APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE E ODONTOLÓGICO.

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1 A C Ó R D Ã O 2ª Turma GMJRP/in APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE E ODONTOLÓGICO. A discussão dos autos se refere à suspensão dos planos de saúde e odontológico à empregada aposentada por invalidez. Nos termos do artigo 475 da CLT, durante a suspensão do contrato de trabalho, não existem as obrigações de prestação e contraprestação de serviços, o que não se estende às obrigações secundárias do contrato laboral, tais como o custeio dos planos de saúde e odontológico, sobretudo em se tratando de afastamento por motivo de doença. O fato de o contrato de trabalho estar suspenso em nada altera o direito da reclamante à assistência médica e odontológica, porquanto não está o reclamado desobrigado do cumprimento de todos os seus deveres contratuais, uma vez que o referido contrato se encontra em vigor. É impossível conceber que plano que assegure assistência médico-hospitalar, instituído pelo empregador, seja subtraído justamente no momento em que se faria necessário, ou seja, quando o empregado adoece e mais necessita da cobertura do plano de saúde. Registre-se, inclusive, que a jurisprudência desta egrégia Corte se firmou nesse sentido. Em decorrência dos debates realizados na denominada "2ª Semana do TST", no período de 10 a 14 de setembro de 2012, os Ministros componentes do Tribunal Pleno desta Corte decidiram editar a Súmula nº 440, de seguinte teor: "AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. RECONHECIMENTO DO DIREITO À MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE OU DE ASSISTÊNCIA MÉDICA - Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez". Recurso de revista conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente ADÉLIA ROSA DA SILVA ROCHA e Recorrido BANCO BRADESCO S.A. O agravo de instrumento interposto pela reclamante foi provido em sessão realizada em 02/10/2013,para determinar o processamento do recurso de revista. É o relatório. V O T O

2 AGRAVO DE INSTRUMENTO A Vice-Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, mediante o despacho de págs , negou seguimento ao recurso de revista da reclamante, alicerçandose nos seguintes fundamentos: "PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Tempestivo o recurso (decisão publicada em 21/06/ fl. 204; recurso apresentado em 29/06/ fl. 205). Regular a representação processual, fl(s). 7. Dispensado o preparo (fl. 193). PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS Aposentadoria e Pensão. Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Plano de Saúde. Alegação(ões): - violação do(s) art(s). 468 da CLT. - divergência jurisprudencial. Consta do v. Acórdão: 3. Da assistência médica. Aposentadoria por invalidez. Trata-se de ação proposta com o objetivo de restaurar o pagamento do plano de saúde e odontológico da autora e de seu dependente pelo réu após a sua aposentadoria por invalidez, bem como o pagamento de uma indenização pelos gastos com a utilização da medicina privada desde a suspensão do benefício, no valor de R$ 2.171,00. A reclamante afirma que a doença ocupacional adquirida no reclamado, pelo movimento repetitivo em condições não ergonômicas, levou ao afastamento até a aposentadoria por invalidez, sendo que discute o direito a uma indenização por acidente de trabalho, por danos morais e pensão mensal vitalícia, em demanda que tramita perante a mesma Vara do Trabalho de origem, em processo sob número O juízo de primeiro grau deferiu a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, determinando ao réu o restabelecimento imediato da assistência médica, sob pena de multa diária (fls. 33). Na sentença, essa decisão foi mantida e acrescida de indenização pelas despesas ocorridas no período no qual a autora não usufruiu o plano de saúde e odontológico (fls. 135). Ocorre que a análise da culpa do reclamado pela existência da patologia alegada não é objeto desta ação, uma vez que já está sendo avaliada na demanda anteriormente proposta, tanto que não se discutiu a questão nos presentes autos e é lá que a prova

