Objetivos. aula9 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: UMA AMOSTRA PRÁTICA. Ao final desta aula, você deverá:

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Objetivos. aula9 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: UMA AMOSTRA PRÁTICA. Ao final desta aula, você deverá:"

Transcrição

1 aula9 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: UMA AMOSTRA PRÁTICA Objetivos Ao final desta aula, você deverá: saber quais são os procedimentos metodológicos utilizados para a realização de pesquisa de cunho variacionista; perceber a importância desse tipo de pesquisa para a compreensão do fenômeno da variação.

2

3 AULA 9 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: UMA AMOSTRA PRÁTICA 1 INTRODUÇÃO Finalmente, chegou a hora de você aprender como se realiza uma pesquisa sociolinguística variacionista. Nesta aula, você conhecerá os procedimentos metodológicos a serem utilizados no desenvolvimento desse tipo de pesquisa, também conhecida como sociolinguística quantitativa, por operar com números e possibilitar um tratamento estatístico para o fenômeno da variação. A você será apresentada uma amostra prática, para que conheça o passo a passo desse tipo de investigação. Saiba que é uma aula muito importante, pois, na próxima e última aula, você deverá aplicar o que aprendeu a partir desta. 9 Aula UESC Letras Vernáculas 209

4 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática 2 O QUE E ONDE PESQUISAR? SAIBA MAIS Sobre a prática da pesquisa, saiba que é fundamental adotar uma postura ética no desenvolvimento da mesma, seja ela feita a partir de um corpus falado, seja de um corpus escrito. Não se deve fazer pesquisa de qualquer forma, pois se corre o risco de violar princípios éticos que regem a condução correta de uma pesquisa. Por exemplo, se a pesquisa for de corpus escrito, é necessária a indicação da fonte. Se for de língua falada, não se deve gravar a fala do entrevistado se não houver consentimento por escrito. A aparelhagem utilizada pode ser apresentada como importante e necessária para captar todos os detalhes da conversa. Por isso, deve informar ao entrevistado que a sua fala será gravada, desde que o procedimento seja autorizado por ele. Na área da Linguística, não temos ainda um tipo de manual que nos oriente quanto aos procedimentos a serem adotados no caso de uma investigação que envolva seres humanos. Mas alguns autores já discutem sobre isso, por exemplo: Maria Antonieta A. Celani, no artigo Questões de ética na pesquisa em Lingüística Aplicada, publicado na revista Linguagem & Ensino, em 2005, e que está disponível em: v8n1/antonieta.pdf, e Vera Lúcia Menezes de O. e Paiva, no artigo Reflexões sobre ética e pesquisa, publicado na Revista Brasileira de Linguística Aplicada, em 2005, disponível em: Recomendo, portanto, a leitura desses artigos. Pelo que você já estudou até aqui, já sabe que a sociolinguística se preocupa basicamente em compreender as relações entre linguagem e sociedade, mais especificamente as heterogeneidades linguísticas e as heterogeneidades sociais. Na perspectiva da sociolinguística variacionista, a variação é descrita e analisada como sendo uma propriedade inerente às línguas, responsável, também, pelas mudanças linguísticas. 2.1 O objeto O objeto de estudo da sociolinguística variacionista, como o próprio nome já diz, é a variação, compreendida como um fenômeno decorrente da influência de fatores de natureza linguística (estrutural) e extralinguística (social). Ela parte do pressuposto de que a heterogeneidade linguística é regular, sistemática e previsível, pois os usos são controlados por diferentes fatores, que podem influenciar de forma categórica ou não no uso de uma determinada variável. 2.2 Onde pesquisar? Para investigar a variação, inicialmente, as pesquisas de cunho variacionista tomavam como ponto de partida a língua falada numa determinada comunidade linguística. Mas, hoje em dia, a língua escrita também é analisada a partir dessa perspectiva, dada a influência da língua falada sobre ela. Para estudar a língua falada, basicamente há três formas de coletar os dados: por meio de interações livres, testes e entrevistas. A primeira forma consiste na gravação de duas ou mais pessoas conversando, interagindo de forma bastante natural. A segunda permite a obtenção de dados desejados. A terceira forma, a entrevista, é a mais utilizada nas pesquisas sociolinguísticas. Consiste não na interação de dois informantes entre si, mas na do pesquisador ou de seu ajudante (entrevistador) com o informante ou falante (entrevistado) (OLIVEIRA E SILVA, 2003, p. 125). Na entrevista, o objetivo é captar o registro mais natural 210 Módulo 2 I Volume 5 EAD

5 possível da língua falada pelos informantes. Isso é feito, normalmente, pela coleta de narrativas de experiência, podendo ser guiada por roteiros de perguntas. Conforme Tarallo (1999, p. 21), de gravador em punho, o pesquisador-sociolingüista [...] deve coletar: 1. Situações naturais de comunicação lingüística e 2. Grande quantidade de material, de boa qualidade sonora. E, para conseguir naturalidade, o pesquisador jamais deverá dizer a palavra língua, pois o objetivo principal da coleta é que o informante não dê atenção a sua maneira de falar. Conforme Tarallo (1999), [...] seja qual for a natureza da situação de comunicação, seja qual for o tópico central da conversa, seja quem for o informante, o pesquisador deverá tentar neutralizar a força exercida pela presença do gravador e por sua própria presença como elemento estranho à comunidade. Tal neutralização pode ser alcançada no momento em que o aprendiz se decide a representar o papel de aprendiz-interessado na comunidade de falantes e em seus problemas e peculiaridades. Seu objetivo central será, portanto, apreender tudo sobre a comunidade e sobre os informantes que a compõem (p. 21). SAIBA MAIS Para realizar uma pesquisa sociolinguística numa determinada comunidade, o investigador deve tomar certos cuidados para obter a fala da maneira mais natural possível. Conforme Labov (1972, apud OLIVEIRA E SILVA (2003, p. 118), o investigador deve se apresentar de modo simples, com sua fala natural, não devendo dizer que faz parte de uma universidade, pois, embora a menção de universidade faça-lhe abrir mais as portas de certas comunidades onde ela é prestigiada, fará com que também os falantes dêem demasiada atenção à própria fala, o que é [...] a pior praga do sociolingüista. SAIBA MAIS Depois de gravados os dados, a próxima etapa da pesquisa é transcrevê-los. Conforme Paiva (2003, p. 135), [...] o objetivo básico de uma transcrição é transpor o discurso falado da forma mais fiel possível, para registros gráficos mais permanentes, necessidade que decorre do fato de que não conseguimos estudar o oral através do próprio oral. A tarefa da transcrição não tem, no entanto, nada de trivial, pois requer, além de um considerável dispêndio de tempo, uma série de decisões importantes por parte do pesquisador [...]. Uma das decisões mais importantes diz respeito à postura teórica. É ela que guiará, por exemplo, a transposição dos registros orais para uma forma gráfica, de modo que tenha, ao final, uma transcrição regular e coerente. De acordo com Paiva, a grande maioria dos sistemas de transcrição toma como ponto de referência o sistema ortográfico, independentemente da pronúncia efetiva (p. 137). De modo geral, os estudos de narrativas de experiência pessoal evidenciam que, nesse tipo de gênero, o informante se envolve mais com o que relata, desvencilhando-se de qualquer preocupação com a forma, ou seja, não prestando atenção ao como relata. 3 COMO PESQUISAR? Nesta seção, elencaremos o passo a passo da pesquisa variacionista. O primeiro deles consiste na definição da variável dependente e do chamado envelope de variação. SAIBA MAIS Sobre a metodologia da teoria da variação, Naro (2003, p. 25) afirma ser uma ferramenta poderosa e segura que pode ser usada para o estudo de qualquer fenômeno variável nos diversos níveis e manifestações lingüísticas. Segundo o autor, as suas limitações são as do próprio lingüista, a quem cabe a responsabilidade de descobrir quais são os fatores relevantes, de levantar e codificar os dados empíricos corretamente, e, sobretudo, de interpretar os resultados numéricos dentro de uma visão teórica da língua. O progresso da ciência lingüística não está nos números em si, mas no que a análise dos números pode trazer para nosso entendimento das línguas humanas (p. 25). 9 Aula UESC Letras Vernáculas 211

6 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática SAIBA MAIS Conforme Naro (2003), o problema principal para a teoria variacionista é a avaliação do quantum com que cada categoria postulada influencia na realização de uma ou outra variante das formas que competem entre si. E afirma: Na prática, a operação de uma regra variável é sempre o efeito da atuação simultânea de vários fatores (...) é, em princípio, impossível medir diretamente, nos dados do uso real, a influência de uma dada categoria, sem medir simultaneamente o efeito das outras categorias, também obrigatoriamente presentes (p ). Ou seja, para se constatar o quanto um determinado fator influencia numa das variáveis, é preciso levar em conta as inter-relações de outros fatores que atuam no uso de uma regra variável. 3.1 Definição da variável dependente Em nossa primeira aula, você viu que as variantes linguísticas correspondem às diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um contexto, e com o mesmo valor de verdade. Essas possibilidades são consideradas como a variável dependente da pesquisa. Normalmente, as variantes se encontram numa relação de concorrência: padrão X nãopadrão; conservadora X inovadora; de prestígio X estigmatizada. 3.2 Definindo o envelope de variação SAIBA MAIS Nas palavras de Scherre e Naro (2003, p. 148), os grupos de fatores são uma forma de operacionalizar hipóteses a respeito do funcionamento dos fenômenos lingüísticos variáveis, que podem ou não estar ligadas a modelos lingüísticos claramente estabelecidos. O envelope de variação consiste na definição das variáveis que vão influenciar no uso da variante. As variáveis desempenham um papel muito importante no campo de batalha em que as variantes lutam para garantir o seu lugar no sistema de uma língua. São as variáveis (chamadas também de grupo de fatores condicionadores) que vão determinar o resultado dessa batalha. Elas são chamadas de independentes, podendo ser de natureza linguística ou extralinguística. Como você já sabe, define-se uma variável linguística considerando a estrutura da língua; já a extralinguística é definida a partir de agentes externos ao sistema linguístico. 3.3 O corpus e a organização das células sociais SAIBA MAIS Além do número de fatores, o número de falantes da amostra depende também do fenômeno pesquisado. Conforme Oliveira e Silva (2003, p ), a língua é mais homogênea para alguns fenômenos do que para outros. A realização do i, por exemplo, não precisaria de amostra tão grande quanto o estudo da realização do s, bem mais variável. Uma vez escolhido o corpus, se de língua falada, se de língua escrita, você deverá estabelecer as células ( casas, estratos ), cada uma composta de indivíduos com as mesmas características sociais, para caracterizar o universo da amostra. Quanto mais fatores você escolher, mais informantes deverão ser incluídos. Por exemplo: suponha que você queira observar a influência de dois fatores sociais (duas idades) e do sexo (masculino (A) e feminino (B)) sobre o uso de determinadas variantes. Nesse caso, você terá as seguintes células: Masculino A (de 15 a 35 anos) Feminino A (de 15 a 35 anos) 212 Módulo 2 I Volume 5 EAD

7 Masculino B (de 35 a 60 anos) Feminino B (de 35 a 60 anos) Se você acrescentar mais uma idade, terá que ter mais dois indivíduos: Masculino A (de 15 a 35 anos) Feminino A (de 15 a 35 anos) Masculino B (de 35 a 55 anos) Feminino B (de 35 a 55 anos) Masculino C (mais de 55 anos) Feminino C (mais de 55 anos) VOCÊ SABIA? Você pode também trabalhar com apenas uma variável social. Por exemplo, pode se ter, numa célula, 5 homens e, na outra, 5 mulheres; numa, 2 homens, noutra, 2 mulheres. O importante é ter o mesmo número em cada célula. Acrescentando mais um fator (escolaridade) a essas células, você terá, então, doze possíveis combinações: Masculino A (de 15 a 35 anos) (ensino médio completo) Feminino A (de 15 a 35 anos) (ensino médio completo) Masculino B (de 35 a 55 anos) (ensino médio completo) Feminino B (de 35 a 55 anos) (ensino médio completo) Masculino C (mais de 55 anos) (ensino médio completo) Feminino C (mais de 55 anos) (ensino médio completo) Masculino A (de 15 a 35 anos) (ensino superior completo) Feminino A (de 15 a 35 anos) (ensino superior completo) Masculino B (de 35 a 55 anos) (ensino superior completo) Feminino B (de 35 a 55 anos) (ensino superior completo) Masculino C (mais de 55 anos) (ensino superior completo) Feminino C (mais de 55 anos) (ensino superior completo) Se mais um fator envolvendo a escolaridade for acrescentado, você necessitará de 18 informantes. Percebeu que, quanto mais fatores envolvidos, maior deve ser a amostra? Na verdade, é trabalho árduo! SAIBA MAIS O procedimento ilustrado nesta seção é nomeado de estratificação aleatória. Há ainda outro método denominado de aleatório simples. Conforme Oliveira e Silva (2003, p. 120), esse método consiste em: [...] colocar num recipiente uma identificação de cada indivíduo da população e retirar cada identificação uma a uma até completar o número desejado. Isso implica que todos os indivíduos têm exatamente igual probabilidade de escolha. [...] Pode-se usar este método quando a amostra é muito grande e a população é muito homogênea. Assim como na estratificação aleatória, nesse outro método, deve-se considerar o princípio da igualdade de chance de cada indivíduo da população poder ser escolhido (OLIVEIRA E SILVA, 2003, p. 121). 3.4 Formulação das hipóteses Após a definição da variável dependente e das variáveis independentes, o próximo passo é formular as hipóteses de trabalho. Para cada uma dessas variáveis, poderá fazer uma previsão do que encontrará no corpus. Por exemplo, em relação à variável dependente, se for 9 Aula UESC Letras Vernáculas 213

