UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MARCELO STEFFEN PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF)
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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MARCELO STEFFEN PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) CURITIBA 2015
2 MARCELO STEFFEN PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientador: Prof. Dr. Percy Rubens Glaser Junior. CURITIBA 2015
3 TERMO DE APROVAÇÃO MARCELO STEFFEN PROTOCOLO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) Estre trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Médico Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 15 de Junho de Bacharelado em Medicina Veterinária Orientador: Prof. Dr. Percy Glaser Rubens Junior UTP Prof. Drª. Tácia Bergstein UTP Prof. Dr. Welington Hartmann UTP
4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho em especial a meus pais Valter José Steffen e Vera Lucia Wehner Steffen, as pessoas que mais admiro respeito e amo, por todo esforço, dedicação e amor. Estes que não mediram esforços para que esse dia chegasse independente das tempestades, eles sempre estão do meu lado, me apoiando e incentivando.
5 AGRADECIMENTOS Primeiramente quero agradecer a Deus por me dar saúde e disposição em todo o período da graduação. Agradeço meus pais, Valter e Vera, meu irmão Cassiano, minha namorada Amanda e a todas as pessoas que foram fundamentais para a conclusão desta etapa, cada um com seu papel único, mas que sem eles não seria possível tornar esse sonho realidade. A todos os meus professores da graduação, que tiveram a paciência e tranquilidade de ensinar. Aos colegas de turma, cada um com seus problemas, mas dispostos a ajudar sempre que necessário. A equipe Vet Maxi, que sempre estavam à disposição para ajudar e tirar todas as minhas dúvidas. Muito Obrigado a todos!
6 EPÍGRAFE Toda ação humana, quer se torne positiva ou negativa, precisa depender de motivação. (Dalai Lama)
7 RESUMO O estágio curricular obrigatório foi realizado na empresa Vet Maxi, localizada no município de Curitiba Paraná, no período de 2 de março a 22 de maio de 2015, totalizando 440 horas. Durante o estágio foi acompanhado o manejo reprodutivo de bovinos (protocolo de inseminação artificial em tempo fixo, inseminação artificial, palpação retal e ultrassonografia para diagnóstico gestacional), manejo sanitário (vacinações contra brucelose, aftosa, clostridioses). Ao final do trabalho, foi realizada uma descrição do protocolo de inseminação artificial em tempo fixo, com o intuito de demostrar a eficiência da técnica. Palavra chave: inseminação artificial em tempo fixo, ultrassonografia, vacinação.
8 LISTA DE ABREVIATURAS BE Benzoato de estradiol CL Corpo lúteo ecg Gonadotrofina coriônica equina ECP Cipionato de Estradiol FSH - Hormônio Folículo Estimulante IATF Inseminação artificial em tempo fixo LH Hormônio Luteinizante P4 Progesterona PGF2α Prostaglandina US Ultrassom VE - Valerato de estradiol
9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Casuística acompanhada durante o período de estágio Tabela 2 Protocolo de IATF realizado... 20
10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ATIVIDADES DE ESTÁGIO Local do Estágio Atividades Desenvolvidas REVISÃO DA LITERATURA Fisiologia Reprodutiva da Fêmea Bovina Maturidade Reprodutiva Inseminação artificial a tempo fixo (IATF) Hormônios utilizados na IATF Progestágenos Estrógenos Prostaglandina Gonadotrofina Coriônica Equina (ecg) RELATO DE CASO RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS... 23
11 10 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho descreve as atividades desenvolvidas pelo aluno na empresa Vet Maxi. Faz uma revisão bibliográfica sobre hormônios utilizados no protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) em bovinos e a descrição de um protocolo utilizado. O estágio ocorreu entre os meses de março, abril e maio, sendo que o horário para o escritório era de segunda a sexta-feira das 08:00h às 17:00h, tendo um intervalo de uma hora para almoço. Já nas saídas a campo o horário dos trabalhos era muito relativo, dependendo das atividades a ser executadas naquele dia, mas normalmente era das 06:00h às 17:00h, com intervalo de uma hora para almoço, totalizando 440 horas. As atividades foram concentradas entre escritório, com supervisão dos médicos veterinários Márcio Saporski Segui, André Luiz Bastos de Souza e Emanuel da Silveira Faleiros, além das atividades a campo, sempre realizadas sob supervisão dos três médicos veterinários citados a cima, além de Alexandre Gasparin. Neste período, foi possível acompanhar os médicos veterinários em várias fazendas, em diversos estados como Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e na cidade de Itanará - Paraguai. As casuísticas encontradas abrangeram aspectos reprodutivos, sanitários e gerenciais dentro das fazendas. Inseminação artificial em tempo fixo, exame andrológico, palpação retal e ultrassonografia para diagnóstico gestacional, vacinações contra brucelose, aftosa, clostridiose, foram algumas das atividades desenvolvidas no estágio. A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é uma técnica empregada no mundo para o avanço genético dos rebanhos. Vários trabalhos mostram o impacto da IATF no melhoramento do rebanho, entre eles, podemos citar: padronização do rebanho, controle de doenças sexualmente transmissíveis, ordenação do trabalho na fazenda, diminuição do custo de reposição de touros, melhoramento genético e obtenção de animais com maior potencial de produção e reprodução, cruzamento industrial, entre outras. Dessa forma, ao final desse trabalho, foi possível abordar um protocolo utilizado na IATF de bovinos.
