A experiência da Unidade Básica de Saúde Imbiruçu Betim/Brasil
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- Francisca Minho Vilalobos
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1 A experiência da Unidade Básica de Saúde Imbiruçu Betim/Brasil Seminário Internacional Saúde, Adolescência e Juventude: promovendo a equidade e construindo habilidades para a vida
2 Equipe do Projeto de Saúde do Adolescentes UBS IMBIRUÇU
3 A Cidade de Betim Betim encontra se na Região Metropolitana de Belo Horizonte, cidade altamente industrializada a partir da década de 60, com crescimento rápido e desordenado a partir da implantação da Refinaria Gabriel Passos e posteriormente da FIAT Automóveis. Cidade a segunda arrecadação fiscal do estado, mas até 1993 apresentava um precário sistema de saúde, educação e de outras políticas públicas. Nas últimas décadas grande crescimento da violência, estando entre as 100 cidades mais violentas do país e em relação a mortalidade entre jovens na faixa de 12 a 19 anos está na 19 posição: IHA índice de homícidios na adolescência demonstra uma média de 5 mortes para grupos de 1000 jovens, sendo duas vezes e meia maior que a média nacional que é de 2,03 ( pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro)
4 A Unidade Básica de Saúde do Imbiruçu UBS Imbiruçu A área de abrangência da UBS é em torno de habitantes; Apresenta áreas de vulnerabilidade para a violência, em função do tráfico de drogas; A região conta com várias organizações populares como Associações de Bairro, Creches Comunitárias, Grupos de Apoio, Conselhos de Saúde ( Local e Regional) e Assistência Social dentre outros; É uma UBS tradicional, com a estratégia do programa de Agentes Comunitários. Oferece o atendimento nas clínicas básicas, acrescida da Saúde Mental, Saúde Bucal e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF); A UBS iniciou suas atividades em 1999, com uma proposta de gestão participativa.
5 A UBS Imbiruçu Elege em 1999 o Conselho Local de Saúde e o Colegiado Gestor da UBS que apesar das dificuldades decorrentes das mudanças na gestão municipal, consegue se manter em funcionamento; Constituição de uma equipe de trabalho que se responsabiliza pelo território; Implicação da equipe com os problemas da região; Situação de saúde dos adolescentes sensibiliza a equipe. As crianças que sobreviviam ao primeiro ano de vida, morriam na adolescência, por causas externas, em especial ao homicídio; abandono/exclusão da escola antes da conclusão do ensino fundamental; gravidez na adolescência aumentando ainda mais o abandono da escola e impotência da equipe para responder à essa situação
6 Como era o atendimento dos Adolescentes O atendimento antes do Projeto: Abordagem fragmentada Não garantia acolhimento com escuta qualificada, ninguém se responsabilizava pelos adolescentes; Não identificava riscos; Não estabelecia vínculos com os adolescentes (exceção Saúde Mental); Abordagem à família dependia fundamentalmente do Serviço Social: Não havia construção de Projeto Terapêutico Singular ou Coletivo Em geral o atendimento restringia a queixa/conduta.
7 Um dia... A insatisfação de parte da equipe vai crescendo e conversas no corredor, no cafezinho, nas caronas para casa vai criando um ambiente propício para surgir a vontade de construir um novo modo de trabalhar com os adolescentes, com uma abordagem integral, garantindo acesso, acolhimento com construção de vínculo, trabalho em equipe com construção de projetos terapêuticos, singulares e coletivos; Garantir ambiência adequada; Prontuário multiprofissional que abordasse não apenas as questões biológicas; Articular uma rede de atenção/proteção ao adolescente; Construção coletiva do Projeto com participação de todos os trabalhadores interessados e outros equipamentos sociais e lideranças comunitárias e adolescentes.
8 Construção do Projeto Primeiro elaboração de um Texto de Referência que respondia algumas questões provisoriamente; Reuniões semanais com trabalhadores da UBS interessados no projeto, com pautas teóricas para capacitação da equipe e organizativas para o planejamento; Apresentação da proposta ao Conselho Local de Saúde, Conselho Municipal de Saúde, Conselho de Defesa da Criança e do Adolescência; Realização de um Seminário Regional com trabalhadores da saúde e educação num total de 193 profissionais, sendo 13 UBS, Maternidade Municipal, Centro de Referência de Especialidades, Centro de Referência da Assistência Social, Secretaria Municipal de Assistência Social, 03 escolas, conselheiros de saúde, Administração Regional;
9 A necessidade de uma abordagem multidisciplinar, com construção de redes de apoio é fundamental para responder as demandas desse período da vida que traz problemas complexos e cobra respostas rápidas. O adolescente não pode esperar, ou melhor, o adolescente não espera.
10 Como trabalhar com os adolescentes? Atenção integral incorporando ações de promoção à saúde, prevenção de agravos e assistência básica, garantindo os encaminhamentos necessários à atenção secundária e terciária. Trabalho em rede articulando sujeitos de setores sociais diferentes nas situações complexas ou abrangentes. Atenção com base na resiliência, com equipe promovendo ações junto ao adolescente, família e comunidade. Estabelecimento de um bom vínculo do profissional com o adolescente, ajudando o jovem na construção de um sentido de vida (projeto de vida).