3 técnica pericial está sendo produzida. Registre-se que se a culpa devesse ser apreciada nesta ação, seria necessário concluir pela litispendência ou, ao menos, pela conexão. A controvérsia funda-se, então, na existência ou não do direito à continuação do pagamento do plano de saúde pelo recorrente com o advento da suspensão do contrato de trabalho pela aposentadoria por invalidez. E, sob esse aspecto, não há previsão legal ou normativa que obrigue o réu. Assim, reformo a decisão, pois a suspensão do contrato de trabalho em razão desse tipo de afastamento desonera ambas as partes de quaisquer obrigações, devendo o réu somente oferecer o emprego na hipótese de recuperação para o trabalho, consoante a Súmula 160 do E. TST. Afasto a determinação para que o réu pague indefinidamente o plano de saúde e odontológico para a reclamante e seu dependente, bem como a questão dos gastos com consultas e exames, tornando a ação improcedente. 4. Isto posto, ACORDAM os Magistrados da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: conhecer do recurso e DAR-LHE PROVIMENTO, para tornar improcedente o pedido, excluindo a condenação para a restauração do plano de saúde e odontológico para a autora e seu dependente e os gastos com consultas e exames. Custas processuais em reversão pela reclamante, no importe de R$ 600,00, com base no valor atribuído à causa, de R$ ,00, isenta, diante da concessão dos benefícios da Justiça Gratuita pelo juízo de origem. Arestos provenientes de Turma do TST, deste Tribunal ou de órgão não elencado na alínea "a", do art. 896, da CLT, são inservíveis ao confronto de teses (CLT, art. 896 e OJ 111/SDI-I/TST). CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao Recurso de Revista." Os argumentos veiculados no recurso de revista são repisados nas razões de agravo de instrumento, oportunidade em que a reclamante também infirma os fundamentos do despacho agravado, aduzindo que a ofensa aos artigos 468 e 475 da CLT é literal e inequívoca e que há divergência hábil e específica ao conhecimento do recurso de revista. Reitera que a Súmula nº 160 do TST, citada pelo Regional, implica a suspensão das obrigações básicas inerentes ao contrato de trabalho, mas não das obrigações suplementares instituídas pelo empregador, como é o caso da assistência médica. Transcreve arestos para cotejo de teses. O Regional deu provimento ao recurso ordinário do reclamado, para julgar improcedente a pretensão contida na inicial, excluindo da condenação a restauração do plano de saúde o odontológico para a autora e seu dependente, bem

4 como gastos com consultas e exames. Eis os fundamentos: "Da assistência médica. Aposentadoria por invalidez. Trata-se de ação proposta com o objetivo de restaurar o pagamento do plano de saúde e odontológico da autora e de seu dependente pelo réu após a sua aposentadoria por invalidez, bem como o pagamento de uma indenização pelos gastos com a utilização da medicina privada desde a suspensão do benefício, no valor de R$ 2.171,00. A reclamante afirma que a doença ocupacional adquirida no reclamado, pelo movimento repetitivo em condições não ergonômicas, levou ao afastamento até a aposentadoria por invalidez, sendo que discute o direito a uma indenização por acidente de trabalho, por danos morais e pensão mensal vitalícia, em demanda que tramita perante a mesma Vara do Trabalho de origem, em processo sob número O juízo de primeiro grau deferiu a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, determinando ao réu o restabelecimento imediato da assistência médica, sob pena de multa diária (fls. 33). Na sentença, essa decisão foi mantida e acrescida de indenização pelas despesas ocorridas no período no qual a autora não usufruiu o plano de saúde e odontológico (fls. 135). Ocorre que a análise da culpa do reclamado pela existência da patologia alegada não é objeto desta ação, uma vez que já está sendo avaliada na demanda anteriormente proposta, tanto que não se discutiu a questão nos presentes autos e é lá que a prova técnica pericial está sendo produzida. Registre-se que se a culpa devesse ser apreciada nesta ação, seria necessário concluir pela litispendência ou, ao menos, pela conexão. A controvérsia funda-se, então, na existência ou não do direito à continuação do pagamento do plano de saúde pelo recorrente com o advento da suspensão do contrato de trabalho pela aposentadoria por invalidez. E, sob esse aspecto, não há previsão legal ou normativa que obrigue o réu. Assim, reformo a decisão, pois a suspensão do contrato de trabalho em razão desse tipo de afastamento desonera ambas as partes de quaisquer obrigações, devendo o réu somente oferecer o emprego na hipótese de recuperação para o trabalho, consoante a Súmula 160 do E. TST. Afasto a determinação para que o réu pague indefinidamente o plano de saúde e odontológico para a reclamante e seu dependente, bem como a questão dos gastos com consultas e exames, tornando a ação improcedente." (págs. 454 e 455). Os embargos de declaração interpostos pela reclamante foram rejeitados ao seguinte fundamento: "Não há omissão no acórdão se este trata expressamente do tema apontado. A omissão de que cuida o art. 535 do CPC diz respeito a ponto sobre o qual o acórdão deveria pronunciar-se, não o fazendo, mas não é o caso, pois a questão foi plenamente analisada no aresto ora guerreado, e transcreve-se:

