AULA 03 PELAGIANISMO E AGOSTINIANISMO.

Transcrição

1 A PREDESTINAÇÃO NA HISTÓRIA DA IGREJA ANTIGA AULA 03 PELAGIANISMO E AGOSTINIANISMO. PROFESSOR: THIAGO TITILLO

2 PELAGIANISMO Pelágio foi um monge bretão de intelecto aguçado: autodidata, perseguiu a virtude e se tornou um popular professor em Roma, onde expôs suas ideias. Ele ficou escandalizado com a oração de Agostinho: dá o que ordenas e ordenas o que querer (Confissões, e 31). Tais palavras pareciam denunciar que o homem é incapaz de cumprir por si mesmo os mandamentos de Deus. Assim, os homens poderiam se desculpar em suas próprias fraquezas para desobedecerem a Deus.

3 PELAGIANISMO As principais acusações que recaíam sobre Pelágio eram que ele: 1) negava o pecado original; 2) negava a necessidade da graça para a salvação; 3) defendia a possibilidade de impecabilidade do homem sem a graça de Deus; 4) negava a necessidade do batismo infantil. Para Pelágio, o pecado não tem origem na natureza decaída que herdamos dos nossos primeiros pais, mas no mau exemplo: Porque nenhuma outra causa faz com que tenhamos dificuldades de fazer o bem do que o longo costume dos vícios que nos infectam desde a infância e gradualmente, através dos anos, nos corrompem e, assim, nos mantém obrigados e devotados a eles, parecendo, de alguma forma, ter a força da natureza (Carta a Demétrio, 8).

4 PELAGIANISMO Harnack listou dezessete premissas do sistema pelagiano: 1. Os mais altos atributos de Deus são justiçae retidão. 2. Tudo o que Deus criou é bom. 3. Como algo criado, a natureza não pode ser mudada em sua essência. 4. A natureza humana é inalteravelmente boa. 5. O mal é um ato que nós podemos evitar. 6. O pecado vem via armadilhas satânicas e concupiscência sensual. 7. Pode haver homens sem pecado. 8. Adão foi criado com livre-arbítrio e santidade natural. 9. Adão pecou por livre vontade. 10. A descendência de Adão não herdou dele morte natural. 11. Nem o pecado de Adão nem sua culpa foram transmitidos. 12. Todos os homens são criados como Adão era antes da queda. 13. O hábito de pecar enfraquece a vontade. 14. A graça de Deus facilitaa vontade, mas não é necessária para sealcança-la. 15. A graça da Lei de Deus ilumina e instrui. 16. Cristo trabalha principalmente pelo seu exemplo. 17. A graça é dada de acordo com a justiça e mérito.

5 AGOSTINIANISMO Agostinianismo é o nome dado ao sistema doutrinário fundamentado na teologia madura de Agostinho de Tagaste ( ), bispo de Hipona. Suas doutrinas da natureza humana caída do homem e da soberania absoluta de Deus foram, em alguma medida, determinadas pelos ensinamentos perniciosos de Pelágio, e também por sua própria experiência religiosa.

6 AGOSTINIANISMO Dois pontos importantes da teologia de Agostinho são as distinções do livre-arbítrio do homem quando foi criado, após a queda e após a redenção final. O homem foi criado por Deus com verdadeiro livre-arbítrio, a saber, a capacidade de não pecar e [não] morrer e a capacidade de pecar e morrer (posse non peccare et mori e posse pecare et mori). Como consequência da queda, o livrearbítrio foi prejudicado e o homem tornou-se incapaz de não pecar e [não] morrer (non posse non peccare et mori). No céu, porém, todos os santos desfrutarão do livre-arbítrio no seu mais alto grau, isto é, a incapacidade de pecar e morrer (non posse peccare et mori) (ver A cidade de Deus, e A correção e a graça, XII, 33).

7 AGOSTINIANISMO O segundo ponto tem a ver com a entrada do mal no mundo. Como uma criação perfeita poderia dar lugar ao mal? A natureza criada ex nihilo é inferior ao seu Criador e passível de corrupção. Isto porque o homem foi criado com livre-arbítrio, podendo escolher um bem inferior daquele pretendido por Deus. A origem do mal é, portanto, o afastamento, corrupção e ausência do bem o mal uso do livre-arbítrio.

8 AGOSTINIANISMO O sistema agostiniano é resumido pelo teólogo Charles Hodge, como segue: (1.) Que a glória de Deus, ou a manifestação de suas perfeições, é o fim supremo e último de todas as coisas. (2.) Para esse fim Deus propôs a criação do universo e todo o plano da providência e da redenção. (3.) Que ele pôs o homem em estado de provação, fazendo de Adão seu primeiro pai, o cabeça e representante. (4.) Que a queda de Adão conduziu toda a sua posteridade a um estado de condenação, pecado e miséria, do qual ela é completamente incapaz de livrar-se. (5.) Da massa de homens caídos, Deus elegeu um incontável número para a vida eterna, e deixou o restante do gênero humano entregue à justa recompensa de seus pecados. (6.) Que a base desta eleição não é a previsão de algo na primeira classe, mas o beneplácito de Deus. (7.) Que Deus, para a salvação dos assim escolhidos para a vida eterna, deu seu Filho Unigênito, para que se tornasse homem, e obedecesse e padecesse por seu povo, fazendo assim plena satisfação pelo pecado e introduzindo a justiça eterna, assegurando definitiva e absolutamente a salvação dos eleitos. (8.) Que embora o Espírito Santo, em suas operações comuns, esteja presente com cada pessoa, enquanto ela viver, reprimindo o mal e induzindo ao bem, seu poder certamente eficaz e salvador é exercido exclusivamente a favor dos eleitos. (9.) Que todos aqueles a quem Deus tem assim escolhido para a vida, e pelos que Cristo entregou a si mesmo de maneira específica no pacto da redenção, serão certamente levados (a não ser que morram na infância) ao conhecimento da verdade, ao exercício da fé e à perseverança na santidade até o fim.

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