12 11 2. ATIVIDADES DE ESTÁGIO 2.1 Local Do Estágio A Vet Maxi é uma empresa de consultoria técnica e administrativa em pecuária e tem como objetivo proporcionar todo o suporte necessário para transformar uma propriedade em uma empresa rural, buscando na gestão empresarial uma maximização da rentabilidade e da eficiência. A empresa conta com 3 veterinários e tem mais de 20 anos de mercado, desempenhando um papel muito importante em parceria com os produtores rurais de vários estados do Brasil como Paraná, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Santa Catarina e até mesmo produtores de outros países, como Paraguai, prestando serviços para melhorar a produtividade das propriedades. Atualmente mais de 60 mil animais são gerenciados pela empresa. O processo de consultoria da Vet Maxi inicia-se pelo diagnóstico e passa pelo planejamento, gerenciamento e auditoria da empresa rural. A utilização dessas ferramentas, em conjunto com a grande experiência dos técnicos de campo, faz com que as propriedades tenham um sistema eficiente de gerenciamento e consigam melhorar sua eficiência. 2.2 Atividades desenvolvidas No decorrer do estágio houve a oportunidade de acompanhar a maneira pela qual a empresa cedente trabalha, quais os passos fundamentais que devem ser seguidos para chegar ao objetivo esperado e as razões para a existência de empresas administradoras de propriedades rurais. A campo o estagiário pôde acompanhar o manejo de diversas categorias de bovinos, separação de lotes por categoria animal, pesagem dos animais antes da comercialização, identificação animal por brinco, sanidade, exames andrológicos, inseminação artificial em tempo fixo, acompanhamento gestacional por exame ultrassonográfico.
13 12 No escritório eram processadas todas as informações vindas do campo, sendo elas: lotação de pastagem, categoria animal, separação de lotes, locais adequados para praça de alimentação e taxas de prenhez. Para que as mesmas fossem processadas, analisadas, e assim decidir as alterações necessárias. Sempre visando o bem estar dos animais e um melhor rendimento da propriedade. Tabela 1 Casuística acompanhada durante o período de estágio. PROCEDIMENTO / ATIVIDADE Palpação retal (diagnóstico gestacional) Ultrassonografia gestacional Protocolo de IATF Inseminação artificial Exame andrológico Simulação de faturamento Evolução de rebanho Conferência de rebanho Vacinação contra Brucelose Vacinação contra Clostridioses Pesagem de animais para abate Identificação animal por brinco Desmama de bezerros (a) Marcação a fogo Vermigugação FONTE: Acervo pessoal Nº DE ANIMAIS 367 animais 546 animais 435 animais 168 animais 5 animais 1 propriedade 1 propriedade 4 propriedade 167 animais 376 animais 576 animais 323 animais 289 animais 96 animais 467 animais
14 13 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Fisiologia reprodutiva da fêmea bovina As fêmeas bovinas são poliéstricas anuais, apresentando estros em intervalos regulares de 21 dias. Durante o ciclo estral ocorre uma cadeia de eventos que se repetem até o impedimento da luteólise pela gestação. O dia 0 é designado como o dia da ocorrência do estro, sendo que a ovulação ocorre no dia 1. O ciclo é dividido entre a fase luteínica, que vai da ovulação até a luteólise, por volta do dia 17, e a fase folicular, que compreende o período que vai da luteólise até a ovulação. A fase folicular tem início após a luteólise, promovida pela ação da prostaglandina F2α (PGF2α), com consequente queda nos níveis sanguíneos de progesterona (P4), abaixo de 1 ng/ml, entre 12 e 36 horas após o início da regressão do corpo lúteo (CL), seja ela natural ou induzida (DIELEMAN et al., 1987). Segundo revisão de Moraes et al.(2002), o ciclo estral pode ser dividido em quatro fases, sendo o pró-estro com duração de aproximadamente 3 dias, estro de 6 a 18 horas, metaestro 2 dias e diestro 15 dias. O ciclo estral é dinâmico, havendo crescimento folicular constante durante todas as etapas (GONÇALVES et al., 2000; MORAES et al., 2002). As quantidades crescentes de estradiol secretadas pelos folículos ovarianos induzem o estro e através de retroalimentação positiva no eixo hipotalâmicohipofisário, há um pico na concentração do hormônio luteinizante (LH), com consequente ovulação e posterior formação do corpo lúteo. A presença do corpo lúteo caracteriza a fase luteínica do ciclo estral. Nesta fase, o corpo lúteo produz progesterona em quantidades crescentes, do quarto ao décimo dia do ciclo estral, se mantendo estável até que ocorra a luteólise, entre o décimo quinto e o vigésimo dia (HAFEZ, 1993). O estro é um complexo de sinais fisiológicos e comportamentais que ocorre momentos antes da ovulação. Estes sinais são induzidos pela elevação da concentração de estradiol na circulação, proveniente do folículo pré-ovulatório. A ação do estradiol é potencializada pela pré-exposição à progesterona, fato esse, que é lógico e não traz maiores consequências quando em um ciclo estral normal,
