Porto, dia 31 de outubro
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- Ana Laura Aragão Castro
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1 DIA DA FORMAÇÃO FINANCEIRA Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, Museu do Papel Moeda Professor Doutor José Figueiredo Almaça Porto, dia 31 de outubro O negócio dos seguros é importante. Não pode ser de outra maneira, já que permite proteger-nos contra eventuais prejuízos associados a eventos futuros que, ainda que incertos, não podemos descartar do nosso horizonte. Os seguros existem porque têm valor para os indivíduos. Este valor deriva do fato de serem instrumentos que permitem transferir dinheiro dos momentos em que não é muito necessário para outros em que pode ser de grande importância. Como já alguém disse de forma sugestiva: «Os seguros não são um negócio, são todo um universo complexo e intrincado em todos os estratos da sociedade». De facto, a atividade seguradora pode estar presente em todas as fases da vida (do nascimento até à morte) e nas múltiplas vertentes da vida (familiar,
2 profissional, empresarial). E desempenha um papel de rede de segurança em todas essas situações, protegendo a família face a eventos adversos que as afetem negativamente, apoiando o progresso técnico, o investimento e as atividades empresariais e profissionais mediante a assunção de diversos dos seus riscos e disponibilizando meios para a promoção da poupança a médio e longo prazos. Mas apesar desta presença constante, a atividade seguradora permanece sob o estigma de ser uma atividade complexa, cuja compreensão é inacessível ao cidadão comum. É verdade que a especificidade económica da atividade seguradora resultante da inversão do ciclo produtivo que a caracteriza, conjugada com alguma sofisticação contratual inerente a uma atividade que depende da adequada delimitação, avaliação e tarifação dos riscos de forma a poderem ser cobertos numa mutualidade de acordo com técnicas e regras atuariais próprias, estão na base de muitas das dificuldades encontradas. Mas também é verdade que a imagem que muitas vezes é transmitida quanto aos seguros como uma área impenetrável é cada vez menos coincidente com a realidade. 2/5
3 São também aquelas características que justificam que o maior valor a preservar na atividade seguradora seja a confiança. É esta que sustenta uma atividade em que o tomador do seguro paga um prémio, esperando que, se e quando a empresa de seguros for chamada a efetuar a prestação devida, a mesma estará em condições de lhe corresponder. Três aspetos são, na minha perspetiva, cruciais na salvaguarda e no reforço desta confiança. Em primeiro lugar, a existência de uma autoridade de supervisão do setor segurador sólida, eficaz e credível que assegure que as múltiplas vertentes da regulação e da supervisão contratual, institucional, prudencial, comportamental se conjugam de forma equilibrada e que possa ser o garante de um setor segurador estável, financeiramente saudável e com capacidade de exercer ao nível da sociedade e da economia as funções que lhe são reconhecidas. Em segundo lugar, empresas de seguros que mantenham elevados padrões de conduta no relacionamento com os tomadores de seguros, segurados, beneficiários e terceiros lesados. É o modo como uma empresa de seguros presta informação antes da celebração de um contrato, como adequa o produto ao perfil, características e situação financeira do tomador, como acompanha um lesado em caso de um sinistro, como responde às respetivas reclamações 3/5
4 que, frequentemente, marca para o futuro a perceção do consumidor não só quanto à empresa de seguros em questão, como em relação a todo um setor. Por último, e não menos relevante, a confiança baseia-se no conhecimento e o conhecimento baseia-se na informação e na formação financeira. Importantes passos têm sido dados quer ao nível da regulação, como do próprio comportamento dos operadores, para disponibilizar informação completa, clara e compreensível aos consumidores. Trata-se de um domínio em que cabe continuar a investir, embora já não numa perspetiva de quantidade da informação, mas da respetiva qualidade e racionalização, apostando, cada vez mais, em prestar ao consumidor a informação adequada e comparável e não um excesso de informação. Mas é o grau de literacia financeira que determina a capacidade de o consumidor otimizar a utilização da informação que lhe é disponibilizada, permitindo-lhe assim optar pelos produtos de seguros que lhe são necessários e ajustados. Esta capacidade de tomar decisões financeiras informadas e conscientes é tanto mais relevante quanto se trata de decisões que têm impacto a médio e longo prazo, como são as que se referem à poupança. 4/5
5 Tal como acontece hoje noutros domínios do conhecimento em que se reconhece o mérito de um início de aprendizagem tão precoce quanto possível, como sucede quanto às línguas estrangeiras e tecnologias da informação, uma vez que constituirão instrumentos indispensáveis no futuro, assim deve ser concebida a educação financeira. A educação financeira é um esforço conjugado de todos os intervenientes no processo: autoridades de supervisão, instituições que promovem a sociedade do conhecimento e estabelecimentos de ensino, como os nossos anfitriões, bem como de professores e alunos. Estou certo que todos nós continuaremos a desempenhar o nosso papel para que a sociedade portuguesa seja cada vez mais constituída por cidadãos cuja cultura financeira os habilita a gerir da melhor forma os respetivos recursos e a estes assegurar a melhor proteção possível. 5/5
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