RELATÓRIO TÉCNICO DE PRATICABILIDADE E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA
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1 EMPRESA: RELATÓRIO TÉCNICO DE PRATICABILIDADE E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA Assist Consultoria e Experimentação Agronômica LTDA ME Endereço: Avenida Brasília, 2711 Campo Real. Campo Verde - MT. CEP Fone: (066) FIRMA REQUERENTE: BASF RESPONSÁVEL: Marcio Goussain, Eng. Agrônomo, Doutor em Agronomia, CREA nº MG TÍTULO DO TRABALHO Praticabilidade e eficiência agronômica do herbicida Heat (Saflufenacil 700 g/kg) aplicado em jato dirigido na cultura do algodão (Gossypium hirsutum) para controle de ervas daninhas.
2 Resumo O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do herbicida Heat no controle de ervas aplicado em sistema jato dirigido para o controle de ervas daninhas na cultura do algodão. Os tratamentos consistiram em: 1) Testemunha (sem aplicação de herbicida); 2) Heat (0,05 kg p.c/ha); 3) Heat (0,07 kg p.c/ha); 4) Siptran 500 SC + Flumyzin (2,0 L p.c/ha + 0,05 kg p.c/ha). A variedade utilizada foi a FMT 705 sendo semeada dia 02/01/2012. Os tratamentos foram aplicados no dia 22/03/2012. Foi verificada a presença das ervas trapoeraba (Commelina benghalensis L), capim-colchão (Digitaria horizontalis Willd.), caruru (Amaranthus deflexus L.), picão-preto (Bidens pilosa L.) e joá-bravo (Solanum sisymbrifolium Lam.). Verificou-se que Heat nas doses de 0,05 e 0,07 kg p.c/ha obteve um controle excelente e rápido de trapoeraba e suprimiu o capim-colchão perfilhado, quando comparado com o padrão da fazenda. Heat na maior dose apresentou melhor controle de caruru, picão-preto e joá-bravo em relação ao padrão testado. Foi observado efeito fitotóxico de Heat nas dosagens testadas, quando houve contato do produto com a planta. Recomenda-se utilizar protetores para aplicação deste produto. O herbicida Heat pode ser uma boa alternativa para ser aplicado em jato dirigido para o controle de ervas na cultura do algodão.
3 1 INTRODUÇÃO O agronegócio brasileiro movimenta mais de 193 bilhões de reais. Dentre as principais culturas do país destaca-se a cultura do algodoeiro. Aproximadamente são plantados cerca de 1,4 milhão de hectares, estimando uma produção de 1,8 milhões de toneladas de pluma (Conab, 2012). Dentre os principais problemas da cultura destaca-se o controle de plantas daninhas. As plantas daninhas interferem causando prejuízos diretos, através da competição e alelopatia, ou indiretos, hospedando pragas e patógenos, dificultando a operação de colheita e denegrindo a qualidade do produto colhido (De Marinis, 1971). A concorrência de plantas daninhas com a cultura causa perdas consideráveis, sendo que foram observadas reduções na produtividade de até 90,2%, devido à infestação de plantas daninhas durante todo o ciclo do algodoeiro (Laca-Buendia et al. 1979). Sob infestação de gramíneas durante todo o ciclo as reduções chegaram até a 60% na produtividade do algodão (Laca-Buendia & Pires, 1992). Diante da necessidade de controle das plantas daninhas, um programa eficiente de manejo inclui a combinação de estratégias que evitem a concorrência com a cultura durante o período crítico de interferência, sendo o controle neste momento realizado por herbicidas utilizados em pré-emergência e pós-emergência em área total. Para permitir que o algodoeiro seja colhido sem a interferência destas, são empregados herbicidas em pós-emergência dirigida. Além disso, por razões especificas de plantas daninhas, problemas ou mesmo novos fluxos de infestantes durante o ciclo do algodoeiro, a aplicação de herbicidas não seletivos, em pós-emergência dirigido se torna indispensável para a cotonicultura, mesmo em materiais resistentes à herbicidas. Esta combinação nas modalidades de aplicação, constando da utilização de herbicidas seletivos em pós-emergência inicial, associados a herbicidas em pré-emergência e em pós-emergência tardia em jato dirigido, é uma ferramenta de manejo muito importante para a cotonicultura da região central do Brasil, e atualmente muito usual pelos agricultores.
