SISTEMA RADICULAR DO CONSÓRCIO DE MILHO SAFRINHA E PLANTAS FORRAGEIRAS NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO
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1 SISTEMA RADICULAR DO CONSÓRCIO DE MILHO SAFRINHA E PLANTAS FORRAGEIRAS NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO Renan Luis Bueno 1, Suzana Luiza Bastos 2, Karina Batista 3, Aildson Pereira Duarte 3, Isabella Cleirice de Maria 4 1. Introdução O sistema radicular das plantas cultivadas vem recebendo maior atenção nos estudos das interações que ocorrem entre os solos, as plantas e outros organismos vivos. (Crestana et al., 1994). De modo geral, as raízes de plantas terrestres possuem duas funções principais: aquisição de recursos básicos do solo (principalmente água e íons dissolvidos) e sustentação (Fitter, 1996). A compreensão dos fenômenos ocorridos na parte aérea das plantas torna-se mais completa, quando também se compreende o que acontece abaixo da superfície do solo, principalmente com relação ao crescimento e à distribuição de raízes no perfil (Vasconcelos, et. al., 2003). Um sistema radicular com elevado comprimento, superfície e biomassa permite maior contato das raízes com o solo, aumentando a eficiência na absorção de nutrientes (Santos Junior, 2001). O consórcio visa à produção do milho safrinha com a produção de forragem e mantém a palha para a semeadura da soja em plantio direto (Ceccon,2007). Entretanto, os sistemas radiculares nessa prática ainda são pouco estudados. O desenvolvimento do sistema radicular pode ser visualizado pelo 1 Acadêmico de Agronomia, ESAPP, Paraguaçu Paulista, Bolsista PIBIC-CNPq 2 Acadêmica de Agronomia, ESAPP, Paraguaçu Paulista, Bolsista Fundag 3 Pesquisador Científico, Programa Milho IAC/APTA, Pólo Médio Paranapanema, Rodovia SP 333 Assis- Marília Km 397, Caixa Postal 263, CEP: Assis-SP. batistakarin@gmail.com 4 Pesquisadora Científica, Instituto Agronômico (IAC) 590
2 aumento em comprimento, massa e superfície que abrangem. Estas medidas não dependem somente da espécie e do clima em que se encontram, podendo ser alteradas conforme o processo de implantação das plantas e do manejo adotado, que podem resultar em sistema radicular extenso e abrangente ou curto e ocupando pequena área de solo (Cecato 2004). Nesse contexto, objetivou-se avaliar o comprimento, a superfície e a massa seca das raízes em consórcio do milho safrinha e plantas forrageiras. 2. Material e métodos Um experimento de milho safrinha foi instalado em área sob sistema de plantio direto, em Assis (semeadura em 03/04/2009,latitude 22º39 42 S, longitude 50º24 44 O e altitude 546 m), Estado de São Paulo, em Latossolo vermelho distrófico. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. Estão sendo testados cinco consórcios de milho safrinha com forrageiras: 1- Milho safrinha (solteiro), 2- Milho safrinha + Brachiaria brizantha cv. Marandu (capim-marandu), 3- Milho safrinha + Brachiaria decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária), 4- Milho safrinha + Brachiaria ruziziensis cv. Comum (capim-ruziziensis) e 5- Milho safrinha + Panicum maximum cv. Tanzânia (capim -Tanzânia), todos em cultivo intercalar. A cultivar de milho safrinha utilizada foi a 30F87. As parcelas foram constituídas de 4 linhas de milho de 20,0 m de comprimento, espaçadas de 0,9 m e, nos consórcios, mais três linhas de capins. Três subamostras foram coletadas, para formar uma amostra composta, na entrelinha do milho safrinha e das plantas forrageiras, distantes 0,45 m, na profundidade de 5 a 15 cm. Para a coleta utilizou-se um trado de 7,0 cm de diâmetro interno, com base serrilhada (Böhm, 1979; Fante Jr & Reichardt, 1994, Vasconcelos, et al., 2003 e Sarmiento et al., 2008 ) (Figura1). As raízes foram separadas e lavadas em água corrente, utilizando-se um conjunto de peneiras com diâmetro de malha de 0,50 e 1,00 mm (Figura1). Após as raízes serem lavadas, retirou-se uma sub-amostra de cerca de 10% do volume total das raízes para a avaliação da superfície e do comprimento total do sistema radicular.essas sub-amostras foram acondicionadas em copos plásticos contendo água destilada e violeta genciana para coloração das raízes e radicelas, proporcionando contraste para digitalização. Na seqüência, as raízes foram digitalizadas e as imagens foram analisadas pelo aplicativo SIARCS (Sistema integrado para análise de raízes e cobertura do solo) (EMBRAPA, 1996). Em seguida, foram colocadas para secar em estufa com circulação forçada de ar, a C, com posterior pesagem. Com a massa das sub-amostras fez-se a correção do comprimento e superfície do sistema radicular de cada parcela experimental, em função da produção de massa seca total das raízes, conforme descrito por Crestana et al. (1994). Os resultados receberam o recomendado tratamento estatístico, através do emprego do Estatical Analysis 591
