LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. Acompanhamento da Execução Orçamentária. Criando Instrumentos para o Equilíbrio Fiscal dos Municípios.
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- Orlando Castel-Branco Domingos
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1 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Acompanhamento da Execução Orçamentária Criando Instrumentos para o Equilíbrio Fiscal dos Municípios Sol Garson
2 Sol Garson Economista graduada pela Universidade Federal Fluminense Cursou o Mestrado em Teoria Econômica na EPGE/FGV em 1974/75. Trabalhou no BNDES a partir desse ano. Em 1993, integrou-se à equipe da Secretaria de Fazenda da Cidade do Rio de Janeiro, assumindo a Superintendência de Orçamento a partir de Em 1996, foi nomeada Secretária Municipal de Fazenda, onde permaneceu até dezembro de Como Presidente da Associação de Secretarias de Finanças das Capitais- ABRASF, conduziu, junto ao Congresso Nacional, a discussão da Proposta de Reforma Tributária e de outros projetos de interesse das Capitais. Atualmente, é consultora, dedicando-se sobretudo à administração municipal. Contato: sgarson@marlin.com.br
3 I. Introdução Um dos grandes méritos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), no que respeita à questão do planejamento foi, não apenas evidenciar a integração das peças orçamentárias, Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA), como ligar a execução orçamentária ao que foi planejado. De fato, várias ações de que decorram compromissos de gastos de longa duração, que denominaremos genericamente despesas permanentes, ficam, na prática, inviabilizadas, caso não tenham sido planejada e seu impacto computado na formação do resultado primário do exercício. No caso de Municípios, isto assume particular importância, pois sua atividade de prestador de serviços é intensa, o que em geral requer despesas continuadas. Outro ponto crucial para garantir o equilíbrio foi trazer à cena a execução financeira do que foi orçado, exigindo revisões do orçamento posto à disposição dos executores sempre que algum encurtamento da receita prevista puser em risco as metas de resultado que, aprovadas pelo Legislativo, passam a se configurar em firme compromisso, partilhado pelos diversos Poderes. A estabilidade econômica, de fato, não poderia admitir comportamento diverso deste. Ocorre que estas não são práticas usuais e muito menos assimiladas pela imensa maioria dos Municípios brasileiros. O desafio está em criar instrumentos que permitam esta assimilação e ajudem a disseminar seu uso. O cumprimento das normas e a adoção de comportamentos que deverão garantir, ao longo do tempo, uma trajetória fiscal sólida, serão controlados com instrumentos que a própria Lei define. Trata-se de um conjunto de relatórios a serem preenchidos a cada 2 meses Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) ou a cada 4 meses Relatório de Gestão Fiscal (RGF), objeto dos artigos 52 a 55 da LRF. Estes relatórios comporão a base de informações dos órgãos de controle Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público. É fundamental que as administrações locais percebam este instrumental, não como uma mera exigência da LRF, mas encontrem, entre os relatórios e prestações de contas que hoje se esforçam em preparar, instrumentos efetivos para auxiliá-los no cumprimento do objetivo maior da própria Lei o equilíbrio fiscal. 3
4 II. Metodologia O presente trabalho define um conjunto de informações que facilitem ao administrador acompanhar sua própria performance. Estas informações, extraídas basicamente do RREO e do RGF, são agrupadas inicialmente em mapas de análise, dos quais se geram indicadores que evidenciam categorias estratégicas para a execução financeira e orçamentária (receitas tributárias, de operação de crédito, serviço da dívida, etc.). Evitam-se desdobramentos que já se encontrem nos anexos à Portaria nº 471/ STN, os quais naturalmente complementarão a análise. Um excesso de informações certamente desviaria a atenção das variáveis e conceitos estratégicos para o equilíbrio fiscal. Uma metodologia que permita, ao administrador, analisar sua performance com dados extraídos dos diversos quadros que compõem o RREO e o RGF deve considerar