8 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática uma forma padrão concorrendo com uma não-padrão, poderá prever que a primeira será mais recorrente do que a outra, ou vice-versa. Você já deve saber que a previsão é fundamental numa pesquisa! SAIBA MAIS Conforme Scherre e Naro (2003, p. 147), uma dada variável dependente pode ser binária ou eneária. Será binária se o número de variantes for dois; será eneária se o número de variantes for maior que dois. Se uma variável dependente for binária, dois símbolos serão necessários. Por exemplo: uma variante padrão e uma não-padrão são identificadas respectivamente pelas letras A e B; se for eneária, três símbolos. Se um dos fatores for o sexo, pode ser identificado por M (masculino) ou F (feminino); se for escolaridade, pode ser identificada por números 1, 2, 3... São várias as possibilidades de codificar. Podemos usar letras, números e caracteres especiais. Pacote Varbrul é um conjunto de programas computacionais utilizados, na pesquisa sociolinguística variacionista, para descrever as ocorrências da variável dependente, analisada simultaneamente em função dos fatores estabelecidos. É uma ferramenta considerada de grande valor, que pode nos ajudar a compreender inúmeras particularidades de fenômenos linguísticos, a partir de um grande número de dados. Para saber mais sobre esse pacote, poderá ler o capítulo introdutório do livro Fonologia e Variação: recortes do português brasileiro, organizado por Leda Bisol e Cláudia Brescancini, publicado pela EDIPUCRS, em Operacionalização dos dados Com o corpus coletado, o próximo passo é operacionalizar os dados. Nesta etapa, as ações básicas são: 1- Identificação e levantamento dos dados relevantes: é nessa etapa que você deverá localizar todas as ocorrências da variável dependente, bem como de todos os fatores elencados. 2- Codificação dos dados: consiste em transformar em código identificável pelos programas computacionais tudo aquilo que queremos que seja quantificado. Para isso, o pesquisador deve escolher um símbolo e apenas um para cada uma das variantes da variável dependente [...] um e apenas um para cada um dos fatores das variáveis independentes (SCHERRE; NARO, 2003, p. 155). 3- Transposição dos dados codificados para os programas Varbrul ou pacote Varbrul : nessa etapa, os dados são transpostos para os programas que, após as rodadas, fornecem os resultados estatísticos do efeito conjunto dos fatores sobre a variável dependente, bem como projetam os pesos relativos para cada uma das análises. Os pesos relativos são calculados em função de desvios em relação à média da variante analisada, medindo o efeito comparativo de cada fator considerado na rodada. São várias as operações que podem ser feitas nessa etapa, dado o interesse do pesquisador diante dos resultados apresentados pelos programas. 4- Leitura e interpretação dos dados: com os resultados numéricos obtidos pelos programas, o pesquisador deverá proceder à análise linguística, verificando se as hipóteses estabelecidas foram confirmadas ou refutadas. Esse é um momento de expectativa, afinal, os resultados indiciarão sobre a relevância da pesquisa. Sobre eles, Scherre e Naro (2003, p. 162) destacam: [...] que os resultados numéricos obtidos pelos programas só têm valor estatístico. O seu valor lingüístico é atribuído e interpretado pelo lingüista. Se o lingüista for bom, certamente os resultados lhe permitirão refutar ou não as hipóteses estabelecidas quando da análise dos dados lingüísticos. SAIBA MAIS Para saber mais sobre a técnica da pesquisa sociolinguística, recomendo acessar o site br/paradoxo.htm 5- Distribuição dos dados em tabelas: essa distribuição permite visualizar os resultados estatísticos obtidos. Para cada tabela, além da descrição detalhada dos dados (número de ocorrências, percentuais e pesos relativos), deve-se criar um título que explicita o que foi de fato estudado. Seguindo corretamente cada um desses passos, o pesquisador 214 Módulo 2 I Volume 5 EAD

9 alcançará, com certeza, êxito em sua pesquisa. Afinal, o sucesso dela se deve, em grande parte, à metodologia adotada. A seguir, apresento a você uma amostra prática para que acompanhe o passo a passo desse tipo de pesquisa. 4 UMA AMOSTRA PRÁTICA: A REALIZAÇÃO VARIÁVEL DO OBJETO INDIRETO (DATIVO) 4.1 A Variável dependente Como variável dependente, consideramos a realização do dativo na forma de clítico (1a) e (1b) e na forma de pronome tônico (1c) e (1d): ATENÇÃO A pesquisa ilustrada nesta seção foi realizada por mim, em (2000), na Universidade Federal de Santa Catarina, quando cursava o Doutorado em Linguística. Foi objeto de uma das minhas qualificações (exigência do Curso), que resultou no artigo publicado na revista Letras de Hoje, da PUC do Rio grande do Sul. (1) a. Aí que me falaram que foi olho grande. (FLP 17). b. Mas eu estava te falando no livro da Isa. (FLP 22). c. Tem guria também que fala um monte pra mim. (FLP 13). d. Ela telefona pra ti. (FLP 14). ATENÇÃO Esse código que se encontra após o exemplo identifica o local onde foi realizada a entrevista, bem como o falante. 4.2 As Variáveis independentes (linguísticas) Com o propósito de verificar a aplicação da regra, isto é, a realização do dativo na forma de clítico, elencamos as seguintes variáveis linguísticas: Pessoa do discurso Com exceção da segunda pessoa do plural, todas as outras pessoas do discurso foram consideradas. Vejamos os exemplos abaixo: a) Primeira pessoa do singular (2) a. Elas me contam tudo. (FLP 13). b. Ela começou a falar de toda a vida dela pra mim. (FLP 13). 9 Aula b) Segunda pessoa do singular (3) a. Foi como eu te falei no começo da entrevista. (FLP 04). b. Como eu já lhe falei, eu fui um dos primeiros diretores. (FLP 21). c. Vou resumir pra ti que eu não quero dizer tudo. (FLP 13). UESC Letras Vernáculas 215

10 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática c) Terceira pessoa do singular (4) a. Eu peguei e dei-lhe uma porrada. (FLP 13). b. Demos uma força pra ela. (FLP 04). d) Primeira pessoa do plural (5) a. Nós até solicitávamos Secretário de Segurança que nos desse desse dado quais os artigos efetivos. (FLP 21). b. Ela compra bastante coisa pra nós. (FLP 03). c. É ela que compra pra gente. (FLP 03). e) Terceira pessoa do plural (6) a. Eu ia agradecer profundamente a eles. (FLP 04). b. A gente pode adquirir pra eles um material didático. (FLP 18) Transitividade do verbo Para testar este grupo, consideramos dois tipos de estruturas: com o verbo transitivo indireto, que seleciona como argumento interno um objeto indireto; e com o verbo bitransitivo, que se caracteriza por selecionar dois argumentos internos, um objeto direto e um objeto indireto. Os exemplos que se seguem ilustram, respectivamente, os dois tipos de estruturas: (7) a. Eu ia dizer pra todo mundo que eles tinham me batido. (FLP 01). b. Todo mundo confia em mim. (FLP 13). c. Ele me deu a chave da loja. (FLP 04). d. A mãe ia comprar uma bola pra mim. (FLP 18) Realização ou não do objeto direto Com relação a essa variável, vale dizer que ela só se aplica em construções com verbos bitransitivos, pois um dos objetos selecionados é o direto. Os exemplos abaixo ilustram as construções consideradas: (8) a. Veio um senhor me oferecer um outro trabalho. (FLP 04). b. Ela ia contando as coisas pra mim. (FLP 04). c. Nós não merecemos, mas ele nos dá. (FLP 22). d. Ela logo dá pra gente. (FLP 04). 216 Módulo 2 I Volume 5 EAD

11 Em 8a e 8b temos as estruturas em que o objeto direto aparece expresso, e em 8c e 8d temos as estruturas em que o objeto direto aparece apagado Forma verbal Para essa variável, levamos em conta as estruturas simples (9), que contêm apenas um verbo, e as estruturas complexas (10), que apresentam mais de um verbo adjacente (as chamadas locuções verbais): (9) a. Por isso é que eu lhe falei. (FLP 21). b. Naquele campo que eu falei pra ti que hoje é o Instituto. (FLP 18). (10) a. Eu estava te falando no livro da Isa. (FLP 22). b. O que que eu posso mais dizer pra ti? (FLP 18) Tempo verbal Neste grupo, consideramos sete tempos verbais, além de sentenças que apresentam um só verbo infinitivo: a) Presente do indicativo (11) a. Nós não merecemos, mas ele nos dá. (FLP 22). b. Hoje, elas não dão nem uma calçadeira pra gente. (FLP 22). b) Pretérito perfeito (12) a. O Alexandre e o Tiago já me disseram isso. (FLP 13). b. Ele disse pra mim que eu pedisse. (FLP 04). c) Pretérito imperfeito (13) a. Ele me mostrava tudo. (FLP 06). b. Minha avó dava na minha irmã e já dava em mim também. (FLP 03). d) Futuro do pretérito 9 Aula (14) a. Não ia te fazer nada. (FLP 04). b. O americano não ia emprestar mais dinheiro pra gente. (FLP 06). e) Futuro do presente UESC Letras Vernáculas 217

12 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática (15) a. Eu lhe contarei tudo. (FLP 18). b. Vou resumir pra ti. (FLP 13). f) Futuro do subjuntivo (16) a. Quando você me perguntar, vou responder. (FLP 17). b. Qualquer coisa que disser pra ela. (FLP 14). g) Imperfeito do subjuntivo (17) a. Se ele me pedisse um maço de cigarro. (FLP 17). b. Se ele desse na gente, a mãe não podia socorrer. (FLP 18). h) Infinitivo (18) a. Eu sentava, assim, na máquina pra costureira me ensinar. (FLP 03). b. Tem uma bela duma escola pra falar pra gente. (FLP 04). 4.3 As Variáveis independentes (extralinguísticas) Foram elencadas as seguintes variáveis: sexo, escolaridade e idade. Na seção abaixo, você verá detalhadamente como foi constituído o corpus, bem como foram organizadas as células sociais. 4.4 Constituição do corpus e organização das células sociais Para a investigação do fenômeno, utilizamos o banco de dados do Projeto VARSUL (Variação Linguística Urbana na Região Sul). O corpus é composto de doze entrevistas de informantes da cidade de Florianópolis, com controle dos seguintes fatores sociais: sexo (masculino e feminino), nível de escolaridade (primário e colegial) e faixa etária (até 25; 25 a 50; acima de 50). O quadro 1 fornece uma visão global do universo social dos doze informantes utilizados para o desenvolvimento da pesquisa: Quadro 1: Universo social dos informantes Escolaridade Primário Colegial Primário Colegial Primário Colegial Faixa etária J J A A B B Sexo M F M F M F M F M F M F Nº entrevistas Módulo 2 I Volume 5 EAD

