USO DE FOTOPROTETOR FACIAL POR MULHERES QUE FREQUENTAM SALÃO DE BELEZA EM CURITIBA-PARANÁ

Transcrição

1 USO DE FOTOPROTETOR FACIAL POR MULHERES QUE FREQUENTAM SALÃO DE BELEZA EM CURITIBA-PARANÁ Roseli Cristina Laskoski 1 Maria Luiza Fernandes Rodrigues 2 Kely Cristina dos Santos 3 1. Acadêmico do curso de Tecnólogo em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná; 2. Doutora em Química. Profa. Co-Orientadora Universidade Tuiuti do Paraná. 3. Mestre em Ciências Farmacêuticas. Profa. Orientadora Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço para correspondência: Kely Cristina dos Santos, kelysantos@yahoo.com.br RESUMO: No Brasil, pele bronzeada é sinônimo de saúde e beleza o que leva as pessoas a se exporem de maneira indiscriminada ao sol. Os principais efeitos deletérios da radiação solar sobre a pele humana são: queimadura solar, fotoenvelhecimento e o câncer de pele. Esses danos podem ser minimizados com orientações como o horário correto para se expor ao sol, bem como o uso correto do fotoprotetor. Esta pesquisa tem por objetivo avaliar o conhecimento e comportamento de mulheres adultas, com idades entre 18 e 55 anos, freqüentadoras de salão de beleza em Curitiba-Paraná. Foi distribuído um questionário para 60 mulheres contendo perguntas sobre o uso do fotoprotetor, com a finalidade de avaliar a proporção de mulheres que usam fotoprotetor facial. Com o resultado foi possível observar que a maior parcela do público pesquisado faz uso do fotoprotetor facial, sendo que na faixa etária de 26 a 45 anos estão às pessoas que mais fazem uso deste cosmético. Palavra chave: fotoprotetor, radiação solar, fotoenvelhecimento. ABSTRACT: In Brazil, tanned skin is synonymous with health and beauty that leads people to expose to the sun so indiscriminate. The main deleterious effects of solar radiation on human skin are sunburn, photoaging and skin cancer. Such damage can be minimized with the correct time guidelines as to expose to the sun, and the correct use of sunscreens. This research aims to assess the knowledge and behavior of adult women, aged between 18 and 55 years, often beauty salon in Curitiba, Paraná. A questionnaire was distributed to 60 women with questions about the use of sunscreens, with the aim of assessing the proportion of women who wear facial sunscreens. With the result it was possible to observe that the largest portion of the public searched facial makes use of sunscreens, which in the age group 26 to 45 years are the people who make use of cosmetics. Keywords: sunscreens, solar radiation, photoaging. 1

2 INTRODUÇÃO Antigamente na sociedade européia, beleza era sinônimo de pele alva, pois ter um rosto moreno significava pertencer a uma classe inferior, à dos trabalhadores rurais. No século XX, este conceito mudou, as pessoas que tinham possibilidade de passar grande parte do tempo em férias viajando ou praticando esportes no verão, estavam bronzeadas quase o ano todo, hábitos estes vetados para os menos favorecidos (Sanches, 2008). Desde então se criou uma tendência em associar a pele bronzeada com saúde e beleza, o que leva as pessoas a se exporem mais ao sol. Se esta exposição solar for adequada pode trazer certos benefícios, todavia, se em proporções muito altas, pode ser prejudicial à saúde e a pele humana. (Chorilli et.al, 2006). Em procedimentos estéticos, o uso correto do fotoprotetor é uma etapa indispensável para a obtenção de bons resultados. Pessoas que estão em tratamento ou recuperação de procedimentos realizados sobre a pele precisam ter consciência de que a displicência na utilização deste cosmético, pode acarretar em danos de difícil resersão. Por isso é indispensável que os profissionais da área de estética orientem as pessoas sobre o uso correto do fotoprotetor. Este trabalho tem por objetivo avaliar o conhecimento sobre o uso do fotoprotetor facial em mulheres que freqüentam salão de beleza em Curitiba- Paraná. RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA (UV) O espectro solar compreende três zonas fundamentais: a luz visível, as radiações ultravioletas e as radiações infravermelhas. As radiações ultravioletas representam o componente de maior poder energético do espectro solar. As faixas constituintes da radiação UV são identificadas pelo comprimento de onda e classificam-se em: UVA: ondas entre nm, causam danos oxidativos e formação de radicais livres. É absorvida pela derme. UVB: ondas entre nm, são parcialmente filtradas pela camada de ozônio, apresentam penetração limitada à epiderme, onde podem induzir eritema e queimadura solar. UVC: ondas entre nm, não atingem a terra por serem absorvidos pela camada de ozônio (Chorilli et. al., 2006) Os efeitos nocivos da radiação solar sobre a pele se manifestam a curto, médio 2

