MAPEAMENTO DAS TECNOLOGIAS DO SETOR DE CORANTES E TINTAS POR MEIO DE DOCUMENTOS PATENTÁRIOS DEPOSITADOS NO BRASIL
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1 P á g i n a 1 13 a 15 outubro de 2015 Transamerica Expo Center São Paulo SP Sustentabilidade é a questão-chave no Congresso de Tintas MAPEAMENTO DAS TECNOLOGIAS DO SETOR DE CORANTES E TINTAS POR MEIO DE DOCUMENTOS PATENTÁRIOS DEPOSITADOS NO BRASIL Martinez, Maria Elisa Marciano (melisa@inpi.gov.br) Almeida, Mauricio Da Silva Martins (msma@inpi.gov.br) Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) Rua São Bento, 1 16 andar DIRPA/DITEX - Centro - Rio de Janeiro/RJ - CEP: RESUMO O objetivo desse artigo é oferecer subsídios e reforçar o apoio à tomada de decisões baseadas em fatos importantes e evidências concretas sobre a dinâmica do desenvolvimento tecnológico do setor de corantes e tintas em território nacional por meio de mapeamento de documentos de patentes depositados no Brasil entre 2004 e 2008, avaliando a evolução das tecnologias envolvidas nesse setor. Para a execução do panorama das tecnologias desse setor foram inicialmente utilizados os dados dos documentos patentários extraídos da base do INPI-BR de abrangência nacional, utilizando os seguintes critérios: (1º) país = BR; (2º) IPC: sub-classes C09B, C09C e C09D ; grupos C09D5, C09D11 e C09D ; (3º); período: entre 2004 e Nos resultados obtidos, as principais tecnologias relacionadas a esse setor são: composições de revestimento, p. ex., tintas, vernizes ou lacas; pastas de enchimento; removedores químicos de tintas para pintar ou imprimir; tintas para imprimir; líquidos corretivos; corantes para madeira; pastas ou sólidos para colorir ou imprimir; uso de materiais para esse fim ( C09D ), principalmente: composições de revestimento, p. ex., tintas, vernizes ou lacas caracterizadas por sua natureza física ou efeitos produzidos; pastas de enchimento ( C09D5 ). A principal forma de depósito utilizada é a PCT, depósito internacional, seguido pelo depósito de residentes no Brasil. Quanto aos países de origem, temos uma distribuição fortemente concentrada, uma vez que os quatro primeiros países detêm 83% dos documentos patentários depositados. São eles: Estados Unidos (40%), Alemanha (25%), Brasil (9%) e China (9%). O mapeamento nos mostra que a tecnologia encontra-se de forma levemente concentrada, pois 59% do mercado pertencem a 12 detentores dos documentos patentários, tendo como principais CIBA e BASF. PALAVRAS-CHAVE: Tintas, Patentes, Mapeamento Tecnológico. 1. INTRODUÇÃO
2 P á g i n a 2 O setor de corantes e tintas possui centenas de fabricantes, de grande, médio e pequeno porte, espalhados por todo o país. Os dez maiores fabricantes respondem por 75% do total das vendas. Fabricam-se no país tintas destinadas a todas as aplicações, com tecnologia de ponta e grau de competência técnica comparável à dos mais avançados centros mundiais de produção. Os grandes fornecedores mundiais de matérias-primas e insumos para tintas estão presentes no país, de modo direto ou através de seus representantes, juntamente com empresas nacionais, muitas delas detentoras de alta tecnologia e com perfil exportador. Sendo o Brasil um dos cinco maiores mercados mundiais para tintas (ABRAFITI, 2014). O primeiro documento patentário se trata de um depósito feito na Espanha em 7 de agosto de 1827 por Hidalgo y Martin e Francisco de Paula com o título de Tinta Para Barnizar Botas Y Zapatos, Como La Usada En El Extranjero, reconhecida pelo número ES19(H3) (Espacenet, 2015). 