Philippe Pinel
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- Alice Caminha Chaves
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1 Philippe Pinel
2 Considerado o pai da psiquiatria. Os escritos de Pinel refletem um pensamento inspirado nas concepções de humanismo e liberalismo, de forte influência Iluminista.
3 É o nascimento de uma nova epistemologia, uma nova visão do homem que, diante de conflitos, expressa seu sofrimento humano através da mente e da alma.
4 Pinel estabeleceu os fundamentos da clínica, ao diferenciar a metodologia entre duas atividades médicas: 1. Observar sistematicamente os fenômenos patológicos, 2. Tentar explicá-los.
5 Pinel recebeu as luzes iluministas dos escritores Condillac e De Cabanis, com os quais manteve vínculos de amizade. Influíram sobre ele especialmente Descartes e os enciclopedistas do século XVIII.
6 As idéias de Descartes e dos enciclopedistas contribuíram para o nascimento da psiquiatria por "naturalizar" o espírito do homem, tornando seu pensamento mais racional.
7 Pinel e o "tratamento moral Em 1793, Pinel passou a diretor do Hospício de Bicêtre. Em 1795 Pinel foi nomeado médico chefe do Hospital Salpêtrière, um asilo feminino onde as doentes eram tratadas do mesmo modo que em Bicêtre.
8 Pinel aplicou os mesmos métodos e obteve os mesmos bons resultados, como livrar as doentes das correntes que as prendiam, muitas acorrentadas por 30 a 40 anos.
9 Inspirado por suas idéias, mas também em seu encontro com Jean- Baptiste Pussin [ ],Pinel criou sua teoria do tratamento moral. Pussin partilhou com Pinel seu saberfazer, lhe ensinando seus princípios empíricos fundados sobre a observação e a experiência. Pinel fez referências elogiosas àquele a quem teve a sabedoria de escutar.
10 - Pinel desenvolveu sua tese do tratamento moral (ou psicológico), baseado no princípio de que o doente possui um fundo de razão pelo qual se pode comunicar com ele e influenciar. - O doente adquire então o status de sujeito.
11 - Propôs que a causa das enfermidades mentais eram alterações patológicas no cérebro, decorrentes de fatores hereditários, lesões fisiológicas ou excesso de pressões sociais e psicológicas. - Proibiu práticas de tratamentos como a sangria, os vômitos induzidos e os purgantes e adotou o diálogo e atividades ocupacionais.
12 Sob sua direção, o Hospital da Salpêtrière tornou-se um dos mais conhecidos estabelecimentos neuropsiquiátricos do mundo.
13 Costuma-se falar de Pinel como um homem dotado de generosidade incomum à sua época. Homem bondoso, cheio de atos caridosos para com os sofredores.
14 O libertador dos alienados, aquele que lhes quebrou as correntes e lhes deu dignidade, que os retirou das celas às quais estavam confinados há anos, deixando a sociedade e a classe médica estarrecidas frente a seus atos.
15 Em 1791 Pinel escreveu Nosographie philosophique Pussin, com seu saber e seu saber-fazer não-médico, revelou um método de tratamento pela palavra como instrumento de tratamento. É considerado o primeiro enfermeiro em psiquiatria.
16 Não foi Pinel quem libertou os loucos de suas correntes, como seu filho Scipion e Esquirol escreveram. Pussin, que teve uma influência considerável sobre Pinel.
17 - Pussin utilizava-se da palavra para consolar, controlar as forças psíquicas, influenciar e orientar o doente. - Pinel, no seu Traité médicophilosophique sur l`aliénation mental ou manie de 1801, fez referência a um manuscrito de observações de Pussin sobre os doentes, com as razões pelas quais os libertou das correntes. - Também nessa obra considera a "mania" ou a "psicose maníaca", a doença mental típica e a mais freqüente.
18 O manuscrito foi encontrado e publicado num artigo de Weiner [1980]. O que sabemos de Pussin foi relatado por Pinel em sua obra sobre o tratamento moral.
19 Com a morte de Pussin em 1811, Pinel nomeou Esquirol para o seu lugar, como médico-vigilante. Pussin não serviu de modelo para os futuros guardas de loucos ou enfermeiros.
20 - Essa decisão, que parece difícil de compreender hoje em dia, seria devido a atitude de Esquirol. - Pussin era homem de personalidade forte, tinha tendência a não respeitar a hierarquia institucional estabelecida e tomava iniciativas que nem sempre eram apreciada por Pinel.