15 14 mas que tem implicações quando na indução de estro, notadamente durante períodos de anestro (MORAES et al., 2002). No período de 21 dias, os eventos ovarianos são dinâmicos e caracterizados por ondas foliculares, geralmente em numero de 2 a 3 ondas, em que um grupo de folículos antrais, estimulados pelo hormônio folículo estimulante (FSH), crescem em média 3 dias (emergência folicular), até que o futuro folículo dominante emerge e os subordinados entram em atresia (divergência folicular) (GONÇALVES et al., 2000). O entendimento da fisiologia do ciclo estral bovino possibilitou a melhora na eficiência reprodutiva das fêmeas bovinas, por meio de alterações ou modificações no ciclo estral e pela interferência na sequência cronológica natural das ondas foliculares dentro de um ciclo, bem como por alterações nas fases dentro de cada onda de crescimento folicular (BINELLI, 2006). 3.2 Maturidade Reprodutiva O primeiro acasalamento da novilha passa obrigatoriamente pela idade à puberdade, que é uma característica considerada de baixa herdabilidade e assim como as demais características reprodutivas, dependente de fatores ambientais, entre os quais, o nível nutricional exerce maior efeito. De um modo geral, a novilha está apta para o acasalamento ao alcançar, no mínimo, 60 a 65% do peso vivo da vaca adulta. No entanto, para as raças sintéticas, nos cruzamentos entre raças britânicas e zebuínas, esse percentual pode ser levemente superior (BARCELLOS et al., 2003). Somente quando as novilhas atingem um peso alvo, pré-determinado geneticamente, altas taxas de prenhes podem ser obtidas (PATTERSON et al., 1990). 3.3 Inseminação artificial a tempo fixo (IATF) A inseminação artificial é uma técnica consagrada e viável para acelerar o avanço genético e o retorno econômico da bovinocultura. Entretanto, em todo o
16 15 mundo, existem relatos que indicam a baixa taxa de serviços em bovinos, devido principalmente, a comprometimentos na eficiência da detecção de estros. Este problema é ainda mais destacado em rebanhos Bos indicus ou suas cruzas, devido às particularidades no comportamento reprodutivo, como cio de curta duração e elevada porcentagem de manifestação noturna (BARUSELLI, 2004; BÓ et al., 2003). Para evitar os problemas da detecção de cios em rebanhos de cria, foram desenvolvidos os protocolos de sincronização, que permitem inseminar um grande número de animais num período de tempo estabelecido. Estes tratamentos são conhecidos como protocolos de inseminação artificial a tempo fixo (IATF) em que se utilizam combinações de hormônios (BARUSELLI, 2004; BÓ et al., 2003). Dentre alguns dos hormônios utilizados nos protocolos de sincronização em vacas no pós-parto estão os progestágenos, estrógenos, bem como a prostaglandina e a gonadotrofina coriônica equina. As associações feitas com estes hormônios visam aumentar a fertilidade do estro induzido e a precisão do momento da ovulação, quando a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é utilizada (BARUSELLI, 2004; BÓ et al., 2003). 3.4 Hormônios utilizados na IATF Progestágenos Acredita-se que após o parto, as vacas necessitem de um primeiro contato com a progesterona para desenvolver um corpo lúteo com vida funcional normal (BARROS et al., 2004). Rhodes et al. (2003), registraram a hipótese de que o tratamento com progestágenos estimula o desenvolvimento e maturação de folículos dominantes, em vacas em anestro, por aumentar a secreção de LH, estimular o desenvolvimento de receptores de LH e a síntese de estradiol. Tratamentos com progestágenos induzem à puberdade quando administrados próximos ao tempo em que esta ocorreria normalmente, sendo mais efetivos quando combinados a dietas com alto conteúdo energético (PATTERSON et al., 1990; GREGORY & ROCHA, 2004).
