OCUPAÇÃO ANTRÓPICA E PROBLEMAS DE ORDENAMENTO
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- Vergílio Sabala Casqueira
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1 OCUPAÇÃO ANTRÓPICA E PROBLEMAS DE ORDENAMENTO
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3 BACIAS HIDROGRÁFICAS INUNDAÇÕES EM MEIO FLUVIAL E INFLUÊNCIA HUMANA A energia solar e a gravidade são os dois principais motores do ciclo hidrológico. A água tende a escoar ao longo das linhas de água que originam ribeiras e rios. A maioria dos rios nasce e pode ser dividido em três cursos Perfil longitudinal : Curso superior em regiões montanhosas, apresentando grandes declives. Curso médio em regiões mais ou menos acidentadas, com declives intermédios. Curso inferior em regiões mais aplanadas correspondentes às fozes dos rios.
4 Em perfil transversal, verificam-se algumas diferenças entre os vários troços do rio. Assim, Os cursos superiores caraterizam-se por rios encontram-se encravados em vales em forma de V com vertentes íngremes e tendem a possuir um caudal reduzido. Nas margens tendem a depositar os sedimentos mais grosseiros. Os sedimentos mais finos são transportados para jusante Os cursos médios e inferiores caraterizam-se por rios cujos canais tendem a aumentar de largura e à medida que se aproximam das foz, as vertentes tornam-se cada vez menos pronunciadas. Diminui a capacidade de transporte do rio e aumenta a deposição de sedimentos cada vez mais finos
5 Bacia hidrográfica Rede hidrográfica Bacia hidrográfica: área geográfica ocupada por uma rede hidrográfica Rede hidrográfica: rio principal e cursos de água afluentes presentes na bacia interligada.
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7 Leito: canal por onde ocorre a drenagem da água e do material transportado. Distingue-se: Leito de estiagem / leito menor leito do rio quando os caudais são reduzidos, encontrando-se encaixado no leito aparente do rio. Leito de cheia ou de inundação / leito maior leito aparente do rio em situações de cheias. Também designada por planície de inundação. É frequente transportar elevadas quantidades de sedimentos que se depositam, formando aluviões.
8 Prevenção e minimização dos impactes negativos das cheias: Deve haver um estudo do padrão de escoamento de cada rio para procurar os níveis que serão atingidos em diferentes cheias. Estes níveis dependem essencialmente: padrão climático da região; Dimensão do leito do rio; Dimensão da capacidade de encaixe do leito de cheia. Como é impossível prever com exatidão a magnitude de uma cheia, os geólogos calculam a probabilidade de uma cheia semelhante voltar a ocorrer intervalo de recorrência. Assim, é necessário o ordenamento do território e de modo a evitar a construção em zonas de risco geológico.
9 A construção de barragens tem permitido regularizar os caudais de vários rios, evitando muitas cheias. No entanto, estas apresentam elevados impactes ambientais tais como: Acumulação de sedimentos a montante, diminuindo a capacidade de armazenamento da albufeira; Diminuição do transporte de sedimentos pelos rios, reduzindo drasticamente o fornecimento de sedimentos para a orla costeira, pois o maior transporte de sedimentos ocorre nos períodos de cheias que são reduzidos nos rios com regime artificial; Modificações do perfil transversal dos rios, que poderão estar na origem de uma maior erosão à jusante das barragens.
10 Muitos dos rios são também sujeitos a dragagens, para facilitar a navegabilidade e aproveitar os sedimentos com diversos fins económicos As dragagens tendem a ser efetuadas nos estuários e nas proximidades de portos, mas podem aumentar a vulnerabilidade de uma região a cheias e marés mais intensas. Os elevados caudais que se verificam nos períodos de cheias nos rios com regime natural facilitam a remobilização dos depósitos sedimentares evitando o assoreamento dos canais.
11 ZONAS COSTEIRAS OCUPAÇÃO ANTRÓPICA DA FAIXA LITORAL. Praia As praias correspondem a uma faixa litoral com declives suaves, compostos principalmente por material arenoso e / ou cascalho.