21 A medicina sempre pertenceu aos médicos que, diante da necessidade de serem auxiliados, exigiam que seus auxiliares se ocupassem do funcionamento cotidiano da instituição, mas de nenhuma maneira tivessem acesso aos conhecimentos e as práticas médicas.
22 Pinel considerava a alienação mental como uma doença orgânica. Um distúrbio das funções intelectuais, das funções superiores do sistema nervoso. Por isso as situou na classe de neuroses, isto é, afecções do sistema nervoso sem inflamação nem lesão estrutural.
23 O cérebro era a sede da mente e a alienação mental fazia parte das neuroses cerebrais, que eram de dois tipos: 1. abolição da função afecções comatosas. 2. perturbação da função vesânias ou doenças mentais.
24 As vesânias eram as doenças mentais, a loucura propriamente dita. Outras doenças mentais que não faziam do sujeito um alienado: - hipocondria. - sonambulismo loucura limitada ao período do sono. - hidrofobia raiva.
25 Pinel procurou elaborar uma nosologia das grandes classes em quatro tipos, a partir de sua hipótese da loucura como distúrbio funcional do SNC, de causas morais e tratamento moral. 1. A "mania" ou "delírio geral", onde se incluem os quadros esquizofrênicos, maníacos e hipomaníacos.
26 A mania propriamente dita na época, mania era sinônimo de loucura, daí o termo manicômio ou asilo, e o título da primeira edição: Tratado sobre a alienação mental ou mania.
27 O delírio era generalizado e concernia a todos os objetos, ficando lesadas várias funções de entendimento. (percepção, memória, julgamento, afetividade, imaginação etc.) e era acompanhado de excitação.
28 Pinel distinguiu uma sub-variedade: a mania sem delírio ou mania racional, na qual as funções do entendimento permaneciam intactas, ocorrendo alterações da afetividade e excitação.
29 2. A "melancolia" ou "delírio exclusivo", que compreende, sobretudo, as depressões ciclotímicas e as formas depressivas da esquizofrenia.
30 Na melancolia o delírio se limitava a um objeto ou a uma série particular de objetos, permanecendo intactas as faculdades mentais fora desse núcleo delirante. O comportamento era coerente e compreensível, se levadas em conta as idéias delirantes. O estado afetivo e o tema do delírio, podiam ser tristes ou alegres e exaltados.
31 3. A "demência" ou destruição do pensamento, onde se incluem os paralíticos gerais (neuro-sífilis), e os esquizofrênicos crônicos. Demência ou abolição do pensamento Pinel entendia pensamento no sentido de juízo, como Condillac. A demência era uma incoerência na manifestação das faculdades mentais.
32 4. A "idiotia" ou ausência de todas as faculdades mentais. Idiotismo como a obliteração das faculdades intelectuais e afetivas. A supressão da atividade mental, ficando o sujeito reduzido a uma existência vegetativa.
33 A monomania idéia fixa, numa mente sã, aliás, foi o principal diagnóstico psiquiátrico do início do séc. XIX. A mania abarcava todos os estados de agitação: maníacos, epiléticos, confusionais, esquizofrênicos, histéricos.
34 Para isso servia-se dos sintomas mais salientes, o que resultou nas loucuras sintomáticas e as loucuras idiopáticas, que seus discípulos deram continuidade.
35 Pinel (1809) classifica as doenças mentais em: I. Formas de alienação Mental : 1. a) Mania (delírio geral, com ou sem furor); b. Mania raciocinante (aparentemente sem delírio); 2. Melancolia (delírio parcial; 3. Demência; 4. Idiotia;
36 II. Alternância entre mania e melancolia. Pinel teve muitos discípulos sendo Esquirol o mais importante.
37 Jean Étienne Dominique Esquirol [ ], foi discípulo de Pinel. Formou-se em medicina e foi trabalhar com Pinel em 1801 no Hospital Salpetrière.
38 Escreveu Les Passions considérées comme cause, symptôme et moyen de la maladie mentale, em 1805, e Des maladies mentales considérées sous le rapport médical hygiénique et médicolégal, em 1840, a sua principal obra.
39 Esquirol se destacou como brilhante reformador e fundador da Escola francesa de psiquiatria. Foi assistente de Pinel na Salpétrière, onde ministrou cursos sobre o tratamento da insanidade.