algumas questões que emergem da forma como são construídos estes documentos. A forma final dos relatórios encaminhados aos órgãos de controle pressupõe a consolidação das contas de todos os órgãos da Administração Direta de todos os Poderes e as entidades da Administração indireta (Autarquias, Fundações, Fundos Especiais, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista), dependentes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, inclusive sob a forma de subvenções para pagamento de pessoal e de custeio, ou de auxílios para despesas de capital, excluídas, neste caso, aquelas lucrativas que recebam recursos de capital. Para a presente análise, cabe deduzir, de receitas e despesas, as parcelas das receitas previdenciárias vinculadas ao pagamento de inativos. Além disso, os dados consolidados das Receitas Correntes deverão registrar as transferências do FUNDEF por seu valor líquido, conforme as instruções de preenchimento da Portaria nº 471, de forma a contemplar as diversas formas pelas quais os Municípios contabilizam as receitas do Fundo. Outro ajustes poderão ser feitos, deforma que se passe, desde o início, a trabalhar com o conceito de Receita Corrente Líquida (RCL), variável de extrema importância para o controle dos limites estabelecidos pela LRF (vide Anexo V da Portaria nº 471/2000, da Secretaria do Tesouro Nacional STN). Outra questão importante relaciona-se à distinção entre recursos de livre utilização pelo administrador e aqueles que têm destinação específica. É fundamental para a análise que se diferenciem o que denominamos Recursos do Tesouro daqueles que ingressam nos cofres municipais como repasses de convênios ou destinados a aplicações específicas SUS, FUNDEF e outros. 4
5 A gestão responsável recomenda que não se programem despesas à conta destes recursos, se não houver garantia de sua disponibilidade financeira, seja por superávit da execução de exercícios anteriores incorporado ao orçamento do ano, seja pelo ingresso previsto para o próprio exercício. Desta forma, desequilíbrios orçamentários e de execução financeira porventura verificados ao final de um exercício deverão refletir problemas com recursos de Tesouro Municipal. Ao longo do exercício, no entanto, poderá ocorrer descompasso entre ingressos e aplicações de recursos vinculados, gerando, por exemplo, situações superavitárias com recursos vinculados que compensem déficits com recursos do Tesouro. Caso o desdobramento total exija excessivo detalhamento, recomenda-se, ao menos, o destaque de recursos do FUNDEF, do SUS e de transferências de convênios. Por fim, deve estar claro que os demonstrativos da Portaria nº 471 referem-se, em geral, à execução orçamentária do exercício. Assim, as despesas liquidadas referem-se ao orçamento em curso, o que pressupõe que não se admitam restos a pagar não processados. Dívidas herdadas de administrações passadas deverão ser equacionadas, de forma a que se possa admitir seu pagamento à conta do orçamento do ano, evitando ter que manejar dois orçamentos no campo da despesa, financiados apenas com os recursos da receita prevista para o ano. Como é natural, caberá ao administrador, compreendidos os conceitos aqui expressos, preparar os dados da forma mais adequada possível, reiterando que se evite o excessivo detalhamento. Dos mapas de análise (TABELA I a IV-B), extrai-se um conjunto de Indicadores de Estrutura Financeira (IEF), seguidos por Indicadores de Gestão Fiscal (IGF). Estes, obtidos diretamente dos Anexos à Portaria nº 471/ 2000, medem os limites estabelecidos pela LRF. Os dados da execução orçamentária estarão referenciados à previsão para o exercício (previsão mais atualizada, vide instruções de preenchimento dos anexos à Portaria nº 471/200I) e também a alguma programação mais recente, eventualmente feita pelo administrador (que denominaremos Última Programação"). 5
