1986). A PT foi calculada a partir da relação entre DS e a densidade da partícula (DP), admitindo-se a DP igual a 2,65 Mg m -3. O volume de microporos foi determinado pelo método da mesa de tensão, por meio da determinação da curva de retenção de 2
3 água (CRA) no solo, na tensão de -0,006 MPa (Embrapa 1997). O volume de macroporos foi calculado pela diferença entre a PT e a MI. A caracterização hídrica do solo foi baseada pela CRA no solo saturado (Gardner, 1986). Para o estudo da CRA no solo, utilizaram-se amostras com estrutura indeformada. As amostras indeformadas foram saturadas por meio da elevação gradual de uma lâmina de água, sendo submetidas aos potenciais: -0,001;-0,002;-0,003;-0,004;-0,005; -0,006;-0,007;-0,008;-0,009 e - 0,01 MPa, em mesa de tensão, e -0,070;-0,1; -0,3 e -0,5 MPa em panela de pressão com placa porosa conforme Klute (1986), até atingir o ponto de cessamento da drenagem de água. A determinação do conteúdo de água para o potencial de -1,5 Mpa foi realizada através do equipamento WP4 Dew point Potential Meter (Decagon e Device 2000). Este equipamento mede o potencial de água retido no solo, quando ocorre o equilíbrio entre a pressão de vapor de saturação na amostra e a pressão do vapor do ar na câmara de leitura. Para tanto, utilizou-se amostra composta de TFSA, na qual pesaram-se 4g e foram colocadas em um cilindro inox de dimensões 11,49 mm de altura e 39,87 mm de diâmetro. O solo foi umedecido dentro do cilindro. Em seguida, o recipiente foi fechado com tampa plástica, permanecendo por 24h para que ocorra a redistribuição da água em toda a amostra. Os dados de umidade do solo foram submetidos à análise de regressão. Com os valores das umidades associadas aos seus respectivos potenciais mátricos foram obtidos os ajustes conforme os parâmetros empíricos da equação proposta por van Genuchten (1980), com a restrição conforme Mualen (1976)(Equação 1): θ = θr+ ( θs θr) n [( 1+ αψ) ] m Eq. (1) Onde θ é a umidade volumétrica do solo (cm 3 cm -3 ); θr a umidade volumétrica residual (cm 3 cm -3 ); θs a umidade volumétrica de saturação (cm 3 cm -3 ); ψ o potencial mátrico (MPa); α, m, n são os parâmetros empíricos da equação. As determinações analíticas das amostras foram realizadas no Laboratório de Física do Solo da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Ánalise estatística Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente por meio da comparação das médias dos valores dos atributos do solo nas duas áreas avaliadas, bem como nas duas profundidades de solo. 3
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios, mínimos, máximos, desvio padrão e coeficiente de variação são dos atributos físicos estudados são apresentados na tabela 1. Tabela 1. Estatística descritiva para as variáveis: densidade do solo (DS), umidade do solo (UV), porosidade total (PT), macroporosidade (MA) e microporosidade (MI), nas áreas sob vegetação secundária (VS) e citros (CL). DS UV PT MA MI Mg m -3 (cm 3 cm -3 ) CL (0-10 cm) Média Mínimo Máximo DP* CV** VS (0-10 cm) Média Mínimo Máximo DP CV CL (10-20 cm) Média Mínimo Máximo DP CV VS (10-20 cm) Média Mínimo Máximo DP CV *DP: desvio padrão; **CV: coeficiente de variação. Observou-se os maiores coeficientes de variação para o atributo macroporosidade, sendo um indicativo que este atributo apresenta uma ampla dispersão, ou seja, tendo uma ampla variabilidade nas duas áreas estudadas. Os menores valores de densidade do solo foram observados na área de citricultura nas duas profundidades, no entanto, nas duas áreas e profundidades estudadas, estes valores estão dentro do limite estipulado por Israelsen e Hansen (1965) considerados ideais para solos com textura franco-arenosa nos quais podem variar de 1,40 a 1,80 (Mg m -3 ), caracterizando-se que os dois sistemas de uso não estão apresentando compactação do solo. Para Israelsen e Hansen (1965) os valores do atributo Porosidade total para solos com a mesma textura do referente estudo podem variar entre 0,32 a 0,47 (m 3 m 3 ), verifica-se nas duas unidades de estudo valores médios dentro do limite estimado. 4
5 O comportamento da CRA no solo foi diferenciado nos dois sistemas de uso e manejo e nas duas profundidades, indicando a influência destes no comportamento da água no solo em diferentes tensões (Figura 1). A matéria orgânica é um fator que pode ter influenciado diretamente a CRA. A área de vegetação secundária, obteve maior retenção de água tanto na capacidade de campo (-0,01 MPa) como no ponto de murcha permanente (-1,5 MPa). Figura 1. Curvas de retenção de água em solo sob vegetação secundária e citros Os maiores valores de umidade de saturação (θsat), assim como os maiores valores de umidade residual (θres) observados no solo sob vegetação secundária, condizem com o menor valor de densidade do solo e com os maiores conteúdos de matéria orgânica (Quadro 3). CONCLUSÃO A área com vegetação secundária apresentou melhores condições físicas em relação à área com cultivo de citros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Blainski, É.; Tormena, C.A.; Fidalski, J.; Guimarães,R.M.L Quantificação da degradação física do solo por meio da curva de resistência do solo à penetração. R. Bras. Ci. Solo, 32: Blake, G.R.; Hartge, K.H Bulk density. In: Klute, A. (ed.). Methods of soil analysis. 2.ed. Madison, American Society of Agronomy, p Embrapa Manual de Métodos de Análise de Solo. 2ª edição. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Rio de Janeiro, 212p. (Embrapa-CNPS. Documentos; 1). Fialho, J.S.; Gomes, V.F.F.; Oliveira, T.S.; Silva Júnior, J.M.T Indicadores da qualidade do solo, em sistema de rotação, na Chapada do Apodi, Ceará. Revista Ciência Agronômica, v. 39, n. 03, p Gardner, W. H Water content. In: Klute, A. (ed.). Methods of soil analysis. Part I. Agronomy Monograph. Madison, Winconsin, p
6 Gree, G.W.; Bauder, J.C Particle-size analysis. In: Klute, A. (Ed). Methods of soil analysis, I. Physical and mineralogical methods. 2.ed. Madison: American Society of Agronomy, p Klute, A Water retention: Laboratory methods. In: Klute, A. (ed.). Methods of soil analysis. 2.ed. Madison, American SocietyofAgronomy, p Mualem, Y A new model for predicting the hydraulic conductivity of unsaturated porous media. Water Res. Res., 12; Silva, B.N.R.; Silva, L.G.T.; Rocha, A.M.A.; Sampaio, S.M.N Interação biofísica e do uso da terra na dinâmica da paisagem do município de Capitão Poço-PA, em sistema de informação geográfica. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 42p. (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 10). Van Genuchten, M. TH A closed form equation for predicting the hidraulic conductivity for unsatureted soils. Soil Science Society of American Journal, 44:
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