2. DOCUMENTOS PATENTÁRIOS COMO FONTE DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA Os documentos patentários, dentre os documentos disponíveis nas bases de dados, detêm características que os tornam uma das mais ricas fontes de informações tecnológicas, uma vez que a descrição técnica detalhada da invenção é um dos pressupostos necessários pelo sistema internacional de patentes, os outros são: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Durante o período de vigência da patente, o titular tem o direito de excluir terceiros, sem sua prévia autorização, de atos relativos à matéria protegida, por exemplo: fabricação, comercialização, importação, uso e venda (INPI, 2014). Quanto à sua vigência jurídica, os documentos patentários podem ser classificados como: (i) documentos de pedidos de patente; e, (ii) Patentes (documentos de patentes concedidas). O primeiro conjunto de documentos refere-se aos documentos que são depositados em qualquer um escritório de patentes, enquanto que ao segundo conceito, imputa-se o entendimento do título outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação do invento, durante o período de sua vigência (INPI, 2014). Quanto ao depósito, os documentos patentários podem ser classificados como: (i) documentos de prioridade; e (ii) documentos da mesma família. O primeiro conjunto de documentos se refere ao primeiro depósito do documento daquela invenção antes de proteção ser estendida para outro/outros países; este depósito comumente é feito no escritório de patentes do país em que a invenção foi produzida, entretanto, ele pode ser feito em outro país em função da atratividade do processo de patenteamento deste país, da qualidade dos regulamentos de propriedade intelectual (regras e os custos de patenteamento), da reputação do escritório de patentes e das características gerais de economia (tamanho do mercado, por
3 P á g i n a 3 exemplo). Enquanto que o segundo conceito se refere aos depósitos feitos em outros países, garantidos pela Convenção de Paris 1 (OCDE, 2009). Da necessidade de se ter uma ferramenta de busca e recuperação de documentos de patente surgiu a Classificação Internacional de Patentes (IPC 2 ) que permite a indexação de um grande número de documentos, em diferentes idiomas e que não utilizam palavras com uniformidade. A IPC é um instrumento que possibilita a organização dos documentos de patente, usado com a finalidade de facilitar o acesso às informações tecnológicas e legais contidas nos mesmos. As versões mais atuais da IPC podem ser acessadas no site da WIPO (World Intellectual Property Organization) 3 (WIPO, 2012). Desta maneira, este artigo realiza um mapeamento tecnológico por meio do monitoramento de documentos de patentes depositados no Brasil por um período de cinco anos (2004 e 2008), avaliando a evolução das tecnologias envolvidas no setor de corantes e tintas, a fim de oferecer subsídios e reforçar o apoio à tomada de decisões baseadas em fatos importantes e evidências concretas sobre a dinâmica de desenvolvimento tecnológico desse setor em território nacional. 3. MÉTODOS Para a elaboração do panorama das tecnologias do setor de corantes e tintas foram utilizados os dados dos documentos patentários extraídos da base do INPI-BR de abrangência nacional. Nas buscas realizadas para recuperação de documentos patentários, em 2015, foram utilizados os seguintes critérios: (i) país = BR; (ii) classificação principal: classe C09 ; e, (iii) período: entre 2004 e Este período foi escolhido devido ao período de sigilo, de 18 meses, entre a data de depósito e a data de publicação, pois os pedidos só ficam disponíveis para consulta após o período de sigilo; e também devido ao prazo de 30 meses que os pedidos PCT 4 têm para dar entrada na fase nacional a partir da data de depósito. 1 A Convenção de Paris, que em 2005 que contava com 169 países membros, e garante o direito de prioridade para os depositantes de pedidos de patente em um dos países signatários desde que sejam depositados no exterior em até 12 meses. 2 A Classificação Internacional de Patentes (IPC) é um sistema hierárquico em que todos os setores tecnológicos são divididos em um número de seções, classes, subclasses, grupos e subgrupos. Este sistema é essencial para recuperar os documentos de patentes para a avaliação da novidade e atividade inventiva de uma invenção, ou para determinar o estado da arte em um campo específico da tecnologia e foi definido após o Acordo de Estrasburgo de 1971, que permitiu estabelecer uma classificação comum para patentes, modelos de utilidade e títulos semelhantes. 3 As versões mais atuais da IPC podem ser acessadas no site da WIPO ou diretamente pelo 4 O Tratado de Cooperação em matéria de Patentes (PCT) é um acordo internacional que facilita a obtenção da proteção da patente no exterior. Ele permite que através do depósito de um único pedido no escritório da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), seja possível obter o efeito de depósito destes pedidos em vários países simultaneamente,
