Senhoras senadoras, senhores senadores, representantes de entidades e demais convidados, bom dia!

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Ângela Belém Taveira
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1 1 Confira o discurso do senador Pedro Taques (PDT-MT) na abertura da Audiência Pública da Subcomissão de Segurança Pública (11.03) Senhoras senadoras, senhores senadores, representantes de entidades e demais convidados, bom dia! A Comissão de Juristas instituída para elaborar o projeto de Código Penal é uma Comissão de ordem técnica, autônoma, de caráter misto e composta majoritariamente pela indicação das lideranças partidárias representativas das principais forças políticas do Senado Federal. Sua finalidade maior é atualizar, sistematizar e uniformizar a legislação penal, adequando-a aos preceitos da Constituição de 1988 e às novas demandas da sociedade. Suas características deixam claro que ela não tem poderes normativos e apenas faz uma sugestão legislativa na forma de anteprojeto de lei, que será estudada primeiramente por uma Comissão de Senadores, a ser constituída com o objetivo específico de analisar a Reforma do Código. Posteriormente, ela é enviada para aprovação do Plenário do Senado. Após sua aprovação, o projeto de lei segue para a Câmara dos Deputados, onde passa pelo crivo democrático de seus membros, sendo que, caso não haja emendas, ele é finalmente enviado para sanção presidencial.

2 2 Isto significa que, entre a indicação da Comissão de Especialistas e a aprovação do Novo Código, há um longo caminho a ser percorrido. Caminho que permite o pleno exercício democrático por parte da população e de seus representantes. É preciso compreender que em temas complexos, uma boa lei se faz com a ponderação entre as razões técnicas e jurídicas e os anseios políticos da população. Daí resulta a importância da constituição de uma Comissão independente de especialistas, dotada de plena garantia e liberdade para trabalhar da maneira que melhor lhe convém. De outro lado, caso o resultado do trabalho não atenda às aspirações sociais, cumpre aos parlamentares, representantes do povo, promover os devidos aperfeiçoamentos, dando forma final ao projeto de lei a ser apreciado pela Presidência da República. Assim, em que pese a possibilidade de que a Comissão possa debater e apresentar sua proposta em relação a temas polêmicos, o resultado dependerá da análise dos representantes da sociedade que, certamente, atenderão aos anseios da população. De outro lado, a Subcomissão Permanente de Segurança Pública Subcomissão tem por finalidade analisar proposições legislativas, colher subsídios, debater

3 3 com especialistas e ouvir a população, com vistas a propor inovações normativas necessárias ao combate à criminalidade, além, por certo, da devida fiscalização das ações desenvolvidas pelos demais poderes da República. Um fator preocupante que exige o acompanhamento desta casa é o contingenciamento de R$ 2.2 bilhões no Ministério da Justiça, publicado no Decreto 7.680, de 17/02/2012. Esta limitação de empenho contrasta o discurso do governo que diz priorizar a segurança. Um corte de 44% das dotações do órgão traz forte impacto na área que considero fundamental em vista dos grandes eventos esportivos que terão o Brasil como palco nos próximos anos. A violência, a falta de segurança e o medo da criminalidade são graves problemas que afligem a população brasileira e que não têm recebido respostas suficientes por parte do governo e das Instituições nacionais. Uma rápida leitura do Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Ministério da Justiça, mostra que a taxa média de homicídios do Brasil é de 26.4 mortes anuais para cada 100mil habitantes, deixando o Brasil na sexta colocação entre os países mais violentos do mundo.

4 4 Mais do que isso, o patamar aproximado de 51 mil homicídios no ano de 2008, indica um aumento de 10 mil homicídios/ano em um decênio. Pior, os inquéritos policiais investigam apenas 50% dos assassinatos e 80% deles são arquivados. Paradoxalmente, a letalidade policial aumentou significativamente e as prisões se mostram abarrotadas com a média de 250 presos para cada 100 mil habitantes situação alarmante que atinge uma clientela preferencial: homens, jovens, pobres e negros. O resultado é que, apesar da segurança constituir um direito fundamental protegido pela Constituição de 1988, pesquisa CNI/IBOPE divulgada no mês de outubro/2011 mostra que mais da metade da população a considera péssima ou ruim, sendo que 80% dos entrevistados mudaram de hábitos em razão da violência. Esses dados, por si, justificam o trabalho deste Senado Federal e, mais especificamente, desta Subcomissão Permanente de Segurança Pública da Comissão da Constituição e Justiça no enfrentamento da problemática descrita. No entanto, é preciso romper velhos modelos. Não basta focar na repressão e no aumento de penas. Faz-

5 5 se necessário uma política pública de segurança consistente, que envolva um projeto sofisticado e profundo de integração institucional e intersetorial, gestão de informação, formação de uma cultura da paz e prevenção ao crime. Sendo assim, a reunião conjunta da Comissão de Especialistas do Código Penal com a Subcomissão Permanente de Segurança Pública e com o Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública adquire importância ímpar, pois assim o Senado Federal colhe valiosos subsídios que auxiliam na obtenção das respostas adequadas aos problemas da realidade brasileira, tendo em vista o garantia de paz e segurança a todos os cidadãos. Nesse contexto, o fomento de debates e a manifestação das diferenças ideológicas e religiosas são muito importantes para que se delimite os rumos do país que queremos. A democracia se constrói diariamente na tensão entre forças e opiniões diversas, onde todos devem agir com máxima tolerância e respeito ao próximo. É nesse sentido que eu, Senador Pedro Taques, assumo o compromisso de promover um debate democrático. Declaro aberta esta Audiência Pública.

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