5 "a controvérsia funda-se, então, na existência ou não do direito à continuação do pagamento do plano de saúde pelo recorrente com o advento da suspensão do contrato de trabalho pela aposentadoria por invalidez. E, sob esse aspecto, não há previsão legal ou normativa que obrigue o réu". Ademais, o Juízo não está limitado aos argumentos das partes, nem obrigado a rebater cada um deles. Rejeito." (pág. 468). A discussão dos autos se refere à suspensão dos planos de saúde e odontológico à empregada aposentada por invalidez. O agravo de instrumento merece provimento por divergência jurisprudencial, demonstrada por meio do paradigma citado às págs , oriundo da SBDI-1 desta Corte, cuja tese diverge da do Regional, de que a aposentadoria por invalidez não afasta o direito do empregado aposentado ao plano de saúde constituído pela empresa. O caput do artigo 475 da CLT dispõe: "O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício". Nos termos desse artigo, durante a suspensão do contrato de trabalho, não existem as obrigações de prestação e contraprestação de serviços, o que não se estende às obrigações secundárias do contrato laboral, tais como o custeio dos planos de saúde e odontológico, sobretudo em se tratando de afastamento por motivo de doença. Havendo apenas a suspensão do contrato de trabalho, e não a sua extinção, a reclamante continua a ser empregada da empresa, pelo que faz jus à permanência em plano de saúde e odontológico a que estava vinculada durante todo o contrato de trabalho. O fato de o contrato de trabalho estar suspenso em nada altera o direito da reclamante à assistência médica e odontológica, porquanto não está o reclamado desobrigado do cumprimento de todos os seus deveres contratuais, uma vez que o referido contrato se encontra em vigor. É impossível conceber que plano que assegure assistência médico-hospitalar, instituído pelo empregador, seja subtraído justamente no momento em que se faria necessário, ou seja, quando o empregado adoece e mais necessita da cobertura do plano de saúde.

