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1 SITUAÇÃO DOS DOMICÍLIOS NA CIDADE DE CORUMBÁ-MS Andressa Freire dos Santos 1 ; Graciela Gonçalves de Almeida 1 ; Daniella de Souza Masson 1 ; Joelson Gonçalves Pereira 2 UFGD/FCBA Caixa Postal 533, 79, Dourados-MS, andresa_freire@hotmail.com 1 Bolsistas de Projeto de Extensão da UFGD. 2 Orientador, Professor FCBA. RESUMO Dados oficiais apontam para a melhoria da condição habitacional no Brasil numa taxa de 15% em seis anos. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesse mesmo período, 70% dos imóveis próprios adquiridos por meio de financiamento já foram quitados pelos seus proprietários. No entanto, embora a conquista da casa própria no Brasil tenha experimentado sucessivos avanços, constata-se ainda um grande percentual de moradias inadequadas e irregulares, muitas vezes situadas em áreas de risco ou de proteção ambiental. Esta situação também se verifica em Corumbá-MS, onde os avanços da política habitacional, coexiste com o aumento dos assentamentos precários e a ocupação residencial de áreas de vulnerabilidade ambiental. Em vista disso o presente trabalho se propôs analisar os aspectos habitacionais do município de Corumbá, tendo-se como base os dados censitários de domicílios gerados pelo IBGE nos anos 2000 e A leitura dos dados permitiu uma descrição sobre a evolução das condições habitacionais do município entre os dois censos analisados, o que permitiu avaliar os avanços e desafios da sua política habitacional. Palavras Chave: moradia, política habitacional, dados censitários INTRODUÇÃO Entre os anos de 1940 a 2000 o Brasil passou por uma inversão demográfica conhecida como Êxodo Rural, período em que a população rural passou a migrar para as cidades em busca de melhores condições de vida. Esse processo de transição aconteceu de forma acelerada e o desenvolvimento das políticas públicas neste mesmo período, não conseguiu acompanhar o aumento das demandas por serviços públicos, infraestrutura
2 motivadas pela chegada de novas levas de moradores nas cidades. Esta situação contribuiu para o agravamento dos problemas socioambientais, principalmente relacionados à questão da moradia e que ainda permanecem até os dias atuais como um dos principais desafios das políticas públicas do país. A conquista da casa própria, embora aponte para melhorias na qualidade de vida e econômica da população, pode não representar uma melhora significativa de acordo com as políticas urbanas, já que no Brasil existe grande percentual de moradias próprias que não dispõem de infraestrutura adequada, localizadas em áreas de assentamentos subnormais (favelas ou assemelhados), áreas de risco ou em áreas de proteção ambiental. Esta situação contribui para persista um elevado déficit habitacional no Brasil principalmente nas camadas mais pobres da população (GEOBRASIL 2002). Ressalta-se que a Política Urbana, expressa nos artigos 182 e 183 da Constituição Federal e reiterada pelo Estatuto da Cidade (Lei /2001) garante a todos os cidadãos direito à terra urbanizada, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 2001). Em relação ao município de Corumbá, essas garantias encontram-se expressas como diretrizes em seu Plano Diretor, dentre elas as que definem a necessidade de preservação de áreas ambientalmente frágeis e de valor histórico e cultural; e as que tratam de instituir processos de planejamento e controle social tendo em vista a ocupação de áreas vazias dotada de infra estrutura, por meio dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade para esta finalidade (CORUMBA 2006). Passados oito anos da instituição do Plano Diretor de Corumbá, dados oficiais possibilitam analisar a evolução e situação da política habitacional municipal, de forma quantitativa, no período de vigência desse instrumento de planejamento urbano. Neste sentido, o presente trabalho se propôs analisar os aspectos habitacionais do município de Corumbá, com base nos dados censitários de domicílios gerados pelo IBGE nos anos 2000 e METODOLOGIA A cidade de Corumbá localiza-se na região noroeste de Mato Grosso do Sul, fazendo parte da microrregião do Baixo Pantanal. De acordo com os dados do censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município possuía habitantes, em uma área de km².