4 P á g i n a 4 A partir dos documentos patentários recuperados levantou-se: número de documentos patentários depositados por ano e as principais tecnologias com base na classificação internacional de patente, tanto por ano quanto por tecnologias relevantes do setor de corantes e tintas; principais vias de depósito, países prioritários, depositantes e inventores. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram recuperados 916 documentos patentários empregando-se a metodologia de busca apresentada acima. A Figura 1 mostra a evolução temporal dos documentos patentários relacionadas ao setor de corantes e tintas (IPC, classe: "C09B, C09C e C09D ). Nesta pode ser observado um pico entre 2005 e Figura 1: Evolução temporal dos documentos patentários relacionadas ao setor de corantes e tintas. A partir do observado por MARTINEZ (2014) que a principal classe é o C09D - composições de revestimento, p. ex., tintas, vernizes ou lacas; pastas de enchimento; removedores químicos de tintas para pintar ou imprimir; tintas para imprimir; líquidos corretivos; corantes para madeira; pastas ou sólidos para mediante a designação dos países de interesse. O pedido PCT, possui a fase internacional, na qual é realizada uma busca internacional, pela repartição responsável que emite um Relatório de Busca Internacional, servindo de auxílio ao depositante para decidir-se pelo depósito de pedidos efetivo nos países designados (fases nacionais). O depositante pode, até o 19º mês, requerer a repartição internacional um exame preliminar, em que será analisado o pedido PCT quanto à novidade e a atividade inventiva antes da entrada nas fases nacionais. E tem o prazo de 30 meses, para ser feita a entrada nas fases nacionais nos países designados, a partir da data do depósito do pedido inicial (data de prioridade).
5 P á g i n a 5 colorir ou imprimir; uso de materiais para esse fim; e as principais sub-classes são: (i) C09D5 - composições de revestimento, p. ex., tintas, vernizes ou lacas caracterizadas por sua natureza física ou efeitos produzidos; Pastas de enchimento; (ii) "C09D11 - tintas; e (iii) C09D composições de revestimento à base de compostos macromoleculares orgânicos obtidos de outro modo que não por reações envolvendo somente ligações insaturadas carbono-carbono [5]. Foram elaboradas as figuras 2 e 3. A Figura 2 mostra a quantidade de documentos patentários no período de 2004 a 2008 em cada IPC apontada por MARTINEZ. A Figura 3 mostra a evolução temporal dos documentos patentários relacionadas ao setor de corantes e tintas da principal classes e sub-classes do IPC, mostrado na figura 2. Observa-se que a classe C09D apresenta um pico em 2006; e as sub-classes: (i) C09D5 - apresenta um pico em 2006; (ii) "C09D11 - apresenta um pico em 2005; e (iii) C09D apresenta um pico em Figura 2: Principais classes e sub-classes do IPC dos documentos patentários relacionadas ao setor de corantes e tintas.
6 P á g i n a 6 Figura 3: Evolução temporal dos documentos patentários da principal classe e principais sub-classes relacionadas ao setor de corantes e tintas As formas de depósito são: (a) PCT (Tratado de Cooperação de patentes), depósito internacional; (b) CUP (Convenção da União de Paris), depósito internacional de um único país; e, (c) depósito de residentes no Brasil. Conforme apresentado na Figura 4, as principais formas utilizadas são depósitos via PCT (Tratado de Cooperação de patentes), seguido de um equilíbrio entre via residentes no Brasil e via CUP (Convenção da União de Paris). Exceto para a sub-classe C09D5 que há desiquilíbrio entre nacionais e CUP, com favorecimento para via residentes no Brasil; e, para as sub-classes C09D11 e C09D em que o desequilíbrio favorece a via CUP.