40 Definia a loucura como uma afecção cerebral comumente crônica, sem febre, caracterizada por distúrbios da sensibilidade, da inteligência e da vontade.
41 O trabalho de Esquirol foi o aprofundamento clínico, pois ele era um excelente observador e suas descrições clínicas são muito mais completas do que as de Pinel. Ele levou adiante a análise e a distinção entre as síndromes psicopatológicas.
42 Esquirol foi o mais fiel e mais ortodoxo de seus discípulos e sua obra é, toda ela, a aplicação, a ilustração e o aprofundamento das idéias de Pinel.
43 Teve discípulos importantes, como Moreau de Tours, Baillarger, Bayle, Falret e Georget e outros que constituem a Escola Francesa de Psiquiatria, marco da ciência no século XIX.
44 A partir de 1820, Esquirol substituiu Pinel como chefe do Hospital. Fundou a primeira clínica particular para doentes mentais da França dirigida por um médico.
45 Contribuiu para a criação de categorias ainda mais precisas para a recémcriada psiquiatria. Esquirol dividiu sua nosografia em quatro grupos: demência, idiotia, mania e monomanias, dando assim maior coerência ao corpo teórico proposto por Pinel.
46 Os organicistas como Griesinger e Jean- Paul Falret se interessavam pela cura da doença e começavam a fazer a classificação das doenças mentais diferenciadas. Falret lutava pelo reconhecimento da especialidade psiquiátrica.
47 O nascimento da Psiquiatria A lei de 1838, proposta por Esquirol, instaurou os asilos para tomar conta dos doentes mentais até a aplicação da setorização dos anos de 1970.
48 A partir do início do século XIX, duas explicações da doença mental começaram a se desenhar: - uma que associa a doença mental aos doentes do sistema nervoso (organicismo), - outra inspirada pelos psiquistas alemães (psiquismo), que concebiam a loucura como erro de percepção.
49 Esquirol classificou os Gêneros de Loucura: 1. Lipemania (lype=tristeza, delírio parcial com tristeza e depressão); 2. Monomania (delírio parcial com alegria); 3. Mania (delírio geral com excitação); 4. Demência (enfraquecimento dos órgãos do pensamento); 2. Idiotia.
50 Antoine Laurent Jessé Bayle [ ]. Estabeleceu uma correlação específica entre as alterações da aracnoides, uma paralisia geral incompleta, e o transtorno das faculdades intelectuais com evolução para a morte em estado de demência caquéxica.
51 A visão organicista da doença mental surgiu desde que Bayle, junto com Fournier, classificou em 1799, a primeira doença mental: a paralisia geral progressiva. Bayle deduziu que todas as doenças mentais tinham causa orgânica.
52 Bayle, em 21 de novembro de 1822, defendeu sua tese, Recherches sur les maladies mentale, na qual descreveu um estado de demência com paralisia incompleta, assinalando um tempo essencial na história da psiquiatria. A partir de 1830, não se ocupou mais de psiquiatria, a não ser por ocasião de polêmicas sobre a paralisia geral.
53 Os trabalhos de Bayle foram negligenciados por quase 40 anos, até serem finalmente levados a sério. Marcou o nascimento de uma psiquiatria de orientação científica, inspirada no desenvolvimento da patologia cerebral, que teve na Alemanha, nas figuras de Kaulbaum e de Kraepelin, seus principais expoentes.
54 Karl Kahlbaum Seus trabalhos demonstraram a correlação entre o quadro clínico e os achados anátomopatológicos da paralisia cerebral.
55 Os psiquiatras clássicos trocaram a disfunção pela lesão e adotaram a postulação anatomista de Griesinger, de que as doenças mentais são, antes de tudo, afecções cerebrais.
56 Além disso, seus trabalham também caminharam para a construção de nova nosologia, priorizando o critério evolutivo, a história natural das doenças, que teve seu apogeu com Kraepelin.
57 O seu Compêndio de Psiquiatria, de 1913, após oito edições, transformou-se num tratado de quatro volumes e 2500 páginas. Tal como a medicina, a psiquiatria sonhava ter um dia sua base assentada no método anátomo-clínico.
