Lago A Perímetro (m): 640 Área total (m 2 ): Ano de construção: Lago B Perímetro (m): 400 Área total (m 2 ): 9617 Ano de construção: 2005
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- Tomás Fontes Garrido
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1 FAUNA PISCÍCOLA DOS LAGOS DA MATA NACIONAL DAS DUNAS LITORAIS DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO Frederico Oliveira, Pedro Veiga, Luis Bentes, Pedro Monteiro e Jorge M.S. Gonçalves INTRODUÇÃO Os lagos existentes na Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António são reservatórios artificiais de água doce de média dimensão de carácter permanente (Figura 1). N De acordo com os responsáveis pela sua manutenção, estes lagos foram construídos nos anos 2 () e 2 () e para além da componente paisagística, teriam como principal função o abastecimento de água para operações de combate a incêndios. Apesar de relativamente recentes, estes lagos já demonstram alguma maturidade comprovada pela densa vegetação palustre circundante. Embora permaneçam fisicamente isolados, os lagos apresentam fauna piscícola que apenas pode ter sido introduzida por via humana. Até à data esta fauna permanecia desconhecida. O presente trabalho foi realizado para e com a colaboração da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António por diligência dos Drs. Anabela Resende e Luis Fonseca como forma de avaliar a fauna píscícola existente nestes lagos. Perímetro (m): Área total (m 2 ): 9617 Ano de construção: 2 MATERIAL E MÉTODOS Perímetro (m): 6 Área total (m 2 ): 1181 Ano de construção: 2 Figura 1. Localização geográfica e dimensões aproximadas dos lagos estudados.(imagens: Google earth 211) Em Fevereiro de 211 foi realizada uma campanha de amostragem para avaliar a fauna piscícola presente em cada lago. Para o efeito utilizou-se uma arte de pesca tradicional designada redinha. A redinha é uma arte do tipo envolventearrastante e a sua utilização é realizada sempre com uma embarcação de apoio. Uma ponta da redinha é segura na margem enquanto a embarcação vai estendendo a rede em semicírculo e regressando à margem. A rede é então alada manualmente para terra onde se recolhe a fauna capturada. Na presente amostragem foram efectuados 3 lances em cada lago utilizando uma redinha de 2m de comprimento por 3,m de altura (malha 9mm no saco). Os peixes de menor dimensão que não foram capturados 12 por este método foram recolhidos manualmente junto às margens utilizando 1 um balde de plástico como armadilha. 8 RESULTADOS No que respeita 6 aos parâmetros abióticos, os lagos apresentaram valores semelhantes, quer em temperatura (aprox. 13ºC) quer em salinidade (, ). No entanto foi 2 verificado que o apresentava níveis de oxigénio dissolvido superiores em 3% relativamente ao lago B (Figura 2) Temperatura ( C) Oxi (%) Oxigénio dissolvido (%) Figura 2. Parâmetros abióticos (temperatura, oxigénio dissolvido e salinidade) registados para cada Lago. Durante as operações de pesca também foi possível verificar que o se encontra colonizado por uma grande quantidade de vegetação submersa (essencialmente,,,3,2,1 Salinidade ( ) 1
2 2 Chara sp.). No, para além de alguns troncos afundados não foram observadas qualquer tipo de plantas nas amostras recolhidas. O tipo de fundo dos dois lagos também era relativamente diferente: o lago A apresenta uma profundidade média inferior (2-3 m no centro) e um substrato mais lodoso; o lago B apresenta maiores profundidades no centro (- m) e fundo arenoso. Nos dois lagos amostrados foram capturados no total 7 indivíduos pertencentes a 3 espécies de peixes dulciaquícolas. Das espécies identificadas apenas uma foi capturada em ambos os lagos: o peixe-mosquito, Gambusia holbrooki (7 no e 18 no ). As duas restantes espécies ocupam lagos diferentes, o Achigã (Micropterus salmoides) só ocorreu no, enquanto a Perca-sol (Lepomis gibbosus) ocorreu apenas o (Tabela I). Tabela I. Espécies registadas e respectivo número de indivíduos capturado para cada lago amostrado. Espécie Total Micropterus salmoides Lepomis gibbosus 3 3 Total Excluindo Gambusia holbrooki, que tem uma distribuição ubíqua em ambos os lagos, a densidade média de indivíduos existentes no (28 indivíduos/1m 2 ) foi mais de vezes superior ao (6 indivíduos/1m 2 ) (Figura 3). indivíduos/1m Oxi (%) Figura 3. Densidade média estimada (indivíduos/1m 2 ) de peixes nos lagos estudados (- Micropterus salmoides; Lago B- Lepomis gibbosus) excluindo Gambusia holbrooki. As amostras recolhidas no permitiram analisar a estrutura da população de Micropterus salmoides (Figura ). No entanto não foram recolhidos indivíduos suficientes para que a mesma análise fosse realizada para o. O comprimento total médio dos indivíduos de achigã capturados no foi de 16,7cm (±,cm), variando entre um comprimento total mínimo de 12,cm e máximo de 29,1cm (Figura ) Comprimento total (cm) Figura. Distribuição de comprimentos por classes de tamanho (1cm) de Micropterus salmoides capturados no. A maioria dos indivíduos capturados (76%) situaram-se abaixo dos 17cm, com as classes de tamanho 12cm e 13cm a serem as mais representadas com 8 e 7 indivíduos, respectivamente. De acordo com a bibliografia consultada os indivíduos de menor dimensão (classes 12 e 13cm) serão de idade, ou seja, ainda não completaram o 1º ano de vida. Os indivíduos das classes 1 a 16 terão idade 1, enquanto que os restantes indivíduos de maiores dimensões serão já espécimens maturos com idades de 2-3 anos e que provavelmente já se reproduzem (em Portugal a época de reprodução estende-se de Maio a Julho). CONCLUSÕES A fauna piscícola encontrada nos lagos da Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António é composta exclusivamente por espécies exóticas. As três espécies capturadas: o Peixe-mosquito (Gambusia holbrooki), o Achigã (Micropterus salmoides) e a Percasol (Lepomis gibbosus), são originárias da América do Norte e as suas primeiras introduções em Portugal estão relativamente bem documentadas. Estas espécies encontraram características ambientais em Portugal bastante propícias ao seu desenvolvimento, de tal modo que em diversos sistemas dulciaquícolas nacionais tornaramse rapidamente invasoras provocando o declínio de muitas
3 espécies nativas. Estas espécies exóticas não só competem pelos mesmos recursos que as espécies autóctones como se alimentam de muita dessa fauna (peixes, anfíbios e invertebrados). Este aspecto deve ser considerado e deve garantir-se que os lagos permaneçam fisicamente isolados de qualquer curso de água natural ou artificial que conduza estas espécies à sua expansão. O, mais velho e de maiores dimensões, demonstrou melhores condições para a fauna aquática, pois apresenta uma elevada abundância de vegetação submersa (essencialmente Chara sp.). A existência desta vegetação não só influencia os níveis elevados de oxigénio dissolvido registados neste lago como proporciona habitat e esconderijo para os peixes juvenis e de menor dimensão. Adicionalmente esta vegetação submersa alberga uma fauna invertebrada variada que serve de alimento aos peixes e recicla os nutrientes provenientes da degradação orgânica. Neste lago verificou-se a existência de vários juvenis de Micropterus salmoides com idade, o que significa que já existiu pelo menos uma época de reprodução. Também foram capturados exemplares de maiores dimensões com idades de 1 a 3 anos, indicando que este lago apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento desta espécie. Não é de excluir a hipótese da existência de índividuos mais velhos neste lago, pois de acordo com os responsáveis pela manutenção, ocasionalmente são avistados peixes de grande dimensão junto da superfície. Deve também referir-se que peixes