13 Como você pode ver, temos seis informantes do sexo feminino e seis do sexo masculino; quanto à escolaridade também foi observada a equiparação, ou seja, um informante do sexo feminino e um do sexo masculino de cada faixa etária, preenchendo os dois níveis de escolaridade. 4.5 Algumas Hipóteses Geral Na fala do florianopolitano, o objeto (dativo) indireto tende a se realizar, preferencialmente, na forma tônica, tendo em vista o fato de os clíticos estarem desaparecendo do sistema do português brasileiro. Específicas a) Quando o dativo se realiza na forma de clítico, tal realização ocorre com maior frequência em construções em que o dativo se refere à primeira e segunda pessoas do discurso. Quando ele se refere à terceira pessoa, a realização se dá na forma tônica, já que os clíticos de terceira pessoa praticamente desapareceram do sistema do português brasileiro. b) Com os verbos transitivos indiretos, o dativo se realiza preferencialmente na forma tônica, pois esse tipo de verbo seleciona apenas um argumento interno. Com os verbos bitransitivos, a cliticização do dativo é mais recorrente quando o objeto direto aparece expresso na sentença. Se este ocorre apagado, o dativo se realiza na forma tônica. c) Quando a forma verbal é complexa, o dativo se realiza na forma tônica, pois os falantes têm dificuldades para posicionar o clítico na frase (antes ou depois do verbo mais baixo, antes ou depois do verbo mais alto). Com a forma simples, esperamos mais clíticos, já que a sentença apresenta um só verbo. d) Quanto ao tempo verbal, esperamos encontrar mais clíticos com formas do subjuntivo. 9 Aula e) Para os fatores sociais, postulamos: quanto maior o nível de escolaridade, mais frequente será a realização do dativo na forma UESC Letras Vernáculas 219

14 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática de clítico. Quanto menor o grau de instrução, maior a frequência do pronome tônico. Quanto mais elevada a faixa etária, maior a frequência do clítico. Quanto menos elevada, menor a frequência do clítico. Quanto ao fator sexo, não temos nenhuma expectativa. 4.6 Os resultados da pesquisa Uma vez levantados os dados nas doze entrevistas e feita a codificação, passamos para as rodadas estatísticas, utilizando para tanto os programas do pacote VARBRUL (Pintzuk, 1988). Além de calcular as frequências isoladas de cada fator de cada variável postulada como relevante para o fenômeno investigado, o programa calcula também os pesos relativos de todos os fatores, comparando o efeito de todas as variáveis propostas, com o objetivo de estabelecer, do ponto de vista estatístico, quais fatores dão conta da variação do fenômeno a partir dos dados analisados. Ao fazer a análise multifatorial, ainda seleciona numa ordem de importância os fatores estatisticamente relevantes para a aplicação de determinada regra. No presente estudo, é a realização do objeto indireto (dativo) na forma de clítico Os fatores significativos Feitas as rodadas, o corpus ficou assim constituído: 180 ocorrências de estruturas com o dativo, sendo que, em 49 ocorrências, o objeto indireto se realiza na forma de clítico; e, em 131 ocorrências, ele se realiza na forma tônica, revelando, portanto, um percentual de 27% de clíticos e 73% de pronomes tônicos. A pequena ocorrência de clíticos, no corpus analisado, sustenta a nossa hipótese principal: os falantes preferem realizar o dativo na forma de pronome tônico do que na forma de clítico. Veja, então, a tabela 1 com o cômputo geral dos dados, distribuídos segundo as pessoas do discurso: Clítico Tônico Pessoa % 1ª p. sing. 68/ / ª p sing. 19/ /7 37 2ª p sing. (lhe) 5/ /0 0 % 220 Módulo 2 I Volume 5 EAD

15 3ª p. sing. 40/1 2 40/ ª p. pl. 19/ / ª p. pl. (a gente) 13/0 0 13/ ª p. pl. 16/0 0 16/ Total Tabela 1: Distribuição do objeto indireto conforme as pessoas do discurso Esses resultados confirmam as nossas expectativas em relação à resistência do clítico no PB: quando o dativo se realiza na forma de clítico, verifica-se que tal realização privilegia a primeira e segunda pessoas do discurso. O único caso em que o clítico foi categórico (100%) envolve um clítico de função ambígua, o lhe, que pode ser tanto usado para segunda quanto para terceira pessoa. Quanto à terceira pessoa, o dativo se realiza, quase categoricamente, na forma tônica, evidenciando, assim, o desaparecimento dos clíticos de terceira pessoa no sistema dessa língua. Dentre os grupos de fatores examinados e testados, apenas dois mostraram-se estatisticamente significativos em relação à aplicação da regra: em primeiro lugar, a pessoa do objeto indireto, como mostra a tabela 2: Pessoa/clítico % PR 2ª (sing.) /te-lhe 24/ ª (sing.) / me 68/ ª (pl.) / nos 32/ ª (sing.) / lhe 56/ Tabela 2: Realização do objeto indireto na forma de clítico em função da variável Pessoa do discurso Como você vê, os resultados são bastante significativos, apontando para uma polarização no comportamento da primeira (.80) e segunda (.95) pessoas versus a terceira pessoa (.09). Note que a primeira pessoa, aquela que identifica o centro dêitico do ato comunicativo, favorece o uso do clítico, enquanto a terceira pessoa (P3) desfavorece. Quanto à segunda pessoa, observe-se que ela tende a ser mais cliticizada (.95) do que a primeira pessoa do singular (.80) e do plural (.27). O segundo grupo de fatores estatisticamente relevante para a realização do dativo na forma de clítico foi a realização ou não do objeto direto: 9 Aula UESC Letras Vernáculas 221

16 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática Objeto direto % PR Apagado 38/ Não apagado 90/ Tabela 3: Realização do objeto indireto na forma de clítico em função da realização ou não do objeto direto Você deve notar que, quando o objeto direto aparece expresso na oração, o dativo tende a se cliticizar mais (. 61) do que quando o objeto direto aparece apagado (.38). Esses resultados confirmam as nossas hipóteses em relação a esse grupo de fator: quando os falantes expressam os dois objetos exigidos pelo verbo, eles preferem colocar um objeto antes e o outro depois do verbo, sendo que o anteposto se realiza na forma de clítico. Simultaneamente, em ordem decrescente, o programa descartou os seguintes fatores: sexo, tempo verbal, escolaridade, idade, forma verbal, tipo de objeto indireto e transitividade do verbo. Mostraremos, a seguir, os cálculos de frequência e os percentuais de cada um deles. Começaremos com os fatores linguísticos Os fatores linguísticos não-significativos Em relação ao fator transitividade do verbo, a tabela 4 apresenta o número de ocorrências e seus respectivos percentuais. Observe: Clítico Tônico Transitividade % % Bitransitivo 169/ / Trans. Indireto 11/ /8 73 Tabela 4: Realização variável do objeto indireto em função datransitividade do verbo Os resultados indicam que o número de construções com verbos bitransitivos (169) é muito maior do que as construções com verbo transitivo indireto (11). Entretanto, os percentuais não revelam nenhuma diferença no que diz respeito à forma preferencial de realização do dativo: 27% de dativos realizados na forma de clíticos, tanto com verbos bitransitivos quanto com transitivos indiretos; 73% de dativos realizados na forma de pronomes tônicos, para ambos os tipos de verbos. 222 Módulo 2 I Volume 5 EAD

17 No que se refere à forma verbal, veja os números da tabela 5: Clítico Tônico Forma verbal % % Composta 42/ /26 62 Simples 138/ / Tabela 5: Realização variável do objeto indireto em função da forma verbal Dos 180 dados, 138 são verificados em construções simples e 42 em construções com mais de um verbo adjacente. Em ambas as construções, o dativo se realiza preferencialmente na forma tônica. No que se refere ao clítico, o resultado contraria a nossa hipótese. Os percentuais revelam que ele é mais frequente em sentenças compostas (38%) do que em sentenças simples (24%). Já com a forma tônica há uma inversão: o tônico ocorre mais em sentenças simples (76%) do que nas compostas (62%). Com relação ao tempo verbal, os dados apontaram três tempos mais recorrentes: em primeiro lugar, o pretérito perfeito do indicativo, (72 casos); em segundo, o presente (44 casos); e, em terceiro, o pretérito imperfeito (39 casos), ambos também do indicativo. Veja a tabela 6: Clítico Tônico Tempo % % Presente ind. 44/ /33 75 Pret. Perf. Ind. 72/ /50 69 Pret. Imp. Ind. 39/ /33 85 Fut. pret. Ind. 5/1 20 5/4 80 Imp. Subjuntivo 5/3 60 5/2 40 Infinitivo 9/2 22 9/7 78 Fut. pres. Ind. 4/3 75 4/ Fut. subjuntivo 2/1 50 2/1 50 Tabela 6: Realização variável do objeto indireto em função do tempo verbal Aula Dos tempos verbais mais recorrentes, note que o que mais favorece o uso do clítico é o pretérito perfeito: (31%). Quanto ao pretérito imperfeito do indicativo, perceba que há mais ocorrências de dativos na forma tônica (85%) do que na forma de clítico (15%). UESC Letras Vernáculas 223

18 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática No que se refere aos outros tempos verbais, você pode ver que o imperfeito do subjuntivo e o futuro do presente do indicativo favorecem a realização do dativo na forma de clítico. Das ocorrências encontradas com o imperfeito, 60% são de clíticos e 40% são de tônicos. Com o futuro do presente do indicativo, constatamos 75% de dativos na forma de clítico e apenas 25% na forma tônica Os fatores extralinguísticos não-significativos No que diz respeito ao fator social sexo, não se verificou nenhum contraste significativo, como mostram o número e o percentual de ocorrências das variantes na tabela 7: Clítico Tônico Sexo % Masculino 94/ /69 73 Feminino 86/ /62 72 Tabela 7: Realização variável do objeto indireto em função do sexo do informante % Quanto ao fator escolaridade, veja a tabela 8: Clítico Tônico Escolaridade % Colegial 67/ /46 69 Primário 113/ /85 75 Tabela 8: Realização variável do objeto indireto em função da escolaridade do informante % Como esperávamos, realmente os falantes mais escolarizados usam mais clíticos do que os informantes de nível escolar mais baixo, já que o uso do clítico se deve à ação normativa da escola. Do total de 49 clíticos, 31% estão presentes na fala daqueles com grau colegial, e 25% estão presentes na fala dos informantes com grau primário. Quanto à realização do dativo na forma tônica, das 131 ocorrências, 75% estão presentes na fala daqueles informantes menos escolarizados, enquanto que 69% estão na fala dos mais escolarizados. Em relação à idade, verificamos a seguinte distribuição: 224 Módulo 2 I Volume 5 EAD

19 Clítico Tônico Idade % 25 a 50 78/ /59 76 Até 25 64/ /47 73 Acima de 50 38/ /25 66 Tabela 9: Realização variável do objeto indireto em função da faixa etária do informante % Como estava previsto, os falantes mais jovens tendem a realizar mais o dativo na forma tônica (76% e 73%) do que os mais velhos (66%). Em relação aos clíticos, eles ocorrem em maior número na fala dos informantes mais velhos (34%), enquanto que na fala dos mais novos se observa um percentual mais baixo: 24% e 27%. 4.7 A batalha... Pelos resultados da pesquisa, você viu que, realmente, duas estruturas sintáticas estão em competição no português brasileiro, ambas batalhando por um espaço na sintaxe dessa língua: o dativo realizado na forma de clítico versus o dativo realizado na forma de pronome tônico. Embora o uso dos clíticos seja pouco frequente, a regra considerada na pesquisa, você viu que, em algumas situações, eles ainda resistem: quando o objeto indireto se refere à primeira e segunda pessoas do discurso e quando o objeto direto aparece expresso na sentença. Cumpre, então, fazermos a seguinte pergunta: até quando irá essa resistência dos clíticos no português brasileiro? O que é bastante evidente, como mostraram os resultados da nossa investigação, é que a sobrevivência de tais elementos se vê ameaçada. No caso pesquisado, o pronome tônico é a forma que compete com o clítico. Esse tipo de substituição integra o conjunto de modificações que vem sofrendo o sistema pronominal do português brasileiro. Aula 9 UESC Letras Vernáculas 225

20 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática ATIVIDADES 1 Você deverá ler o texto em anexo, de Rosane de Andrade Berlinck, uma das referências utilizadas em minha pesquisa, e responder: 1.1 Qual foi a variável dependente investigada? Ela é binária ou eneária? 1.2 Quais foram as variáveis linguísticas pesquisadas? A autora considerou alguma variável extralinguística? 1.3 Qual foi o corpus utilizado? 1.4 Quais fatores se mostraram relevantes para a aplicação da regra padrão, aquela prescrita pela gramática normativa? RESUMINDO Nesta aula, você viu: Os procedimentos metodológicos necessários para a realização de pesquisa de cunho variacionista. Uma amostra prática de uma pesquisa dessa natureza. LEITURA RECOMENDADA Para complementar esta aula, recomendo ler o livro de TARALLO, F. A Pesquisa Sociolingüística. São Paulo: Ática, Módulo 2 I Volume 5 EAD