17 16 Existem diferenças na fisiologia reprodutiva entre Bos taurus e Bos indicus, o que pode determinar melhor reposta à sincronização. Uma das diferenças marcantes está relacionada aos níveis de progesterona durante o ciclo estral. Fêmeas Bos indicus apresentam níveis de progesterona circulante inferiores as fêmeas Bos taurus (PATTERSON et al., 1990). Existem no mercado, dois tipos de implantes de progesterona e/ou progestágenos para sincronização de cio e ovulação: implantes vaginais e via auricular subcutânea. Nos protocolos atuais de sincronização do estro, a utilização dos progestágenos está sempre associada a outros hormônios, como por exemplo, valerato de estradiol (VE), benzoato de estradiol (BE), cipionato de estradiol (ECP), prostaglandina (PGF2α) e Gonadotrofina Coriônica Equina (ecg) (COLAZO et al., 2003) Estrógenos Os estrógenos são indutores da ovulação. Existem várias moléculas de estrógenos disponíveis no mercado para utilização em protocolos de sincronização de cio. Os principais são: 17β estradiol, benzoato de estradiol (BE), valerato de estradiol (VE) e o cipionato de estradiol (ECP). Cada um deles tem um metabolismo diferente, alterando sua meia vida (BINELLI, 2006). Normalmente os estrógenos estão sempre associados aos progestágenos nos protocolos de sincronização de cio. Sua ação é independente do estágio do ciclo estral ou da onda de desenvolvimento folicular. A aplicação de estrógeno causa inicialmente uma supressão na secreção tanto de FSH como LH, levando a atresia dos folículos. Em consequência disso, segue um pico de FSH e o recrutamento de uma nova onda (BINELLI, 2006). A associação de estrógenos aos tratamentos com progestágenos e/ou progesterona, provoca atresia do folículo dominante e induz a emergência de uma nova onda de crescimento folicular, 3 a 4 dias após sua aplicação (Bó et al., 2003). Também impede a formação de folículos persistentes, que interferem na eficiência do tratamento (BARUSELLI, 2004).
18 17 Nos protocolos de IATF, normalmente o Benzoato de Estradiol é aplicado junto com a colocação do implante de progesterona e outra sete a oito dias após, no momento da retirada do implante. Normalmente induz a ovulação entre 24 a 32 horas após sua aplicação (MAPLETOFT et al., 2008). Apesar do Cipionato de estradiol não ser tão efetivo para sincronizar a emergência de uma nova onda de crescimento folicular, pode ser utilizado para reduzir o número de manejos que devem ser feitos com as vacas numa sincronização de estro para IATF ou transferência de embriões. (COLAZO et al., 2003) Prostaglandina As prostaglandinas foram inicialmente detectadas no líquido seminal de carneiros, possivelmente secretadas pela próstata. São sintetizadas em inúmeras células, quando requisitadas, não são armazenadas e tem meia vida biológica muito curta (SOUZA et al., 1998). Os análogos sintéticos são mais potentes que as prostaglandinas naturais e funcionam como agentes luteolíticos em vacas que estão ciclando normalmente, determinando a queda dos níveis de progesterona, o desenvolvimento do folículo terminal e o pico de LH dentro de três dias (SOUZA et al., 1998). A prostaglandina é um hormônio muito utilizado para controle do ciclo estral, atuando por meio da regressão do corpo lúteo. É aplicada por via intramuscular entre os dias 6 a 17 do ciclo estral. Entretanto a PGF2α controla somente a regressão do corpo lúteo, sem alteração do crescimento folicular (VASCONCELOS, 2000). Quando a luteólise é induzida por tratamento com PGF2α, o começo do cio é distribuído por um período de seis dias. Essa variação é devida ao nível folicular dos ovários na hora do tratamento (MAPLETOFT et al., 2008). COLAZO et al. (2003), afirmaram que o estro decorrente da aplicação de PGF2α depende da fase de desenvolvimento do folículo no momento da aplicação.