3 e longo prazo. A curto prazo: queimaduras de 1º, 2º e 3º graus ( com a incidência de bolhas e dores), a médio prazo: ressecamento, aspereza, manchas, sardas, pintas e ainda, lesões pré-cancerosas e a longo prazo: envelhecimento precoce, incidência de rugas e sulcos, flacidez e alteração do DNA. (Sabará et.al, 2008). A exposição da pele a estas radiações pode levar uma série de vantagens e desvantagens. (Tabela1) TABELA 1 Vantagens e desvantagens da exposição solar VANTAGENS Ativação da vitamina D Prevenção do raquitismo Aumento da disposição física Melhora do humor Convívio prazeroso com a natureza DESVANTAGENS Eritema Ressecamento e queimaduras Aparecimento de rugas e discromias Envelhecimento Câncer de pele Fonte: Steiner; Garcia et.al., 2006 EFEITOS DA RADIAÇÃO UV SOBRE A PELE Bronzeamento Trata-se de uma reação de defesa do organismo. Os raios solares penetram até a camada germinativa da epiderme e transformam os pigmentos melânicos em melanina. (Barata,1994) As radiações atuam de duas maneiras: pigmentação direta: obtida pela radiação UVA, a pele escurece progressivamente, gerando um bronzeado duradouro e pigmentação indireta: obtida pela radiação UVB, após a exposição aparece um eritema, que se não for excessivo dá lugar a uma pele bronzeada. (Barata, 1994) Câncer de pele Uma das possíveis conseqüências da exposição excessiva ao sol sem a devida proteção é o câncer de pele, o qual pode ser definido como o crescimento anormal celular resultando num tumor que pode se apresentar em forma de caroço, ferida, vermelhidão ou manchas. Aparecem em partes da pele mais expostas ao sol, como: rosto, colo pescoço e braços. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares, espinocelulares e o melanoma. (Chorilli et. al., 2006) O carcinoma basocelular é o mais freqüente. É mais comum após os 40 anos em pessoas de pele clara; seu surgimento está diretamente ligado à exposição solar acumulativa durante a vida. Apesar de não causar metástase, pode destruir os tecidos a sua volta, atingindo até cartilagens e ossos. (Chorilli et. al., 2006) O carcinoma espinocelular é o segundo tipo mais comum, podendo se disseminar por meio de gânglios e provocar metástase. Tem crescimento lento e gradual, podendo se transformar em 3

4 feridas e caroços maiores de difícil cicatrização. (Chorilli et. al., 2006) O melanoma é o tipo mais perigoso, com alto potencial de produzir metástase. Pode levar à morte se não houver diagnóstico e tratamento precoce. É mais freqüente em pessoas de pele clara e sensível. Normalmente inicia-se com uma pinta escura. (Chorilli et. al., 2006) Envelhecimento precoce Aparentemente, há duas maneiras principais através das quais a pele pode envelhecer. A primeira é geneticamente programada, assim dito envelhecimento normal, afetando a pele do corpo inteiro. A segunda é que se denomina fotoenvelhecimento e é o resultado da exposição prolongada à luz do sol. O fotoenvelhecimento é caracterizado por mudanças clínicas, histológicas e funcionais que ocorrem na pele cronicamente exposta ao sol. Varia seu aspecto dependendo do tipo de pele. Indivíduos de pele clara em geral exibem sardas seguidas de rugas finas, sendo que com o passar dos anos surge uma hiperpigmentação irregular. Já as pessoas de pele escura com extensa exposição ao sol raramente desenvolvem mudanças clinicas antes do final da meia idade, a pele tende a apresentar hiperpigmentação difusa. (Chorilli et. al., 2006) FOTOPROTETOR Os protetores solares são substâncias ativas que absorvem, espalham ou refletem a radiação solar impedindo sua penetração na pele e seus efeitos deletérios (queimaduras, discromias, fotoenvelhecimento e câncer de pele) (Chorilli et.al, 2006) O ideal é adequar o tipo de filtro ao tipo de pele, podendo ser indicado por um médico ou pelo reconhecimento de pele - oleosa ou seca, e do fototipo - clara, morena ou escura. (Kede et.al, 2005) Ao escolher um produto deve-se observar se há presença de fatores de proteção anti-uvb e anti-uva. A escolha do fator de proteção vai depender do tipo de pele, da intensidade de exposição solar e das atividades exercidas ao sol. (Kede et. al.,2005) O uso regular de um fotoprotetor minimiza os efeitos danosos induzidos pela radiação solar, porém é necessário que este fator seja eficaz. Além disso, os fotoprotetores devem possuir estabilidade química e térmica frente às radiações e às mudanças de temperatura e isentos de odor. (Chorilli et. al., 2006) O grau de proteção solar que um produto oferece é dado através do FPS e se baseia na Dose Eritematosa Mínima (DEM), ou seja, na capacidade de prevenir eritema induzido pela radiação UV. (Chorilli et.al., 2006) 4