11 Quais os eixos prioritários de ação? Os três eixos prioritários são consoantes com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Adolescente e Jovem: Crescimento e Desenvolvimento Saudáveis; Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva; Redução de Morbimortalidade por Violências e Acidentes. AÇÕES DE PROMOÇÃO AÇÕES DE PREVENÇÃO
12 Quem participa do projeto? Todos os trabalhadores da Unidade que se identificam com o projeto
13 Grupos de adolescentes Grupo de adolescentes encaminhados pela Escola Conceição Brito; Dificuldades escolares, situações de risco; Periodicidade: encontros semanais. Duração: 60 a 90 minutos. Abordagem: Temas definidos pelos próprios adolescentes, tais como: convivência familiar, na escola, com amigos; sexualidade; perspectivas e planos futuros; mudanças físicas e psicológicas; trabalho; namoro; álcool e fumo; violência em casa, na escola e nas ruas; Metodologia: rodas de conversa, jogos, mândalas, oficinas diversas; Avaliação: o grupo é importante para aumentar a autoconfiança e a capacidade de se defenderem de situações de risco.
14 b) Grupo de mães adolescentes Convites na UBS, cartazes, convites em casa através das ACS Periodicidade: encontros semanais; Abordagem: troca de experiências e saberes acerca dos medos, angústias, dificuldades, alegrias e ansiedades presentes na vida de uma adolescente no papel de mãe, através da roda de conversa com um tema norteador. No primeiro encontro, apresentação da proposta e construção da metodologia. Avaliação: aumenta a confiança das adolescentes.
15 Grupo de Gestantes Adolescentes Convites na UBS e através dos ACSs Periodicidade e duração: encontros semanais de 60 a 120 minutos. Duração: 60 a 120 minutos. Objetivos: Preparar o adolescente para o parto, puerpério e os cuidados com o filho; estimular e monitorar a realização do pré-natal; enfatizar os cuidados com a saúde reprodutiva durante o pré-natal, contribuindo para prevenir uma segunda gravidez na adolescência; realizar discussões sobre o projeto de vida do adolescente e trazer informações sobre apoios institucionais e comunitários disponíveis na região para os pais adolescentes e para a futura criança; criar ou estreitar vínculos entre o adolescente e a Unidade; Metodologia: rodas de conversas, oficinas; Avaliação: contribui na construção de redes de apoio e proteção.
16 Palestras e oficinas em escolas sobre sexualidade. Consultas de enfermagem e consultas médicas, atendimentos individuais na Saúde Mental e atendimentos familiares no Serviço Social.
17 Outras Ações no Primeiro Ano Consultas Médicas e de Enfermagem com abordagem integral; Atividades solicitadas pela escolas sobre sexualidade. Participação na discussão do Protocolo do Atendimento do Adolescente do Município. Discussão na UBS do Protocolo de Atenção às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência Sexual;
18 Qual a avaliação do trabalho desenvolvido no Primeiro Ano A Unidade de Saúde conseguiu responder a seus objetivos em relação ao atendimento dos adolescentes de sua área de abrangência, além de colocar em pauta a necessidade de se estruturar o atendimento integral à saúde do adolescente no município. Ao sair dos muros da Unidade, contribuímos para o início do processo de discussão.
19 Fatores positivos que contribuíram para o desenvolvimento do projeto: Apoio gerencial incondicional ao projeto. Apoio político e material da Administração Regional ao projeto; Apoio da Superintendência Operacional através da Superintendente Operacional, das referências técnicas e da Diretoria de Atenção Básica. Parceria da Maternidade Municipal; Apoio de especialistas que responderam ao chamado para a realização do Seminário.; Apoio das lideranças locais do Imbiruçu que contribuíram muito com o projeto; Articulação dos profissionais e estagiários de enfermagem e do serviço social da unidade. Tanto os setores assistenciais quanto administrativos se engajaram na proposta e assumiram a construção do projeto.
20 Dificuldades para implantação do projeto: - Ausência de um espaço físico adequado para o atendimento dos adolescentes. - O não gerenciamento da agenda pelos profissionais que atendiam o adolescente. - Alguns profissionais da Unidade não liam o prontuário do adolescente. - A equipe sentiu necessidade de capacitação para condução dos grupos.
21 Desafios dos anos seguintes Manter a equipe do Projeto diante das diversas mudanças na gestão; Garantir apoio gerencial; Incorporar as novas demandas à UBS sem perder o Projeto exemplo: incorporação do Saúde na Escola; Trabalho com a Caderneta do Adolescente (MS)
22 2012/2013 Incorporação do projeto de extensão: PET - Vidas em Rede uma parceria da PUC e da Prefeitura de Betim com foco na questão da Gravidez na Adolescência; A presença dos estagiários do PET trouxe para o Projeto a discussão sobre a relação ensino/serviço com incorporação do PET no planejamento e participação nas ações ; Ampliação das ações para melhorar a Ambiência na UBS Maior articulação com a escola; Discussão com a Secretaria de Educação após a visita da Coordenação Nacional de Atenção ao Adolescente e a UNICEF construção de um Projeto para permanência das adolescentes nas escolas com acompanhamento pela educação em casa. Em construção um espaço para o Adolescente na UBS;
23 2012/2013 Construção d um blog para comunicação com os adolescentes; Elaboração de instrumentos para monitoramento das ações junto as Adolescentes grávidas e adolescentes mães; Participação em eventos e seminários divulgando a experiência da UBS: Capacitação da Secretaria Estadual de Saúde para Implantação da Caderneta do Adolescente; Semana do Adolescente e Jovem de Salvador; concurso de vídeos da Rede HumanizaSUS.
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