3 taxa de crescimento (%) Este levantamento sobre as questões habitacionais e de domicílios de Corumbá foi realizado como parte das atividades e do programa de extensão PROEXT 2014 Oficinas comunitárias para gestão urbana participativa em Mato Grosso do Sul como forma de subsidiar a elaboração do Perfil de Habitação de Interesse Social de Corumbá-MS, um dos produtos a serem gerados pelo referido programa. A metodologia foi dirigida sob a forma de análise quantitativa sobre os dados censitários do IBGE dos anos 2000 e 2010 referentes à condição de ocupação dos domicílios de Corumbá. Os dados foram coletados no Sistema IBGE de Recuperação Automática(SIDRA), em nível territorial de município recorrendo-se às tabelas nº 178, 1394, 1456, 3379 e 3380 as quais referem aos dados de domicílios por tipologia de ocupação nos dois levantamento censitários analisados. RESULTADO E DISCUSSÃO As condições de posse dos imóveis residenciais foram distribuídas em quatro categorias definidas pelo próprio IBGE: domicilio próprio, alugado, cedido e outra condição, em que foram considerados os dados censitários dos anos 2000 e Entre os censos de 2000 a 2010 constatou-se um aumento no número de domicílios ocupados no na cidade de Corumbá, passando de para residências, representando um crescimento de 17.75% no período. Essa taxa de crescimento no número de domicílios foi duas vezes maior que a taxa de evolução da população urbana constatada no mesmo período, a qual registrou um crescimento de 8,48%, passando de habitantes no ano 2000, para moradores em 2010 (Figura 1). Esses valores revelam um acentuado crescimento na quantidade domicílios em face ao aumento da população em uma década. 20,00% 17,75% 15,00% 10,00% 8,48% 5,00% 0,00% Domicilios População Figura 1: Taxas de crescimento dos domicílios e da população urbana de Corumbá entre os anos 2000 e Em relação à condição de ocupação, constatou-se um crescimento em números absolutos nas categorias de domicílios próprios, alugados assim como os relacionados a
4 Taxa de crescimento (%) outras condições, ao passo que se observou uma redução na quantidade de domicílios cedidos, os quais passaram de unidades em 2000 para em 2010 (Figura 2) Proprio Alugado Cedido Outra condição Figura 2: Evolução das condições de ocupação dos domicílios em Corumbá entre os anos 2000 e Fonte: SIDRA/ IBGE (2014). Mesmo que os dados de evolução dos domicílios, em valores absolutos sejam de forma geral positivos, quando as tipologias são analisadas individualmente por índices percentuais, constata-se uma diferença significativa nas taxas de crescimento, sobretudo quando comparados as tipologias próprios e alugados. Enquanto os domicílios próprios experimentaram uma taxa de crescimento de 5,86% entre 2000 e 2010, os domicílios alugados tiveram uma evolução quase cinco vezes maior, alcançando uma taxa de 26,63% no mesmo período (Figura 3). Esta situação sinaliza para uma tendência de intensificação da concentração imobiliária, associada à ampliação do mercado de alugueis de imóveis, contribuindo para a geração de renda aos seus proprietários. 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 5,86% Proprio 26,63% Alugado Figura 3: Comparativo das taxas de crescimento dos domicílios próprios e alugados na cidade de Corumbá entre os anos 2000 e Ressalta-se que Corumbá é uma cidade que possui limitações físicas que impõe restrições à sua expansão horizontal, sendo a mesma delimitada pelo rio Paraguai ao norte e pelo conjunto de colinas ao sul, leste e oeste. A condição física do sítio urbano, associado com a concentração imobiliária em curso, pode contribuir para a intensificação
5 do processo de ocupação das encostas de morros por parte da população que não dispõe de acesso à moradia por meio das políticas governamentais condicionando a constituição de novos assentamentos subnormais em áreas de alta vulnerabilidade ambiental. Esses assentamentos se caracterizam por não dispor de certos serviços e infraestruturas essenciais para a moradia, como saneamento, pavimentação, coleta de lixo dentre outros. Em certos casos, a ausência dessas benfeitorias é imposta pelas próprias condições físicas dos terrenos onde esses assentamentos são situados, geralmente caracterizados como locais de difícil acesso, impedindo a implantação de infraestruturas e serviços. De acordo com o censo populacional de 2010, a cidade de Corumbá possuía pessoas morando em assentamentos subnormais distribuídos em cinco locais na cidade. Esse número representa uma evolução de 14,17% em relação ao censo de 1991, quando foram registrados moradores nessa condição (Figura 4) população em aglomerado subnormais Figura 4: Comparativo do número de moradores em aglomerados subnormais em relação à população urbana, nos anos 1991 e O aumento de moradores em aglomerados subnormais e de domicílios construídos em áreas de vulnerabilidade ambiental ou nas partes periféricas da cidade vem se tornando um fator preocupante, o que motiva a necessidade de adequações na política de habitação governamental, considerando como prioridade o atendimento segmentos sociais de menor renda. Corumbá figura como a única cidade do interior do Mato Grosso do Sul que dispõe de agrupamentos característicos de aglomerados subnormais, conforme o censo 2010 do IBGE. O número de moradores da cidade nessas condições chega a ser superior à população de alguns municípios do estado, como Alcinópolis(4.569), Douradina (5.364), dentre outros.
6 CONCLUSÃO A comparação dos dados censitários de 2000 e 2010 permite concluir que a taxa de evolução no número de domicílios, mesmo sendo superior à do aumento da população urbana no mesmo período, esteve mormente relacionada ao aumento do número de domicílios alugados, entre os quais constatou-se um crescimento de 26,63%. Essa taxa indica uma tendência à ampliação do mercado de alugueis, contribuindo para a intensificação da concentração imobiliária e da renda obtida do comercio de imóveis, ao passo que impõe restrições de acesso à moradia para os estratos sociais de menor renda, pressionando, em certa medida, para uma ampliação dos aglomerados subnormais. AGRADECIMENTOS Ao Ministério das Cidades e Ministério da Educação, pelo apoio financeiro, por meio do PROEXT 2014 ao programa de extensão Oficinas comunitárias para gestão urbana participativa em Mato Grosso do Sul e à FUNDECT, pelo fomento ao projeto de pesquisa Identificação de áreas de vulnerabilidade ambiental em áreas urbanas de Mato Grosso do Sul, dos quais este trabalho é parte integrante. REFERÊNCIAS: BRASIL. Estatuto da Cidade (Lei n.º , de 10 de julho de 2001). São Paulo: Saraiva, CORUMBA. Lei Complementar Plano Diretor. Corumbá, MS 2006.Disponivel:< em Agosto de GEO BRASIL. O estado das áreas urbanas e industriais, 2002 disponível em< >Acesso em agosto de IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estática. Cidades. Mato Grosso do Sul. Corumbá Disponível em< lang=&codmun=500320&search=mato-grosso-do-sul-corumba. Acesso em > acesso em agosto de SIDRA. Sistema IBGE de Recuperação Automática. Banco de Dados Agregados. Disponivelem: 4682&z=t&o= 4&i=P. Acesso em: agosto de 2014.
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