6 III. Objeto da Análise A análise dos relatórios e a apresentação dos indicadores deverá: dar clareza ao administrador quanto ao grau de atendimento dos limites da LRF, ao evidenciar os IGF; permitir ao administrador que defina seus próprios limites, em função de: " possibilidade de atender as determinações legais de aplicação em áreas específicas: saúde, educação, etc.; " capacidade de gerar superávit corrente com recursos próprios, para expansão dos serviços públicos, que normalmente requerem gastos de natureza permanente; " possibilidade de gerar poupança compatível com as necessidades específicas de investimento, atendido o serviço da dívida (pagamento de amortização e encargos juros, comissões, etc.). Além disso, a metodologia proposta para o acompanhamento e análise deverá permitir que, antecipando-se aos órgãos de controle, possa o administrador tomar providências sempre que alguma situação de desequilíbrio comece a se delinear. Isto será tanto mais importante quanto mais a Prefeitura dependa de recursos de transferências e quanto maior a parcela da RCL composta por recursos vinculados. 6
7 IV. Mapas de Análise TABELA I Quadro Geral da Execução Orçamentária Objetivo Avaliar a capacidade do Município de gerar recursos para financiamento de seu investimento e amortização da dívida. Conteúdo/Pontos de Atenção Será construído a partir dos dados do Anexo II da Portaria nº 471, da STN, ajustando as rubricas de receita e despesa pelas deduções especificadas no Anexo V. Do lado das receitas, passamos a trabalhar com a RCL. Do lado das despesas, as respectivas a inativos passarão a registrar apenas o montante pago com recursos do Tesouro Municipal. Mantém-se, porém, entre os gastos de pessoal, os relativos ao pagamento de precatórios, indenização por demissão e convocação extraordinária especificados no Anexo XII, que só são desconsiderados para o cálculo do limite de despesas de pessoal. Outros ajustes poderão ser feitos para o cálculo de RCL, embora não haja exigência legal. Este é o caso de Municípios que recebem recursos do SUS para pagamento de terceiros conveniados (unidades de saúde privadas, filantrópicas etc.), os quais poderão ser subtraídos das receitas de SUS na Tabela III-A. Tal montante será deduzido também de outras de custeio, com recursos do SUS, na Tabela IV-A. Observe-se que a Receita Corrente inclui a Receita com Aplicações Financeiras RAF, que variará com a taxa de juros. Uma abordagem mais conservadora poderia destacar esta RAF do conjunto das demais RC. Por outro lado, a despesa corrente já inclui as despesas com os encargos da dívida, embora as relativas à amortização sejam despesas de capital. Superávit/Déficit Corrente é a poupança corrente (positiva ou negativa), representando a capacidade do Município de financiar seus investimentos (quitada a amortização de dívidas). 7
8 Objetivo TABELA II Quadro Geral da Execução Orçamentária Recursos do Tesouro e Vinculados Desdobramento do quadro acima, permite distinguir até que ponto a execução financeira tem preservado alguma margem de recursos do Tesouro, livres de vinculação, para assunção de novas ações cujas despesas não possam ser financiadas com recursos vinculados. Conteúdo/Pontos de Atenção Será importante, aqui, apartar, das receitas de transferências constitucionais, que são recursos do Tesouro,, aquelas relacionadas ao FUNDEF, vinculadas, portanto, ainda quando o Município tenha perda líquida com o Fundo. Se, a título de exemplo, a parcela de transferências de ICMS, FPM e IPI exportação for R$ 100,00 e só R$ 80,00 retornarem ao Município a título de FUNDEF será conveniente, para fins analíticos, computar aqui as transferências do ICMS e outros por seus valores líquidos e registrar a parcela que ingressou à conta do FUNDEF em separado, como Receita corrente vinculada. Observe-se aqui que, do lado das despesas, o critério para distinção entre recursos de Tesouro e vinculados é também o da fonte de recursos e não de seu uso. Tomando-se os recursos aplicados na manutenção e desenvolvimento do ensino, consideraremos como vinculados apenas àqueles financiados com recursos do FUNDEF. Além destes, no entanto, deverá o Município aportar recursos do Tesouro para dar cumprimento ao Art. 212 da Constituição Federal. Esta 2ª parcela aparece aqui como despesas com recursos do Tesouro, embora não possa o administrador aplicá-los em outra área. Estas observações são particularmente importantes se considerarmos que até 2004, por força da emenda Constitucional nº 29/2000-EC 29/00, os Municípios deverão aplicar 15,0% de todos seus impostos e transferências constitucionais em ações e serviços públicos de saúde. Tal determinação requer, daqueles que não estão ajustados, um planejamento cuidadoso que evite a assunção de compromissos de duração continuada em outras áreas, e a realização de investimentos que requeiram elevados gastos de operacionalização, que poderá ficar comprometida pela necessidade de deslocar recursos para atendimento da EC 29/00. Ainda sobre a matéria, pondere-se que os gastos na área da saúde tendem a ser relativamente intensivos em pessoal, o que requer redobrada atenção sobre decisões relativas a novas iniciativas em outras áreas. 8