58 Com Bayle e a teoria da degenerescência, o elemento moral ganhou os contornos do controle da sexualidade e da procriação, que como todos os elementos naturais da humanidade, precisavam adaptar-se à cultura e às normas, para o controle de seu aspecto excessivo, perigoso para a razão. Bercherie, 1989, p
59 Bayle, através da caracterização das lesões cerebrais na paralisia geral, construiu a primeira enfermidade médica fundada na anatomia-patológica. Como Morel (1857) sobre a degenerescência, definida como desvio de um tipo primitivo perfeito, transmissível hereditariamente.
60 E como Magnan (1870), que sintetizou as duas correntes redefinindo a idéia de degenerescência à luz do evolucionismo. Roudinesco, E. Théroigne de Méricourt - Uma mulher melancólica durante a Revolução. Rio de Janeiro, Rocco
61 A partir de então, os médicos começaram a dissecar os cérebros dos pacientes que faleciam nos asilos, a fim de detectar o elemento demonstrável e não provocado da doença mental. No entanto, não encontravam nenhuma demonstração da etiologia na realidade física do corpo, As duas patologias mentais de freqüência considerável eram a demência precoce e a loucura maníaco-depressiva.
62 Ambas as patologias exibiam uma sintomatologia exuberante sem que se pudesse, por mais que se examinassem o cérebro dos pacientes, encontrar algo conclusivo.
63 Foi Freud que em 1893 diferenciou as paralisias orgânicas das histéricas, demonstrando que a histeria não era articulada ao campo anátomopatológico.
64 Ernest-Charles Lasègue [ ] Propôs estudar a história do paciente para encontrar a causa das doenças mentais. O papel das atitudes parentais e das interações familiares era primordial..
65 Com Jean-Pierre Falret, introduziu conceito de «folie à deux» para descrever o surgimento de sintomas psicóticos nos membros da família vivendo sob o mesmo teto. Descreveu a anorexia mental e o delírio de perseguição. Em 1864, publicou Des maladies mentales et des asiles d aliénés.
66 Falret se dedicou ao estudo e tratamento dos doentes mentais e ao futuro dos homens, mulheres e crianças doentes mentalmente. Interessou-se por todas as pessoas que apresentavam algum tipo sofrimentos psíquicos, deficientes mentais, que sofriam de problemas de comportamento. As perspectivas de integração social dos doentes recuperados eram e ainda hoje é praticamente nula.
67 Jules Baillarger apresentou em 1854, na Academia Imperial de Medicina um trabalho onde descrevia uma nova variedade de loucura, chamada loucura de dupla forma, cuja característica principal era a presença de episódios maníacos e depressivos. Seu colega Falret o acusou de plagio, pois já havia publicado anteriormente uma descrição minuciosa do mesmo problema ao qual chamou de loucura circular.
68 A descoberta de Falret marca uma data fundamental na história da nosologia dos problemas mentais. Contrariamente a opinião geralmente aceita que a alienação mental era uma entidade única com manifestações sintomáticas diversas, Falret afirma que existia em psiquiatria como na medicina, doenças mentais distintas.
69 Sua etiologia era ainda desconhecida, mas já se poderia isolar as manifestações sintomáticas e a evolução, como ele havia feito com a loucura circular, que era segundo ele, junto com a paralisia geral, a única verdadeira doença mental até então identificada.
70 Esses princípios foram adotados por Kraepelin e os principais conceitos nosológicos, propostos em 1900, são até hoje admitidos. Kraepelin atribuía a maior parte das manifestações psicóticas à duas doenças: a Demência Precoce, mais tarde chamada de Esquizofrenia, e a Psicose Maníaco- Depressiva, opostas principalmente pela presença ou ausência de uma evolução para um estado de deteriorização mental.
71 A partir de 1966, J. Angst e C. Perris demonstraram a especificidade de sua hereditariedade e a nomearam de transtorno bipolar. Os estudos recentes estenderam os limites do transtorno para além de sua descrição clássica. O que se chama de aspecto bipolar incluído agora, sobre a base de argumentos clínicos, biológicos, genéticos e terapêuticos, as manifestações puramente maníacas e hipomaníacas e mesmo algumas puramente depressivas.
72 Cento e cinqüenta anos após seu nascimento, a loucura circular de Falret tornou-se um dos principais focos de pesquisa em psiquiatria.
73 A loucura circular de Falret foi incorporada na segunda como uma de suas múltiplas formas sintomáticas.
74 Bénédict Augustin Morel ( ), foi o primeiro a usar o nome Demência Precoce. Publicou o Tratado das degenerescências, onde propõe que as doenças mentais resultam de um processo de transformação do tecido nervoso, que se daria em quatro etapas:
75 1. Predisposição 2. Desequilíbrio 3. Estigmas 4. Síndromes episódicas. Elaborou uma teoria dos fatores hereditários em psiquiatria e construiu uma nosologia geral das doenças mentais sobre uma base etiológica.
