Uma aventura na política

Transcrição

1 Foto: Catarina Solo Uma aventura na política Dias 2 e 3 de maio realizou-se a Sessão Nacional da 21ª edição do Parlamento dos Jovens, um programa educativo da responsabilidade da Assembleia da República. Sessenta e quatro escolas finalistas representaram os círculos distritais, as regiões autónomas da Madeira e Açores e os círculos da Europa e Fora da Europa. Foram 128 deputados e cerca de 64 jornalistas (2 deputados e 1 jornalista por escola) e 64 professores. No final, aprovou-se a recomendação a ser apresentada à Assembleia da República com as medidas para combater o racismo, discriminação e preconceito, tema da edição de Uma foto que ilustra os dois dias da Sessão nacional do Ensino Básico: Jovens deputados que demonstram que Portugal está a criar uma geração desenrascada, capaz de discutir qualquer tema, capaz de encontrar soluções, capaz de dar um futuro melhor à nossa nação. As duas primeiras etapas: Sessões Escolar e Distrital A Escola Luís de Sttau Monteiro, situada em Loures, inscreveu-se pela primeira vez no Parlamento dos Jovens. Para nós, alunos (e até para os professores), tudo foi novidade. Oito listas concorreram às eleições para a Sessão Escolar, após a realização de vários debates nas semanas que antecederam esta votação. Nestes debates, estiveram presentes deputados de todos os partidos representados na Assembleia da República, com exceção do PAN. Um representante da Associação SOS Racismo e a vereadora do pelouro da Educação da Camara Municipal de Loures, Maria Eugénia Coelho, foram outros dos ilustres convidados, assim como a Catarina Furtado, enquanto embaixadora da boa vontade, do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA). Todos contribuíram bastante para compreendermos as questões do racismo, discriminação e preconceito.

2 Foto: Prof. Jorge Teixeira Foto: Prof. Jorge Teixeira Foto: Prof. Jorge Teixeira À esquerda: Catarina Furtado, com as deputadas da Escola Luís de Sttau Monteiro, num momento de descontração, após o debate realizado a 14 de março Em cima, da esquerda para a direita: Catarina Furtado, prof. Rui Pires, vereadora da CML Maria Eugénia, Profª Maria Manuel Andrade, diretora do Agrupamento de Escolas nº1 de Loures. A Sessão Escolar foi um excelente ensaio para a nossa presença na fase seguinte desta 21ª edição do Parlamento dos Jovens. A Sessão Distrital foi, pois, um grande desafio para as três deputadas eleitas Leonor Cruz, Cristiana Fernandes e Catarina Solo. Foi com enorme satisfação e também com alguma surpresa que acabámos por ser uma das quatro escolas eleitas para a Sessão Nacional. Não foi fácil. Após 2 empates consecutivos com outras escolas, conseguimos ser eleitos por termos um maior número de listas concorrentes à Sessão Escolar, o que ainda veio dar mais importância a todos os nossos colegas que não conseguiram ser eleitos, mas que acabaram por ser fundamentais em todo este processo. Etapa Final: A Sessão Nacional Após algumas reuniões com o professor Rui Pires, mentor do projeto na nossa escola, tínhamos a consciência que estávamos preparadas para este grande momento. Sentimos um grande orgulho por representarmos o Círculo de Lisboa. Depois de sermos informadas que tínhamos ficado na 4ª comissão, separadas dos nossos colegas de Círculo, os quais ficaram na 3ª comissão, sentimos ainda mais responsabilidade, pois seríamos as únicas representantes de Lisboa naquela comissão.