5 O fator de Proteção Solar é a única medida padronizada internacionalmente da capacidade de um fotoprotetor da radiação UV. Ele é a proporção entre a energia UV necessária para fornecer a DEM na pele protegida por filtro solar, e a energia UV necessária para fornecer a DEM numa pele não protegida (Draelos, 2007). Tipos de fotoprotetores As preparações fotoprotetoras são constituídas de substâncias denominadas filtros solares, os quais podem ser classificados como: filtros físicos e filtros químicos. Os filtros físicos são os mais eficazes para proteger a pele, entretanto por serem substâncias opacas tendem a deixar uma película branca, o que é esteticamente desagradável. Recentemente criaram-se versões micronizadas dessas moléculas nas quais as partículas são reduzidas em dimensões tais que não refletem a luz visível, mas são capazes de difundir a luz UV, e não deixam película perceptível sobre a pele. (Chorilli et.al, 2006) Os filtros químicos são definidos como absorventes, refletores ou dispersores da radiação UV em comprimentos de onda entre nm. Os componentes ativos dos filtros solares químicos previnem queimadura solar pela absorção da radiação UV. (Draelos, 2007) Funções do fotoprotetor: * Bloquear parcialmente ou totalmente os raios UV; * Inibir ou minimizar as reações fotoquímicas e bioquímicas da pele que induzem à queimadura solar; * Minimizar a ação da melanina, o pigmento que dá cor à pele e reage produzindo o bronzeamento (mecanismo de defesa); * Proteger o DNA das células da epiderme e derme contra os efeitos nocivos dos raios ultravioletas (mutações e câncer, entre outros); * Prevenir a pele contra fotossensibilidade medicamentosa e outros tipos de fotodermatoses (reações alérgicas); * Proteger as proteínas epidérmicas e dérmicas (queratina, colágeno, elastina, enzimas, etc) contra a desnaturação e fotoenvelhecimento (Sabará, 2008). METODOLOGIA Foi elaborado um questionário sobre uso de fotoprotetor facial em mulheres que freqüentam salão de beleza na faixa etária de 18 a 55 anos, em Curitiba-Paraná, região sul do Paraná. A pesquisa constava de perguntas como: idade, profissão e questões gerais sobre o conhecimento e comportamento do uso do fotoprotetor facial e foi realizado nos meses de abril e maio/