19 Gonadotrofina Coriônica Equina (ecg) O ecg é um fármaco de meia vida longa (até três dias), produzido nos cálices endometriais da égua prenha e se liga aos receptores de LH do corpo lúteo. O ecg cria condições de crescimento folicular e de ovulação. Seu uso tem se mostrado compensador em rebanhos de baixa taxa de ciclicidade, animais recémparidos (período pós-parto menor que 60 dias) e animais com condição corporal comprometida. Animais com boas condições corporais apresentam alta taxa de ciclicidade, o que dispensa o tratamento com ecg (BARUSELLI, 2004).
20 19 4. RELATO DE CASO A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) é uma técnica muito empregada hoje em diversas propriedades no Brasil e no mundo, a técnica estabelece estação de monta, reduzindo a mão-de-obra (observação do cio), concentrando as atividades, facilitando o manejo e viabilizando a inseminação artificial, já que ocorre a diminuição do anestro pós-parto (intervalo para a apresentação do cio após o parto). Além disso, a técnica permite que o produtor trabalhe com progênie superior de animais, com DEP s (Diferença Esperada na Progênie) positivas para variar características físicas e fisiológicas desejadas para o seu rebanho, viabilizando a introdução de material genético superior e aumentando os níveis de produtividade. Dessa forma, foi selecionada uma propriedade especializada na criação de bovinos 1\2 Nelore x 1\2 Aberdeen Angus, com fins lucrativos para a produção de carne. Foi realizada a palpação retal para diagnosticar gestação em 207 vacas Nelore, sendo que após o exame, foi concluído que 81 vacas encontravam-se não gestantes. Esses animais estavam em boas condições sanitárias, com escore corporal médio de 3,0 (escala de 1 a 5) e paridas há mais de quarenta e cinco dias. Os 81 animais foram separados em um lote, e se procedeu a IATF, o protocolo utilizado foi: introdução de dispositivo intravaginal contendo 0,558 gramas (g) de progesterona (P4) (CRONIPRES MONO DOSE M-24), associado à injeção intramuscular de 2,0 (dois) miligramas (mg) de Benzoato de Estradiol (BE) (BIOESTROGEN ), em dia aleatório do ciclo estral (D0). Oito dias mais tarde (D8), retirou-se o dispositivo intravaginal de P4 associado à injeção intramuscular de 2 (dois) mililitros (ml) (150 µg) de prostaglandina F2α (PGF2α) (CRONIBEN ), mais 1,5 (um e meio) mililitros (ml) ou 300 unidades internacionais (UI) de Gonadotrofina Coriônica equina (ecg) (ECEGON 5.000UI) por via intramuscular, no dia nove (D9) injeção intramuscular de 1,0 (um) miligrama (mg) de Benzoato de Estradiol (BIOESTROGEN ). E após 52 horas da retirada do implante, realizou-se a IATF com sêmen de touros da raça Aberdeen Angus.
21 20 TABELA 2 - Protocolo de IATF realizado. DIA 0 (8:00 hs) DIA 8 (8:00 hs) DIA 9 (8:00 hs) DIA 10 (14:00 hs) 2 ml BE + Retirar Disp. P4 + Introdução 2 ml PGF2α + 1mL BE Inseminar Disp. Progest. P4 1,5 ml ecg FONTE: Acervo pessoal BIOESTROGEN (BE) - Sincroniza a ovulação para programas de IATF. CRONIPRES (P4) - Sincroniza e induz a ovulação para programas de IATF. CRONIBEN (PGF2α) - Sincroniza e induz o cio para programas de IATF. ECEGON (ecg) - Aumenta a taxa de crescimento diário e total do folículo dominante, aumenta o volume do corpo lúteo, gera maiores taxas de ovulação para programas de IATF.
