INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX
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- Lavínia Freire Caldeira
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1 INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX Icomex de junho, referente a maio de 2017 Número 2 20.junho.2017 A balança comercial continua melhorando: a indústria extrativa liderou o aumento no volume exportado no mês de maio O superávit da balança comercial em maio registrou um novo recorde histórico no resultado mensal (US$ 7,6 bilhões) e no acumulado no ano (US$ 29 bilhões). Mais uma vez, desde o final da primeira década dos anos 2000, as commodities explicam o dinamismo das exportações brasileiras. As importações registram aumento em todas as categorias de uso, exceto bens de capital, diz Lia Valls Pereira. Em valor as exportações aumentaram 13% e as importações 9% entre maio de 2017/2016. As exportações de soja, minério de ferro e petróleo explicaram 20%, 8,3% e 5,5% do total exportado no mês de maio. Chama atenção o elevado crescimento em valor das vendas de petróleo, 103%, na comparação entre maio de 2017 e maio de Nas manufaturas, o destaque foi a exportação de automóveis que representa 3,1% do total das exportações de maio tendo tido um crescimento de 60% em relação a maio de No caso das importações, os resultados em valor registraram aumento em todas as categorias de uso, exceto a de bens de capital com queda de 17% entre maio de 2017/2016. O bom desempenho das exportações na comparação entre os acumulados do ano até maio de 2017 e 2016 foi liderado pelo aumento nos preços (+13%), seguido de uma variação positiva (+9%) no volume exportado Nessa mesma base de comparação para as importações, os preços caíram 1,6% e o volume aumentou em 13%. A análise por setores e Gráfico 1: Variação (%) dos índices de preços (US$) e volume categorias de uso, a seguir, destaca as principais diferenças em relação ao resultado geral. 1) Índices agregados de volume e preços Na comparação mensal do mês de maio entre 2017 e 2016, o aumento do volume exportado foi de 12,6% e os preços cresceram 5,5% (Gráfico 1). O que explica esse resultado? IBRE/FGV
2 No mês de maio, dois entre os três principais produtos exportados registraram aumento de 10,5% (soja em grão) e 50% (petróleo bruto) na quantidade exportada, já o volume embarcado do minério de ferro recuou em 1,4%. Alguns outros produtos que são relevantes na pauta de exportações registraram aumentos expressivos no volume exportado, tais como: automóveis (o quinto principal produto na pauta de exportação), com crescimento de 50%; suco de laranja, com variação positiva de 153%; e milho com variação de 1000%. Entre as principais commodities, o aumento de preços foi liderado pelo petróleo (35,4%), seguido do minério de ferro (19,2%), laminados planos (16%) e suco de laranja (13%). Logo, entre os principais produtos exportados, os aumentos foram relativamente maiores no volume do que nos preços no mês de maio. No entanto, no acumulado no ano até maio, a variação dos preços dos produtos exportados continuou a superar a do volume. Nas importações, a variação mensal no volume importado entre maio de 2017 e 2016 foi de 6,2% e nos preços de 3,2% (Gráfico 1). Observa-se, porém, que o ritmo de crescimento nas importações mostra uma nítida tendência à queda, enquanto nas exportações, essa tendência é menos acentuada (Gráfico 2). Esse resultado é consistente com as previsões de um PIB menor do que o previsto no início do ano. Lembramos que o comportamento das importações sofre forte influência do nível de atividade. Gráfico 2: Variação (%) mês contra mês do ano anterior dos índices de volume das exportações e importações O comportamento das exportações e importações sugere, portanto, que a previsão de uma contribuição negativa do saldo das exportações líquidas para o PIB de 2017 poderá não se verificar. 2
3 2) Termos de troca e taxa de câmbio real efetiva: commodities e não commodities Os termos de troca caíram 3% entre maio e abril, mas continuam crescendo em relação ao ano de 2016, com aumento de 15% na comparação do acumulado do ano até maio e de 2,3% em maio de 2017 quando comparado a maio de 2016 (Gráfico 3). A melhora nos termos de troca, o aumento nos superávits comerciais e a redução do risco Brasil contribuíram para a valorização da taxa de câmbio efetiva real, iniciada em março de Entre maio de 2017 e 2016, a valorização da taxa efetiva real foi de 12%. No entanto, as turbulências políticas em meados de março contribuíram para a desvalorização de 3% entre maio e abril. O que esperar? A melhora nos termos de troca está associada ao comportamento favorável dos preços das exportações de commodities que acumularam uma variação de 23,4% entre janeiro/maio de 2017 e igual período de 2016 (Gráfico 4). Observa-se, porém, que na comparação mensal de maio 2017/2016, os preços das commodities cresceram 7,9%, um percentual inferior ao dos expressivos valores registrados nas variações mensais de janeiro a abril. Esse resultado é interpretado em Gráfico 3: Índice dos termos de troca e da taxa de câmbio efetiva real: média móvel trimestral Fonte: Banco Central e SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV. Gráfico 4: Variação (%) dos índices de preços (US$) e volume das exportações: commodities e não commodities algumas análises como um sinal de que o mini boom nos preços das commodities estaria se esgotando. Em termos de volume, os embarques de algumas commodities antes citadas como petróleo, soja, laminados e milho, explicam o aumento do volume exportado em 13% na comparação mensal. 3