76 as doenças mentais são, na maioria dos casos, uma expressão privilegiada da degeneração. indivíduos nervosos podem se tornar cretinos.
77 Morel é o pai da teoria da degenerescência, da demência precoce e do delírio emotivo, três conceitos que permitiram aos alienistas franceses se oporem aos alienistas alemães. Tentando explicar por uma etiopatogenia única a degenerescência hereditária, a unicidade da alienação mental, apesar de suas múltiplas faces sintomáticas de gravidade crescente.
78 Contribuições de Morel: Alienações Hereditárias: a) Loucura Lúcida (raisonnante); b) loucura moral; c) Loucura Instintiva; d) etc..
79 2. Alienações por Intoxicação: Alcoolismo; Narcotismo; Ergotismo; Pelagra; Impaludismo;
80 3) Alienações por Doenças Nervosas (nevroses): Loucura Histérica; Loucura Epiléptica; Loucura Hipocondríaca;
81 4) Alienações Idiopáticas: Demência consecutiva; Paralisia Geral; 5) Loucuras Simpáticas; 6) Demência (estado terminal, terminatif);
82 Fundou suas raízes não nas teorias psiquiátricas da época, mas no pensamento de Santo Agostinho e de Rousseau, nas correntes cristãs e sociais democráticas da Revolução francesa. Influenciou pensadores como Magnan, Krafft-Ebing, Galton, Lombroso e Zola.
83 Étienne Jean Georgete ( ). Foi aluno de Pinel de Esquirol na Salpetrière. Adepto da doutrina de Gall, ele procurava encontrar uma relação as doenças mentais e a fisiologia do cérebro. É um dos primeiros a distinguir a psiquiatria da neuropsiquiatria, e precisa a classificação das doenças mentais estabelecidas por Pinel. Ele e Esquirol lutaram contra os internamentos abusivos.
84 Franz Joseph Gall ( ), renomado neuroanatomista e fisiologista, pioneiro no estudo da localização das funções mentais no cérebro.
85
86 Jean-Martin Charcot [ ] estudou a hipnose e a histeria. Considerava que estes dois fenômenos eram devidos a uma debilidade orgânica do sistema nervoso. Sua concepção era combatida pela escola de Nancy que defendia a natureza sugestiva e não orgânica de tais fenômenos.
87 Diretor do Hospital de la Salpetriere, o mais importante centro de investigações sobre o cérebro de sua época. Mestre de Pierre Janet, um dos grandes nomes da psicologia experimental e de Sigmund Freud. Ambos estudaram com ele os fenômenos do hipnotismo.
88 Auguste Lèbeault ( ), médico francês que se interessou pelo estudo da hipnose e da sugestão verbal: a sugestão, dizia ele, é a chave da hipnose. O mundo inteiro se voltou para Nancy. As práticas inovadoras desse médico abriram as portas do Inconsciente.
89 Théodule Ribot [ ] Filósofo françês, consagrou-se por suas pesquisas em psicologia experimental. Separou a psicologia da psiquiatria. É considerado o fundador da psicologia francesa.
90 Em 1882, ele se encontrou com Bernheim, que ficou impressionado com seus resultados. Foi o início da Escola de Nancy, que pôs fim às teorias do magnetismo animal de Mesmer, da hipnose como prioridade natural. Mas o mundo científico francês continuou cético à essa teoria que caiu no esquecimento.
91 Hippolyte Bernheim ( ), escreveu sua obra Da Sugestão e suas Aplicações à Terapêutica em Uma introdução ao estudo do transe hipnótico. Foio fundador da Escola de Nancy, escola de sugestão, em oposição à Escola de la Salpêtrière de Charcot.
92 Charcot considerava a hipnose um estado patológico próprio aos histéricos. Em 1884, Bernheim definiu a sugestão como influência provocada por uma idéia sugerida e aceita pelo cérebro. Em 1886, como uma idéia concebida pelo operador, entendido pelo hipnotizado e aceito pelo seu cérebro.
93 Junto com seus colegas de Nancy demonstram que os fenômenos hipnóticos e os processos habituais da vigília e o sonho são regidos pelas mesmas leis psicológicas.