7 P á g i n a 7 Figura 4: Via de depósito dos documentos patentários nos grupos da IPC relacionadas ao setor de corantes e tintas Quanto ao país de origem, conforme mostrado na Figura 5, observa-se um comportamento altamente concentrado uma vez que os quatro primeiros países detêm 83% dos documentos patentários depositados. São eles: Estados Unidos (40%), Alemanha (25%), Brasil (9%) e China (9%). Figura 5: País de origem dos documentos patentários relacionadas ao setor de corantes e tintas
8 P á g i n a 8 Com relação aos depositantes, conforme observado na figura 6 os depositantes estão concentrados, uma vez que os doze primeiros países detêm 59% dos documentos patentários depositados. Também pode ser observado que os principais depositantes são corporações internacionais, tais como: CIBA e BASF. Figura 6: Principais depositantes dos documentos patentários relacionadas ao setor de corantes e tintas. Com relação aos inventores, conforme observado na figura 7, os inventores estão distribuídos de forma fortemente dispersa.
9 P á g i n a 9 Figura 7: Principais inventores dos documentos patentários relacionadas ao setor de corantes e tintas. 5. CONCLUSÕES Com a elaboração deste panorama, pode-se demonstrar o potencial de informação estratégica contidas nesses documentos patentários para o processo de monitoramento tecnológico e gestão para as tecnologias que envolvem o setor de corantes e tintas. O mapeamento da evolução temporal dos depósitos dos documentos patentários nos mostra a evolução histórica da proteção patentearia de uma tecnologia sobre um tema/assunto ao longo dos anos, e, neste trabalho foi possível concluir que o número de depósitos no período de 2004 a 2008 apresenta um crescimento de Aprofundando nas tecnologias relacionadas a corantes e tintas por meio de documentos patentários, tem-se destaque as seguintes áreas: C09D - as principais tecnologias relacionadas a esse setor são: composições de revestimento, p. ex., tintas, vernizes ou lacas; pastas de enchimento; removedores químicos de tintas para pintar ou imprimir; tintas para imprimir; líquidos corretivos; corantes para madeira; pastas ou sólidos para colorir ou imprimir; uso de materiais para esse fim; principalmente: C09D5 - composições de revestimento, p. ex., tintas, vernizes ou lacas caracterizadas por sua natureza física ou efeitos produzidos; pastas de enchimento. Quanto à forma de depósito conclui-se que de modo geral a principal forma utilizada é a via PCT (Tratado de Cooperação de patentes), seguido de um equilíbrio entre via residentes no Brasil e via CUP (Convenção da União de Paris).
10 P á g i n a 10 Com relação aos países de origem, temos uma distribuição fortemente concentrada uma vez que os três primeiros países detêm 83% dos documentos patentários depositados. São eles: (i) Estados Unidos (40%), (ii) Alemanha (25%), (iii) Brasil (9%), e, (iv) China (9%). Quanto aos depositantes, conclui-se que estes se apresentam de modo concentrados, uma vez que os doze primeiros países detêm 59% dos documentos patentários depositados; e, que os principais depositantes são corporações internacionais, tais como: CIBA e BASF. Já os inventores apresentam-se de forma altamente pulverizada. A partir do acima exposto, pode ser concluído que a maioria dos documentos patentários relacionados ao setor de corantes e tintas são sobre composições de revestimento caracterizadas por sua natureza física ou efeitos produzidos; ou, pastas de enchimento ( C09D5 ) que a principal via utilizada para o depósito é via PCT (depósito internacional), tendo, como principal origem da invenção os Estados Unidos. 6. REFERÊNCIAS ABRAFATI, Disponível em: < ESPACENET, Disponível em: < cent=true&locale=en_ep&ft=d&date= &cc=es&nr=19h3&kc=h3>. INPI, Disponível em: < Acessado em 02/03/2014. MARTINEZ, Maria Elisa Marciano; SANTOS, Douglas Alves; REIS, Patrícia Carvalho dos; Mapeamento por meio de documentos patentários depositados no Brasil das tecnologias do setor de corantes e tintas. In: V International Symposium on Technological Innovation - ISTI, 2014, Aracaju. V International Symposium on Technological Innovation - ISTI, 2014, OCDE - Manual de patentes OECD Patent Statistics Manual, WIPO, Disponível em: < Acessado em 02 jul
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