6 Portanto, ante a evidente lesividade da alteração promovida pela empresa, ilegal a supressão do acesso aos planos de saúde e odontológico, aplicada à empregada. Em idêntico posicionamento, os seguintes precedentes da SBDI-1 e de Turmas desta Corte superior: "RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI /2007. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. PERCEBIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. EFEITOS. VIOLAÇÃO DE LEI. NÃO-CONFIGURAÇÃO. O direito ao plano de saúde, tal como usufruído antes da suspensão do contrato de trabalho, não decorre da prestação de serviços, mas diretamente do contrato de emprego, deve ser resguardado durante a percepção do benefício previdenciário. Recurso de embargos não conhecido." (E-RR , Rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 19/11/2010). "(...) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. PLANO DE SAÚDE E CONVÊNIO FARMÁCIA. MANUTENÇÃO. CONTRATO DE TRABALHO SUSPENSO. A jurisprudência desta Corte Superior vem consolidando entendimento no sentido de que a suspensão do contrato de trabalho, seja por aposentadoria por invalidez ou concessão de auxílio-doença, apenas importa em suspensão das obrigações principais do contrato de trabalho - como a prestação dos serviços e o pagamento de salário. Nessa linha, o direito de acesso ao plano de saúde (bem como o convênio farmácia) - por decorrer diretamente do contrato de emprego e não depender da prestação de serviços para a sua manutenção - deve ser resguardado enquanto durar a concessão do benefício previdenciário. Recurso de Revista não conhecido" (Processo: RR Data de Julgamento: 15/08/2012, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/08/2012). "RECURSO DE REVISTA - SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO - MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. Conforme entendimento desta Corte, o direito à manutenção do plano de saúde depende da permanência do vínculo de emprego, e não da prestação de serviço. Assim, operando-se a suspensão do contrato de trabalho, em decorrência do gozo de auxílio-doença, o Reclamante continua a ser empregado, pelo que faz jus à permanência no plano de saúde. Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (TST-RR-413/ , Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8.ª Turma, in DJ de 22/5/2009). "RECURSO DE REVISTA - ATO ILÍCITO - PLANO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA - SUPRESSÃO DO BENEFÍCIO - CONTRATO DE TRABALHO SUSPENSO - DANO MORAL CONFIGURADO. Embora seja comum entender-se que a suspensão é a sustação plena e absoluta de todas as cláusulas expressas e implícitas do contrato, há de se ressaltar que persistem em vigência algumas poucas obrigações do pacto empregatício. Trata-se, principalmente, de cláusulas que dizem respeito a condutas omissivas das partes, notadamente aquelas relacionadas à integridade física e moral do empregado, conforme o que dispõe o art. 483, 'e' e 'f', da CLT. Insere-se neste contexto a conservação do plano de assistência médica gerido pela empresa e que visa a resguardar precisamente aqueles que dele necessitam durante a enfermidade. Recurso de revista provido" (TST-RR- 582/ , Relator Ministro Maurício Godinho Delgado, 6.ª Turma, in DJ de 29/8/2008).

7 Esse é o posicionamento que se consolidou nesta Corte superior, aprovado na sessão do Tribunal Pleno de 14/09/2012, em decorrência das discussões travadas na "2ª Semana do TST", realizada de 10 a 14 de setembro deste ano, em que foi aprovada a edição da Súmula nº 440, que dispõe: "AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. RECONHECIMENTO DO DIREITO À MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE OU DE ASSISTÊNCIA MÉDICA - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez." Diante do exposto, estando demonstrada divergência jurisprudencial apta e específica ao confronto, dou provimento ao agravo de instrumento, para determinar o julgamento do recurso de revista na primeira sessão ordinária subsequente à data de publicação da certidão de julgamento deste agravo de instrumento, nos termos da Resolução Administrativa nº 1.418/2010. RECURSO DE REVISTA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE E ODONTOLÓGICO I - CONHECIMENTO O Regional deu provimento ao recurso ordinário do reclamado para julgar improcedente a pretensão contida na inicial, excluindo da condenação a restauração do plano de saúde o odontológico para a autora e seu dependente, bem como gastos com consultas e exames. Eis os fundamentos: "Da assistência médica. Aposentadoria por invalidez. Trata-se de ação proposta com o objetivo de restaurar o pagamento do plano de saúde e odontológico da autora e de seu dependente pelo réu após a sua aposentadoria por invalidez, bem como o pagamento de uma indenização pelos gastos com a utilização da medicina privada desde a suspensão do benefício, no valor de R$ 2.171,00. A reclamante afirma que a doença ocupacional adquirida no reclamado, pelo movimento repetitivo em condições não ergonômicas, levou ao afastamento até a aposentadoria por invalidez, sendo que discute o direito a uma indenização por acidente de trabalho, por danos morais e pensão mensal vitalícia, em demanda que tramita perante a mesma Vara do Trabalho de origem, em processo sob número O juízo de primeiro grau deferiu a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional,