21 BERLINCK, R. de A. Sobre a realização do objeto indireto no português do Brasil. In: Anais do II Encontro do CELSUL (Círculo de Estudos lingüísticos do Sul). Florianópolis: UFSC, Disponível em CD. BISOL, L.; BRESCANCINI C. (Orgs.). Fonologia e Variação: recortes do português brasileiro. Porto Alegre, EDIPUCRS, NARO, A. J. Modelos quantitativos e tratamento estatístico. In: MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Orgs.). Introdução à Sociolingüística Variacionista: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003, p R E F E R Ê N C I A S OLIVEIRA E SILVA, G. M. Coleta de dados. In: MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Orgs.). Introdução à Sociolingüística Variacionista: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003, p PAIVA, M. da C. de. Transcrição de dados lingüísticos. In: MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Orgs.). Introdução à Sociolingüística Variacionista: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003, p SCHERRE, M. M. P.; NARO, A. J. Análise quantitativa e tópicos de intepretação do Varbrul. In: MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Orgs.). Introdução à Sociolingüística Variacionista: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2003, p SILVEIRA, G. A realização variável do objeto indireto (dativo) na fala de Florianópolis. In: LETRAS de Hoje: A variação no sistema. Porto Alegre: EDIPUCRS. V. 35, n.1, 2000, p TARALLO, F. A Pesquisa Sociolingüística. São Paulo: Ática, Aula 9 UESC Letras Vernáculas 227

22 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática ANEXO VII 0. Introdução SOBRE A REALIZAÇÃO DO OBJETO INDIRETO NO PORTUGUÊS DO BRASIL Rosane de ANDRADE BERLINCK (Unesp-Araraquara/ CNPq) O complemento objeto indireto (OI) ou complemento dativo apresenta três possibilidades de realização no português brasileiro (doravante, PB): sintagma preposicionado (1a-b), pronome clítico dativo (1c) e categoria vazia (1d) 1, 2. (1) a. João deu o livro {para/a} Pedro. b. João deu o livro {para /a} ele. c. João deu-lhe o livro. d. João deu o livro [cv]. O presente estudo analisa as condições de ocorrência dessas possibilidades, em amostras de fala colhidas a partir de entrevistas informais 3. A análise enfatiza os casos em que o complemento tem um valor anafórico (1b-d). A utilização da categoria vazia, representada em (1d), exige, no entanto, um comentário à parte. Nesse caso, há duas possibilidades de interpretação do complemento: ou ele se encontra numa relação de correferência com um elemento já mencionado anteriormente (valor anafórico), ou ele não se refere a uma entidade única e específica, permitindo uma interpretação arbitrária de seu referente. A análise contemplou essas duas possibilidades de realização, exemplificadas, respectivamente em (2a) e (2b). (2) a. O Luís faz um ano que liga pra mim e eu não ligo pra ele. E eu preciso ligar [cv], mas é que eu sou tão relapsa. (19:550) b. Você escutou rock n roll do Jerry Adriani? Não é comercial. Você escutou do Jerry Adriani só o que é comercial. Eles só mostravam o que vendia [ cv]. (4:160) Num primeiro momento da exposição, vou me limitar às realizações anafóricas do complemento. Em seguida serão discutidos os resultados obtidos na análise das categorias vazias com interpretação arbitrária. 1. A expressão anafórica do OI Das três possibilidades de realização do OI com interpretação anafórica, a categoria vazia é aquela que predomina no conjunto de dados analisados, representando mais da metade das ocorrências: 57% (275 casos em 484). O pronome clítico é a segunda forma mais freqüente (26% - 126/484), restando ao sintagma preposicionado com pronome tônico a última posição em termos de uso (17% - 83/484). Esses resultados gerais, no entanto, são relativizados, quando cada um dos tipos de complemento é considerado segundo a pessoa gramatical que expressa. Os índices apresentados na Tabela 1 revelam um quadro bem mais complexo. Primeiramente, a categoria vazia constitui a forma predominante apenas para a 1 a e a 3 a pessoas. Quando a referência do complemento é de 2 a pessoa, a maioria dos dados foi expressa por meio de um pronome clítico. Note-se ainda um contraste significativo entre pronome clítico e pronome tônico: enquanto o uso do primeiro praticamente se restringe às pessoas do discurso, o segundo aparece preferencialmente com a 3 a pessoa gramatical. Tabela 1. Forma do OI anafórico segundo a pessoa gramatical do complemento tipo de complemento pronome clítico pronome tônico categoria vazia pessoa gramatical 228 Módulo 2 I Volume 5 EAD

23 1a. pessoa 38% (88/229) 8% (17/229) 54% (124/229) 2a. pessoa 61% (37/61) 18% (11/61) 21% (13/61) 3a. pessoa 0.5% (1/194) 28.5% (55/194) 71% (138/194) total 26% (126/484) 17% (83/484) 57% (275/484) Embora as diferenças de comportamento apontadas na Tabela 1 indiquem a necessidade de se considerar essas distinções na análise de outros fatores, nem sempre elas se mantêm, quando se toma um parâmetro diferente de avaliação. É o que se dá com o fator papel temático do complemento, cujos resultados comento em seguida. A grande maioria dos dados (77%) se caracteriza por um papel temático [meta], o que se explica, em parte, pelo fato de os verbos dicendi serem os mais freqüentes na amostra analisada. Apesar de apresentarem um número relativamente mais reduzido de ocorrências, os papéis [beneficiário], [meta + beneficiário] 4 e [experienciador] estabelecem um contraste importante com os resultados obtidos para os casos de papel [meta], como se pode observar na Tabela 2. Tabela 2. Forma do OI anafórico segundo o papel temático do complemento. tipo de complemento pronome clítico pronome tônico categoria vazia papel temático meta 18% (68/374) 14.5% (54/374) 67.5% (252/374) beneficiário 54% (28/52) 29% (15/52) 17% (9/52) meta + beneficiário 48% (13/27) 11% (3/27) 41% (11/27) experienciador 65% (17/26) 27% (7/26) 8% (2/26) Enquanto os casos de [meta] se realizam predominantemente como categoria vazia, os complementos com valor [beneficiário] e [experienciador] apresentam uma tendência inversa, sendo expressos em sua maioria por um pronome clítico. Percebe-se claramente que a forma pronome tônico constitui uma categoria intermediária, especialmente para os dois últimos tipos de papel temático. A categoria [meta + beneficiário] oscila entre uma e outra tendência, provavelmente como efeito de sua natureza híbrida. Se repensarmos os resultados da Tabela 2 em função daqueles apresentados na Tabela 1, podemos concluir que os OIs com valor [beneficiário] e [experienciador] têm uma referência de 1 a ou de 2 a pessoa. Já os casos de [meta] devem se distribuir entre a 1 a e a 3 a pessoas. De fato, o cruzamento dos dois fatores vem comprovar essa hipótese. A motivação para uma tal distribuição resta a determinar. Vale lembrar que o sistema pronominal do PB tem passado por um processo bastante profundo de mudança (cf. Omena,1981; Galves, 1984, 1989; Tarallo, 1983,1985; Duarte, 1989; Kato, 1991; Cyrino, 1993,1995), que inclui como tendência principal a forte diminuição do uso de pronomes clíticos, e o conseqüente aumento na utilização do pronome tônico e da categoria vazia em função de objeto. Os resultados obtidos na presente análise têm, necessariamente, de ser considerados nesse quadro mais amplo. Nesse sentido, seria possível sugerir que, no caso do OI, o processo de mudança atinge especialmente os casos em que o complemento tem um papel temático [meta] e uma referência de 3 a pessoa. A observação dos dados me levou a hipotetizar uma possível influência do tempo verbal na determinação da forma que o objeto indireto assume. A Tabela 3 apresenta esses resultados para os OIs com valor anafórico 5. Algumas correlações merecem destaque. Se nas frases em que o verbo está no presente do indicativo observou-se um equilíbrio entre pronome clítico e categoria vazia, o mesmo não se dá nos demais tempos examinados. Para as formas do pretérito - perfeito e imperfeito - do indicativo, há uma predominância dos casos de categoria vazia. Já no caso do futuro do presente do indicativo, a maioria das ocorrências deu-se sob a forma de um pronome clítico. Tabela 3. Forma do OI anafórico segundo o tempo verbal expresso na frase. 9 Aula tipo de complemento pronome clítico pronome tônico categoria vazia tempo verbal presente do ind. 37% (28/76) 26% (20/76) 37% (28/76) pret. perfeito do ind. 20% (54/271) 11% (30/271) 69% (187/271) pret.imperfeito do ind. 23% (11/47) 28% (13/47) 49% (23/47) UESC Letras Vernáculas 229

24 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática futuro do presente 60% (15/25) 16% (04/25) 24% (06/25) total 26% (108/419) 16% (67/419) 58% (244/419) Esses resultados, por si só, pouco dizem. É necessário considerar o valor (ou valores) que cada um dos tempos expressa. É notório, por exemplo, o uso do presente do indicativo para indicar ações habituais ou ações e estados permanentes. Esse mesmo tempo pode ainda ter valor de futuro. Tanto para o presente, como para o imperfeito do indicativo o aspecto da duração é fundamental. O mesmo não se dá com o pretérito perfeito do indicativo, que expressa, na maioria das vezes, uma ação pontual e acabada. Como se vê, a análise do tempo verbal conduz naturalmente ao exame das noções aspectuais concretizadas na frase. O aspecto verbal foi analisado aqui apenas no que se refere à noção de duração. Sigo o quadro aspectual proposto em Travaglia (1985:97), que aponta as seguintes distinções para o português: durativo, iterativo, indeterminado, habitual, pontual (ou ausência de duração) e não-realização de aspecto. Remeto a essa obra para uma definição detalhada de cada valor aspectual e limito-me a oferecer alguns exemplos retirados do corpus. (3) a. Bom, vocês tão me devendo, porque vocês não tiram nota e vocês tão me devendo também, porque vão ser uns tapado quando crescer. (14:440) -- durativo -- b. O Luís faz um ano que liga pra mim e eu não ligo pra ele. (19:549) -- iterativo -- c. Por exemplo, me interessa muito coisas de estética, sabe? (22:659) -- indeterminado -- d.a psicóloga é bem isso. Ela deixa que você/ Ela se emociona, ela te dá apoio, mas ela deixa que você sinta a dor, que você sofra com aquilo, entendeu? (6:63) -- habitual -- e.aí começou a me contar da vida dela. De repente ela me chama na sala dela e me mostra a fotografia de dois meninos. (3:666) -- pontual -- f. Eu vou emprestar uma fita pra ela depois pra gravar o resto. (17:704) -- não-realização de aspecto -- Os resultados da análise desse parâmetro estão indicados na Tabela 4. Por meio deles, ficam melhor caracterizados os contextos em que ocorrepreferencialmente uma ou outra forma de expressão do complemento. Embora não haja associação exclusiva entre um determinado aspecto e um certo tipo de complemento, os índices de freqüência sugerem algumas correlações. Assim, os pronomes clíticos aparecem mais ligados a contextos de aspecto durativo e não-realizado. Os pronomes tônicos não parecem se associar preferencialmente a nenhum dos aspectos, com resultados bastante similares para todos eles, com exceção do aspecto pontual. Nesse caso, o pronome tônico é a alternativa menos usada. As correlações mais acentuadas dizem respeito à categoria vazia. Os resultados não deixam dúvida quanto à associação dessa possibilidade de expressão do complemento e o valor aspectual pontual. Também os aspectos iterativo e habitual apresentaram um percentual relativamente mais alto de categorias vazias. Tabela 4. Forma do OI anafórico segundo o aspecto verbal. tipo de complemento pronome clítico pronome tônico categoria vazia aspecto durativo 46% (11/24) 29% (7/24) 25% (6/24) iterativo 31% (12/39) 20% (8/39) 49% (19/39) indeterminado (5/8) (1/8) (2/8) habitual 26% (9/35) 28.5% (10/35) 45.5% (16/35) pontual 19% (55/285) 11% (31/285) 70% (199/285) 230 Módulo 2 I Volume 5 EAD