9 Como apresentam dados consolidados, as Tabelas I e II podem ser construídas a partir das Tabelas III-A e IV-A. Objetivo TABELA III-A Estrutura da Receita Corrente Líquida Acompanhar a composição da RCL, distinguindo os componentes segundo seu grau de estabilidade. Conteúdo/Pontos de Atenção A Tabela destaca os componentes RCL, diferenciando-os segundo o risco de sua realização. De fato, sendo a RCL a base para os limites de despesa de pessoal e de endividamento, é fundamental avaliar em que medida depende o Município de receitas não asseguradas, como as de transferências voluntárias ou que não possuam estabilidade, como as de aplicações financeiras, função de taxas de juros de mercado. As receitas tributárias próprias e as de transferências constitucionais são as mais estáveis, embora parte das transferências do ICMS seja função de lei estadual, a cuja mudança o Município deva estar atento. Municípios de maior porte sofreram perdas não desprezíveis em função das chamadas leis Robin Hood que redistribuíram receita para Municípios considerados mais pobres. As receitas de dívida ativa tendem a ter certa estabilidade. Há que ter cuidado e manter, sempre que possível, uma série histórica, evitando que se tome por base, em projeções de receitas, alguma ocorrência eventual. As multas e juros de mora, em geral, relacionam-se a tributos e não sofrem grandes oscilações, a menos de mudanças de estrutura legal. As receitas de multas e juros de mora e de Receita da Dívida Ativa relativas a tributos podem ser somadas às receitas respectivas (receitas próprias). Uma participação baixa e/ou decadente das receitas tributárias próprias e transferidas no total da receita esperada deve alertar o administrador. Isto porque as receitas de tributos próprios e de transparências constitucionais devem ser, necessariamente, a base para a assunção de compromissos de natureza permanente. Dentro deste grupamento, vale observar o grau de autonomia, dado pela importância das receitas próprias neste conjunto. As receitas do SUS elevam o montante passível de ser aplicado em despesas de pessoal, bem como os limites tolerados para o estoque da dívida e de operações de crédito, embora devam ser aplicadas basicamente no custeio da rede de 9
10 saúde. Não há dúvida que um elevado montante de receitas do SUS estará associado a intensa prestação de serviços, que exigirá, além dos gastos de custeio financiados pelo SUS, despesas de pessoal. Estas, no entanto, serão financiadas basicamente com receitas do Tesouro Municipal, estreitando a disponibilidade de recursos para áreas cujo financiamento depende exclusivamente do Tesouro. A atenção aos limites de LRF é fundamental. A suspensão de transferências voluntárias, em função de descumprimento desses limites e de outras exigências da LRF (vide Capítulo V), gera um círculo vicioso. Sua redução afeta a RCL, denominador para o cálculo dos limites de despesas de pessoal e endividamento. Deve-se estar atento, ainda, à qualidade do Código Tributário Municipal, principalmente no que diz respeito às taxas, que por vezes têm sua constitucionalidade questionada, principalmente as instituídas pela prestação de serviços. O cuidado será maior quando se considera que, pelo princípio da anualidade, a proibição de cobrança de uma taxa no decorrer de um exercício requererá a edição de nova legislação que, se aprovada, só entrará em vigor no exercício seguinte, afora demandas de restituição de indébitos. Objetivo TABELA III-B Estrutura da Receita Corrente Líquida Composição % Acompanhar a composição da RCL, com atenção aos pontos acima destacados. Objetivo TABELA IV-A Estrutura da Despesa Total Avaliar, do ponto de vista dos componentes da despesa pública, o grau de dependência de recursos vinculados, de forma a orientar o planejamento de médio prazo. A forma pela qual o Município pode financiar os diversos componentes de sua despesa deverá balizar a estratégia de aplicações de médio prazo, contida no PPA. 10