de grande dimensão e de maior mobilidade conseguem evitar a arte utilizada. Comparativamente, o apresentou densidades muito baixas com apenas 3 peixes capturados. Este lago é mais recente e provavelmente a espécie Lepomis gibbosus ainda não teve tempo de se estabelecer. Neste lago só foram capturados juvenis (entre,8 e 6,cm). Seria conveniente colonizar este lago com alguma vegetação submersa, pois como foi referido anteriormente é um aspecto benéfico para a vida aquática e para a própria qualidade da água. Em ambos os lagos foram observados vários grupos de exemplares de Gambusia holbrooki junto das margens. Esta espécie é demasiado pequena para ser capturada na redinha e apenas foi possível recolher alguns indivíduos utilizando um balde como armadilha. Com este método não foi possível estimar as densidades existentes em cada lago embora seja possível afirmar que esta espécie está presente em grande número nos dois lagos (obs. pess.). Deve salientar-se por fim que a existência das espécies predadoras (Micropterus salmoides e Lepomis gibbosus) nos lagos, compromete a potencial colonização por populações dulciaquícolas nativas (nomeadamente anfíbios). AGRADECIMENTOS Ao Mestre Isidoro Costa pela colaboração e assistência na campanha de amostragem e aos Srs. Filipe Moniz, Paulo Monteiro e António Sereno, técnicos da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, pela cedência da embarcação e amabilidade com que nos receberam. BIBLIOGRAFIA C. ALMAÇA (199). Freshwater fish and their conservation in Portugal. Biological Conservation 72: F. RIBEIRO, M. J. COLLARES-PEREIRA, P. B. MOYLE (29). Non-native fish in the fresh waters of Portugal, Azores and Madeira Islands: a growing threat to aquatic biodiversity. Fisheries Management and Ecology, 16: G. H. PYKE (2). A review of the biology of Gambusia affinis and G. holbrooki. Reviews in Fish Biology and Fisheries 1: M. C. HENRIQUES (2). Estudo do regime alimentar do achigã, Micropterus salmoides (Lacepède, 182), e da perca-sol, Lepomis gibbosus (Linnaeus, 178), na Reserva Natural do Paul de Arzila, Baixo Mondego (Portugal). Relatório de Estágio, Instituto da Conservação da Natureza-Reserva Natural do Paul de Arzila. 18pp. O. L. F. WEYL, T. HECHT (1999) A successful population of largemouth bass, Micropterus salmoides, in a subtropical lake in Mozambique. Environmental Biology of Fishes, : S. LOWE, M. BROWNE, S. BOUDJELAS, M. DE POORTER (2). 1 of the World s Worst Invasive Alien Species-A selection from the Global Invasive Species Database. The Invasive Species Specialist Group (ISSG) a specialist group of the Species Survival Commission (SSC) of the World Conservation Union (IUCN), 12pp. V. RODRIGUEZ-SÁNCHEZ, L. ENCINA, A. RODRÍGUEZ- RUIZ, R. SÁNCHEZ-CARMONA (29). Largemouth bass, Micropterus salmoides, growth and reproduction in Primera de Palos lake (Huelva, Spain). Folia Zool. 8(): CONTACTOS jgoncal@ualg.pt Morada: FCT/CCMAR Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, Faro Portugal Tel: (Ext. 722/3); Fax:
4 ESPÉCIES PISCÍCOLAS DOS LAGOS MATA NACIONAL DAS DUNAS LITORAIS DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO Nome Científico: Gambusia holbrooki Girard, 189 Nome comum: Peixe-mosquito, gambusino Introdução em Portugal: Esta espécie de peixe foi introduzida no séc. XIX na bacia do rio Sado como biocontrolo, de modo a combater os mosquitos veículos da malária. Através de programas de dispersão acabou por colonizar vários cursos de água e lagos em todo o país. A G. affinis, uma espécie semelhante, é considerada pelo IUCN como uma das 1 piores espécies invasoras. Introdução nos Lagos: De acordo com os vigilantes da natureza, esta espécie foi introduzida propositadamente numa fase inicial dos lagos. Morfologia: Peixes de pequena dimensão, de coloração esbranquiçada com pontos pretos nas barbatanas e ao longo dos flancos do