3 Foto: Catarina Solo Foto: Catarina Solo Eram 12h55m do dia 2 de maio À entrada da Assembleia da República, antes do início dos trabalhos. Da esquerda para a direita: Leonor Cruz, prof. Rui Pires e Cristiana Fernandes. O primeiro dia foi, pois, preenchido pelas reuniões das quatro Comissões, pelas quais foram distribuídos os 128 deputados oriundos de 64 escolas. Para além dos dois deputados, a maior parte das escolas presentes tiveram um jornalista que poderia percorrer todas as comissões para registar o momento, através de fotografia ou registo escrito de algo relevante, entretanto observado. Vista geral da 4ª Comissão, com os representantes do Círculo de Lisboa, ao centro, do lado direito.

4 Foto: Catarina Solo Foto: Catarina Solo As representantes da Escola Luís de Sttau Monteiro, representaram bem o Círculo de Lisboa na sua comissão, tendo tido algumas intervenções relevantes. As deputadas do Círculo de Lisboa na 4ª Comissão. À esquerda, Cristiana Fernandes e à direita, em plena intervenção, Leonor Cruz. Cada Comissão, integrava uma mesa constituída por dois deputados da Assembleia da República e por um funcionário parlamentar que prestava a necessária assessoria. Por curiosidade, um dos deputados era a Ana Rita Bessa (CDS/PP) que esteve presente na nossa escola, num dos debates ali realizados. Quem presidiu esta Comissão foi o deputado Ivan Gonçalves (PS). Foram debatidos os Projetos de Recomendação adotados nas Sessões Distritais/Regionais. Na 4ª comissão, estiveram em debate os projetos dos Círculos de Beja, Braga, Guarda, Setúbal e Viseu. A Mesa da 4ª Comissão: Ana Rita Bessa, Ivan Gonçalves e o assessor da Assembleia da República.

5 Foto: Prof. Rui Pires O nosso projeto, do Círculo de Lisboa, esteve em votação na 3ª Comissão, muito bem representado pelos deputados oriundos da Escola Básica D. Carlos I, Sintra; Escola Internacional de Torres Vedras; Escola Secundária Miguel Torga, Monte Abraão, Sintra. Foto: Catarina Solo Os deputados das três escolas do Círculo de Lisboa, em plena intervenção, na 3ª Comissão. Da esquerda para a direita: Simão Barata (Torres Vedras) Rita Marques (D. Carlos I), Hugo Sousa e Joana Carvalho (Miguel Torga), Margarida Pires (D. Carlos I) e Mariana Francisco (Torres Vedras). Após a aprovação da recomendação, através de votação por maioria simples (votação na generalidade), procedeu-se ao debate e votação na especialidade. Nesta fase, cada medida do projeto-base (o que foi aprovado) foi debatida e foram introduzidas algumas alterações propostas pelos deputados dos círculos presentes. No final desta sessão, esta comissão aprovou quatro medidas a serem colocadas a votação, no dia seguinte, no Plenário da Sessão. Antes do primeiro dia terminar, todos os presentes deslocaram-se até à Sala das Sessões e assistiram à atuação de um grupo de dança, do estúdio de dança Jazzy. No final, todos fomos convidados a juntar-nos ao grupo. Talvez para abrir o apetite para o jantar que seria servido logo de seguida, nos jardins da Assembleia (local onde já tinha sido servido o lanche e onde almoçaríamos no dia seguinte) O grupo de dança do estúdio de dança Jazzy, em plena atuação, na Sala de Sessões da Assembleia da República.

6 Foto: Catarina Solo Foto: Catarina Solo Depois de uma noitada animada no Inatel de Oeiras, às 9h30 já estávamos preparados para reiniciar os trabalhos. As comissões tinham ficado para trás. Agora teríamos a honra de sermos os primeiros a realizar a Sessão Plenária em plena Sala de Sessões. Nas 20 edições anteriores, nunca a Sessão Nacional do Ensino Básico tinha sido ali realizada. O Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues faz o discurso solene de abertura dos trabalhos, no início do dia 3 de maio. A mesa da Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens foi constituída pelos seguintes elementos: Presidente: Pedro Marques (Braga) Vice-Presidente: Núria Almeida (Porto) Secretários da Mesa: Mariana Correia (Faro) e Renata Gaspar (Vila Real). O debate foi muito interessante. Cada círculo e cada Comissão, tentaram defender as suas medidas. O Círculo de Lisboa também contribuiu de forma ativa para a discussão. O Porta-Voz do Círculo de Lisboa, Hugo Sousa em pé, ao centro fazendo uma intervenção.