11 Conteúdo/Pontos de Atenção Distingue-se a parcela financiada com recursos do Tesouro, daquela que depende de transferências vinculadas, por grupo de natureza de despesa: Pessoal e Encargos Sociais Encargos da Dívida (que incluem juros, comissões, etc) Outras Despesas de Custeio, compreendendo as demais despesas correntes Investimentos e Inversões Financeiras Amortização da Dívida A abertura dos dados na forma proposta permitirá ao administrador uma primeira avaliação do grau de comprometimento de recursos do Tesouro com despesas de caráter permanente, de que resulta maior ou menor flexibilidade para assunção de novos compromissos, principalmente aqueles cujo financiamento esteja restrito aos recursos do Tesouro. As despesas de pessoal são tipicamente financiadas com recursos próprios, exceção feita a parte do pessoal para a manutenção e desenvolvimento do ensino, que deve ser pago com recursos do FUNDEF. Importante lembrar que apenas as despesas com pessoal ativo podem contar com estes recursos. Na inatividade, o ônus passa ao Tesouro Municipal, na ausência de equacionamento da questão previdenciária. Os gastos de custeio devem ser cuidadosamente acompanhados no caso de Municípios, onde a prestação de serviços é intensa e parte deles pode ser terceirizada, como ocorre com a coleta de lixo, em diversas cidades de maior porte. Adicionalmente, a vinculação de recursos à saúde poderá exigir o aumento desses gastos, até que seja alcançado o limite exigido pela EC nº 29. O processo de informatização, que num primeiro momento aparece mais como gasto com investimentos, passa depois a exigir recursos não desprezíveis para o custeio de materiais específicos. Importante observar aqui, além naturalmente da significação das despesas de pessoal, até que ponto o serviço da dívida amortização e encargos- permitirão manter, ou expandir, o custeio, de forma a não absorver recursos de investimento. A alternativa de uma revisão do nível de investimentos, em função dos demais componentes, deve ser cuidadosamente analisada. Uma contração de gastos com obras e equipamentos pode trazer problemas ao patrimônio da cidade. Examinem se cidades com grande número de viadutos e de praças, sempre a demandar reformas e complementações. 11
12 Adicionalmente, Prefeituras que se informatizam passam a demandar um fluxo permanente de recursos para a atualização de seu parque tecnológico. O acompanhamento dos investimentos/inversões financeiras e de seu financiamento é fundamental, prevenindo excessiva escassez de recursos do Tesouro, principalmente quando estão em liberação recursos de operações de crédito e transferências voluntárias, que exigirão contrapartida para sua concretização. Tudo, por fim, remete ao acompanhamento de gastos de pessoal, em particular à composição da força de trabalho, em função das mudanças a nível tecnológico e da composição dos serviços prestados, que requererá treinamento dos servidores e mudanças no perfil dos novos contratados. Objetivo TABELA IV-B Estrutura da Despesa Total Composição % Acompanhar a composição da despesa total, com atenção aos pontos acima destacados. 12
13 V. Indicadores de Estrutura Financeira e de Gestão Fiscal A construção e avaliação de indicadores de performance financeira deve ser sempre precedida pela análise da especificidade dos processos aos quais esses indicadores se aplicam. Assim, o resultado obtido para um indicador que relaciona o montante de recursos próprios sobre os de terceiros aplicados por uma empresa privada em seu negócio pode ter avaliação bem diversa do aplicado a um ente público. È freqüente, por outro lado, encontrarmos avaliações de performance baseadas em indicadores cujos componentes não foram adequadamente qualificados, levando a equívocos. Equívocos que às vezes se avolumam quando se analisam situações bem diversas. Uma Prefeitura que tenha assumido completamente a gestão do ensino fundamental na cidade e gaste 54,0 % de sua RCL estará, provavelmente em situação financeira bem melhor que