3 System (SAS, 1996), adotando-se o nível de 5% de significância. Os tratamentos foram comparadas pelo teste de média de Tukey. 3. Resultados e Discussão Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos estudados para o comprimento, a superfície e massa seca de raízes (Tabela 1). Logo, não houve diferença entre os consórcios e o milho safrinha solteiro, sugerindo que não há interferência do crescimento radicular das plantas forrageiras no desenvolvimento radicular das plantas de milho. Entretanto, avaliou-se apenas a camada 5-15 cm e o sistema radicular das plantas atingem profundidades bem maiores. Outro fator que pode ter contribuído para os presentes resultados é a presença de plantas infestantes em maior densidade na testemunha, especialmente o capim-colchão (Digitaria horizontalis). Tem-se postulado que após a morte e decomposição do sistema radicular das plantas forrageiras ocorre a formação de vários canais permitindo a infiltração de água, ar e o deslocamento de nutrientes em profundidade, descompactando naturalmente o solo (Broch et al., 2008, Tardieu, 1988). De maneira geral, os valores de massa seca de raízes de todos os tratamentos com consórcio foram superiores a testemunha, mas devido a alta variabilidade dos resultados, a diferença não foi significativa. Sugere-se, nos próximos estudos, realizar maior número de amostragens no campo para tentar reduzir esta variabilidade Figura 1. Trado com base serrilhada (a), utilizado na amostragem de raízes e no detalhe solo após a coleta (b) e processamento das raízes (c,d). 592
4 Tabela 1. Sistema radicular do milho safrinha e plantas forrageiras em Assis. Consórcios Comprimento (m dm -3 ) Sistema radicular Superfície (cm 2 dm -3 ) Massa seca (g dm -3 ) Milho safrinha + capim-ruziziensis 10,3 A 691 A 1,96 A Milho safrinha + capim -Marandu) 10,2 A 1127 A 2,46 A Milho safrinha + capim Braquiária 17,9 A 3000 A 1,97 A Milho safrinha + capim Tanzânia 11,0 A 360 A 2,89 A Milho safrinha (solteiro) 9,9 A 631 A 1,49 A CV * 50,9 61,0 20,9 O CV * foi determinado com dados transformados em x. Letras maiúsculas iguais nas colunas não apresentam diferenças significativas (p<0,05) de acordo com teste de Tukey. 4. Conclusões Os capins dos consórcios não alteraram o sistema radicular na entrelinha da cultura do milho safrinha na profundidade e condições ambientais avaliadas. 5. Referências Bibliográficas BÖHM, W. Methods of studying root system. Berlin, Springer-Verlag, p. BROCH, D. L..; BARROS, R.; RANNO, S.K. Consórcio milho safrinha/pastagem: Tecnologia e produção: milho safrinha e culturas de inverno Maracaju: Fundação MS, p CRESTANA, S.; GUIMARÃES, M.F.; JORGE, L.A.C.; RALISCH, R.; TOZZI, C.L.; TORRE, A.; VAZ, C.M.P. Avaliação da distribuição de raízes no solo auxiliada por processamento de imagens digitais. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 18, p , CECCON, G.; Milho safrinha com solo protegido e retorno econômico em Mato Grosso do Sul. Revista Plantio Direto, Passo Fundo, p.17-20, CECATO, U.; JOBIM, C.C.; REGO, A.; LENZI, A. Sistema radicular componente esquecido das pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, 2., 2004, Viçosa. Anais... Viçosa: UFV, p
5 EMBRAPA Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Instrumentação Agropecuária (São Carlos). Jorge, L.A.C.; Crestana, S. Sistema integrado para análise de raízes e cobertura do solo SIARCS. BR NPI Patente requerida em dezembro de FANTE JR, L.; K. REICHARDT. Distribuição do sistema radicular do milho em terra roxa estruturada latossólica: I. comparação de metodologias. Scientia Agricola, Piracicaba, v.51, p , FITTER, A. Characteristics and functions of root systems. In: WAISEL, Y.; ESHEL, A.; KAFKAFI, U. (Ed.). Plant roots: the hidden half. New York: Marcel Dekker, p SANTOS JUNIOR, J.D.G. Dinâmica de crescimento e nutrição do capim Marandu submetido a doses de nitrogênio p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SARMENTO P.; RODRIGUES, L.R.A.; LUGÃO; S.M.B.; CRUZ, M.C.P.; CAMPOS, F.P.M.; FERREIRA, E.; FERRAZ, O.R. Sistema radicular do Panicum maximum Jacq. cv. IPR-86 Milênio adubado com nitrogênio e submetido à lotação rotacionada. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.37, p.27-34, 2008 SAS INSTITUTE. The SAS-system for windows: release 6.08 (software). Cary, Vasconcelos, A. C. M.; CASAGRANDE A. A.; PERECIND.; JORGE, L. A. C.; LANDELL, M. G. A. Avaliação do sistema radicular da cana-de-açúcar por diferentes métodos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 27, p , 2003 TARDIEU, F. Analysis of the spatial variability in maize root density. Plant and Soil, Dordrecht, v.109, p ,
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