8 determinando ao réu o restabelecimento imediato da assistência médica, sob pena de multa diária (fls. 33). Na sentença, essa decisão foi mantida e acrescida de indenização pelas despesas ocorridas no período no qual a autora não usufruiu o plano de saúde e odontológico (fls. 135). Ocorre que a análise da culpa do reclamado pela existência da patologia alegada não é objeto desta ação, uma vez que já está sendo avaliada na demanda anteriormente proposta, tanto que não se discutiu a questão nos presentes autos e é lá que a prova técnica pericial está sendo produzida. Registre-se que se a culpa devesse ser apreciada nesta ação, seria necessário concluir pela litispendência ou, ao menos, pela conexão. A controvérsia funda-se, então, na existência ou não do direito à continuação do pagamento do plano de saúde pelo recorrente com o advento da suspensão do contrato de trabalho pela aposentadoria por invalidez. E, sob esse aspecto, não há previsão legal ou normativa que obrigue o réu. Assim, reformo a decisão, pois a suspensão do contrato de trabalho em razão desse tipo de afastamento desonera ambas as partes de quaisquer obrigações, devendo o réu somente oferecer o emprego na hipótese de recuperação para o trabalho, consoante a Súmula 160 do E. TST. Afasto a determinação para que o réu pague indefinidamente o plano de saúde e odontológico para a reclamante e seu dependente, bem como a questão dos gastos com consultas e exames, tornando a ação improcedente." (págs. 454 e 455). Os embargos de declaração interpostos pela reclamante foram rejeitados ao seguinte fundamento: "Não há omissão no acórdão se este trata expressamente do tema apontado. A omissão de que cuida o art. 535 do CPC diz respeito a ponto sobre o qual o acórdão deveria pronunciar-se, não o fazendo, mas não é o caso, pois a questão foi plenamente analisada no aresto ora guerreado, e transcreve-se: "a controvérsia funda-se, então, na existência ou não do direito à continuação do pagamento do plano de saúde pelo recorrente com o advento da suspensão do contrato de trabalho pela aposentadoria por invalidez. E, sob esse aspecto, não há previsão legal ou normativa que obrigue o réu". Ademais, o Juízo não está limitado aos argumentos das partes, nem obrigado a rebater cada um deles. Rejeito." (pág. 468). Em razões de revista, a reclamante reitera que a Súmula nº 160 do TST, citada pelo Regional, implica a suspensão das obrigações básicas inerentes ao contrato de trabalho, mas não das obrigações suplementares instituídas pelo empregador, como é o caso da assistência médica. Indica violação dos artigos 468 e 475 da CLT e transcreve arestos para cotejo de teses.

9 O recurso de revista merece conhecimento por divergência jurisprudencial, demonstrada por meio do paradigma citado às págs , oriundo da SBDI-1 desta Corte, cuja tese diverge da do Regional, de que a aposentadoria por invalidez não afasta o direito do empregado aposentado ao plano de saúde constituído pela empresa. Conheço por divergência jurisprudencial. II - MÉRITO A discussão dos autos se refere à suspensão dos planos de saúde e odontológico à empregada aposentada por invalidez. O caput do artigo 475 da CLT dispõe: "O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício". Nos termos desse artigo, durante a suspensão do contrato de trabalho, não existem as obrigações de prestação e contraprestação de serviços, o que não se estende às obrigações secundárias do contrato laboral, tais como o custeio dos planos de saúde e odontológico, sobretudo em se tratando de afastamento por motivo de doença. Havendo apenas a suspensão do contrato de trabalho, e não a sua extinção, a reclamante continua a ser empregada da empresa, pelo que faz jus à permanência em plano de saúde e odontológico a que estava vinculada durante todo o contrato de trabalho. O fato de o contrato de trabalho estar suspenso, em nada altera o direito da reclamante à assistência médica e odontológica, porquanto não está o reclamado desobrigado do cumprimento de todos os seus deveres contratuais, uma vez que o referido contrato se encontra em vigor. É impossível conceber que plano que assegure assistência médico-hospitalar, instituído pelo empregador, seja subtraído justamente no momento em que se faria necessário, ou seja, quando o empregado adoece e mais necessita da cobertura do plano de saúde. Portanto, ante a evidente lesividade da alteração promovida pela empresa, ilegal a supressão do acesso aos planos de saúde e odontológico, aplicada à empregada. Em idêntico posicionamento, os seguintes