outra, onde este quociente é de 48,0%, mas o Estado seja ainda o grande prestador destes serviços. Os Indicadores de Estrutura Financeira IEF aqui definidos buscam testar a ocorrência, ou não, de problemas levantados como pontos de atenção ao longo da construção dos Mapas de Análise. Alguns desses problemas são particularmente focalizados por estes IEFs, a saber: estabilidade dos recursos disponíveis verificando, dentre a RCL, qual a parcela assegurada por dispositivos constitucionais e deles decorrentes receitas tributárias próprias (incluídas as de cobrança em dívida ativa e de multas e juros de mora sobre estes tributos) e transferências decorrentes da participação do Município na receita tributária de outros entes. Como visto anteriormente, a missão das Prefeituras manter a cidade em funcionamento e prestar serviços básicos aos cidadãos requer estabilidade de recursos, dada a natureza permanente das despesas requeridas; grau de autonomia onde se verifica que parcela das receita das receitas permanentes está sob o controle do Município. A maior autonomia não só permite maior segurança quanto à possibilidade de financiamento de novas ações que impliquem em despesas de caráter permanente, como também em avaliar a condição do Município de responder a mudanças nos critérios constitucionais de repartição de receitas. Uma redução de transferências poderá ser compensada com mudanças na legislação tributária local e iniciativas de modernização da administração tributária; grau de cobertura de despesas permanentes- onde se dimensiona quanto das receitas de caráter permanente estaria sendo absorvido pelos componentes básicos da despesa municipal;. 13
14 O quadro de Indicadores de Gestão Fiscal (IGF) apenas reproduz limites estabelecidos pela LRF e os apresenta de forma clara, para apreciação dos chefes dos Poderes. A idéia é que os mesmos comporão, junto com os IEFs e observações colhidas nos mapas de análise, relatório sucinto, a ser preparado por ocasião da elaboração dos RREO e nos RGF. 14
15 VI. Conclusão Estabelece a Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu Art.1º, que: A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capaz de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, divida consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. A estabilidade econômica e a descentralização da prestação de serviços à população exigem que as Prefeituras planejem suas ações em bases realistas. O financiamento das ações em curso e as decisões sobre sua expansão requerem que se avalie a estrutura de financiamento existente e se acompanhe o dia a dia da execução financeira e orçamentária, identificando em tempo hábil situações que possam comprometer as metas estabelecidas. Este trabalho desenha uma metodologia de análise de performance financeira e orçamentária que permita ao administrador, com base em instrumental da própria LRF, prevenir desequilíbrios. A correção de situações de desequilíbrio, por sua vez, requer que se identifiquem as variáveis passíveis de ajuste ao longo da execução orçamentária e financeira. A observação dos mapas de análise e dos indicadores propostos, em seu conjunto, permitirá avaliar as possibilidade de adaptação a resultados adversos em termos de receita que, ameaçando as metas de resultado primário e nominal apresentadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias e aprovadas pela Câmara de Vereadores, exijam limitação de empenho e movimentação financeira, nos termos do art.9º da LRF. Criam-se assim instrumentos para atingir o objetivo maior da própria Lei o equilíbrio fiscal, que garantirá a continuidade das ações. 15
16 Tabela I Prefeitura Municipal de... Quadro Geral da Execução Orçamentária Período de Referência:... Em R$ mil Correntes PREVISÃO PARA ÚLTIMA VAL.EFETIVADOS EFETIVO EFETIVO RUBRICA O EXERCÍCIO PROGRAMAÇÃO ATÉ O BIMESTRE PREVISTO PROGRAMADO (A) (B) (C) (D = C/A) (D = C/B) Superavit/Déficit Corrente - Receita Corrente Líquida Despesa Corrente Líquida Superavit/Déficit de Capital - Receita de Capital Despesa de Capital Saldo - Obs.: Nas colunas de Previsão e Última Programação, utiliza-se Previsão para Receita e Dotação para Despesa. Nas colunas de Valores Efetivados, trabalha-se com receitas realizadas e despesas liquidadas.