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO O questionário foi distribuído para 60 pessoas do sexo feminino com idades entre 18 e 55 anos, constando perguntas sobre o comportamento, conhecimento e o uso do fotoprotetor facial. A pesquisa foi realizada com freqüentadoras de dois salões de beleza na cidade de Curitiba - Paraná em bairros diferentes. Com a análise dos resultados foi verificado que 73,3% das mulheres pesquisadas fazem uso do fotoprotetor facial emquanto que 26,7% da população pesquisada não usam, sendo as mulheres com idade entre 26 e 45 anos são as que mais usam e na faixa de 18 e 25 anos são as que menos usam. (tabela 2). TABELA 2 - Distribuição de uso do fotoprotetor facial em mulheres que freqüentam salão de beleza por faixa etária. IDADES DAS ENTREVISTADAS (ANOS) USAM 53% 83,3% 82,3% 50% NÃO USAM 47% 16,7% 17,7% 50% Dentre o total de mulheres que responderam fazer uso do fotoprotetor (n=44), a faixa etária de 18 a 25 anos (n=8), 50% fazem o uso diário (todos os dias) e 50% fazem o uso freqüente (2 a 3 vezes na semana). Na faixa etária de 26 a 35 anos (n=20) 55% usam diariamente, 30% usam frequentemente, 10% usam esporadicamente (algumas vezes no ano) e 5% usam ocasionalmente (1 vez na semana). A faixa etária de 36 a 45 anos (n=14) 71,4% usam diariamente, 21,4 usam frequentemente e 7,2% usam ocasionalmente e a faixa etária de 46 a 55 anos (n=4), 100% usam diariamente. As mulheres que não fazem o uso diário do fotoprotetor facial correspondem a 26,7% (n=16) do total das 60 mulheres entrevistadas. Com relação aos resultados obtidos com esta pesquisa, foi possível observar que: as mulheres com idades entre 18 e 25 anos são as que dentre as entrevistadas menos utilizam o fotoprotetor facial, mesmo sabendo da importância dos mesmos na prevenção dos danos causados pelo sol. Nesta faixa etária as mulheres normalmente se expõem mais ao sol porque têm a necessidade de ficarem com a pele bronzeada, pois esta é considerada mais bonita e na moda. Elas também são mais vaidosas com os cabelos (alisamento e escova) e com maquiagem, porem acabam deixando de lado o cuidado com o rosto em relação à fotoproteção. Já as mulheres acima de 25 anos são as que mais fazem uso do fotoprotetor, provavelmente isto se deve ao fato de que nesta fase começam a surgir os primeiros sinais do envelhecimento da pele como: linhas de expressão, manchas e aspereza. Alguns autores sugerem que as informações corretas sejam dadas no 6

7 consultório médico, esclarecendo as pessoas do perigo da exposição solar desde a infância. Esta conduta não se restringe somente aos dermatologistas, mas deve ser feita por todos os agentes de saúde e também pelos tecnólogos em estética. A mídia é uma excelente fonte para se abordar este assunto, os comerciais atraentes e convincentes, dirigido ao público jovem, é uma opção para diminuir essa idéia de que a pele bronzeada é saúde e beleza. Por tudo isso é que é muito importante o papel da mídia, e dos profissionais de saúde e de estética na orientação da população sobre os riscos da exposição solar demasiada, bem como sobre o uso correto do fotoprotetor. REFERÊNCIAS BARATA, E.D.F. A Cosmetologia. 2ª edição, BERGFELD, W.F. Guia para uma pele saudável e jovem em qualquer idade, CONCLUSÃO A pesquisa foi realizada com a finalidade de comparar as atitudes e conhecimentos das mulheres que fazem uso do fotoprotetor facial. Os resultados obtidos foram satisfatórios, pois das 60 mulheres entrevistadas 73,3% fazem o uso do fotoprotetor e 26,7% não fazem uso do mesmo. Concluiu-se com esta pesquisa que das mulheres avaliadas, as que estão na faixa etária de 18 a 25 anos são as que mais se expõem ao sol e sem a devida proteção, apesar de as mesmas estarem informadas dos riscos da radiação solar. Neste caso, acredita-se que este comportamento se deve ao fato, de que não existe uma preocupação com a preservação da pele para a maturidade, bem como falta de informação de que a exposição ao sol pode gerar danos a médio e longo prazo. CHORILI, M.; PRADO, K.G.S.; LEONARDI, G.R. Abordagem sobre filtros solares e fator de proteção solar. BIO FARMA- Revista Técnico- Científica de Farmácia, Bioquímica e Análises Clínicas e toxicológicas. 2006; 1(3); DRAELOS, Z.D.; DOVER, J.S.; ALAM, M. Cosmecêuticos. Procedimentos em Dermatologia Cosmética. 2ª tiragem, KEDE, M.P.V.; SERRA, A..; CEZIMBRA, M. Guia da beleza e juventude para homens e mulheres. Ed. Senac, Rio, SABARÁ, L. Beleza Total. Estética, Cuidados e Vida Saudável. 1ª edição, São Paulo, SANCHEZ, G.M.; DELAPORTE, R.H. Sol e saúde: Fotoproteção. Editora Pharmabooks, Edição 1,