4 Entre os herbicidas mais utilizados em jato dirigido na cultura estão diuron, gesagard, flumyzin, aurora, MSMA, glufosinato de amônio, oxyfluorfen, na maioria das vezes sendo realizadas misturas. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do Heat para a utilização em aplicação em pós-emergência dirigida, na cultura do algodoeiro. 2 MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado em 22/03/2012 em condições de campo, na fazenda São Francisco no munícipio de Campo Verde MT. A variedade utilizada foi a FMT 705, plantada no dia 02/01/2012, cultivada em espaçamento de 0,76 m entre linhas. Cada unidade experimental foi constituída de 2 hectares, exceto a testemunha que foi de 100 m 2. Os herbicidas em estudo, cujas descrições estão nas Tabelas 1 e 2, foram arranjados da seguinte forma: 1) Testemunha (sem herbicida); 2) Heat (0,05 kg p.c/ha); 3) Heat (0,07 kg p.c/ha) e 4) Siptran 500 SC + Flumyzin 500 (2,0 L p.c/há + 0,05 kg p.c/ha). Tabela 1. Descrição dos produtos utilizados para o controle de ervas daninhas na cultura do algodão. Campo Verde MT, Tratamentos Nome Nome comercial comum Concentração i.a/kg ou L Grupo químico Formulação Saflufenacil Heat* 700 Pyrimidinedione Atrazina + Flumioxazina Siptran 500 SC** + Flumyzin Triazinas + Ciclohexenodicarboximida WG SC e WP *Adicionou-se Dash 0,05% v/v ** Adicionou-se iharol 0,5 L/ha
5 Tabela 2. Doses e data de aplicação dos herbicidas utilizados para controle de plantas daninhas na cultura do algodão. Campo Verde MT, Tratamentos Nome comercial Dosagem p.c (kg ou L.ha -1 ) Data da Aplicação Testemunha Heat 0,05 22/03/2012 Heat 0,07 22/03/2012 Siptran 500 SC + Flumyzin 500 2,0 + 0,05 22/03/2012 *Adicionou-se Dash 0,05% v/v ** Adicionou-se iharol 0,5 L/ha Utilizou-se um pulverizador com velocidade constante de 8 km/h com pressão de trabalho de 60 lbf/pol 2. Cada linha de pulverização era composta por dois bicos defletores por linha, que proporcionou uma diluição de 80 litros de calda por hectare. As condições atmosféricas das aplicações podem ser observadas na Tabela 3. Tabela 3. Condições climáticas no momento das aplicações dos herbicidas utilizados para o controle de plantas daninhas na cultura do algodão. Campo Verde MT, Data Umidade Relativa % Temperatura ºC Velocidade do Vento km/h Horário 22/03/ ,5 0,7 16:45-18:05 A avaliação foi realizada visualmente onde anotou-se o controle das plantas daninhas presentes em 20 metros lineares escolhidos aleatoriamente na unidade experimental.
6 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que aos quatro dias após a aplicação, o herbicida Heat nas dosagens de 0,05 e 0,07 kg p.c/ha, controlou de forma rápida e com extrema eficiência touceiras de trapoeraba (Figura 1). A B C D Figura 1. Efeito da aplicação de Heat nas dose 0,05 kg p.c/ha (A e B) e a 0,07 kg p.c/ha (C e D) no controle de trapoeraba. Para capim-colchão em estádio avançado de perfilhamento as aplicações em jato dirigido de Heat nas doses trabalhadas apresentaram efeito supressor (Figura 2).
7 Figura 2. Efeito da aplicação de Heat nas doses 0,05 kg p.c/ha (A) e 0,07 kg p.c/ha (B) no controle do capim-colchão. Para as plantas daninhas como o caruru, joá-bravo e picão-preto a aplicação de Heat na maior dose 0,07 kg p.c/ha demostrou um melhor efeito de contato do que na menor dose testada (Figura 3). Vale ressaltar que essas plantas estavam em estádio avançado de desenvolvimento e que, provavelmente, em estádio menos desenvolvido a eficácia poderia ser maior. A B C D Figura 3. Efeito da aplicação de Heat na dose 0,07 kg p.c/ha no controle do caruru (A e B) e joá-bravo (C) e picão-preto (D).
8 Entretanto para pé-de-galinha não notou-se eficiência de controle nas doses testadas de Heat (Figura 4). A B Figura 4. Efeito da aplicação de Heat na dose 0,05 (A) e 0,07 (B) kg p.c/ha no controle de capim-pé-de-galinha. Ao comparar o efeito do Heat para o controle de ervas infestantes em relação ao padrão utilizado pela fazenda Siptran + Flumyzin (2,5 L +0,05 kg p.c/ha) verificou-se um controle mais rápido de Heat independente da dose utilizada para trapoeraba. Outro fator que foi percebido é que o padrão utilizado obteve pouco efeito de controle para capim-colchão e caruru em estádio avançado de desenvolvimento. Comportou-se semelhante ao Heat quando a planta infestante foi o capim-pé-de-galinha (Figura 5).
9 A B C D Figura 5. Efeito da aplicação de Siptran Flumyzin 500 na dose 2,50 L + 0,05 kg p.c/ha. Trapoeraba (A), capim-colchão (B), capim-pé-degalinha (C) e caruru (D). Ao comparar o efeito fitotóxico observou-se injúrias onde houve deriva do herbicida Heat em folhas, pontos de crescimento, ramos laterais e no colo da planta nas doses pulverizadas em jato dirigido. A aplicação de Siptran + Flumyzin mostrou-se mais seletiva em comparação com o Heat (Figura 6).
10 A B C D E F G H Figura 6. Efeito fitotóxico da aplicação de Heat (A, B, C, D, E e F) e Siptran Flumyzin 500 (G e H).
11 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS HEAT independente da dose utilizada demonstrou-se excelente para o controle de Trapoeraba; HEAT apresentou efeito de controle mais rápido em Trapoeraba em comparação com o padrão; HEAT apresentou efeito supressor no controle de capim-colchão perfilhado em ambas as doses testadas; HEAT não demonstrou controle sobre capim-pé-de-galinha perfilhado; HEAT na dosagem de 0,07 p.c./ha apresentou melhor controle para Caruru, Picão-Preto e Joá em relação ao padrão testado; HEAT independente da dose utilizada demonstrou-se efeito fitotóxico, quando aplicado sobre plantas de algodão; HEAT apresentou sintomas de necrose do caule, folhas e pontos de crescimento em ambas as doses; Recomenda-se utilizar protetores para aplicação de HEAT antes dos 50 dias após a emergência e fechamento; 50 a 60 dias após a emergência evitar deriva nas folhas com HEAT; HEAT pode ser uma boa alternativa para aplicação de Jato Dirigido para o controle de ervas daninhas na cultura do algodoeiro.
12 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKER, D.N.; LANDIVAR, J.A. Simulation of plant development in GOSSYPIUM. In: HODGES, H.F. (ed.) Cotton Physiology. Memphis: The Cotton Foundation p apud COSTA, E.A.D; MATALLO, M.B.;ROZANSKI, A.; MACEDO, E.C. Avaliação da seletividade e eficiência agronômica do herbicida flumioxazin isoladamente ou em mistura com diuron e diclosulam, na cultura do algodão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, III, Campo Grande. RESUMOS. EMBRAPA-CNPA, UFMS, CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: 11º Levantamento de grãos. Disponível em:< >. Acesso em 15 ago., 17:30: DE MARINIS, G. Ecologia das plantas daninhas. In: CAMARGO, P.N. Texto básico de controle de plantas daninhas. 3 ed., Piracicaba: USP-ESALQ,.p LACA-BUENDIA, J.P. del C. et al. Avaliação da eficiência de controle de plantas daninhas gramíneas do herbicida clethodim em algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum var. latifolium Hutch.). Planta Daninha, Brasília, v. 10,n.1/2, p , LACA-BUENDIA, J.P. del C. et al. Período crítico de competição entre comunidades de plantas daninhas e o algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) no Estado de Minas Gerais. Planta Daninha, Brasília, v. 2, n.2, p , p SOUZA, P.P. Evolução da cercosporiose e da mancha branca do milho e quantificação de perdas, em diferentes genótipos com controle químico. Dissertação de Mestrado. Uberlândia MG. Universidade Federal de Uberlândia WARD, J. M. J.; STROMBERG, E. L.;NOWELL, D. C.; NUTTER JR., F. W. Gray Leaf Spot a disease of global importance in maize production. Plant Disease, St. Paul, v. 83, p , 1999.
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