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13 As zonas expostas nas marés baixas apresentam um reduzido declive, que aumenta na zona de rebentação nas marés altas. Sucede-se uma plataforma horizontal resultante do depósito de sedimentos pelas ondas. É frequente existirem depósitos sedimentares resultantes da ação dos ventos, formando dunas que, em situações normais, não são alcançadas pelas ondas. Nas praias, para além do transporte e deposição de sedimentos, também ocorre abrasão marinha (erosão)
14 Arriba Arribas linha de costa caraterizada por elevações que apresentam declives abruptos.
15 Penhasco Promontório Plataforma de abrasão As arribas são sujeitas a uma erosão muito intensa, principalmente na sua base, onde a ação física das ondas e dos materiais sólidos que transportam intensifica a sua abrasão. Esta abrasão permite a desagregação e remoção do material que se encontra na base, provocando o colapso das camadas superiores.
16 No sentido da ondulação, é possível identificar as plataformas de abrasão, com reduzido pendor, em resultado da intensa erosão marinha a que são sujeitas. As plataformas de abrasão / planícies de abrasão podem encontrar-se cobertas por camadas finas de sedimentos e possuírem leixões, que correspondem a blocos de material elevados, mais resistentes à erosão. As faixas litorais são regiões privilegiadas para a instalação de aglomerados populacionais e muito procuradas para a prática de atividades de lazer e de turismo. No entanto, regista-se uma regressão em70% das faixas litorais formadas por praias arenosas.
17 As taxas de erosão, transporte e sedimentação variam significativamente numa praia ao longo do tempo, podendo esta variação dever-se aos seguintes fatores: Variação da altitude das regiões costeiras, por subida (aumento da erosão) ou subsidência (aumento da deposição). Natureza das rochas e sedimentos que compõem a faixa litoral. Variações do nível médio do mar (Eutastismo), que tem vindo a aumentar globalmente a um ritmo de 4mm por ano. Ocorrência de tempestades (frequência e intensidade). Intensidade das marés. Diminuição do fornecimento de sedimentos para as praias devido à construção de barragens ou dragagens efetuadas nos rios.
18 A diminuição do fornecimento de sedimentos é considerado o principal fator de origem antrópica, que tem vindo a intensificar o natural recuo da linha de costa. Associado a este fator, deve-se acrescentar as consequências globais da atividade humana ao nível do aquecimento global, que favorece o degelo dos glaciares e calotes polares responsáveis pela subida do nível médio da água do mar. Medidas para minimizar os efeitos da erosão costeira:
19 Esporão
20 Paredão
21 Quebra-mar
22 Consequência da utilização dos esporões A existência de esporões vem desequilibrar o transporte e deposição de sedimentos, verificando um aumento da erosão à jusante do esporão e um aumento da sedimentação à montante.
23 ZONAS DE VERTENTE PERIGOS NATURAIS E ANTRÓPICOS Os movimentos em massa, são fenómenos altamente perigosos, podendo ser de origem natural ou antrópica. A ocupação de áreas de elevado risco geológico aumenta a vulnerabilidade das populações, quer em termos de perdas de vidas quer em termo de avultadas perdas materiais. Os movimentos de vertentes devem-se essencialmente a: Fenómenos climatéricos extremos; Atividade tectónica; Atividade vulcânica;
24 Erosão marinha intensa, que origina o abatimento constante de blocos e o desprendimento de elevadas massas associadas à formação de fajãs (plataforma de escombreiras no sopé); Os movimentos em massa tendem a ocorrer em superfícies compostas por material que sofreu intensa meteorização e fragmentação. Os principais fatores que influencia os movimentos de massa são: Propriedades litológicas; Teor em água; Pendor; Estabilidade da vertente e orientação dos estratos.
25 PRINCIPAIS TIPOS DE MOVIMENTOS DE MASSA Queda de rochas e de detritos Movimentação brusca de material geológico que ficou solo devido à meteorização e a outras causas. Movimentação por queda livre, rolamento e deslizamento em vertentes muito inclinadas (arribas marinhas e fluviais)e barreiras das vias de comunicação.
26 Podem ser induzidas por escavação natural ou artificial da base da vertentes e/ou alteração do pendor (escavações para estradas, erosão marinha ou fluvial. São favorecidas em climas com grandes amplitudes térmica (termoclastia); alterações químicas da rocha (ex. percolação da água através das fissuras) e atividade sísmica.
27 Deslizamentos Deslizamentos rotacionais ( slumps ) Rotação de rocha ou rególito ao longo de uma superfície côncava, podendo afetar um bloco único ou grandes complexos de blocos. A superfície superior de cada bloco fica, frequentemente pouco perturbada. Frequente em materiais não consolidados ou pouco consolidados. Deixam cicatrizes arqueadas na vertente
28 Podem ser induzidos por mecanismos variados, sendo os mais comuns, precipitações elevadas, cheias e sismos. No litoral, os movimentos rotacionais estão associados à erosão marinha da base das vertentes costeiras, designadamente das arribas. o escarpada recua significativamente e na base ficam os materiais da frente da rotação que progressivamente vão sendo erodidos pelas ondas.