94 Bernheim estudou o uso da hipnose na esfera da psicologia. Para ele, a utilização da sugestão hipnótica capacitava os profissionais da saúde de uma poderosa ferramenta terapêutica. Através do transe hipnótico se facilitaria a resolução de transtornos nervosos, medos, traumas, fobias; assim como, liberação de capacidades de criatividade, resolução de problemas, sendo altamente eficaz sua utilidade em cirurgia, paliativa da dor, rendimento esportivos e outros.
95 Em 1903, considerou que não se pode distinguir a hipnose da sugestibilidade, e declarou: a sugestão nasceu do antigo hipnotismo como a química nasceu da alquimia. Ele abandonou progressivamente a hipnose, sustentando que seus efeitos podem também ser obtidos no estado de vigília através da sugestão, segundo um método que designou sob o nome de psicoterapia. Em 1907, no Docteur Liébeault et la doctrine de la suggestion», propõe o conceito de ideodinamismo, segundo o qual toda idéia sugerida tende a se fazer ato.
96 img/janet.jpg Pierre-Marie-Félix Janet [ ] Médico, neurologista e psicólogo francês, criou o termo Psicastenia. Fez importantes contribuições para o estudo das desordens mentais e emocionais, a ansiedade e a fobia. É o mais importante psicólogo francês.
97 Janet se dedicou ao estudo do sonambulismo e da sugestão mental, junto com Gilbert, cujos artigos foram publicados entre 1886 e Sua tese sobre o automatismo psicológico, de 1889, relata fatos essenciais da psicologia mórbida e apresenta um método para renovar a psicologia normal através dos estudos dos fenômenos patologicamente dissociados.
98 Segundo Janet, a psicastenia se deve sempre à combinação de uma dificuldade psíquica, mais ou menos pronunciada com uma debilidade biológica, mais ou menos notória O objeto central dos seus trabalhos é a histeria, conforme sua importante monografia de três partes, de 1893: Définitions récentes de l'hystérie, État mental des hystériques, les stigmates mentaux, e «Etat mental des hystériques, les accidents mentaux».
99 Janet contribui em ligar as neuroses à psicoterapia: a psicoterapia é um remédio eficaz nas neuroses e uma medida estéril no tratamento das lesões orgânicas. Para ele, a psicoterapia é essencialmente uma educação do espírito.
100 Os trabalhos preliminares de Freud sobre a histeria estariam inspirados na obra de Janet, particularmente, no conceito de dissociação da consciência. Freud coincide com Janet em dois pontos essenciais: 1º. Muitos fenômenos histéricos se acompanham de um campo de consciência estreito e dissociado, que Freud e Breuer chamam de estado hipnóide, por sua analogia com a hipnose.
101 2º. O mecanismo patogênico da histeria consiste na dissociação de grupos de representações. Esta dissociação se deveria, segundo Janet, à hipotensão psicológica, de gênese mais fisiológica que psicológica e, segundo Freud, aos traumas psíquicos ou à recalque de elementos psíquicos conflitivos.
102 Gaëtan Georges Gatian de Clérambault [ ] Psiquiatra, etnógrafo e fotógrafo francês. Considerado o mais genial dos clássicos. Descreveu importantes entidades clínicas, como a erotomania e o automatismo mental.
103 A erotomania é o delírio de ser amado, que difere do delírio de ciúme, pois este é o delírio de não ser amado. Querer ser amada, demandar amor, querer provas e, principalmente, alas de amor é uma característica feminina, uma maneira estritamente feminina de se colocar na relação com seu gozo.
104 O automatismo mental, segundo Clérambault, é um grupo de fenômenos elementares e estruturais que apontam a entrada na psicose: a) conteúdo essencialmente neutro, ao menos, em seu início, b) b) caráter não sensorial, c) função primária no decurso da psicose.
105 Eugen Bleuler [ ] Médico e psiquiatra suiço, discípulo de Kraepelin, é o autor de uma obra sobre a demencia precoce, em 1911, dando o nome de esquizofrenia, onde insiste sobre os aspectos afetivos e relacionais dessa doença.
106 Freud, em uma carta a Fliess, afirma: "a neurose nutricional paralela à melancolia é a anorexia. A famosa anorexia nervosa [...] é uma melancolia em que a sexualidade não se desenvolveu. [...] Perda do apetite em termos sexuais, perda de libido". (Freud, /1950: 247).
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