7 Medidas a serem recomendadas à Assembleia da República No final desta Sessão Plenária, os deputados à Sessão Nacional do Parlamento dos Jovens Ensino Básico recomendaram à Assembleia da República a adoção das seguintes medidas: 1. Implementar projetos específicos de integração, de alunos para alunos, aproveitando as competências e a boa vontade de alunos com perfil para ajudar e acolher outros colegas. 2. Criar uma equipa multidisciplinar, beat rápido, capaz de promover temas de discriminação, racismo e preconceito, através de campanhas de sensibilização, encontros interescolares distritais anuais, bem como de implementar sessões de debate nas escolas, de forma a evitar atos discriminatórios. Esta equipa, através da execução de um plano de intervenção, dará apoio imediato às vítimas e familiares. 3. Festejar a diversidade cultural, educando os alunos para a diferença, através do incentivo para a partilha e o diálogo multicultural, integrando a atividade penpal nas disciplinas de línguas. 4. Integrar pessoas com deficiência e sensibilizar a população para a integração, através de cursos de língua gestual e braile, e inclusão deste último nos boletins de voto, e promoção de ações de divulgação dos direitos das pessoas com deficiência. 5. Investir na introdução de temas como os direitos humanos, o racismo, o preconceito e a discriminação, nos currículos ao longo do percurso escolar obrigatório, de forma dinâmica e adequada à idade e maturidade dos alunos, com especial ênfase na interação entre disciplinas do 3.º ciclo. 6. Iniciar a educação para a diferença o mais precocemente possível, com conteúdos, metodologias e práticas e contacto com grupos desfavorecidos ou minoritários. 7. Estabelecer parcerias entre cada uma das escolas portuguesas e uma escola dos países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e dinamizar intercâmbio de estudantes e trocas de correspondência. 2/2 8. Incrementar atividades concretas que promovam a inter-relação entre culturas distintas e que devem estar bem definidas nos planos anuais de atividades das escolas, desde o primeiro ciclo ao ensino secundário, sendo implementadas nas disciplinas de Estudo do Meio e de Educação para a Cidadania, respetivamente. 9. Sensibilizar os meios de comunicação social no sentido de promover o Jornalismo pela tolerância e de dar especial destaque a programas infantis/programas informáticos (jogos/aplicações), a implementar nas escolas até ao 1.º ciclo.

8 Foto: Parlamento dos Jovens 10. Criar uma instituição que preste apoio psicológico à vítima, de forma a ajudá-la a lidar com a situação de discriminação, e ao agressor, de forma a instrui-lo para a compreensão e respeito dos outros e a reabilitá-lo de modo a integrá-lo na sociedade. Antes de regressarmos a casa, ficou uma foto para a posterioridade, com todos os alunos presentes, deputados e jornalistas. Para o ano há mais. Esperamos que a Escola Luís de Sttau Monteiro possa voltar a estar presente nesta Aventura na Política com outros representantes, certamente pois nós Leonor Cruz, Cristiana Fernandes e eu, Catarina Solo estaremos noutra escola, de ensino secundário. Para terminar esta reportagem, deixo um sortido de fotografias que revelam dois dias fantásticos nas nossas vidas. É isto o Parlamento dos Jovens! A tua escola ainda não se inscreveu? Estás à espera do quê? Junta-te a este concurso e revela-te, conhece pessoal fixe de todo o país e de escolas portuguesas espalhadas pelo mundo! Reportagem realizada por Catarina Solo, Escola Luís de Sttau Monteiro, Círculo de Lisboa Maio de 2016