22 21 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados mostram os bons resultados do programa de IATF a campo, com taxa de prenhez de 57%. Os 81 animais que se procedeu a IATF, 46 animais apresentaram prenhes positiva, através do diagnóstico com aparelho ultrassom (US), 35 dias após á inseminação. O restante dos animais, que não apresentaram prenhez, foi descartado, destinados ao abatedouro frigorifico. BARUSELLI (2014) afirma que, protocolos hormonais utilizados corretamente, resultam taxas de prenhes em vacas ao redor de 50 a 60%. A técnica estabelece estação de monta (período do ano em que submetemos as matrizes aptas à reprodução), reduzindo a mão-de-obra (observação do cio), concentrando as atividades, facilitando o manejo e viabilizando a inseminação artificial.
23 22 6. CONCLUSÃO Esse programa resulta no aumento de animais nascidos por inseminação e a diminuição do intervalo entre partos, tudo isso facilitado pela possibilidade de realização de um trabalho agendado e de curta duração, permitindo aos criadores de bovinos ampliarem a sua produtividade, podendo obter da sua matriz uma gestação por ano e obviamente maior lucro na sua propriedade. A IATF é uma tendência mundial e uma ferramenta importante para o desenvolvimento da pecuária no Brasil, porque une o melhoramento genético com a produção em escala.
24 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELLOS, J.O.J.; COSTA, E.C; SEMMELMANN, C.E.N. Manejo nutricional da novilha de corte até o primeiro acasalamento. 2º Simpósio de Reprodução de Bovinos, Porto Alegre - RS, p.4-27, BARROS, C.M.; ERENO, R.L. Avanços em tratamentos hormonais para a inseminação artificial com tempo fixo (IATF) em bovinos de corte. v.32, p.23-34, BÓ, G. A.; BARUSELLI, P.S.; MARTINEZ, M. F. Pattern and manipulation of follicular development in Bos indicus cattle. Animal Reproduction Science, v.78, p , BINELLI, M.; THATCHER W.W.; MATTOS R.; BARUSELLI, P.S. Antiluteolytic strategies to improve fertility in cattle. Theriogenology. p , BARUSELLI, P.S. Inseminação artificial em tempo fixo em bovinos de corte. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, p , COLAZO, M.G.; KASTELIC, J.P.; MAPLETOF, R.J. Estradiol cypionate (ECP) on ovarian follicular dynamics, synchrony of ovulation, and fertility in CIDR-B based, fixed time AI in beef heifers. Theriogenology, v.60, p , DIELEMAN S.J.; BEVERS M.M.; GIELEN J.T.H. Increase of the number of ovulations in PMSG/PG-treated cows by administration of monoclonal anti-pmsg shortly after the endogenous LH peak. Theriogenology, 27: MAPLETOFT, R.J.; BÓ, G.A.; ADAMS, G.P. Techniques for synchronization of follicular wave emergence and ovulation: Past, present and future. In III Simpósio Internacional de Reprodução Animal Aplicada, Londrina - PR, p.15-25, MORAES, J.C.F. Controle da reprodução em bovinos de corte. I simpósio de Reprodução Bovina - Sincronização de Estros em Bovinos, Porto Alegre - RS, p.32-40, PATTERSON, D.J.; CORAH, L.R. & BRETHOUR, J.R. Response of prepubertal Bos taurus and Bos indicus x Bos taurus heifers to melengestrol acetate with or without gonadotropin-releasing hormone. Theriogenology, v.33, n.3, p , RHODES, F. M.; MACDOUGALL, S.; BURKE, C. R. Treatment of cows with an postpartum anestrous interval Journal Animal Science, v. 86, p , SOUZA, C.J.H.; MORAES J.C.F. Manual de sincronização de cios em ovinos e bovinos. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA Pecuária Sul, v VASCONCELOS, J.L.M. Controle do estro e da ovulação visando à inseminação
25 24 artificial em tempo fixo em bovinos de leite In Controle Farmacológico do Ciclo Estral em Ruminantes, São Paulo, p , GONÇALVES, P.B.D.; NEVES, J.P; OLIVEIRA, J.F.C. Fisiologia do ciclo estral. Simpósio Avanços na Reprodução Bovina, Pelotas-RS. Anais..., Editora Universitária, Universidade Federal de Pelotas. p.11-24, GREGORY, R.M & ROCHA, D.C. Protocolos de sincronização e indução de estros em vacas de corte no Rio Grande do Sul. 1º Simpósio Internacional de Reprodução Animal Aplicada, Londrina - PR, p , HAFEZ, E.S.E. Reproduction in farm animals. 6º Ed. Philadelphia, Lea & Febiger, p.585, 1993.
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