Objetividade e diálogo de culturas. A professora M. Clara Gomes
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- Heitor Gomes Bernardes
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1 Objetividade e diálogo de culturas A professora M. Clara Gomes
2 A questão dos critérios valorativos levanta o problema da natureza dos juízos morais. O Subjetivismo moral é teoria que defende que os juízos morais são verdadeiros ou falsos mas isso depende da perspetiva do sujeito que os faz, são subjetivos. O Relativismo cultural é teoria que defende que os juízos morais são verdadeiros ou falsos mas isso depende da aprovação ou reprovação da maioria das pessoas de uma sociedade. Os factos morais são relativos às sociedades, sendo diferentes consoante as diferentes culturas. Maria Clara Gomes ESAS
3 O que defende o objetivismo moral? Os juízos morais têm valor de verdade e este em nada depende da perspetiva do sujeito que os profere. Os juízos morais podem ser justificados de forma racional e imparcial. Maria Clara Gomes ESAS
4 Examinemos o seguinte exemplo: Uma pessoa afirma que X é moralmente aceitável, enquanto outra afirma que X é moralmente inaceitável. Será que estas pessoas estão em desacordo? - Não, responde o subjetivista moral. Essas pessoas estão simplesmente a expressar os seus sentimentos face a X. Se são sinceras quanto a isso, então aquelas afirmações são ambas verdadeiras. - Não, responde o relativista cultural, se essas pessoas pertencerem a culturas diferentes, a primeira na qual X seja aprovado, a segunda na qual X seja reprovado. Segundo o relativista cultural, não há razões para contestar qualquer dos juízos morais, desde que cada um deles expresse a perspetiva maioritária de cada sociedade. - Sim, responde o objetivista moral. As pessoas que exprimem estes juízos estão de facto em desacordo e estes não podem ter o mesmo valor de verdade. Por isso o subjetivismo moral e o relativismo cultural não podem ser teorias corretas. Para o objetivismo, um juízo moral tem de ser apoiado em boas razões que são imparciais. Maria Clara Gomes ESAS
5 Para o objetivismo, um juízo moral tem de ser apoiado em boas razões que são imparciais. O objetivismo reconhece que há juízos que exprimem meras preferências pessoais e não precisam de ser acompanhados de razões, como quando alguém diz eu gosto de café ou eu prefiro chá. Por exemplo, X é um homem mau é um juízo moral verdadeiro se for sustentado por razões melhores que os juízos alternativos. E quanto melhor for a justificação que suporta um juízo moral, mais razões teremos para considerá-lo objetivamente verdadeiro. (pag.132) Maria Clara Gomes ESAS
6 Os juízos morais precisam de ser avaliados de forma racional e imparcial de forma a descobrirmos se estão corretos ou não, por isso devem utilizar-se critérios transubjetivos de valoração, ou seja, critérios que possam ser aceites por qualquer indivíduo racional e que ultrapassam a perspetiva de cada um, permitindo avaliar com imparcialidade os atos e as práticas sociais. Maria Clara Gomes ESAS
7 Algumas pessoas pensam que o objetivismo em ética não é possível porque os valores não são coisas que existam tal como existem as estrelas e os planetas. (texto 10) Mas não existem apenas duas possibilidades de entender a natureza dos juízos de valor, a saber: 1ª Há factos morais, tal como há pedras, estrelas e planetas. 2ª Os valores não são mais do que a expressão dos nossos sentimentos subjetivos ou dos padrões de cada cultura. De facto, há uma terceira possibilidade: 3ª As verdades morais são verdades de razão; isto é, um juízo moral é verdadeiro se for sustentado por razões melhores que os juízos alternativos. Maria Clara Gomes ESAS
8 Imagina que um aluno considera que um determinado teste é injusto. Será que este juízo é objetivo? Sim, se for apoiado pelas melhores razões, tais como: a) O teste abrangia em pormenor assuntos sem importância, ignorando os considerados importantes pelo professor. b) O teste abrangia assuntos não tratados nem nas aulas teóricas nem nas práticas. c) O teste era demasiado extenso, nem os melhores alunos o poderiam realizar no tempo previsto. O professor não apresenta argumentos para se defender e pode-se supor que a, b e c são verdadeiras. Assim sendo, não terá o aluno provado que o teste foi injusto? Que mais poderíamos desejar a título de prova? Adaptado de James Rachels, Elementos de filosofia moral, Gradiva, pp Maria Clara Gomes ESAS
9 A importância do diálogo intercultural Já vimos que o relativismo cultural pode levar a que se aceitem como igualmente corretos atos que têm valores morais diferentes. Através do diálogo intercultural cada sociedade pode aprender com as outras e perceber o que é bom ou mau, certo ou errado, ultrapassando os diferentes contextos sociais e avaliando de uma forma imparcial as práticas morais, através de critérios transubjetivos universais. Maria Clara Gomes ESAS
10 Assim podemos compreender que a nossa cultura pode estar errada em certos aspetos e igualmente criticar racionalmente as outras práticas culturais que nos parecem incorretas, contribuindo para o aperfeiçoamento social e moral. Tolerar não significa aceitar tudo o que carateriza a cultura de uma sociedade. Por isso é preciso que as diferentes culturas estejam dispostas a procurar um entendimento para o qual muito contribui a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Maria Clara Gomes ESAS
11 Questões de revisão 1. Em que é que se distinguem as respostas dadas pelas teorias que estudaste quanto às questões levantadas pela natureza dos juízos morais? 2. Quando é que um juízo moral é considerado objetivo, segundo o objectivismo moral? 3. Que critérios valorativos se devem utilizar para avaliar um juízo moral? 4. Por que é que algumas pessoas consideram não ser possível o objetivismo em ética? 5. Qual é a importância do diálogo entre culturas? Maria Clara Gomes ESAS
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