Normas Fundamentais do Novo Código de Processo Civil Fábio Victor da Fonte Monnerat

Transcrição

1 Normas Fundamentais do Novo Código de Processo Civil Fábio Victor da Fonte Monnerat Procurador Federal Diretor da Escola da Advocacia-Geral da União em São Paulo Coordenador Nacional de Direito Processual da Escola da AGU Mestre em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP Professor de Direito Processual Civil da Universidade São Judas Tadeu Professor e Coordenador do Curso de Pós Graduação (Especialização) em Direito Processual Civil da Escola da Advocacia-Geral da União Professor e Coordenador do Curso de Pós Graduação (Especialização) em Direito Público da Escola Superior de Advocacia ESA/OAB-SP Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual - IBDP

2 Panorama Geral 1.A nova estrutura do Código de Processo Civil 2.O estabelecimento de uma sintonia fina com a Constituição Federal de Consagração de normas fundamentais 3.1) O que são normas fundamentais: normas que possuem a capacidade de influenciar em todo o processo e em, praticamente, todas as técnicas processuais

3 As normas fundamentais 1.Caracterização das normas fundamentais 2.Estrutura das normas fundamentais no NCPC princípios e regras fundamentais 3.Análise das principais normas fundamentais 4.Principais desdobramentos das normas fundamentais

4 Caracterização das normas fundamentais (cont.) As normas fundamentais não estão apenas no CPC As normas fundamentais não estão apenas nos 12 primeiros artigos do CPC Critérios para caracterização das normas 1. Critério Topológico 2. Critério Hierárquico 3. Critério sistemático/funcional

5 Onde estão consagradas de normas fundamentais? 1. Constituição Federal: art. 5º, inc. XXXV, LV, LVI, LXXVIII, entre outros incisos; art. 93, IX 2.Os 12 primeiros artigos do CPC Normas fundamentais espalhadas pelo NCPC: ex.: Art. 190; arts. 926 e 927; art. 928, 489, 1º 4.Desdobramentos relevantes de normas fundamentais: regras concretas Ex.: 932, p.u.; 771

6 Normas fundamentais do Novo CPC Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.

7 Normas fundamentais do Novo CPC (art. 3º, cont.) 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. DESDOBRAMENTO CONCRETO: OBRIGATORIEDADE DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO (ART. 334, CPC), que só poderá ser dispensadas caso as duas partes manifestem o desinteresse ou se o direito não admitir autocomposição.

8 Normas fundamentais do Novo CPC (art. 4º, cont.) Princípio da efetividade (dimensão da inafastabilidade) Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. DEDOBRAMENTOS CONCRETOS: Princípio da preferência pelo julgamento do mérito: Ex.: Art Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art Nos recursos art. 932 p.u., Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.

9 Normas fundamentais do Novo CPC: Contraditório (arts. 9ºe 10) Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício DEDOBRAMENTOS CONCRETOS Possibilidade de ampla participação das partes em todo o desenvolvimento do processo Vedação das decisões surpresas, ainda que a matéria possa ser verificada de ofício; Exceções: Tutela provisória e tutela monitória

10 Normas fundamentais do Novo CPC: Dever de Motivação (arts. 11 e 489, 1º) Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Art. 489, 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;

11 Normas fundamentais do Novo CPC: Dever de Motivação (arts. 11 e 489, 1º) III invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (...) DEDOBRAMENTOS CONCRETOS Dever de fundamentação analítica Direito das partes de terem todos os seus argumentos de fato e de direito considerados e motivadamente afastados; Concretização das hipóteses de cabimento dos embargos de declaração por omissão Concretização da nulidade prevista no art. 93, IX da CF

12 Normas fundamentais do Novo CPC (princípios da cooperação e boa fé) Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Passividade X Atividade X Cooperativo DEDOBRAMENTOS CONCRETOS Todos são responsáveis por uma tutela jurisdicional justa, efetiva e em tempo razoável; Poder dever do juiz de remover obstáculos que impeçam o julgamento de mérito (ex.: art. 321) Poder dever do juiz de efetivar os comandos jurisdicionais inclusive de ofício (ex.: art 537) Dever das partes de colaborarem e removerem obstáculos que impeçam a efetiva prestação jurisdicional (Ex.: art. 774, V e p.u.) Possibilidade de imposição de multa por ato atentatório à dignidade da jurisdição (art. 77, IV e 2º)

13 Deveres de respeito e observância das súmulas e dos precedentes PRINCIPAIS DISPOSITIVOS 1.Art Dever dos tribunais uniformizarem sua jurisprudência e; dever dos tribunais respeitarem a jurisprudência mantendo-a estável, íntegra e coerente 2.Art Estabelece um rol de enunciados, precedentes e pronunciamentos judiciais vinculantes 3.Art. 928 Prevê o microssistema formação e aplicação de precedente nas demandas repetitivas