ÉPOCA DE SEMEADURA DA MAMONA NO RIO GRANDE DO SUL COM BAIXO RISCO DE OCORRÊNCIA DE GEADA
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- Bárbara Back de Figueiredo
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1 ÉPOCA DE SEMEADURA DA MAMONA NO RIO GRANDE DO SUL COM BAIXO RISCO DE OCORRÊNCIA DE GEADA Marcos Silveira Wrege 1, Sérgio Del dos Anjos e Silva 1, Carlos Reisser Júnior 1, Silvio Steinmetz 1, Flavio Gilberto Herter 1 e Ronaldo Matzenauer 2 1 Embrapa Clima Temperado, wrege@cpact.embrapa.br, sergio@cpact.embrapa.br, reisser@cpact.embrapa.br, steinmetz@cpact.embrapa.br, herter@cpact.embrapa.br; 2 Fepagro,: ronaldo-matzenauer@fepagro.rs.gov.br RESUMO - O trabalho teve objetivo de indicar épocas de semeadura da mamona, em relação à ocorrência das últimas geadas no Rio Grande do Sul. Foram analisados dados de períodos históricos de 32 estações da Fepagro, com séries de temperaturas mínimas ocorridas em igo. Foi calculada a freqüência de ocorrência da temperatura mínima de 2ºC para essas estações, usando-se períodos decendiais. Quando a probabilidade de ocorrer geada foi inferior a 1%, considerou-se que haja condições para início da semeadura. A primeira data para semeadura ocorre em de sto na região da Depressão Central, que apresenta temperaturas s elevadas e um período livre de geadas de 243 dias. O Vale do Uruguai também apresenta risco baixo e a época de semeadura pode se iniciar em 1 de embro. A data s tardia para semeadura ocorre na Serra do Nordeste em 1 de embro. O período livre de geadas é de 139 dias, insuficiente para o desenvolvimento da mamona. A região da Serra do Sudeste situa-se no limite para cultivo da mamona, com período ideal de semeadura iniciando-se em 1 de ubro e com 3 dias livres de geada. Nessa região deve-se dar preferência a cultivares de ciclo precoce ou superprecoce. INTRODUÇÃO A mamona (Ricinus communis L.) tem o or centro de diversidade na região entre a Etiópia e o leste da África, ocorrendo em regiões de clima tropical e subtropical (entre os paralelos ºN e ºS). Pertence à família Euphorbiaceae e as subespécies R. sinensis, R. zanzibariensis, R. persicus e R. africanus são as s conhecidas, englobando 25 variedades botânicas, compatíveis entre si (SAVY FILHO, 5). A cultura da mamona vem despertando interesse de empresários rurais, em virtude de se apresentar como alternativa ideal para a produção do biodiesel, além de apresentar ras finalidades (s de processos industriais) (SILVA et al., 5). Com o lançamento feito pelo Governo Federal do Programa Nacional de Biodiesel, a produção de óleo de mamona para a ficação de biodiesel tornou-se um mercado promissor (SILVA et al., 5). A demanda pelo biodiesel é or que a capacidade de produção, garantindo bons lucros, sendo adicionado na razão de 2% com o diesel. O biodiesel se equipara ao diesel convencional como fonte de energia (ANTHONISEN et al., 4). O
2 or produtor mundial de mamona é, atualmente, a Índia (9 mil toneladas ano -1 ). O segundo or produtor é a China (28 mil toneladas ano -1 ). O Brasil é o terceiro, com uma produção em torno de 19 mil toneladas por ano. O objetivo desse trabalho foi indicar épocas de semeadura da mamona, em relação à ocorrência das últimas geadas de primavera no Rio Grande do Sul. MATERIAL E MÉTODOS Existem diversos trabalhos que relacionam a ocorrência de geada com a temperatura mínima no igo. Normalmente, temperaturas mínimas de 2~3ºC relacionam-se com a ocorrência de geadas que causam danos às plantas. Foram analisados dados de períodos históricos de 32 estações da Fepagro, com séries de temperaturas mínimas ocorridas em igo. Foi calculada a freqüência de ocorrência da temperatura mínima no igo de 2ºC para os 32 locais das estações da Fepagro para o Rio Grande do Sul, usando-se períodos decendiais, considerando-se todo o ano (1-1/eiro, 11- /eiro,, 21-31/embro). Quando a probabilidade de ocorrer geada foi inferior a 1%, considerou-se que, a partir desse período há condições para o início da semeadura. Foi elaborado um mapa com as datas iniciais de semeadura, obtido por uma equação de regressão, por meio da altitude, da latitude e da longitude. RESULTADOS E DISCUSSÃO No Rio Grande do Sul é comum a ocorrência de geadas tardias de primavera, o que pode representar limitação ao desenvolvimento da cultura da mamona, principalmente nas regiões s frias do Estado. Contudo, se a mamona for plantada em épocas livres da ocorrência de geadas, é possível se obter excelentes rendimentos, principalmente porque o índice pluviométrico em todo o Estado atende às necessidades da cultura, mesmo com menor valor durante o verão. A regra, no Rio Grande do Sul, é fazer a semeadura da mamona em período livre de geadas, buscando o período no ano com temperaturas elevadas, enquanto ocorre situação inversa na região Nordeste do Brasil, que deve semear a mamona em regiões de altitude, onde a temperatura é s amena. Nas regiões com temperaturas acima de ºC, pode ocorrer a senescência das flores, prejudicando a produção de frutos. Podem, ainda, provocar a reversão sexual das flores femininas para flores masculinas e reduzir o teor de óleo das sementes (SILVA et al., 5). Na Tabela 1 são apresentados os resultados, com as datas de ocorrência de geadas no Rio Grande do Sul e o período do ano (dias) em que pode ocorrer geadas. A primeira data para semeadura