10 precedentes da SBDI-1 e de Turmas desta Corte superior: "RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI /2007. MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. PERCEBIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. EFEITOS. VIOLAÇÃO DE LEI. NÃO-CONFIGURAÇÃO. O direito ao plano de saúde, tal como usufruído antes da suspensão do contrato de trabalho, não decorre da prestação de serviços, mas diretamente do contrato de emprego, deve ser resguardado durante a percepção do benefício previdenciário. Recurso de embargos não conhecido." (E-RR , Rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 19/11/2010). "(...) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. PLANO DE SAÚDE E CONVÊNIO FARMÁCIA. MANUTENÇÃO. CONTRATO DE TRABALHO SUSPENSO. A jurisprudência desta Corte Superior vem consolidando entendimento no sentido de que a suspensão do contrato de trabalho, seja por aposentadoria por invalidez ou concessão de auxílio-doença, apenas importa em suspensão das obrigações principais do contrato de trabalho - como a prestação dos serviços e o pagamento de salário. Nessa linha, o direito de acesso ao plano de saúde (bem como o convênio farmácia) - por decorrer diretamente do contrato de emprego e não depender da prestação de serviços para a sua manutenção - deve ser resguardado enquanto durar a concessão do benefício previdenciário. Recurso de Revista não conhecido" (Processo: RR Data de Julgamento: 15/08/2012, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/08/2012). "RECURSO DE REVISTA - SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO - MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE. Conforme entendimento desta Corte, o direito à manutenção do plano de saúde depende da permanência do vínculo de emprego, e não da prestação de serviço. Assim, operando-se a suspensão do contrato de trabalho, em decorrência do gozo de auxílio-doença, o Reclamante continua a ser empregado, pelo que faz jus à permanência no plano de saúde. Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (TST-RR-413/ , Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8.ª Turma, in DJ de 22/5/2009). "RECURSO DE REVISTA - ATO ILÍCITO - PLANO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA - SUPRESSÃO DO BENEFÍCIO - CONTRATO DE TRABALHO SUSPENSO - DANO MORAL CONFIGURADO. Embora seja comum entender-se que a suspensão é a sustação plena e absoluta de todas as cláusulas expressas e implícitas do contrato, há de se ressaltar que persistem em vigência algumas poucas obrigações do pacto empregatício. Trata-se, principalmente, de cláusulas que dizem respeito a condutas omissivas das partes, notadamente aquelas relacionadas à integridade física e moral do empregado, conforme o que dispõe o art. 483, 'e' e 'f', da CLT. Insere-se neste contexto a conservação do plano de assistência médica gerido pela empresa e que visa a resguardar precisamente aqueles que dele necessitam durante a enfermidade. Recurso de revista provido" (TST-RR- 582/ , Relator Ministro Maurício Godinho Delgado, 6.ª Turma, in DJ de 29/8/2008). Esse, inclusive, é o posicionamento que se consolidou nesta Corte superior, aprovado na sessão do Tribunal Pleno de 14/09/2012, em decorrência das discussões travadas na "2ª Semana do TST", realizada de 10 a 14 de

11 setembro deste ano, em que foi aprovada a edição da Súmula nº 440, que dispõe: "AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. RECONHECIMENTO DO DIREITO À MANUTENÇÃO DE PLANO DE SAÚDE OU DE ASSISTÊNCIA MÉDICA - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e Assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença acidentário ou de aposentadoria por invalidez." Diante do exposto, dou provimento ao recurso de revista, para restabelecer a sentença. Inverte-se o ônus da sucumbência, que fica a cargo do reclamado. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista por divergência jurisprudencial e, no mérito, dar-lhe provimento para restabelecer a sentença. Inverte-se o ônus da sucumbência, que fica a cargo do reclamado. Brasília, 09 de outubro de Firmado por assinatura digital (Lei nº /2006) JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA Ministro Relator fls. PROCESSO Nº TST-RR Firmado por assinatura digital em 11/10/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da Lei nº /2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.