25 não-realizado 38% (35/93) 27% (25/93) 35% (33/93) O último fator analisado para os casos de objeto indireto anafórico foi a distância entre o antecedente e o complemento anafórico. Esse parâmetro baseia-se diretamente no trabalho de Ariel (1988) sobre referência e acessibilidade. Nesse estudo, a autora defende a idéia de que diferentes expressões anafóricas correspondem a diferentes graus de acessibilidade da informação. O uso de uma ou de outra expressão seria um índice de que a entidade referida seria menos ou mais acessível ao destinatário da mensagem. Haveria ainda uma relação entre a quantidade de material fônico de cada expressão e seu grau de acessibilidade: entidades relativamente menos acessíveis necessitariam de uma expressão anafórica fonicamente mais carregada e vice-versa. Inspirada por essa idéia, decidi verificar se alternância entre OIs anafóricos lexicalizados e OIs representados por categorias vazias seguiria ou não esse princípio. Naturalmente, a análise da distância referencial é pertinente apenas para os casos de 3 a pessoa gramatical. Os resultados vêm confirmar a hipótese estabelecida (cf. Tabela 5). Tabela 5. Forma do OI anafórico segundo a distância entre o antecedente e o complemento. tipo de complemento pronome tônico categoria vazia distância oração imediatamente anterior 23% (21/92) 77% (71/92) de 2 a 5 orações ant. 30% (25/84) 70% (59/84) de 6 a 9 orações ant. 50% (6/12) 50% (6/12) de 10 a 19 orações ant. (3/4) (1/4) 2. A categoria vazia com interpretação arbitrária Vários dos fatores analisados em relação ao objeto indireto anafórico não são pertinentes quando o complemento se realiza na forma de uma categoria vazia com interpretação arbitrária. É o caso da pessoa gramatical e da distância referencial. Quanto ao fator papel temático do complemento, a análise revela que 84% dos casos de categoria vazia com interpretação arbitrária têm o valor semântico [meta]. Esse resultado vem reforçar o índice observado para as categorias vazias com valor anafórico, definindo o papel temático [meta] como marca de contexto típico de categorias vazias, tenham elas interpretação anafórica ou não, por oposição às demais possibilidades de expressão do complemento. Mas são os fatores tempo e aspecto verbal que fornecem as indicações mais significativas sobre o contexto em que as CVs de tipo arbitrário ocorrem. Os resultados do primeiro desses parâmetros mostram que os tempos presente e pretérito perfeito do indicativo reúnem a maioria dos casos de CV [arbitrária]: 37% (69/186) e 34% (63/186) dos dados, respectivamente. 13% das ocorrências aparecem em frases com imperfeito do indicativo e o restante se distribui em números pouco expressivos entre os demais tempos verbais. O fator aspecto verbal complementa as informações obtidas para o tempo, revelando os valores veiculados no contexto em que aparece a CV. Em consonância com os resultados descritos acima, as categorias vazias de tipo [arbitrário] ocorrem predominantemente em frases com valor habitual (33% - 60/180) ou pontual (34% - 62/180), e, em menor número, em sentenças sem realização de aspecto (18% - 32/180). 3. Conclusão Os fatores analisados nesse estudo certamente não esgotam a caracterização das condições de ocorrência das várias alternativas de expressão do objeto indireto no português brasileiro. Acredito, porém, que algumas indicações relevantes foram obtidas. De uma maneira geral, ficou evidenciada a importância da categoria vazia, não só por constituir a forma mais freqüente pela qual o complemento se realiza, mas também pela associação que estabelece com o papel temático [meta] (seja ela anafórica ou de interpretação arbitrária), com os tempos presente, pretérito imperfeito e pretérito perfeito do indicativo e com os valores aspectuais pontual, habitual e iterativo. Os resultados apontam ainda caminhos que merecem ser explorados com maior profundidade. O fator distância entre o antecedente e o complemento anafórico é um deles, na medida em que indica a 9 Aula UESC Letras Vernáculas 231

26 Linguística II: sociolinguística Procedimentos metodológicos da pesquisa sociolinguística variacionista: uma amostra prática necessidade de superação do limite da sentença como espaço de análise. Os fatores tempo e aspecto verbal também exigem um maior detalhamento da investigação. Nesses três casos, fica claro que a variação da expressão do complemento não se resolve completamente no âmbito da estrutura argumental do verbo. Finalmente, vale salientar que a situação descrita constitui parte de um estudo mais amplo, que incluirá a análise da expressão do objeto indireto também em amostras de língua escrita e, posteriormente, numa perspectiva diacrônica. NOTAS 1 A noção de categoria vazia vem de Chomsky (1981,1982) e deriva do Princípio de Projeção. Segundo esse princípio, le lexique spécifie les propriétés inhérentes des items lexicaux. En particulier, il détermine ce que j appellerai les propriétés de marquage thématique des items lexicaux qui fonctionnent comme tête de construction (Chomsky 1987:80). As propriedades definidas no léxico, uma vez projetadas, são recuperáveis em todos os níveis de representação. Assim, essas propriedades, que incluem a subcategorização de complementos, devem estar necessariamente acessíveis também no nível do enunciado. Desse modo, a ausência lexical de um complemento não implica na sua ausência da estrutura argumental do verbo. Deve-se supor a existência de uma categoria vazia no lugar normalmente ocupado pelo complemento na estrutura frasal. Isso fica representado na sentença (1d) pelo símbolo [cv]. 2 Para uma descrição detalhada e uma proposta de tipologia do objeto indireto ou dativo em português, ver também Andrade Berlinck (1996). 3 Os dados analisados provêm do corpus A Fala dos Universitários de Curitiba, composto de 20 horas de gravação. O mesmo corpus já serviu de base a análises anteriores (Andrade Berlinck 1988, 1989). 4 Estou chamando de [meta + beneficiário] os casos em que esses dois valores parecem estar simultaneamente presentes, como no exemplo abaixo: Pois esse final de semana o Eric aparece com quatro filmes lá em casa. E um deles o Subway, né? Ele disse: ó, esse eu trouxe para vocês. (2:1094) 5 A tabela 3 apenas apresenta os resultados dos tempos verbais mais freqüentes nos dados. Tanto os outros tempos do indicativo, assim como os tempos do subjuntivo, não perfizeram um número significativo de ocorrências. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE BERLINCK, R. de (1988) A Ordem V SN no Português do Brasil - Sincronia e Diacronia. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas. (1989) A construção V SN no português do Brasil: uma visão diacrônica do fenômeno da ordem. In F. Tarallo (ed.) Fotografias Sociolingüísticas. Campinas,SP: Pontes. pp (1996) The Portuguese Dative. InW. Van Belle & W. Van Langendonck (eds.) Case and Grammatical Relations Across Languages. The Dative. Vol. I: Descriptive Studies. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins. ARIEL, M. (1988) Referring and accessibility Journal of Linguistics 24: CHOMSKY, N. (1981) Lectures on Government and Binding. Dordrecht: Foris. (1982) Some Concepts and Consequences of the Theory of Governmente and Binding. Linguistic Inquiry monograph, n o 6. Cambridge, Mass.: MIT Press. (1987) La Nouvelle Syntaxe. Concepts et conséquences de la Théorie du Gouvernment et du Liage. (trad. de Chomsky, 1982). Présentation et commentaire de A. Rouveret. Paris: Editions du Seuil. CYRINO, S. L. (1993) Observações sobre a mudança diacrônica no português do Brasil: objeto nulo e clíticos. In I. Roberts & M.A.Kato (eds.) Português Brasileiro - uma viagem diacrônica. Campinas, SP: Editora da UNICAMP. pp (1994) O objeto nulo no português do Brasil: um estudo sintático-diacrônico. Tese de Doutorado. UNICAMP. DUARTE, M.E.L. (1989) Clíticos acusativos, pronome lexical e categoria vazia no Português do Brasil. In F. Tarallo (ed.) Fotografias Sociolingüísticas. Campinas,SP: Pontes. GALVES, C. C. (1984) Pronomes e categorias vazias em Português do Brasil. Cadernos de Estudos Lingüísticos (IEL - UNICAMP), 7: Módulo 2 I Volume 5 EAD

27 (1989) O objeto nulo no português brasileiro: percurso de uma pesquisa. Cadernos de Estudos Lingüísticos, 17: KATO, M.A. (1991) The distribution of pronouns and null elements in object position in Brazilian Portuguese, in W. Ashby et alii (eds.) Linguistic Perspectives on Romance Languages: selected papers from the XXI Linguistic Symposium on Romance Languages. Philadephia: J. Benjamins. OMENA, N. (1981) Pronom personnel de la troisième personne: ses formes variantes en fonction accusative. In D. Sankoff & H. Cedergreen, Variation Omnbus. TARALLO, F. (1983) Relativization Strategies in Brazilian Portuguese. Ph. D. thesis. University of Pennsylvania: University Microfilms International. (1985) The filling of the gap: PRO-DROP rules in Brazilian Portuguese. In L. D. King & C.A. Maley (eds.), Selected papers from the XIIIth Linguistic Symposium on Romance Languages. (Current Issues in Linguistic Theory, 36). Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins. Aula 9 UESC Letras Vernáculas 233

28 Suas anotações

A ELISÃO DA VOGAL /o/ EM FLORIANÓPOLIS-SC RESULTADOS PRELIMINARES

A ELISÃO DA VOGAL /o/ EM FLORIANÓPOLIS-SC RESULTADOS PRELIMINARES A ELISÃO DA VOGAL /o/ EM FLORIANÓPOLIS-SC RESULTADOS PRELIMINARES Letícia Cotosck Vargas (PUCRS/PIBIC- CNPq 1 ) 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem por objetivo examinar um dos processos de sândi externo verificados

Leia mais

VARIAÇÃO DITONGO/HIATO

VARIAÇÃO DITONGO/HIATO VARIAÇÃO DITONGO/HIATO Viviane Sampaio 1 1 Introdução Este estudo é parte integrante do projeto Epêntese Consonantal Regular e Irregular da prof. Dr. Leda Bisol 2 que trata das consoantes e do glide. Contudo,

Leia mais

REPRESENTAÇÕES DO OBJETO INDIRETO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

REPRESENTAÇÕES DO OBJETO INDIRETO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO REPRESENTAÇÕES DO OBJETO INDIRETO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Daiane Gomes Amorim Mestranda em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz UESC Gessilene Silveira Kanthak Professora da Universidade Estadual

Leia mais

Adriana Gibbon (Universidade Federal de Santa Catarina)

Adriana Gibbon (Universidade Federal de Santa Catarina) A EXPRESSÃO DO TEMPO FUTURO NA LÌNGUA FALADA DE FLORIANÓPOLIS: VARIAÇÃO (THE EXPRESSION OF FUTURE TIME IN THE SPOKEN LANGUAGE OF FLORIANÓPOLIS: VARIATION) Adriana Gibbon (Universidade Federal de Santa

Leia mais

Prof. Lorí Viali, Dr.

Prof. Lorí Viali, Dr. Prof. Lorí Viali, Dr. viali@mat.ufrgs.br http://www.mat.ufrgs.br/~viali/ Distribuição Conjunta Suponha que se queira analisar o comportamento conjunto das variáveis X = Grau de Instrução e Y = Região

Leia mais

Tópicos em Gestão da Informação II

Tópicos em Gestão da Informação II Tópicos em Gestão da Informação II Aula 05 Variabilidade estatística Prof. Dalton Martins dmartins@gmail.com Gestão da Informação Faculdade de Informação e Comunicação Universidade Federal de Goiás Exercício

Leia mais

Exemplo (tabela um) distribuições marginais enquanto que. Distribuição Conjunta

Exemplo (tabela um) distribuições marginais enquanto que. Distribuição Conjunta Distribuição Conjunta Suponha que se queira analisar o comportamento conjunto das variáveis = de Instrução e = Região de procedência. Neste caso, a distribuição de freqüências é apresentada como uma tabela

Leia mais

Intenção de Compras para o período de volta às aulas 2015

Intenção de Compras para o período de volta às aulas 2015 Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Intenção de Compras para o período de volta às aulas 2015 O perfil do consumidor e resultado de intenção

Leia mais

Estatística I Aula 2. Prof.: Patricia Maria Bortolon, D. Sc.

Estatística I Aula 2. Prof.: Patricia Maria Bortolon, D. Sc. Estatística I Aula 2 Prof.: Patricia Maria Bortolon, D. Sc. Análise Exploratória de Dados Consiste em resumir e organizar os dados coletados Utiliza-se tabelas, gráficos ou medidas numéricas para resumir

Leia mais

CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E DE ENSINO DE GRAMÁTICA EM DEPOIMENTOS DE PROFESSORES DE 6º. AO 9º. ANO DA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL PAULISTA

CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E DE ENSINO DE GRAMÁTICA EM DEPOIMENTOS DE PROFESSORES DE 6º. AO 9º. ANO DA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL PAULISTA CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E DE ENSINO DE GRAMÁTICA EM DEPOIMENTOS DE PROFESSORES DE 6º. AO 9º. ANO DA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL PAULISTA ANDRADE, Maria de Fátima Ramos de RESUMO: PALAVRAS-CHAVE: ABSTRACT:

Leia mais

A PESQUISA. Prof. M.Sc Janine Gomes da Silva, Arq.