corpo. Dimorfismo sexual típico da Família Poeciliidae em que a barbatana anal dos machos está modificada como órgão copulador com os primeiros raios da barbatana bastante alongados. A fêmea é geralmente maior do que o macho. Habitat: Prefere águas pouco profundas e calmas com vegetação abundante. Bastante tolerantes em relação à qualidade da água. Reprodução: Espécie bastante prolífica. Alcança a maturidade com poucos meses de vida. A fecundação é interna. Os juvenis nascem praticamente formados após 1- dias de gestação, dependendo da temperatura da água. Dieta: Demonstram uma dieta flexível e variada adaptando-se às presas disponíveis no habitat. Alimentam-se preferencialmente de larvas de insecto, pequenos invertebrados e ovos e juvenis de peixes (incluindo juvenis da própria espécie). Tamanho máx: 8cm ; 3,cm
5 Nome Científico: Micropterus salmoides (Lacepède, 182) Nome Científico: Lepomis gibbosus (Linnaeus, 178) Nome comum: Achigã Introdução em Portugal: O achigã foi introduzido em Portugal Continental por volta de 19 como espécie de elevado valor para a pesca recreativa. Ao longo do tempo foi sendo introduzido em albufeiras, barragens e outros cursos de água por todo o país para dinamizar a pesca em águas interiores. Considerada pelo IUCN como uma das 1 piores espécies invasoras. Introdução nos Lagos: Desconhecida, provavelmente feita ilegalmente por pescadores desportivos de águas interiores. Morfologia: Peixes de corpo alongado e boca terminal grande onde a maxila inferior é proeminente. Pode atingir grandes dimensões. Coloração esverdeadaacastanhada com reflexos prateados e uma linha negra ao longo dos flancos desde o opérculo até ao pedúnculo caudal, ventre branco. Uma barbatana dorsal longa e dividida, com espinhos na primeira metade e raios moles na segunda. Habitat: Ocorre geralmente em zonas calmas de grandes massas de água onde predomina vegetação submersa. Reprodução: Alcançam a maturidade com 1-3 anos. O macho torna-se agressivo e territorial e escava um ninho no fundo em águas de pouca profundidade. A fecundação é externa. O macho guarda e ventila os ovos até à eclosão. Dieta: Em adultos são predadores vorazes alimentando-se essencialmente de peixes (incluindo indivíduos da própria espécie e espécies autóctones), crustáceos e anfíbios. Os juvenis começam por alimentar-se de pequenos invertebrados e alteram a sua dieta à medida que atingem maiores dimensões. Tamanho máx: 97 cm Nome comum: Perca-sol; Peixe-sol Introdução em Portugal: A Perca-sol foi introduzida na Europa em finais do séc. XIX como espécie ornamental. Em Portugal, as primeiras capturas datam de 1977, nos rios Tejo, Sado e Guadiana. Devido ao seu reduzido tamanho e à coloração exuberante é uma espécie apreciada para aquariofilia e é provavelmente a razão para a sua introdução e expansão. Introdução nos Lagos: Desconhecida, provavelmente feita ilegalmente. Morfologia: Peixes de corpo alto e comprimido lateralmente e de coloração exuberante com reflexos azuis iridescentes e ventre alaranjado. Apresenta no opérculo uma mancha negra de bordo laranja. Barbatana dorsal bem desenvolvida e longa, com espinhos na primeira metade e raios moles na segunda. Habitat: Ocorre numa grande variedade de habitats, como lagos, lagoas, ribeiros ou outros cursos de água. Evita águas movimentadas e prefere zonas de águas calmas e com vegetação. Reprodução: Comportamento reprodutor semelhante ao achigã. A fecundação é externa. O macho constrói e defende um ninho em zonas de pouca profundidade onde ventila os ovos até à eclosão. O macho guarda o ninho até este ser abandonado pelos alevins. Dieta: Alimentam-se preferencialmente de pequenos invertebrados e pequenos peixes assim como ovos de peixes. Referenciado como predador de ovos e alevins de achigã e espécies autóctones. Tamanho máx: cm
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