4 O desempenho do volume exportado das não commodities depende da demanda mundial e do câmbio, além das condições domésticas do mercado. No caso do Brasil, a conjuntura recessiva junto com uma demanda mundial em recuperação ajuda a explicar o aumento no volume exportado, mesmo com a valorização real do câmbio a partir de meados de ) Índices desagregados por atividade econômica A indústria extrativa lidera o aumento de preços e do volume exportado na comparação mensal (maio 2017/2016) e no acumulado até maio (Gráfico 5). Esses resultados são explicados pelo comportamento das vendas de petróleo e minério de ferro, que estavam com níveis baixos nas séries de preços e volumes nos anos de 2015/16. Chama atenção o bom resultado do volume exportado da indústria de transformação na comparação do acumulado até maio. A recuperação das vendas do setor automotivo (incluídos tratores, veículos de cargas e bens intermediários do setor) foi um dos fatores para explicar esse resultado. O Gráfico 6 mostra o comportamento das importações por atividade econômica. Na análise da variação de volume, no acumulado do ano, a indústria de transformação, com crescimento de 18,6% lidera o aumento das importações e a queda de preços (-5,5%). Na comparação mensal, a liderança é do setor agropecuário (+11,6%), seguido da indústria de transformação (+10,4%), e da extrativa, (+10,1%). O aumento das importações pela agropecuária está associado ao crescimento das exportações deste setor em maio (ver Gráfico 5) que requer a compra de bens intermediários, como fertilizantes, com oferta limitada no mercado doméstico. Gráfico 5: Variação (%) dos índices de preços (US$) e volume por atividade econômica nas exportações Gráfico 6: Variação (%) dos índices de preços (US$) e volume por atividade econômica nas importações 4
5 O bom desempenho das exportações da indústria extrativa deve se refletir na produção doméstica do setor, que é bastante concentrada no setor de petróleo e mineração. A indústria de transformação é composta por diversos setores e a melhora na indústria automotiva não alavanca o conjunto desses setores, exceto os que fazem parte da cadeia produtiva direta, como autopeças e componentes. Qual o impacto das exportações do setor automotivo no produto total da indústria de transformação é uma questão em aberto, dada as mudanças ocorridas desde No caso da agropecuária, as exportações são o resultado da boa safra agrícola. 4) Índices desagregados por categoria de uso na indústria de transformação Ressaltam-se os índices por categoria de uso na indústria de transformação. Nas exportações, o aumento, quer seja na comparação mensal ou no acumulado do ano até maio, o volume exportado de bens duráveis apresenta variações próximas a 50% (Gráfico 7). Como já mencionado, esse resultado é explicado pelo setor automotivo. Em segundo lugar estão os bens de capital, onde estão incluídos itens como tratores e veículos de carga. O mercado argentino é o principal comprador desses produtos. Logo, parte desse aumento pode ser explicado pela melhora da economia argentina, após um período de quase estagnação no nível de atividade. No entanto, para manter esse mesmo dinamismo, será preciso garantir as vendas para outros mercados latinos, nossos principais compradores. Nas importações, os preços recuaram em Gráfico 7: Variação (%) dos índices de preços (US$) e volume das exportações da indústria de transformação por categoria de uso Gráfico 8: Variação (%) nos índices de preços (US$) e volume das importações por categoria de uso da indústria de transformação 5
6 todas as categorias nas comparações mensal e acumulada no ano, exceto para bens de consumo não duráveis. Na análise dos volumes importados, todas as variações são positivas, quer seja na comparação mensal ou na acumulada. Na comparação da taxa acumulada no ano, o destaque é das importações de bens intermediários (+ 25,4%), seguido de bens semi-duráveis, (+18,3%). Na comparação mensal entre maio de 2017 e 2016, a liderança coube aos semiduráveis (+38%), seguido de bens de consumo duráveis (+19,7%), e bens intermediários (+12,2%). O resultado das importações para bens intermediários intriga os analistas que acompanham a indústria de transformação. Como os resultados que indicam um aumento nas compras de importações de bens intermediários, que é associado ao nível de atividade, podem eles ser conciliados com indicadores que registram retração ou pequena recuperação na indústria de transformação? Foi calculado um índice do volume importado de bens intermediários da indústria de transformação excluindo itens destinados ao setor agropecuário. Na comparação do acumulado do ano até maio, o resultado continua a intrigar, com crescimento de 20%. Na comparação mensal entre maio de 2017 e 2016 foi registrada uma queda de 3%. O que podemos concluir? I) Expectativas favoráveis em relação ao crescimento econômico? II) Antecipação de compras face a um possível aprofundamento da valorização do real? III) A desvalorização do real entre 2015/2016 num período recessivo da economia não alterou as matrizes de compras de bens intermediários das empresas que vivenciaram a valorização cambial desde meados da primeira década dos anos 2000? Os fatores listados explicariam o aumento das importações de bens intermediários na comparação dos acumulados no ano? O recuo nas compras de bens intermediário, em maio, provavelmente reflete a reversão das expectativas (item i). 5. Consideração final O setor externo, do ponto de vista da balança comercial, continua a ser um dos pontos favoráveis na análise da conjuntura macroeconômica. Superávits entre US$ 55 e US$ 60 bilhões de dólares integram as estimativas dos analistas. No entanto, quem analisa o comércio exterior como um dos canais para o crescimento econômico do país, os resultados requerem uma qualificação do otimismo. A dependência das exportações de commodities continua e é preciso avaliar como criar instrumentos que atenuem os efeitos da volatilidade da demanda e dos preços desses produtos. 6
7 Metodologia O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos outliers. Comércio Exterior - FGV IBRE Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendente de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenador do Núcleo de Contas Nacionais: Claudio Monteiro Considera Coordenadora da Pesquisa: Lia Valls Pereira Equipe Técnica: André Luiz Silva de Souza Juliana Carvalho da Cunha Mayara Santiago da Silva Fatima Tavares Alves 7
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