A PESQUISA. Prof. M.Sc Janine Gomes da Silva, Arq. A PESQUISA Prof. M.Sc Janine Gomes da Silva, Arq. A pesquisa Etapas da pesquisa científica Tipos de trabalhos científicos O projeto de pesquisa A PESQUISA Conceitos e definições Prof. M.Sc Janine Gomes

Leia mais

A MARCAÇÃO DE NÚMERO NO SINTAGMA NOMINAL NOS FALANTES BREVENSES: UM EXERCÍCIO VARIACIONISTA

A MARCAÇÃO DE NÚMERO NO SINTAGMA NOMINAL NOS FALANTES BREVENSES: UM EXERCÍCIO VARIACIONISTA 19 A MARCAÇÃO DE NÚMERO NO SINTAGMA NOMINAL NOS FALANTES BREVENSES: UM EXERCÍCIO VARIACIONISTA Alan Gonçalves MIRANDA (G-UFPA) Celso FRANCÊS JÚNIOR RESUMO Diversos estudos sociolinguísticos já comprovaram

Leia mais

TÍTULO DA PESQUISA: O ir e vir das preposições - um estudo diacrônico dos complementos dos verbos ir e vir no português mineiro de Uberaba.

TÍTULO DA PESQUISA: O ir e vir das preposições - um estudo diacrônico dos complementos dos verbos ir e vir no português mineiro de Uberaba. TÍTULO DA PESQUISA: O ir e vir das preposições - um estudo diacrônico dos complementos dos verbos ir e vir no português mineiro de Uberaba. ANO DE INÍCIO: 2010 NOME DO BOLSISTA: Thamiris Abrão Borralho.

Leia mais

AS ETAPAS DA PESQUISA AS ETAPAS DA PESQUISA

AS ETAPAS DA PESQUISA AS ETAPAS DA PESQUISA AS ETAPAS DA PESQUISA Prof. MSc: Anael Krelling 1 O planejamento e a execução de uma pesquisa fazem parte de um processo sistematizado que compreende etapas que podem ser detalhadas da seguinte forma:

Leia mais

Análise do tempo médio gasto para travessia de uma avenida durante três horários de pico de trânsito do dia.

Análise do tempo médio gasto para travessia de uma avenida durante três horários de pico de trânsito do dia. Metodologia de Planejamento e Análise de Experimentos 1 Análise do tempo médio gasto para travessia de uma avenida durante três horários de pico de trânsito do dia. Carlos Roberto Castelano Júnior Universidade

Leia mais

Variação sociolinguistica e aquisição semântica: um estudo sobre o perfil lexical pelo teste ABFW numa amostra de crianças em Salvador-BA

Variação sociolinguistica e aquisição semântica: um estudo sobre o perfil lexical pelo teste ABFW numa amostra de crianças em Salvador-BA Variação sociolinguistica e aquisição semântica: um estudo sobre o perfil lexical pelo teste ABFW numa amostra de crianças em Salvador-BA Palavras-chave: Desenvolvimento Infantil; Linguagem; Sociedades.

Leia mais

Curso: Letras Português/Espanhol. Disciplina: Linguística. Docente: Profa. Me. Viviane G. de Deus

Curso: Letras Português/Espanhol. Disciplina: Linguística. Docente: Profa. Me. Viviane G. de Deus Curso: Letras Português/Espanhol Disciplina: Linguística Docente: Profa. Me. Viviane G. de Deus AULA 2 1ª PARTE: Tema 2 - Principais teóricos e teorias da Linguística moderna Formalismo x Funcionalismo

Leia mais

ANOVA - parte I Conceitos Básicos

ANOVA - parte I Conceitos Básicos ANOVA - parte I Conceitos Básicos Erica Castilho Rodrigues 9 de Agosto de 2011 Referências: Noções de Probabilidade e Estatística - Pedroso e Lima (Capítulo 11). Textos avulsos. Introdução 3 Introdução

Leia mais

ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA (1)

ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA (1) ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA (1) Prof. Dr. Onofre Miranda (1) ZANELLA, L. C. H. Metodologia da Pesquisa. Florianópolis: SEaD:UFSC, 2006. OBJETIVO(S) GERAL Apresentar as etapas para desenvolvimento de

Leia mais

DOMÍNIOS DE Revista Eletrônica de Lingüística Ano 1, nº1 1º Semestre de 2007 ISSN

DOMÍNIOS DE Revista Eletrônica de Lingüística Ano 1, nº1 1º Semestre de 2007 ISSN ESTUDO EM TEMPO APARENTE E EM TEMPO REAL DO USO DO SUJEITO NULO NA FALA DE BELO HORIZONTE Nasle Maria Cabana RESUMO Neste artigo, analisa-se o comportamento do sujeito pronominal lexical e sujeito pronominal

Leia mais

O USO DOS PRONOMES PESSOAIS NÓS/ A GENTE EM CONCÓRDIA SC

O USO DOS PRONOMES PESSOAIS NÓS/ A GENTE EM CONCÓRDIA SC O USO DOS PRONOMES PESSOAIS NÓS/ A GENTE EM CONCÓRDIA SC Introdução Lucelene Franceschini - UFPR Este trabalho analisa o uso das formas pronominais de primeira pessoa do plural nós / a gente em Concórdia

Leia mais

DO RECURSO DIDÁTICO NÚMEROS SEMÂNTICOS E SUA APLICABILIDADE. Por Claudio Alves BENASSI

DO RECURSO DIDÁTICO NÚMEROS SEMÂNTICOS E SUA APLICABILIDADE. Por Claudio Alves BENASSI 1 DO RECURSO DIDÁTICO NÚMEROS SEMÂNTICOS E SUA APLICABILIDADE Por Claudio Alves BENASSI D uarte, pesquisador da linguística da Língua Brasileira de Sinais, dá uma importante contribuição para o avanço

Leia mais

DEFININDO AMOSTRA REPRESENTATIVA. POPULAÇÃO: Qualquer tipo de grupo de pessoas, organizações, objetos ou eventos que queremos estudar.

DEFININDO AMOSTRA REPRESENTATIVA. POPULAÇÃO: Qualquer tipo de grupo de pessoas, organizações, objetos ou eventos que queremos estudar. QUEM, O QUÊ, ONDE, QUANDO: O PROBLEMA DA AMOSTRAGEM AMOSTRAGEM PROBABILÍSTICA DEFININDO AMOSTRA REPRESENTATIVA POPULAÇÃO: Qualquer tipo de grupo de pessoas, organizações, objetos ou eventos que queremos

Leia mais

AMOSTRAGEM. É a parte da Teoria Estatística que define os procedimentos para os planejamentos amostrais e as técnicas de estimação utilizadas.

AMOSTRAGEM. É a parte da Teoria Estatística que define os procedimentos para os planejamentos amostrais e as técnicas de estimação utilizadas. AMOSTRAGEM É a parte da Teoria Estatística que define os procedimentos para os planejamentos amostrais e as técnicas de estimação utilizadas. Nos planejamentos amostrais, a coleta dos dados deve ser realizada

Leia mais

Aula COLETA DE DADOS: META OBJETIVOS. (Fontes:

Aula COLETA DE DADOS: META OBJETIVOS. (Fontes: Aula COLETA DE DADOS: META OBJETIVOS (Fontes: http://images.quebarato.com.br) do entrevistado ou em outro local em que ele se sinta a vontade. (Fontes: http://www.bgsu.edu ) 84 Aula 6 O CONTROLE DE FATORES

Leia mais

Intenção de Compras para o período de volta às aulas 2017

Intenção de Compras para o período de volta às aulas 2017 Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Intenção de Compras para o período de volta às aulas 2017 O perfil do consumidor e resultado de intenção de compras para o período de volta às

Leia mais

REGRESSÃO E CORRELAÇÃO

REGRESSÃO E CORRELAÇÃO Vendas (em R$) Disciplina de Estatística 01/ Professora Ms. Valéria Espíndola Lessa REGRESSÃO E CORRELAÇÃO 1. INTRODUÇÃO A regressão e a correlação são duas técnicas estreitamente relacionadas que envolvem

Leia mais

Realizações do sujeito expletivo em construções com o verbo ter existencial na fala alagoana

Realizações do sujeito expletivo em construções com o verbo ter existencial na fala alagoana Realizações do sujeito expletivo em construções com o verbo ter existencial na fala alagoana ELYNE GISELLE DE SANTANA LIMA AGUIAR VITÓRIO Doutoranda em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Letras

Leia mais

A ALTERNÂNCIA DOS MODOS SUBJUNTIVO/INDICATIVO COM VERBOS DE JULGAMENTO 1 Áurea Cristina Bezerra da Silva Pinho 2

A ALTERNÂNCIA DOS MODOS SUBJUNTIVO/INDICATIVO COM VERBOS DE JULGAMENTO 1 Áurea Cristina Bezerra da Silva Pinho 2 A ALTERNÂNCIA DOS MODOS SUBJUNTIVO/INDICATIVO COM VERBOS DE JULGAMENTO 1 Áurea Cristina Bezerra da Silva Pinho 2 Resumo Francineudo Duarte Pinheiro Júnior 3 Neste trabalho, apresentaremos uma análise de

Leia mais

Profa. Dra. Maria da Conceição Lima de Andrade

Profa. Dra. Maria da Conceição Lima de Andrade Profa. Dra. Maria da Conceição Lima de Andrade Conceitos de pesquisa A Pesquisa é: procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis,

Leia mais

Probabilidade e Estatística

Probabilidade e Estatística Aula 3 Professora: Rosa M. M. Leão Probabilidade e Estatística Conteúdo: 1.1 Por que estudar? 1.2 O que é? 1.3 População e Amostra 1.4 Um exemplo 1.5 Teoria da Probabilidade 1.6 Análise Combinatória 3

Leia mais

Delineamento, Tipos de Pesquisa, Amostragem. Prof. Alejandro Martins

Delineamento, Tipos de Pesquisa, Amostragem. Prof. Alejandro Martins Delineamento, Tipos de Pesquisa, Amostragem Prof. Alejandro Martins DELINEAMENTO DA PESQUISA Conceituação Refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla O elemento mais importante para

Leia mais

Técnicas Experimentais Aplicadas à Zootecnia UNIDADE 1. NOÇÕES DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Técnicas Experimentais Aplicadas à Zootecnia UNIDADE 1. NOÇÕES DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL Técnicas Experimentais Aplicadas à Zootecnia UNIDADE 1. NOÇÕES DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL Experimentos (testes) são realizados por pesquisadores em todos os campos de investigação, usualmente para descobrir

Leia mais

META Apresentar rotinas de trabalho que promovam a familiaridade dos alunos com os diversos comportamentos leitores.

META Apresentar rotinas de trabalho que promovam a familiaridade dos alunos com os diversos comportamentos leitores. ATIVIDADES PERMANENTES COM GÊNEROS TEXTUAIS Aula 8 META Apresentar rotinas de trabalho que promovam a familiaridade dos alunos com os diversos comportamentos leitores. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o

Leia mais

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos 1º Semestre de 2013 Capítulo 3 Introdução à Probabilidade e à Inferência Estatística

Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos 1º Semestre de 2013 Capítulo 3 Introdução à Probabilidade e à Inferência Estatística Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos Capítulo 3 Introdução à Probabilidade e à Inferência Estatística Introdução ao Planejamento e Análise Estatística de Experimentos Agora,

Leia mais

Fases da Pesquisa. c. Organização da Pesquisa

Fases da Pesquisa. c. Organização da Pesquisa Fases da Pesquisa 1ª Fase Fase exploratória c. determinação do problema Seleção do assunto área de concentração/ problema amplo Definição e formulação do problema recorte do problema a ser analisado c.