29 Em vertentes fluviais, os deslizamentos rotacionais podem provocar a deslocação do leito do rio ou ribeira, que impedida de utilizar o seu curso, rompe pelo caminho mais fácil que, regra geral, é a frente da movimentação. São com frequências induzidas por atividades humanas que ampliam o pendor das vertentes.
30 Deslizamentos translacionais (Landslides) Verifica-se o deslizamento mais ou menos rápido de rocha ou de detritos ao longo de um plano pré-existente (em geral planos de estratificação, foliação, diáclases...) Este tipo de movimentação apresenta superfícies de deslocamento planas. Ocorrem porque a tensão tangencial da gravidade e a inclinação dos planos de fraqueza estrutural da rocha têm o mesmo sentido.
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32 Fluxos sedimentares Fluxos granulares: não são saturados com água. O comportamento fluido advém da mistura com o ar. Reptação (creeping) movimentação muito lenta, geralmente contínua, de rególito numa vertente, causado por tensões tangenciais suficientemente fortes para produzirem deformações permanentes, mas insuficientes para conduzirem a rutura brusca
33 As evidências da reptação são árvores inclinadas; estradas e vedações deslocadas. Há 3 tipos de reptação: Sazonal em que a movimentação é afetada por variações sazonais da humidade e da temperatura do solo; Contínua em que as forças tangenciais superam continuamente as de resistência do material; Progressiva em que as vertentes estão progressivamente a atingir o ponto de rutura brusca ;
34 Movimentos de terras (earthflows) movimentação de terras, geralmente rególito, em que o material entra em liquefação e desloca-se para posições inferiores. A forma geral é alongada e apresenta forma lenticular caraterística Ocorrem geralmente me vertentes moderadas a ingremes, em que os materiais correspondem a sedimentos finos Podem ocorrer em solos saturados ou não em água. Pode ser lento ou rápido e começa normalmente com reptação que se torna mais intensa.
35 Avalanches (Detríticas) colapso completo de uma vertente íngreme, cuja movimentação se faz com velocidades muito elevadas e grande volumes de rególito e mistura de rochas. Em princípio, quanto maior é a avalanche detrítica maior é a velocidade a que ela se desloca, pois a energia associada ao material em movimento é maior. Podem ser induzidas por sismos e erupções vulcânicas.
36 Fluxos aquosos: fluxos em solos e/ou rególitos saturados em água e comportam-se como uma massa fluida (comportamento torrenciais). Solifluxão lenta movimentação (centímetros por dia) ao longo de uma vertente de rególito saturado em água. Produzem lobos típicos nas vertentes e surgem em solos que ficam saturados em água durante longos períodos. Comuns em climas frios em que a parte superior do solo congela e descongela periodicamente
37 Fluxos detríticos (debris flows) fluxos detríticos de materiais grosseiros (areias e cascalhos) e materiais finos saturados em água em que os materiais finos estão em suspensão. Geram-se normalmente quando as massas de materiais não consolidados, saturados em água se tornam instáveis. Atingem velocidades variáveis dependendo de vários fatores.
38 Fluxos de lamas (mudflows) fluxos aquosos que diferem dos anterior pela pequena percentagem de materiais grosseiros. Normalmente são muito fluidos, e por isso, deslocam-se através da rede de drenagem pré-existente. Podem atingir grandes distâncias mesmo em vales com inclinação suave. Podem atingir velocidades elevadas dependente do pendor da região.
39 São frequentemente induzidas por elevadas precipitações ou por erupções vulcânicas que provocam a fusão das neves. Os lahars são fluxos detríticos ou de lamas provenientes das encostas dos vulcões. Estes iniciam-se frequentemente por: Grandes deslizamentos com saturação por água; Erosão de depósitos vulcânicos devido a escorrência induzida por forte pluviosidade; Fusão rápida de gelo e neve depositada na parte superior de uma elevação vulcânica; Libertação súbita de água de glaciares ou lagos vulcânicos.
40 MEDIDAS PARA MINIMIZAR OS RISCOS DOS MOVIMENTOS DE MASSA
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