3 ocorre em de sto, em Viamão, município situado na Depressão Central, próximo ao Litoral e à Laguna dos Patos. Representa uma das regiões com temperaturas s elevadas no Estado, com altitude bastante baixa e, por essa razão, apresenta um período livre de geadas de 243 dias. O risco de geadas é baixo (Fig. 1), semelhante ao da região de Alegrete (or risco: 5~6%). Outra região onde se encontram os menores riscos de geada é a do Vale do Uruguai, onde o início da semeadura pode ocorrer a partir de 1 de embro (risco máximo: ~5%). A data s tardia para semeadura ocorre em 1 de embro, no município de Vacaria, situado na Serra do Nordeste, com altitude elevada (> 8 metros). O período livre de geadas é de 139 dias, insuficiente para o desenvolvimento da mamona. O município representa a situação da Serra do Nordeste, onde é inviável a produção da mamona, com risco de geada bastante elevado (or risco: 8%). Fazem parte dessa região, também, os municípios de Caxias do Sul e Farroupilha. A região representada pelo município de Pelotas (região da Serra do Sudeste) situa-se no limite para cultivo da mamona, exceto nas áreas de menor altitude (Terras Baixas), onde a temperatura é s elevada, com período ideal de semeadura iniciando-se em 1 de ubro, com 3 dias livres de geada. O risco de geada é menor que o da Serra do Nordeste, situando-se em torno de 6%. Deve-se dar preferência a cultivares de ciclo precoce ou superprecoce. A altitude da Serra oscila entre ~5 metros acima do nível do. As melhores regiões para cultivo da mamona no Rio Grande do Sul, isto é, as regiões com menor risco, são aquelas com menor altitude, onde a probabilidade de ocorrer geada no período inicial é menor e onde ocorre um período or para o desenvolvimento da cultura. A mamona, no Rio Grande do Sul, é cultivada na primavera - verão, período no qual é s freqüente a ocorrência de veranicos (Fig. 2), o que não constitui fator limitante, pois a mamona apresenta alta tolerância à seca, sendo cultivada, inclusive, na região Nordeste do Brasil. Pode-se minimizar o efeito dos veranicos por meio do uso de irrigação ou de cobertura morta, nos meses de embro a il, para se obter ores rendimentos, principalmente na metade Sul do Estado. CONCLUSÕES O período ideal de semeadura da mamona no Rio Grande do Sul, com menor risco de geada, inicia-se no final de sto e se estende até início de ubro; Para as regiões de temperaturas s baixas, deve-se dar preferência às cultivares de ciclo s curto, em função de haver poucos dias para o desenvolvimento da espécie. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4 ANTHONISEN, D.G. et al. Caracterização de sementes de variedades de mamona (Ricinus communis L.) na região Sul do Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 4, Campina Grande. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 4. 1 CD-ROM. SAVY FILHO, A. Mamona tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, 5. 15p. SILVA, S.D. dos A. e. A cultura da mamona na região de clima temperado: informações preliminaries. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 149). Tabela 1. Data de ocorrência da última geada de primavera, da primeira geada de ono e número de dias com menor probabilidade (<1%) de ocorrer geadas no Rio Grande do Sul. Município Última geada Primeira geada Dias livres de geada / ano Alegrete / 1/ 223 Cachoeira 1/ 1/ 242 Caxias do Sul / / 182 Cruz Alta / 1/ 2 Encruzilhada 1/ 1/ 233 Erechim / 1/ 2 Farroupilha / 1/ 163 Guaíba 1/ 1/ 233 Ijuí / 1/ 223 Itaqui 1/ 1/ 233 Júlio de Castilhos 1/ 1/ 233 Marcelino Ramos 1/ 1/ 233 Montenegro 1/ 1/ 242 Passo Fundo / 1/ 2 Pelotas 1/ 1/ 3 Rio Grande 1/ 1/ 242 Santa Maria / 1/ 223 Santa Rosa 1/ 1/ 251 Santana do Livramento 1/ 1/ 242 Santo Ângelo 1/ / 222 Santo Augusto / 1/ 223 São Borja 1/ 1/ 242 São Giel 1/ 1/ 233 Soledade / / 212 Taquari 1/ 1/ 251 Uruguaiana 1/ 1/ 233 Vacaria 1/ / 139 Veranópolis / / 212 Viamão / / 243 Osório 1/ 1/ 233 Quarai 1/ 1/ 242 São Valentim 1/ 1/ 182
5 Alegrete Santo Ângelo Pelotas Vacaria (~1 %) (~1 %) (~1 %) Figura 1. Probabilidade de ocorrência de geada (~1%) nas regiões sudoeste (Alegrete), noroeste (Santo Ângelo), sudeste (Pelotas) e nordeste (Vacaria) do Rio Grande do Sul.
6 (~1%) Défiti hídrico (~1%) Déficit hídrico (~1 %) 6 5 (~1 %) Tempo (decêndio) Déficit hídrico Déficit hídrico Figura 2. Probabilidade de ocorrência de déficit hídrico (~1%) nas regiões nordeste (27515), noroeste (2751), sudeste (31512) e sudoeste (555) do Rio Grande do Sul.
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