Leia mais

TIPOS DE PESQUISAS EXPLORATÓRIAS

TIPOS DE PESQUISAS EXPLORATÓRIAS TIPOS DE PESQUISAS EXPLORATÓRIAS Grupos de Foco é uma reunião de pessoas selecionadas por pesquisador para discutir um assunto ligado a um problema de pesquisa. Os participantes de um grupo de foco são

Leia mais

Universidade Federal de Roraima Departamento de matemática

Universidade Federal de Roraima Departamento de matemática Universidade Federal de Roraima Departamento de matemática Metodologia do Trabalho Científico O Método Cientifico: o positivismo, a fenomenologia, o estruturalismo e o materialismo dialético. Héctor José

Leia mais

Unidade I. Profa. Ana Carolina Bueno

Unidade I. Profa. Ana Carolina Bueno Unidade I ESTATÍSTICA Profa. Ana Carolina Bueno Estatística Interpretar processos em que há variabilidade. Estatísticas indica qualquer coleção de dados quantitativos, ou ainda, ramo da matemática que

Leia mais

INFLUÊNCIA DA ORALIDADE NA ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

INFLUÊNCIA DA ORALIDADE NA ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO INFLUÊNCIA DA ORALIDADE NA ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Maria de Fátima de Souza Aquino Universidade Estadual da Paraíba/ CH/ PIBID fatimaaquinouepb@yahoo.com.br RESUMO: O uso das várias formas de

Leia mais

CAPÍTULO VI- CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

CAPÍTULO VI- CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES CAPITULO VI CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES Neste capítulo iremos apresentar as conclusões do presente estudo, tendo também em conta os resultados e a respectiva discussão, descritas no capítulo

Leia mais

Noções Gerais Sobre Pesquisa

Noções Gerais Sobre Pesquisa 23 Noções Gerais Sobre Pesquisa Nossas possibilidades de conhecimento são muito, e até tragicamente, pequenas. Sabemos pouquíssimo, e aquilo que sabemos, sabemo-lo muitas vezes superficialmente, sem grande

Leia mais

VOCÊ ESTÁ REALMENTE EVOLUINDO NO INGLÊS PARA NEGÓCIOS?

VOCÊ ESTÁ REALMENTE EVOLUINDO NO INGLÊS PARA NEGÓCIOS? VOCÊ ESTÁ REALMENTE EVOLUINDO NO INGLÊS PARA NEGÓCIOS? Você sente que está patinando em seu conhecimento de inglês? Essa sensação é bastante comum. Na verdade, no começo do curso sentimos que estamos tendo

Leia mais

Procedimentos de Pesquisa em Ciências Sociais

Procedimentos de Pesquisa em Ciências Sociais 1 Procedimentos de Pesquisa em Ciências Sociais Ana Maria Doimo Ernesto F. L. Amaral 21 de setembro de 2009 www.ernestoamaral.com/met20092.html Fonte: Banco Mundial. Monitorização e Avaliação: algumas

Leia mais

CONCORDÂNCIA DE NÚMERO NOS PREDICATIVOS ADJETIVOS E PARTICÍPIOS PASSIVOS DO PORTUGUÊS FALADO EM MACEIÓ: UM ESTUDO VARIACIONISTA

CONCORDÂNCIA DE NÚMERO NOS PREDICATIVOS ADJETIVOS E PARTICÍPIOS PASSIVOS DO PORTUGUÊS FALADO EM MACEIÓ: UM ESTUDO VARIACIONISTA CONCORDÂNCIA DE NÚMERO NOS PREDICATIVOS ADJETIVOS E PARTICÍPIOS PASSIVOS DO PORTUGUÊS FALADO EM MACEIÓ: UM ESTUDO VARIACIONISTA Solyany Soares Salgado (autora bolsista), Renata Lívia de Araújo Santos (co

Leia mais

Nessa situação, a média dessa distribuição Normal (X ) é igual à média populacional, ou seja:

Nessa situação, a média dessa distribuição Normal (X ) é igual à média populacional, ou seja: Pessoal, trago a vocês a resolução da prova de Estatística do concurso para Auditor Fiscal aplicada pela FCC. Foram 10 questões de estatística! Não identifiquei possibilidade para recursos. Considero a

Leia mais

Gêneros Textuais Acadêmicocientíficos. 3/6/5AD836_1.jpg

Gêneros Textuais Acadêmicocientíficos.  3/6/5AD836_1.jpg Gêneros Textuais Acadêmicocientíficos http://images.quebarato.com.br/photos/thumbs/ 3/6/5AD836_1.jpg Olá, Pessoal, Vamos acompanhar mais uma aula da prof. Alessandra. Hoje falaremos sobre alguns gêneros

Leia mais

Unidade III ESTATÍSTICA. Prof. Fernando Rodrigues

Unidade III ESTATÍSTICA. Prof. Fernando Rodrigues Unidade III ESTATÍSTICA Prof. Fernando Rodrigues Medidas de dispersão Estudamos na unidade anterior as medidas de tendência central, que fornecem importantes informações sobre uma sequência numérica. Entretanto,

Leia mais

CAPÍTULO 3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

CAPÍTULO 3 POPULAÇÃO E AMOSTRA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS GCN 7901 ANÁLISE ESTATÍSTICA EM GEOCIÊNCIAS PROFESSOR: Dr. ALBERTO FRANKE CONTATO: alberto.franke@ufsc.br F: 3721 8595 CAPÍTULO 3 POPULAÇÃO E AMOSTRA As pesquisas de opinião

Leia mais

Teste Chi-Quadrado de Independência. Prof. David Prata Novembro de 2016

Teste Chi-Quadrado de Independência. Prof. David Prata Novembro de 2016 Teste Chi-Quadrado de Independência Prof. David Prata Novembro de 2016 Duas Variáveis Categóricas Análise de variância envolve o exame da relação entre uma variável categórica explicativa e uma variável

Leia mais

Parte I Prova Escrita

Parte I Prova Escrita INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA DISCIPLINA FÍSICA PROVA 315/2016 12º Ano de Escolaridade (Decreto-Lei nº 139/2012, de 5 de julho, republicado pelo Decreto-Lei nº 91/2013, de 10 de julho)

Leia mais

População e Amostra. População: O conjunto de todas as coisas que se pretende estudar. Representada por tudo o que está no interior do desenho.

População e Amostra. População: O conjunto de todas as coisas que se pretende estudar. Representada por tudo o que está no interior do desenho. População e Amostra De importância fundamental para toda a análise estatística é a relação entre amostra e população. Praticamente todas as técnicas a serem discutidas neste curso consistem de métodos

Leia mais

Estatística Básica. Probabilidade. Renato Dourado Maia. Instituto de Ciências Agrárias. Universidade Federal de Minas Gerais

Estatística Básica. Probabilidade. Renato Dourado Maia. Instituto de Ciências Agrárias. Universidade Federal de Minas Gerais Estatística Básica Probabilidade Renato Dourado Maia Instituto de Ciências Agrárias Universidade Federal de Minas Gerais Probabilidade Condicional Dados dois eventos A e B, a probabilidade condicional

Leia mais

III - Amostragem. Prof. Herondino

III - Amostragem. Prof. Herondino III - Amostragem Prof. Herondino População e amostra População uma população é o conjunto de todos os itens, objetos, coisas ou pessoas a respeito das quais a informação é desejada para a solução de um

Leia mais

Língua Portuguesa. Professoras: Fernanda e Danúzia

Língua Portuguesa. Professoras: Fernanda e Danúzia Língua Portuguesa Professoras: Fernanda e Danúzia Nesta bimestral você aprendeu sobre diversos conceitos como Morfologia, Sintaxe e Morfossintaxe, e partir desses conceitos vamos revisar os principais

Leia mais

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE PAULISTA PB

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE PAULISTA PB A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE PAULISTA PB GT6 - FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO Andreza Magda da Silva Dantas Faculdades Integradas de Patos FIP andreza_magda@hotmail.com

Leia mais

2.1 As principais características dos desenhos de pesquisa quantitativos. Métodos e Técnicas de Pesquisa I/2015 Márcia Lima

2.1 As principais características dos desenhos de pesquisa quantitativos. Métodos e Técnicas de Pesquisa I/2015 Márcia Lima 2.1 As principais características dos desenhos de pesquisa quantitativos Métodos e Técnicas de Pesquisa I/2015 Márcia Lima Roteiro da Aula Métodos e Técnicas: distinções entre quantitativo e qualitativo

Leia mais

Desenvolvimento da Pesquisa

Desenvolvimento da Pesquisa Desenvolvimento da Pesquisa Ricardo de Almeida Falbo Metodologia de Pesquisa Departamento de Informática Universidade Federal do Espírito Santo Agenda Modelo de Processo de Pesquisa Estratégias de Pesquisa

Leia mais

Aula10 OUTRAS ESTRUTURAS ORACIONAIS POR SUBORDINAÇÃO

Aula10 OUTRAS ESTRUTURAS ORACIONAIS POR SUBORDINAÇÃO Aula10 OUTRAS ESTRUTURAS ORACIONAIS POR SUBORDINAÇÃO META Apresentar construções oracionais subordinadas por infinitivo, gerúndio, subjuntivo e indicativo. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá:

Leia mais

DAS CRÍTICAS E CONTRIBUIÕES LINGUÍSTICAS. Por Claudio Alves BENASSI

DAS CRÍTICAS E CONTRIBUIÕES LINGUÍSTICAS. Por Claudio Alves BENASSI DAS CRÍTICAS E CONTRIBUIÕES LINGUÍSTICAS Por Claudio Alves BENASSI omo vimos anteriormente, em relação ao uso que o sujeito com C surdez faz da modalidade escrita do surdo, o recurso didático Números Semânticos

Leia mais

LÍNGUA PORTUGUESA PROFª.: THAÍS

LÍNGUA PORTUGUESA PROFª.: THAÍS LÍNGUA PORTUGUESA PROFª.: THAÍS AULA 8 O VERBO E SEUS COMPLEMENTOS pág. 57 A ORAÇÃO E SUA ESTRUTURA BÁSICA Sujeito = o ser sobre o qual se declara alguma coisa. Predicado = o que se declara sobre o sujeito.

Leia mais

Licenciatura Ciência da Informação Unidade Curricular de Metodologia da Investigação

Licenciatura Ciência da Informação Unidade Curricular de Metodologia da Investigação Licenciatura Ciência da Informação Unidade Curricular de Metodologia da Investigação Junho 2013 Autores Francisco Azevedo Stigliano João Manuel Freixo Rodrigues Leite Tiago Jorge Marinho da Silva 2 Resumo

Leia mais

Nº da aula 02. Estudo da Sintaxe

Nº da aula 02. Estudo da Sintaxe Página1 Curso/Disciplina: Português para Concurso. Aula: Estudo da Sintaxe: Sujeito. Conceito; Classificações: sujeito determinado e indeterminado - 02 Professor (a): Rafael Cunha Monitor (a): Amanda Ibiapina

Leia mais

Grupo A - 1 semestre de 2012 Lista de exercícios 2 - Estatística Descritiva II C A S A (gabarito)

Grupo A - 1 semestre de 2012 Lista de exercícios 2 - Estatística Descritiva II C A S A (gabarito) Exercício 1. (1,0 ponto) Considere os dados abaixo sobre a distribuição de salário em (reais) num grupo de 1000 indivíduos. Tabela 1: Distribuição de frequências dos salários Classe de Salário Total Frequência

Leia mais

CONTEÚDOS E DIDÁTICA DE MATEMÁTICA

CONTEÚDOS E DIDÁTICA DE MATEMÁTICA Oper ações Ao realizar operações com números naturais, os alunos ampliam seu conhecimento sobre os números e o sistema de numeração decimal. Por isso, operar com o sistema de numeração decimal a partir

Leia mais

Intervalos de Confiança

Intervalos de Confiança Intervalos de Confiança INTERVALOS DE CONFIANÇA.1 Conceitos básicos.1.1 Parâmetro e estatística Parâmetro é a descrição numérica de uma característica da população. Estatística é a descrição numérica de

Leia mais

AULA 10 Questão de pesquisa e amostragem

AULA 10 Questão de pesquisa e amostragem 1 AULA 10 Questão de pesquisa e amostragem Ernesto F. L. Amaral 03 de setembro de 2010 Metodologia (DCP 033) Fonte: Flick, Uwe. 2009. Desenho da pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed. pp.33-42 & 43-55.