17 Tabela II Prefeitura Municipal de... Quadro Geral da Execução Orçamentária - Recursos Próprios e Vinculados Período de Referência:... Em R$ mil Correntes PREVISÃO PARA ÚLTIMA VAL.EFETIVADOS EFETIVO EFETIVO RUBRICA O EXERCÍCIO PROGRAMAÇÃO ATÉ O BIMESTRE PREVISTO PROGRAMADO (A) (B) (C) (D = C/A) (D = C/B) Superavit/Déficit Corrente - Tesouro - Vinculado - Receita Corrente Líquida - Tesouro Vinculado Despesa Corrente Líquida - Tesouro Vinculado Superavit/Déficit de Capital - Tesouro - Vinculado - Receita de Capital - Tesouro Vinculado Despesa de Capital - Tesouro Vinculado Saldo - Tesouro - Vinculado - Obs.: Nas colunas de Previsão e Última Programação, utiliza-se Previsão para Receita e Dotação para Despesa. Nas colunas de Valores Efetivados, trabalha-se com receitas realizadas e despesas liquidadas.
18 Tabela III-A Prefeitura Municipal de... Estrutura da Receita Corrente Líquida Período de Referência:... e Últimos 12 meses até... Em R$ mil Correntes PREVISÃO PARA ÚLTIMA VAL.EFETIVADOS NO EFETIVO EFETIVO EFETIVADOS NOS DESCRIÇÃO O EXERCÍCIO PROGRAMAÇÃO EXERCÍCIO ATÉ O BIMESTRE PREVISTO PROGRAMADO ÚLTIMOS 12 MESES (A) (B) (C) (D = C/A) (D = C/B) (E) Receita Corrente Líquida (A=B+C+D+E+F+G+H+I) Receitas Tributárias Próprias (B=B1+B2+B3+B4) IPTU (B1) ISS (B2) ITBI (B3) Outras (B4) Transferências Constitucionais (C=C1+C2+C3+C4+C5) Cota-parte do FPM (C1) Cota-parte do ICMS (C2) Cota-parte do IPVA (C3) FUNDEF (C4) Participação do Município Transferências Adicionais Outras(C5) Receita da Dívida Ativa (D=D1+D2) Tributária (D1) Outras (D2) Multas e Juros de Mora (E=E1+E2) Sobre Tributos (E1) Outros (E2) Receitas do SUS (F) Transferências de Convênios (G) Outras Transferências Correntes (H) Outras Receitas Correntes Líquidas (I=I1+I2-I3-I4) Receitas de Aplicações Financeiras (I1) Demais Receitas Correntes (I2) Receitas Previdenciárias Vinculadas a Pagtos.Inativos (I3) Contribuição dos Servidores Compensação Financeira entre Regimes Outras Receitas Previdenciárias Vinculadas Outras Deduções (I4)
19 Tabela III-B Prefeitura Municipal de... Estrutura da Receita Corrente Líquida - Composição % Período de Referência:... e Últimos 12 meses até... Em % PREVISÃO PARA ÚLTIMA VAL.EFETIVADOS EFETIVADOS NOS DESCRIÇÃO O EXERCÍCIO PROGRAMAÇÃO ATÉ O BIMESTRE ÚLTIMOS 12 MESES (A) (B) (C) (D) Receita Corrente Líquida (A=B+C+D+E+F+G+H+I) 100,0 100,0 100,0 100,0 Receitas Tributárias Próprias (B=B1+B2+B3+B4) IPTU (B1) ISS (B2) ITBI (B3) Outras (B4) Transferências Constitucionais (C=C1+C2+C3+C4+C5) Cota-parte do FPM (C1) Cota-parte do ICMS (C2) Cota-parte do IPVA (C3) FUNDEF (C4) Participação do Município Transferências Adicionais Outras(C5) Receita da Dívida Ativa (D=D1+D2) Tributária (D1) Outras (D2) Multas e Juros de Mora (E=E1+E2) Sobre Tributos (E1) Outros (E2) Receitas do SUS (F) Transferências de Convênios (G) Outras Transferências Correntes (H) Outras Receitas Correntes Líquidas (I=I1+I2-I3-I4) Receitas de Aplicações Financeiras (I1) Demais Receitas Correntes (I2) Receitas Previdenciárias Vinculadas a Pagtos.Inativos (I3) Contribuição dos Servidores Compensação Financeira entre Regimes Outras Receitas Previdenciárias Vinculadas Outras Deduções (I4)
20 Tabela IV-A Prefeitura Municipal de... Estrutura da Despesa Total Período de Referência:... Em R$ mil Correntes Dotação para Última VALORES EFETIVADOS EFETIVO/DOTAÇÃO (%) EFETIVO/PREVISTO (%) DESCRIÇÃO o Exercício Programação Empenhadas Liquidadas Empenhadas Liquidadas Empenhadas Liquidadas (A) (B) (C) (D) (E=C/A) (F=D/A) (G=C/B) (H=D/B) DESPESA TOTAL LÍQUIDA (J=K+O) DESPESA CORRENTE LÍQUIDA (K=L+M+N) Pessoal (L=L1+L4+L5+L6) Ativos (L1=L2+L3) Tesouro (L2) FUNDEF (L3) Inativos e Pensionistas (Exceto com Receitas Previd.Vinculadas) (L4) Eventuais (L5) Outras Despesas de Pessoal (Art.18, 1º.) (L6=L7+L8) Tesouro (L7) FUNDEF (L8) Outras de Custeio (M=M1+M2) Tesouro (M1) Recursos Vinculados (M2=M3+M4+M5) FUNDEF (M3) SUS (M4) Outros (M5) Encargos da Dívida (N) DESPESAS DE CAPITAL (O=P+Q) Investimentos/Ineversões Financeiras (P=P1+P2+P3+P4) - Tesouro (P1) Receitas Operações de Crédito (P2) Receitas Alienação de Ativos (P3) Recursos Vinculados (P4=P5+P6+P7) FUNDEF (P5) SUS (P6) Outros (P7) Amortização / Rolagem da Dívida (Q)
