ESTADO, GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO RURAL
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- João Leveck Ribeiro
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1 UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA Curso de Pós-Graduação em Agronomia Disciplina : SISTEMAS AGRÁRIOS DE PRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADO, GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO RURAL Prof. Antonio Lázaro Sant Ana (UNESP Ilha Solteira) Maio de 2016
2 PARTICIPAÇÃO DO ESTADO E DESENVOLVIMENTO A ideologia neoliberal recomenda a não interferência do Estado no funcionamento do mercado como uma política adequada ao desenvolvimento. A análise histórica das políticas dos países considerados desenvolvidos, no entanto, mostra que estes adotaram (e ainda adotam) uma prática de forte proteção de seu mercado interno, patrocinada pelo Estado.
3 OS PAÍSES HOJE DESENVOLVIDOS UTILIZARAM VÁRIAS POLÍTICAS ESTATAIS PARA GARANTIR SEU CRESCIMENTO ECONÔMICO E INDUSTRIAL: Tarifas elevadas e duradouras à importação e barreiras não-tarifárias; Subsídios à exportação; Proibições de exportação de produtos brutos (para arruinar indústrias concorrentes); Proibição das colônias exportarem produtos manufaturados;
4 Apoio à cartelização de determinados ramos industriais (indústria pesada); Adiamento da adoção de lei de patentes (Suíça); Espionagem industrial; Proteção focada de algumas indústrias ou setores chave; Uniformização de salários e recolocação de mão-deobra por meio de políticas estatais; Investimentos pesados em infra-estrutura, pesquisa (agrícola inclusive) e educação.
5 CHANG (2004) AFIRMA QUE: A proteção tarifária e a atuação do Estado, por meio de políticas industriais, comerciais e tecnológicas, são os fatores que explicam o crescimento econômico e o desenvolvimento de diversos países que no início do processo de industrialização apresentavam atraso tecnológico e desvantagens de concorrência em relação a outros países.
6 O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO: Consiste em um processo de intensificação do intercâmbio entre os países, abrangendo a movimentação de capitais, o comércio, os serviços, as técnicas de produção e as informações, com reflexos políticos, econômicos e sócio-culturais. Dois fatores foram importantes para este processo: as tecnologias que uniram telecomunicações e informática (telemática); e o fortalecimento da concepção neoliberal.
7 ABORDAGENS DOS EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO NA AGRICULTURA TENDÊNCIA DE INTERNACIONALIZAÇÃO E HOMOGENEIZAÇÃO DA AGRICULTURA E O SISTEMA AGROALIMENTAR Considera que a agricultura perdeu seu dinamismo econômico e político e que a produção agrícola está cada vez mais subordinada às exigências de outros segmentos do sistema agroalimentar; Dados da OCDE mostram que o trabalho agrícola representa apenas 5% da força total de trabalho e os gastos alimentares em torno de 15% das despesas totais das famílias, sendo que ambos estão declinando; As grandes empresas transnacionais ao comandar o processo impõem um padrão tecnológico e gerencial que estaria eliminando a diversidade das regiões e excluindo produtores que não se enquadram neste padrão.
8 2. ABORDAGEM DA DIVERSIDADE DA AGRICULTURA E DO SISTEMA ALIMENTAR Considera que houve uma sobrevalorização dos efeitos homogeneizadores da globalização; propõem uma análise das mudanças centradas nos atores/agentes sociais; enfatizam que o caráter da agricultura e da sociedade rural tem dificultado a ação de forças homogeneizadoras da tecnologia e do mercado; assinalam que os fenômenos globais são permanentemente reinterpretados e reconfigurados pelos atores locais; consideram que haveria espaço para diferentes estilos de agricultura e não somente para a chamada agricultura moderna.
9 DESENVOLVIMENTO EXÓGENO E ENDÓGENO Nas duas últimas décadas do século XX tornam-se mais frequentes as críticas à intervenção externa como modelo para produzir o desenvolvimento rural; aumentou o prestígio da abordagem que defende a mobilização social endógena às áreas rurais; algumas concepções buscaram sair do recorte setorial (rural - urbano) e defendem uma análise territorial do desenvolvimento rural.
10 Características Modelo exógeno Abordagens endógenas Princípio chave Economia de escala e concentração Os recursos específicos de uma área (naturais, humanos e culturais) contém a chave do desenvolvimento sustentável Força dinâmica Função das áreas rurais Maiores problemas de desenvolvimento Foco do desenvolvimento rural Pólos de crescimento urbano. Principais forças do desenvolvimento emanando de áreas externas às áreas rurais Produção de alimentos e outros produtos primários para a expansão da economia urbana Baixa produtividade e marginalização - Industrialização e especialização agrícola - Estímulo à mobilidade de capital e trabalho Empresas e iniciativas locais Economias e serviços diversos Limitada capacidade de áreas e grupos sociais participar da atividade econômica e do desenvolvimento - Construção de capacidades (habilidades, instituições e infraestrutura) - Superação da exclusão social
11 ALTERNATIVAS DE INTEGRAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL / TERRITORIAL Áreas especializadas privilegiam um setor ou determinado produto para as trocas externas, normalmente pautadas pela lógica da cadeia produtiva (visam economia de escala); Áreas diversificadas privilegiam a identidade territorial e a cooperação intersetorial, com múltiplas formas de integração externa, buscando os mercados segmentados, locais e/ou nichos de mercado (visam economia de escopo e diversificação).
12 Críticas às abordagens endógenas Tendem a idealizar o espaço local como portador do bom e do desejável, tanto em termos de conhecimento, como de experiências e motivações para o desenvolvimento rural; Dão a impressão de inexistir diferentes projetos, conflitos de interesses e contradições neste espaço; Ao focarem a construção de capacidades locais negligenciam a maneira como as agências externas continuamente minam a criação de tais capacidades; O aspecto fundamental para o desenvolvimento seria o controle local do processo, o que abrange a valorização dos recursos locais (ecologia local, mão-de-obra, conhecimento e padrões locais de produção e consumo).
13 Esta apresentação baseou-se em: CHANG, HÁ-JOON Chutando a escada: a estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. São Paulo: Editora Unesp, MIOR, L. C. Agricultores familiares, agroindústrias e território: a dinâmica das redes de desenvolvimento rural no Oeste Catarinense. Florianópolis, p. Tese (Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas Sociedade e Meio Ambiente) Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina.
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