Palavras-chave:Formação de professores. Formação de formadores. PIBID.

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1 Resumo O FORMADOR DE PROFESSORES E A SUA FORMAÇÃO: EMERGÊNCIASNA ATUAÇÃO EM POLÍTICAS DE INCENTIVO À DOCÊNCIA Adriana Rocha Silva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI No contexto mais amplo de um estudo de caso, que visa descrever as estratégias de mediação na formação dos formadores no PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência), procuramos descrever neste artigo, as percepções dos participantes sobre sua formação, seu trabalho como formador de professores em cursos de licenciatura e no PIBID, e os desafios que vivenciam nesta etapa da sua experiência profissional.para tanto, contextualizamos na literatura o cenário dos estudos sobre a formação dos formadores (IMBERNON, 2002; ALTETet al, 2003; MIZUKAMI, ; ANDRÉ, 2009). Consideramos que a formação dos professores é contínua e que ocorre no desenvolvimento da sua prática docente. Neste contexto algumas questões nortearam este estudo. Na atuação como formador de professores, os docentes das licenciaturas, que atuam no PIBID: reconhecem novas demandas profissionais? Identificam desafios novos na atuação como formador? Observam a docência como uma área que requer conhecimentos específicos?numa abordagem qualitativa de pesquisa realizou-se estudo exploratório que se apoiou em coleta de dados e informações on-line, através de questionário eletrônico, para identificar os formadores e apreender suas perspectivas quanto à sua formação e atuação na formação de professores. Os resultados foram obtidos por processo analítico interpretativo, através do qual emergiram indicações de que a formação do formador está insuficiente. E que existem desafios institucionais e pedagógicos. Na perspectiva adotada, osdesafios institucionais e pedagógicos, apontados pelos participantes, e a indefinição de políticas para a formação dos formadores, põem em questão as expectativas em relação aos programas de incentivo à docência. Palavras-chave:Formação de professores. Formação de formadores. PIBID. Introdução A formação de formadores de professores está sendo questionada na atualidade. Ereformas nos cursos de licenciatura e políticas de incentivo à docência são cenários nos quais emergem os problemas que acentuam essa questão. Fatores diversos, relacionados a mudanças na sociedade e novos desafios na organização do trabalho pedagógico,na escolauniversalizada, fazem da docência uma atividade complexa, da qual emergem as preocupações com a formação dos professores. Políticas públicas, ao incentivarem programas de formação inicial, articulando IES (Instituições de Ensino Superior) e escolas de educação básica, geram a expectativa de que as IES se consolidem como formadoras de professores nos aspectos institucionais, pedagógicos e 04670

2 2 culturais. André (2009) aponta que as questões que envolvem a formação dos formadores [...] são atuais e importantes, pois as práticas dos formadores, que por sua vez são muito afetadas pelas condições de trabalho em seu contexto institucional, têm papel fundamental nos cursos de formação inicial e, consequentemente, na qualidade do ensino da escola básica (p. 02). Ao se construírem políticas de formação inicial de professores que não levam em conta a formação dos formadores, admitem-se como tácitos e suficientes para o exercício do papel de formador, os conhecimentos advindos do tempo e da experiência como professores. O tempo e a experiência como professor são suficientes para a atuação como formador? A formação pode acontecer com base apenas na intuição e espontaneidade de professores experientes? E se tais políticas buscam formar professores profissionais, que venham a se comprometer com o sucesso das aprendizagens de todos os estudantes, como conceber a formação profissional e, ao mesmo tempo, articular a formação do professor formador? Existem estratégias, no âmbito das políticas, em especial, do PIBID, para intervirna formação dos formadores? Esses questionamentos surgem durante o processo de desenvolvimento do programa na IES. Imbernon (2002) indica a necessidade de conhecer as concepções e práticas dos professores que formam professores, pois as maneiras como concebem sua prática constituem modelos de formação. Os cursos de licenciatura das áreas de Ciências Naturais e Matemática, embora tenham sido reformulados, tal reforma não configura, de modo geral, nova racionalidade pedagógica. O que observamos é que as concepções e práticas dos professores se alteram lentamente, no decurso das práticas formativas. Estudos recentes apontam variações sobre a identidade, formação e profissionalização dos formadores, devido a diferentes formas de institucionalização do seu trabalho (ALTET et al, 2003). No contexto investigado, o formador, a princípio, é um professor que atua a, pelo menos, três anos no ensino superior e que possui alguma experiência nos cursos de formação de professores. Habilitam-se, como formadores, professores de diferentes áreas, cujas concepções de ensino e de formação não se distinguiram na sua formação. Mizukami ( ) observa que os formadores de professores são pilares das reformas educacionais, para os quais são propostas novas tarefas e exigidos novos desempenhos, tendo em vista que os professores estão no centro das reformas atuais comprometidas com a qualidade da educação. Observa, por outro lado, que novas 04671