Leia mais

TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA

TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA TÉCNICAS DE ESTUDO E PESQUISA Graduação 1 UNIDADE 6 O TRABALHO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA Na unidade anterior, você aprendeu como se elabora o projeto de pesquisa. A partir de agora, vamos entrar diretamente

Leia mais

MÓDULO V: Análise Bidimensional: Correlação, Regressão e Teste Qui-quadrado de Independência

MÓDULO V: Análise Bidimensional: Correlação, Regressão e Teste Qui-quadrado de Independência MÓDULO V: Análise Bidimensional: Correlação, Regressão e Teste Qui-quadrado de Independência Introdução 1 Muito frequentemente fazemos perguntas do tipo se alguma coisa tem relação com outra. Estatisticamente

Leia mais

PESQUISA DE MERCADO. Geonir Paulo Schnorr ETAPAS. Graduado em Matemática Especialista em Banco de Dados

PESQUISA DE MERCADO. Geonir Paulo Schnorr ETAPAS. Graduado em Matemática Especialista em Banco de Dados PESQUISA DE MERCADO CONCEITOS ETAPAS Geonir Paulo Schnorr Graduado em Matemática Especialista em Banco de Dados Graduando em Estatística CONCEITOS Pesquisa de Mercado A pesquisa de mercado é a ferramenta

Leia mais

Novo Programa de Português do Ensino Básico SD2_ANOS1/2. Quando for grande quero ser... 1.º ano

Novo Programa de Português do Ensino Básico SD2_ANOS1/2. Quando for grande quero ser... 1.º ano Quando for grande quero ser... 1.º ano 1 Apresentação 1. Nome da sequência: Quando for grande quero ser... 2. Ano de escolaridade: 1.º ano/ 2.º ano 3. Duração estimada: 1 semana 4. Competências: (Cf. Roteiro)

Leia mais

MAE116 - Noções de Estatística Grupo A - 1 semestre de 2015

MAE116 - Noções de Estatística Grupo A - 1 semestre de 2015 MAE116 - Noções de Estatística Grupo A - 1 semestre de 2015 Gabarito Lista 4 - Probabilidade - CASA Exercício 1. (2 pontos) Para cada um dos experimentos abaixo, descreva o espaço amostral e apresente

Leia mais

Morfologia, Sintaxe e Morfossintaxe substantivo, verbo, Morfologia. Morfologia classes gramaticais

Morfologia, Sintaxe e Morfossintaxe substantivo, verbo, Morfologia. Morfologia classes gramaticais Língua Portuguesa Nesta bimestral você aprendeu sobre diversos conceitos como Morfologia, Sintaxe e Morfossintaxe, e partir desses conceitos vamos revisar os principais assuntos estudados. Quando falamos

Leia mais

1 Desenho da investigação. 1.1 Definição e objectivos 1.2 Elementos do desenho

1 Desenho da investigação. 1.1 Definição e objectivos 1.2 Elementos do desenho 1 Desenho da investigação 1.1 Definição e objectivos 1.2 Elementos do desenho Definição: Plano e estrutura do trabalho de investigação; Conjunto de directivas associadas ao tipo de estudo escolhido Objectivos:

Leia mais

Professora: Jéssica Nayra Sayão de Paula

Professora: Jéssica Nayra Sayão de Paula Professora: Jéssica Nayra Sayão de Paula Conceitos básicos e importantes a serem fixados: 1- Sincronia e Diacronia; 2- Língua e Fala 3- Significante e Significado 4- Paradigma e Sintagma 5- Fonética e

Leia mais

CONT.NÚM. Como usar estatística no excel. Este conteúdo faz parte da série: Excel Estatística Básica Ver 3 posts dessa série

CONT.NÚM. Como usar estatística no excel. Este conteúdo faz parte da série: Excel Estatística Básica Ver 3 posts dessa série Este conteúdo faz parte da série: Excel Estatística Básica Ver 3 posts dessa série Em meio a tantos recursos tradicionalmente conhecidos no Excel, como gráficos, fórmulas e relatórios, encontra-se ainda

Leia mais

METODOLOGIA TIPOS DE PESQUISA

METODOLOGIA TIPOS DE PESQUISA FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM UNIDADE JOÃO PESSOA-PB METODOLOGIA TIPOS DE PESQUISA Profª Séfora Andrade JOÃO PESSOA-PB 2016 PESQUISA Procedimento racional e sistemático que tem por

Leia mais

Minas Gerais pertence à área de falar baiano, à área de falar sulista, à área de falar fluminense e à área de falar mineiro, conforme Nascentes (1953)

Minas Gerais pertence à área de falar baiano, à área de falar sulista, à área de falar fluminense e à área de falar mineiro, conforme Nascentes (1953) VARIAÇÃO DAS VOGAIS MÉDIAS PRÉ-TÔNICAS NO FALAR DE BELO HORIZONTE: UM ESTUDO EM TEMPO APARENTE Amanda Felicori de Carvalho e Maria do Carmo Viegas Minas Gerais pertence à área de falar baiano, à área de

Leia mais

PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA UNIDADE V - INTRODUÇÃO À TEORIA DAS PROBABILIDADES

PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA UNIDADE V - INTRODUÇÃO À TEORIA DAS PROBABILIDADES PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA UNIDADE V - INTRODUÇÃO À TEORIA DAS PROBABILIDADES 0 1 INTRODUÇÃO A teoria das probabilidades é utilizada para determinar as chances de um experimento aleatório acontecer. 1.1

Leia mais

Estatística Básica. Introdução à Análise Exploratória de Dados. Renato Dourado Maia. Instituto de Ciências Agrárias

Estatística Básica. Introdução à Análise Exploratória de Dados. Renato Dourado Maia. Instituto de Ciências Agrárias Estatística Básica Introdução à Análise Exploratória de Dados Renato Dourado Maia Instituto de Ciências Agrárias Universidade Federal de Minas Gerais Pergunta Inicial O que é Estatística? 2/26 Contexto

Leia mais

Estatísticas de saúde. Certificados de óbito.

Estatísticas de saúde. Certificados de óbito. Estatísticas de saúde. Certificados de óbito. A maior parte da informação que obtemos sobre os óbitos vem dos certificados de óbito (ver anexo da aula prática). Por acordo internacional, os óbitos são

Leia mais

INDICAÇÕES º ANO AxBxC

INDICAÇÕES º ANO AxBxC INDICAÇÕES 2016-1º ANO AxBxC 1º ANO A / ENS. FUNDAMENTAL 119, 120 a 124 do livro texto / INGLÊS: Houve apresentação do vocabulário Unit 8: The Park - págs. 64 e 65 do livro e responder as págs. 66 e 67

Leia mais

INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA Inglês LE I (2 anos) 2016

INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA Inglês LE I (2 anos) 2016 INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA Inglês LE I (2 anos) 2016 Prova 06 --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Leia mais

Evento: Concurso Público para Provimento de Cargo Técnico-Administrativo em Educação Edital N 144/2016 PARECER

Evento: Concurso Público para Provimento de Cargo Técnico-Administrativo em Educação Edital N 144/2016 PARECER UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ COORDENADORIA DE CONCURSOS CCV Evento: Concurso Público para Provimento de Cargo Técnico-Administrativo em Educação Edital N 144/2016 PARECER A Comissão Examinadora da Prova

Leia mais

Controle - 3. Realizar o Controle da Qualidade Relatório de Desempenho. Mauricio Lyra, PMP

Controle - 3. Realizar o Controle da Qualidade Relatório de Desempenho. Mauricio Lyra, PMP Controle - 3 Realizar o Controle da Qualidade Relatório de Desempenho 1 Realizar o Controle da Qualidade Preocupa-se com o monitoramento dos resultados do trabalho, a fim de verificar se estão sendo cumpridos

Leia mais

PROPOSTA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA E ENSINO: METODOLOGIA PROPOSTA NOS LIVROS DIDÁTICOS. 1

PROPOSTA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA E ENSINO: METODOLOGIA PROPOSTA NOS LIVROS DIDÁTICOS. 1 PROPOSTA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA E ENSINO: METODOLOGIA PROPOSTA NOS LIVROS DIDÁTICOS. 1 SOUSA, Isabelle Guedes da Silva PÓS-LE UFCG isaguedessilva@gmail.com MOURA, Lucielma de Oliveira Batista Magalhães

Leia mais

Aula 1. Planejamento. Lilian R. Rios 18/02/16

Aula 1. Planejamento. Lilian R. Rios 18/02/16 Aula 1 Planejamento Lilian R. Rios 18/02/16 Planejamento de Ensino É um conjunto de conhecimentos práticos e teóricos ordenados de modo a possibilitar interagir com a realidade, programar as estratégias

Leia mais

1. Introdução INFORMAÇÃO - EXAME EXAME DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA FRANCÊS 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO 2012

1. Introdução INFORMAÇÃO - EXAME EXAME DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA FRANCÊS 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO 2012 AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PINHEIRO ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA INFORMAÇÃO - EXAME EXAME DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA FRANCÊS 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO 2012 1. Introdução O presente documento visa divulgar

Leia mais

A coleção Português Linguagens e os gêneros discursivos nas propostas de produção textual

A coleção Português Linguagens e os gêneros discursivos nas propostas de produção textual A coleção Português Linguagens e os gêneros discursivos nas propostas de produção textual Marly de Fátima Monitor de Oliveira Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Unesp Araraquara e-mail:

Leia mais

Expressões e enunciados

Expressões e enunciados Lógica para Ciência da Computação I Lógica Matemática Texto 2 Expressões e enunciados Sumário 1 Expressões e enunciados 2 1.1 Observações................................ 2 1.2 Exercício resolvido............................

Leia mais

DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA AULA 03 FILIPE S. MARTINS

DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA AULA 03 FILIPE S. MARTINS AULA 03 FILIPE S. MARTINS ROTEIRO PROBLEMA DE PESQUISA HIPÓTESE JUSTIFICATIVA OBJETIVOS PROBLEMA DE PESQUISA O PROBLEMA É A MOLA PROPULSORA DE TODO O TRABALHO DE PESQUISA. DEPOIS DE DEFINIDO O TEMA, LEVANTA-SE

Leia mais

O GUIA PARA CRIAÇÃO DE PERSONAS

O GUIA PARA CRIAÇÃO DE PERSONAS O GUIA PARA CRIAÇÃO DE PERSONAS #1 #2 #3 #4 UMA INTRODUÇÃO A BUYER PERSONAS SCRIPT DE ENTREVISTA DAS BUYER PERSONAS O TEMPLATE DE BUYER PERSONAS UM EXEMPLO DE BUYER PERSONAS 1. INTRODUÇÃO A BUYER PERSONAS

Leia mais

Plano de ensino: CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Plano de ensino: CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Plano de ensino: CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Título Contextualização Ementa Objetivos gerais CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA A língua portuguesa,

Leia mais

Probabilidades- Teoria Elementar

Probabilidades- Teoria Elementar Probabilidades- Teoria Elementar Experiência Aleatória Experiência aleatória é uma experiência em que: não se sabe exactamente o resultado que se virá a observar, mas conhece-se o universo dos resultados

Leia mais

Funções gramaticais: Sujeito e predicado. Luiz Arthur Pagani (UFPR)

Funções gramaticais: Sujeito e predicado. Luiz Arthur Pagani (UFPR) Funções gramaticais: Sujeito e predicado (UFPR) 1 1 Tradição gramatical termos essenciais: São termos essenciais da oração o sujeito e o predicado. [2, p. 119] As orações de estrutura favorita em português

Leia mais

Seminários Digitais Parte VI. Do universo, da amostra e da delimitação do corpus na pesquisa

Seminários Digitais Parte VI. Do universo, da amostra e da delimitação do corpus na pesquisa Seminários Digitais Parte VI Do universo, da amostra e da delimitação do corpus na pesquisa Curso de Comunicação em Mídias Digitais Pesquisa Aplicada em Comunicação e Mídias Digitais Marcos Nicolau Do

Leia mais

CONCURSO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/2014 FORMULÁRIO DE RESPOSTA AOS RECURSOS - DA LETRA PARA A LETRA

CONCURSO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE/2014 FORMULÁRIO DE RESPOSTA AOS RECURSOS - DA LETRA PARA A LETRA QUESTÃO: 01 Na argumentação, a autora recorre a todas as estratégias arroladas na questão, exceto a indicada pelo Gabarito. Assim, por exemplo, a dados estatísticos: aqui, dois terços dos usuários ainda

Leia mais

Teste de hipóteses para uma média populacional com variância conhecida e desconhecida

Teste de hipóteses para uma média populacional com variância conhecida e desconhecida Teste de hipóteses para uma média populacional com variância conhecida e desconhecida Teste de hipóteses para uma média populacional com variância conhecida Tomando-se como exemplo os dados de recém-nascidos

Leia mais

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA SALA DE AULA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA SALA DE AULA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA SALA DE AULA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIAS NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA Ana Paula de Souza Fernandes Universidade Estadual da Paraíba. E-mail: Aplins-@hotmail.com Beatriz Viera de

Leia mais