21 Tabela IV-B Prefeitura Municipal de... Estrutura da Despesa Total - Composição % Período de Referência:... Em % Dotação para Última DESPESAS DESCRIÇÃO o Exercício Programação Empenhadas Liquidadas (A) (B) (C) (D) DESPESA TOTAL LÍQUIDA (J=K+O) 100,0 100,0 100,0 100,0 DESPESA CORRENTE LÍQUIDA (K=L+M+N) Pessoal (L=L1+L4+L5+L6) Ativos (L1=L2+L3) Tesouro (L2) FUNDEF (L3) Inativos e Pensionistas (Exceto com Receitas Previd.Vinculadas) (L4) Eventuais (L5) Outras Despesas de Pessoal (Art.18, 1º.) (L6=L7+L8) Tesouro (L7) FUNDEF (L8) Outras de Custeio (M=M1+M2) Tesouro (M1) Recursos Vinculados (M2=M3+M4+M5) FUNDEF (M3) SUS (M4) Outros (M5) Encargos da Dívida (N) DESPESAS DE CAPITAL (O=P+Q) Investimentos/Inversão Financeira (P=P1+P2+P3+P4) - Tesouro (P1) Receitas Operações de Crédito (P2) Receitas Alienação de Ativos (P3) Recursos Vinculados (P4=P5+P6+P7) FUNDEF (P5) SUS (P6) Outros (P7) Amortização / Rolagem da Dívida (Q)
22 Prefeitura da Cidade... Indicadores de Situação Fiscal Limites da Lei de Responsabilidade Fiscal Período de Referência:... Objeto do Controle Norma Legal Indicador Descrição Fonte de Informação/Forma de Cálculo Limite Legal Valor Obs. Comentários Despesas de Pessoal Despesa Total LRF, Art.18/20 ISF PT Despesa Total com Pessoal/RCL Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XII 60,0% Executivo ISF PE Despesa com Pessoal do Executivo/RCL Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XII 54,0% Legislativo ISF PL Despesa com Pessoal do Legislativo/RCL Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XII 6,0% Crescimento da Despesa Total LRF, Art.71 ISF PT Despesa Total compessoal/rcl Protaria STN/MF Nº 471/00 ISF PT 1,10 ISF PT-1 Executivo ISF PE Despesa com Pessoal do Executivo/RCL Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XII ISF PE 1,10 ISF PE-1 Legislativo ISF PL Despesa com Pessoal do Legislativo/RCL Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XII ISF PL 1,10 ISF PL-1 Inativos Lei 9717/98 e LRF, Art.21 ISF PI Despesa com Inativos/RCL Lei 9717/98 12,0%
23 Prefeitura da Cidade... Indicadores de Situação Fiscal Limites da Lei de Responsabilidade Fiscal Período de Referência:... Objeto do Controle Norma Legal Indicador Descrição Fonte de Informação/Forma de Cálculo Limite Legal Valor Obs. Comentários Endividamento Dívida Consolidada CF, Art.52, VI e IX LRF, Art.30 ISF DC Dívida Consolidada Líquida/RCL Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XIII * Receitas com Operações de Crédito Rec.Oper.Crédito X Desp.Capital CF, Art.167, III Art.32, 3º ISF OCK Rec.Oper.Crédito Desp.Capital Líquida Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo IX Rec.Oper.Crédito X RCL CF, Art.52, VII LRF, Art.30 ISF OC Rec.Oper.Crédito nº 471/00 Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XV Garantias LRF, Art.30 ISF G Avais + Fianças/RCL Serviços de Terceiros LRF, Art.72 ISF ST Serv.Terceiros Total/RCL Poder Executivo ISF STE Serv.Terceiros por Executivos/RCL Poder Legislativo ISF STL Serv.Terceiros por Legislativo/RCL Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XIV Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XVIII Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XVIII Portaria STN/MF Nº 471/00, Anexo XVIII * ISF ST ISF ST99 ISF STE ISF STE99 ISF STL ISF STL99 * Os limites legais propostos para Estado, Distrito Federal e Municípios constam da Mensagem nº 154-A, de 2000, ora em discussão no Senado Federal.
24 Prefeitura da Cidade... Indicadores de Estrutura Financeira Período de Referência:... TABELA Indicador (%) Última Programação Efetivado até o Bimestre (%) (%) Comentários I IEF 1 = Superavit / Defict Corrente RCL II IEF 2 = Superavit/Deficit Corrente Tesouro RCL Tesouro III-A IEF 3 = Receita Permanente (B+C+D 1 +E 1 ) RCL (A) III-A IEF 4 = Receita Própria (B+D 1 +E 1 ) Receita Permanente (B+C+D 1 +E 1 ) IV-A e III-A IEF 5 = Pessoal c/rec.próprios (L-L 3 -L 8 ) Receita Permanente do Tesouro (B+C+D 1 +E 1 +C 4 ) IV-A e III-A IEF 6 = Custeio c/rec.tesouro (M 1 ) Receita Permanente do Tesouro (B+C+D 1 +E 1 +C 4 ) IV-A e III-A IEF 7 = Serviço da Dívida (N+Q) Receita Permanente do Tesouro (B+C+D 1 +E 1 +C 4 ) IV-A IEF 8 = Investimento/Inversão Financeira c/rec.próprios (P 1 ) Investimento/Inversão Financeira Total (P)
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