3 3 aprendizagens sobre a docência se iniciam nos professores que, deliberadamente, delas se apropriam. López (2007) em levantamento acerca das investigações que se ocupam da formação dos formadores na América Latina conclui que ainda é pouco o que se está estudando sobre o tema e pondera que: Si, de conformidad com el discurso oficial, lacalidad educativa depende de lacapacitación de los docentes, entoncessuformación y capacitación dependeria delaformación de sus formadores (p. 475).Nestesentido, responder à questão da formação do formador implica em institucionalização consistente da formação de professores nos cursos de Licenciatura, assegurando coerência com o projeto pedagógico da educação básica. O contexto da pesquisa Este artigo apresenta os resultados parciais de um projeto de pesquisa, que pretende, por estudo de caso(gil, 2009),descrever as estratégias de mediação da formação dos formadores no PIBID. De abordagem qualitativa, o estudo se realizaatravés do laboratório de Pesquisa e Prática em Docência (LPPD), subprojeto vinculado ao laboratório Interdisciplinar de formação de educadores (LIFE-CAPES), numa IES Pública Federal, pluricurricular, na qual o projeto PIBID se desenvolve desde Participaram deste estudo 18 professores, dos 24 que atuam no PIBID. São professores de áreas distintas, sendo oito de Matemática, dois de Física, cinco de Química e três de Biologia. Destes, catorze são professores e quatro são professoras. Todos com experiência na educação básica, catorze deles atuam a menos de 10 anos na formação de professores. Apenas cinco são pós-graduados na área de ensino/educação. Todos se consideram formadores de professores. Nesta primeira etapa realizou-se estudo exploratório que se apoiou em coleta de dados e informações on-line, para identificar os participantes e apreender as perspectivas dos formadores quanto à sua formação e atuação.os participantes responderam a um questionárioeletrônico, no qual constavam questões fechadas e abertas. O instrumento abordou aspectos sobre: o formador, sua formação e atuação nos cursos de licenciatura, no PIBIDe os desafios da formação.foi empregado um processo analítico interpretativo na organização e análise das informações.através da pesquisa 04672

4 4 exploratória pretende-se realizar aproximações com o tema atual, ainda a ser explorado, como é o caso da formação do formador no âmbito do PIBID. Emergênciasna formação do formador Reconhecendo inconsistência na sua formação, o professor formador constata os desafios do seu trabalho, que o levam a rever sua formação e seus conhecimentos sobre o ensino. A docência emerge como um conhecimento específico e os participantes afirmam que ensinar e formar não possuem os mesmos requisitos, demandando uma formação específica para a atuação de formadores.vaillant (2000, 2001), citada por López (2007), destaca que: los programas de formación docente no danlos resultados esperados debido a la inadequada formación de los formadores.os formadores consideram necessário que recebam formação para atuar como formador. E que seus conhecimentos para atuar como formadorsão insuficientes. Evidencia-se o interesse dos participantes emavaliar sua prática docente buscando conhecimentos fundamentais a esta prática.e que a formação de professores leva-os a pensar o seu trabalho como formador.imbernon (2002) considera que a ação do professor formador é central no conhecimento profissional básico do futuro professor e que modelam posturas profissionais.ao tempo em que constatam a inadequação da sua formação, os participantes concordam que, como formadores, devem ser referência e que, para isso ocorrer, o formador deve assumir uma postura que contribua para melhorar as atitudes dos futuros docentes, em relação à escola e aos estudantes. Emergências no trabalho do formador: desafios institucionais e pedagógicos Emerge neste estudo que o trabalho na formação se distingue da docência em outros cursos, pois as licenciaturas e o PIBID exigem muito mais do profissional.e que o trabalho com os estudantes,neste contexto, apresenta desafios ligados à motivação, engajamento e compromisso dos estudantes para com a formação para a docência. Os desafios institucionais que emergem são, acentuadamente, o acúmulo de carga horária e a atuação em diferentes níveis/modalidades de ensino; o compromisso com atividades em outros programas na IES e atividade de orientação na iniciação científica. Tais atividades absorvem o profissional e produzemrupturas nos processos formativos, causadas, sobretudo, pela ausência de políticas que mantenham o formador no contexto da formação e, essencialmente, ampliem suas oportunidades e condições de 04673

5 5 trabalho, especificadas na formação para a formação em docência, tanto nos cursos de licenciatura quanto no PIBID. Dentre os desafios pedagógicos, emergiram a necessidade de compreensão dos projetos institucionais de formação edos aspectos científicos da docência, de mais compromisso com a formação e com a aprendizagem profissional.e a atuação no PIBID com equipes das escolas públicas, diante dos dilemas atuais da educação básica. Considerações Nesta etapa do estudo evidenciou-se a percepção dos professores sobre sua formação para atuar como formador e os desafios que apontam nesta atuação. E que o formador está consciente dos limites de sua formação e os principais desafios referemse à institucionalização da formação e a elementos pedagógicos que são a base de conhecimento para a prática formativa. Daí se pensar as emergências a partir do que surge e implica os resultados e, particularmente, a urgência de se pensar processos formativos consistentes, em arranjos institucionais coerentes com a complexidade da formação para a docência, nos cursos de licenciatura e no PIBID, sob o risco de não serem atendidas as expectativas de formação de professores profissionais para a educação básica. Referências ALTET, M.; PAQUAY, L.; PERRENOUD, P. A profissionalização dos formadores de professores. Porto Alegre: Artmed, ARREDONDO LÓPEZ, María Adelina. Formadores de formadores.revista Mexicana de Investigación Educativa [en línea] 2007, 12 (abril-junio) : [fecha de consulta: 7 de mayo de 2014] Disponibleen: < ISSN MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Aprendizagem da docência: professores formadores. Revista E-Curriculum, São Paulo, v. 1, n. 1, dez. - jul Disponível em: acesso em: 08/09/2013. GIL, Antonio Carlos. Estudo de caso. São Paulo: Editora Atlas, IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 3. ed. São Paulo: Cortez, ANDRÉ, Marli E. D. A. de; ALMEIDA, Patrícia C. A. de. A profissionalidade do professor formador sob o impacto das reformas e mudanças no mundo contemporâneo. IN: CONGRESSO DE LEITURA DO BRASIL. 17º. 2009, Campinas. Anais do 17º COLE, Campinas, SP: ALB, Disponível em: 04674

6 6 arli_patricia.pdf. Acesso em: 22 de fevereiro de ISSN: