Segurança PRIVADA PUB. Louafi Larbi / Reuters
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- Estela Fialho Teixeira
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1 ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5608 DE 07 DE FEVEREIRO DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Segurança PRIVADA Louafi Larbi / Reuters Conheça as regras que a nova Lei vai trazer ao sector Segurança privada cai 5,2% em 2012 Câmaras de vigilância obrigatórias até 2014 Guerra de preços condena empresas e receitas fiscais PUB
2 II Diário Económico Quinta-feira 7 Fevereiro 2013 SEGURANÇA PRIVADA APSPvai continuar a fiscalizar e a controlar a actividade de segurança privada, mas não pode investigar situações de crime no sector. Paulo Alexandre Coelho Governo aberto a alterar proposta de Lei Proposta de Lei discutida ontem no Parlamento levanta dúvidas sobre câmaras de vigilância obrigatórias. RAQUEL CARVALHO E IRINA MARCELINO raquel.carvalho@economico.pt Adiscussão sobre a proposta de legislação apresentada pelo Governo decorreu ontem e revela que o próprio Governo está aberto a fazer algumas modificações. A garantia foi dada pelo secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna, Juvenal Silva da Peneda, que, no final das intervenções do BE, PP, PS, PSD e PCP, referiu que muitas das preocupações levantadas pelos deputados lhe são comuns. Não querendo entrar em pormenores sobre que questões serão essas, Juvenal Silva da Peneda pediu aos deputados para concretizarem, em sede de especialidade, os constributos que possam melhorar a Lei. Entre os reparos feitos pelos partidos, a questão da obrigatoriedade de câmaras de vigilância foi referida por quase todos. Filipe Brandão, do PS, disse que neste aspecto a proporcionalidade e razoabilidade não assistem ao governo, lembrando o parecer da Comissão Nacional de Protecção de Dados sobre o assunto, um tema destacado também pelo Bloco de Esquerda, que criticou o facto de estar prevista a gravação não só de imagem mas também de som em locais como farmácias. Sobre o tema, António Filipe, do PCP, acrescentou ainda que não deve ser competência do Estado dizer às farmácias ou às gasolineiras que MIGUEL MACEDO Ministro da Administração Interna O novo diploma clarifica a área de actuação das empresas de segurança privada e fixa novasregrasde incompatibilidades para administradors egestores. tipo de soluções de segurança deve ter. Nuno Magalhães, do PP, interviu sobre o tema e levantou dúvidas sobre o facto da obrigatoriedade de ter seguranças privados em locais como escolas. A confusão que poderá haver entre segurança privada e segurança pública foi também destacada pelo BE e pelo PCP. António Filipe disse mesmo que deve haver garantia que o exercício de poder não pode ser feito por seguranças privados, exemplificando que com a proposta de Lei os seguranças privados poderão revistar e realizar buscas. António Filipe referiu ainda que as bancadas parlamentares recebem inúmeras queixas sobre o desrespeito das empresas relativamente aos direitos laborais, pelo que esta deve ser uma questão aprofundada em sede de especialidade. O que diz a proposta de Lei Regras mais apertadas para o exercício da profissão e intensificação da acção de fiscalização por parte da PSP são duas das principais mudanças impostas pela nova Lei de segurança privada. Depois do conselho de ministros onde se aprovou a proposta em Dezembro, Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, referiu que o novo diploma pretende clarificar a área de actuação das empresas de segurança privada e fixa novas regras de incompatibilidades para administradores e gestores. A nova Lei obriga ainda a que todos os contratos de trabalho e de prestação de serviço passem a ser escritos, com Miguel Macedo a dizer que não serão admitidos contratos de muito curta duração por se mostrarem incompatíveis face à especificidade da actividade de segurança privada. De referir ainda que a proposta de Lei poderá criar novas regras para acesso à profissão na área da formação e consultoria, que passam a ser mais restritas, mais rigorosas e sujeitas a novos critérios, disse o governante, que acrescentou passarem a ser automaticamente excluídos da profissão os vigilantes com cadastro. Para tal, quem quiser dedicar-se a esta actividade, terá que apresentar prova de que não tem cadastro com regime criminal. Importa referir ainda que a Lei exige um requisito de número minimo de dez trabalhadoresparaaemissãodealvará,quemaria João Conde considera desarticulado com a realidade das empresas. Isto porque, explica, põe em causa a viabilidade de pequenas empresas de segurança que se dedicam exclusivamente à exploração e gestão de centrais de recepção e monitorização de alarme e de videovigilância, que só precisam de metade desses trabalhadores, podendo correr o risco de fecharem.
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4 IV Diário Económico Quinta-feira 7 Fevereiro 2013 SEGURANÇA PRIVADA Infografia: Marta Carvalho marta.carvalho@economico.pt
5 Quinta-feira 7 Fevereiro 2013 Diário Económico V Mais definição de conceitos e funções A Associação de Empresas de Segurança espera que a nova lei seja reforçada por uma fiscalização mais eficaz. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt A Associação de Empresas de Segurança (AES) representa as maiores empresas do sector de segurança privada, tais como a Securitas, a Prosegur, a Charon, a Loomis Portugal, entre outras, daí ser um interveniente activo na alteração das lacunas existentes na lei. Sobre a nova lei de segurança privada, Bárbara Marinho e Pinto, secretária-geral, diz que a AES está de acordo com grande número de medidas propostas, nomeadamente as que obrigam à definição de conceitos e à distinção de funções. Sublinha que um porteiro não é um vigilante nem um segurança e isso estava pouco claro na antiga lei, falha corrigida com a nova lei que, diz, vai contribuir para clarificar as diferentes funções dos profissionais do sector e, assim, evitar algumas práticas fraudulentas. É o caso da contratação de porteiros (cujo salário é menor que o do vigilante) para exercício de funções de segurança e vigilância, o que pode constituir crime de exercício ilícito de segurança privada. Bárbara Marinho e Pinto afirma ser comum, ver um vigilante a ajudar na reposição de stocks e outro tipo de tarefas que o desviam da sua função preventiva, com prejuízo para a segurança de todos. Sobre isto, a secretáriageral da AES, que representa nove empresas e mais de 20 mil seguranças, diz esperar que a nova legislação seja reforçada por uma fiscalização eficaz, quer pela PSP, que tem competência para fiscalizar o cumprimento da lei da segurança privada, quer pela Autoridade das Condições do Trabalho (ACT), que fiscaliza as condições de trabalho dos vigilantes e, de um modo geral, o cumprimento, pelas empresas de segurança, das suas obrigações laborais e relativas à segurança social. A associação não tem dúvidas de que a lei é positiva, mas Bárbara Marinho e Pinto diz ser também imperioso que o Estado fiscalize bem o cumprimento por parte das empresas de segurança privada das respectivas obrigações fiscais, Isto porque, explica, há demasiadas empresas de segurança a não entregar ao Fisco e à Segurança Social as contribuições a que estão obrigadas. Pontos de discórdia Em relação à organização de serviços de autoprotecção, Bárbara Marinho e Pinto assegura que a AES crê haver situações em que é desadequado permitir que seja o próprio a organizar a sua protecção, justificando que isso depende das necessidades de segurança do local em concreto e das possibilidades e capacidades da entidade para organizar os serviços de segurança adequados. A secretária-geral da AES explica que em locais onde se coloquem especiais exigências de segurança, esta deve ser assegurada por empresas cuja actividade seja especializada em segurança. E acrescenta que uma entidade que queira, nestes casos, organizar os seus A novalei vai contribuir para clarificar as diferentes funções dos profissionais do sector e evitar algumas práticas fraudulentas, como a contratação de porteiros para exercício de funções de segurança e vigilância. AES em foco 1 Quem é A AES é uma associação sem fins lucrativos, de natureza empregadora, constituída por empresas de segurança privada. 2 O que faz Promove princípios de deontologia e ética profissional, práticas próprias de uma concorrência leal, no respeito pela legislação. 3 Responsabilidades É membro do Conselho de Segurança Privada, a quem cabe elaborar um relatório anual sobre a actividade de segurança privada. 4 As associadas As nove associadas empregam dos trabalhadores e representam a maior fatia da facturação no sector. próprios serviços de autoprotecção tem que, no mínimo, demonstrar ter a estrutura e a capacidade necessárias ao investimento que terá que fazer. Investimento esse que passa pela contratação de pessoal de vigilância especializadoepelaobtençãodesistemasdesegurança complexos. Outro ponto com que a associação não concorda é com a possibilidade de o transporte de valores até 15 mil euros poder ser realizado sem quaisquer garantias de segurança. Neste ponto, a nossa lei está atrasada e desactualizada, e o projecto não resolve um problema que está criado e enraizado e que poderá dar origem a uma onda de assaltos, diz. Para a AES, importa estabelecer que só é livre o transporte de valores até cinco mil Bárbara Marinho e Pinto, secretária-geral da Associação de Empresas de Segurança. euros. Acima desse montante tem que ser autorizado pelo MAI, que verifica se há ou não condições para o mesmo se fazer em segurança. Defende que até dez mil euros o transporte de valores deve ser autorizado a entidades que comprovem poder fazê-lo em segurança. Acima desse montante, só uma empresadetransportedevalorespoderá realizar a tarefa. Bárbara Marinho e Pinto afirma ainda que a lei fica muito aquém do que a sociedade exige, em matéria do que o vigilante deve poder fazer, esclarecendo que a legislação actual não difere no essencial da Proposta de Lei, não permitindo a um vigilante permanecer à porta de um estabelecimento, mas apenas e só dentro do mesmo. Foto cedida por AES
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8 VIII Diário Económico Quinta-feira 7 Fevereiro 2013 SEGURANÇA PRIVADA APSEI em foco Maria João Conde, secretária-geral da Associação Portuguesa de Segurança (APSEI). 1 Quem é A APSEI é o interlocutor institucional das empresas de Segurança Electrónica, Segurança no Trabalho e Protecção contra Incêndio. 2 O que faz Integra a Comissão de Acompanhamento da Implementação do Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios. 3 Responsabilidades Desde 2010, é o Organismo de Normalização Sectorial da Comissão Técnica 46, sendo responsável pela actividade normativa da área da Segurança contra Incêndios e Símbolos Gráficos. 4 Associadas Tem 184 empresas associadas. Foto cedida por APSEI A referência aos sistemas de segurança na legislação era escassa O mercado da segurança electrónica tem crescido de forma contínua, tendência que se manterá com a nova lei. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt Omercado dos sistemas de videovigilância está a ser objecto de maior atenção, depois de aprovada a nova lei de segurança privada que obriga a sua instalação em vários espaços comerciais. Maria João Conde, secretária-geral da Associação Portuguesa de Segurança (APSEI), que representa as empresas ligadas às tecnologias de segurança electrónica (videovigilância, controlo de acessos, sistemas antirroubo e intrusão), na área do projecto, fabrico, distribuição, instalação, integração ou manutenção, faz um balanço positivo da lei, mas admite que ainda há mudanças a fazer. A responsável afirma que a nova lei da segurança privada veio responder a alguns anseios dos profissionais do sector, porque, explica, os sistemas de segurança são uma parte fundamental dos serviços de segurança privada, que, até ao momento, tinham uma referência na legislação escassa, sendo uma actividade praticamente desregulamentada. Maria João Conde diz que a proposta de Lei não aprofunda o tema dos sistemas de segurança, mas mostra-se satisfeita por referir o essencial e aponta para regulamentação pos- Para garantir que as imagens constituam um elemento probatório fidedigno, os sistemas de videovigilância terão que cumprir com requisitos técnicos mínimos para poder captar imagens de qualidade. terior em legislação complementar a publicar pelo Governo. Questionada sobre se a obrigatoriedade de montar sistemas de videovigilância vai impulsionar esta área, Maria João Conde destaca que nos últimos dez anos, o mercado da segurança electrónica apresentou taxas de crescimento muito significativas, frisando ser um sector que continua a revelar perspectivas de crescimento acima da economia global. Crescimento esse que admite poder vir a ser impulsionado com este ponto da lei. A futura Lei irá dar maior visibilidade à actividade de segurança privada, o que é, sem dúvida, positivo, diz, acreditando que os sistemas de segurança também serão objecto desta maior atenção por parte do público em geral. O que pode mudar No geral, a lei é positiva, mas a secretária-geral da APSEI diz haver ainda arestas a melhorar. Na sua opinião, uma das insuficiências é ser omissa no que se refere à qualidade das imagens captadas pelos sistemas de videovigilância. Clarifica que defende que, para garantir que as imagens captadas e gravadas constituam efectivamente um elemento probatório fidedigno na prevenção, detecção, investigação e resolução de crimes, os sistemas de videovigilância terão que cumprir com requisitos técnicos mínimos para poder captar imagens de qualidade, pelo que considera que os sistemas instalados em entidades obrigadas a implementar medidas de segurança devem responder a requisitos mínimos de qualidade das imagens captadas. A qualidade dos equipamentos é outro ponto quepreocupaasecretária-geraldaassociação. Maria João Conde diz que uma questão que está ausente da futura legislação tem a ver com a obrigatoriedade de garantir a compatibilidade dos equipamentos ligados com as centrais de recepção de alarme. Lembra que a legislação aponta para a necessidade de actualizar as centrais de recepção de alarmes de acordo com as normas europeias, mas nada refere sobre a necessidade dos equipamentos terminais ligados às centrais também não poderem deixar de cumprir com as mesmas normas europeias. Ainda de salientar um apontamento feito pela secretária-geral da APSEI, que lembra a crescente consciência dos proprietários da eficácia dos sistemas de segurança, tendo já adquirido voluntariamente estes sistemas, mesmo sem a imposição do legislador.
9 Quinta-feira 7 Fevereiro 2013 Diário Económico IX PUB Instalação de sistemas de videovigilância obrigatória até 2014 Decisão pretende aumentar segurança e eficácia na prevenção de crimes, mas não é consensual. Uma das propostas da nova lei de segurança privada que mais tem causado polémica é a obrigatoriedade de instalação de câmaras de videovigilância em bancos, farmácias, bombas de gasolina, ourivesarias, casas de jogo, lojas de arte e estabelecimentos comerciais de grande dimensão, sendo que as empresas poderão instalar os seus sistemas até Janeiro de Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, disse durante a conferência de imprensa após aprovação da nova lei, que esta é uma medida que visa aumentar os níveis de segurançaedeeficáciadaprevençãocriminal. Mas a decisão não reúne o consenso. A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec) considerou oportuna a revisão da lei da segurança privada. De acordo está também a Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), que disse ao Diário Económico que esta legislação veio responder às questões de segurança que surgiram em certos estabelecimentos, acrescentando que a lei mostra preocupação com a segurança e o bem-estar dos clientes. Mas há quem seja contra a obrigatoriedade de instalar câmaras de videovigilância. A Associação Nacional de Farmácias (ANF) manifestou-se frontalmente contra a alteração da lei, considerando absolutamente inaceitável essa imposição no actual contexto económico e, mais ainda, num sector que diz já ter ultrapassado o limiar da sobrevivência. A mesma linha de pensamento tem a Associação dos Comerciantes de Ourivesaria e Relojoaria do Sul que, apesar de admitir que estes estabelecimentos devem ter câmaras de videovigilância, é contra a sua obrigatoriedade, justificando a posição com o facto de nem todos os comerciantes terem dinheiro para comprar sistemas de videovigilância. Este é também um problema apontado por Inês Antas de Barros, advogada associada do escritório de advocacia Vieira de Almeida Associados (VdA), que assevera que esta medida não só acarreta custos para estes sectores, como e não obstante os objectivos legítimos da mesma, cria um problema associado à segurança versus privacidade. Esclarece que sobre isso será efectuada uma avaliação pela Comissão Nacional de Protecção de Dados, cuja autorização prévia é obrigatória, informa. Garante haver incertezas relacionadas com a instalação de sistemas de videovigilância, visto encontrar-se regulada em diplomas dispersos, não facilitando o conhecimento das regras por parte das empresas. Já Manuel Lopes Rocha, sócio da PLMJ, diz que a instalação de meios de vigilância electrónica é limitada pelos direitos e interesses legalmenteprotegidos,peloque éumaleiaberta, que será constantemente interpretada, pela CNPD e pelos tribunais. Frisa ainda haver um princípio incontornável, o da a adequação da medida de vigilância ao respeito pelos direitos, liberdades e garantias. R.C. Esta legislação veio responder às questões de segurança que surgiram em certos estabecimentos emostra preocupação comobemestar dos clientes. FONTE OFICIAL da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo. A obrigatoriedade de instalar sistemas de videovigilância acarreta custos para estes sectores e cria um problema associado à segurança versus privacidade. INÊS ANTAS DE BARROS Associada sénior da Vieira de Almeida Associados.
10 X Diário Económico Quinta-feira 7 Fevereiro 2013 NÚMEROS DO SECTOR crimes violentes e graves foram participados em 2011, revela o Relatório Anual de Segurança Interna 2011, elaborado pelo Conselho Nacional de Segurança crimes por roubo na via pública foram reportados em 2011, sendo o crime violento e grave, com mais participações, logo seguido de roubo por esticão, com um total de Guerra de preços está a condenar emprego e receitas fiscais As cinco maiores empresas estão preocupadas com o dumping comercial que está a colocar em causa a competividade do sector, criando desemprego e reduzindo as receitas fiscais e da Segurança Social. ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE antonio.albuquerque@economico.pt A maioria das empresas de segurança privada está preocupada com a guerra comercial que está em curso através de praticas punidas pela Leijáquesetratadeverdadeiro dumping comercial. Todos defendem uma maior intervenção por parte do Estado, nomeadamente através da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e da Polícia de Segurança Pública (PSP). Empresários e gestores apontam o dedo às designadas empresas de vão de escada ou de porteiros que estão a empurrar muitas outras para a falência. Mas também o Estado que lança concursos públicos em desrespeito pela Lei está na mira dos empresários, bem com as empresas que aceitam essas condições. Para os empresários as consequências estão à vista: falências, desemprego, menor dignificação do trabalho, menos receitas fiscais e da Segurança Social. Apenas um grande esforço de contenção de custos, aposta na inovação, formação e uma relação de proximidade com os clientes tem permitido às empresas garantir a competitividade. Defendem que o Estado tem que se afastar progressivamente de algumas áreas que podem ser desempenhadas pela segurança privada à semelhança do que aconteceu com os aeroportos e o futebol. Contudo, são críticos quanto à participação accionista da Caixa Geral de Depósitos numa empresa de segurança privada. SECURITAS Falta de fiscalização pode levar a perda de receitas fiscais Jorge Couto, administrador delegado da Securitas, quer uma maior fiscalização no sector por parte do Estado. Em causa estão práticas comerciais desleais que colocam em risco empresas e trabalhadores do sector. Mas não só. O responsável alerta para o risco de quebras de receitas fiscais e da Segurança Social. Questionado pelo Diário Económico sobre a política de baixos preços que muitas empresas estão a seguir, o responsável máximo pela empresa em Portugal não esconde que a política muito agressiva de preços que algumas empresas têm promovido levam a situações de dumping comercial, o que não é aceitável e que só traz prejuízos a todos os intervenientes no mercado. E acrescenta: o Estado perde receita devido à eventual fuga às obrigações fiscais e da Segurança Social, as empresas cumpridoras são confrontadas com concorrência desleal que condiciona a sua viabilidade económica e os trabalhadores são também muito prejudicados. Sobre os trabalhadores chama a atenção para o facto para uma duração excessiva de horários de trabalho e uma menor dignificação do seu trabalho. Por isso defende uma maior actuação da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e da Polícia de Segurança Pública (PSP). Quanto às políticas para fazer face à crise não esconde uma estratégia orientada para a inovação. A inovação nas propostas de segurança apresentadas incorpora benefícios óbvios para os clientes no binómio custo/benefício, explica Jorge Couto. PRESENÇA EM 51 PAÍSES O grupo Securitas é líder mundial na prestação de serviços de segurança privada, presente em 51 Países, com três milhões de colaboradores de trabalhadores RESULTADOS POSITIVOS A Esegur vai fechar o ano 2012 com um resultado líquido ligeiramente superior ao do ano 2011, apesar de ter visto reduzida a sua facturação em 7%. -7%
11 Quinta-feira 7 Fevereiro 2013 Diário Económico XI é o número de crimes participados em 2011, com o furto em veículo motorizado a ser o mais reportado, , seguido de furto a residência, com participações. 132 contas bancárias foram apreendidas pela Policia Judiciária, GNR e PSP, em 2011, tal como cigarros, 8 embarcações, veículos e telemóveis. OPINIÃO:???????????????????????????????????????????????? armas foram apreendidas em 2011, no âmbito de investigação criminal, bem como munições. Foram ainda registadas intercepções telefónicas, um acréscimo de 8,46%. PROSEGUR Mais sete delegações para uma maior proximidade 100 MIL COLABORADORES O grupo Prosegur está hoje presente em 17 países, com uma equipa de mais de 100 mil colaboradores e uma frota superior a veículos blindados. 17 países Contenção de custos e uma estratégia de proximidade foram duas grandes apostas da Prosegur para fazer face à crise económica que se abateu em Portugal. Jorge Leitão, presidente da companhia, confirma essa mesma estratégia em declarações ao Diário Económico. Só com uma política rigorosa e eficiente ao nível dos custos e investimentos e um plano comercial ambicioso conseguiremos consolidar a nossa actual liderança em Portugal, enfatiza o gestor. E não deixa de concretizar com exemplos com a melhoria dos rácios operacionais e de produtividade nas várias unidades de negócio, como na vigilância, logística ou ainda no residencial e empresarial. E ao nível da proximidade salienta a abertura de sete novas delegações tanto no continente como nas ilhas autónomas. Apesar destas medidas estratégicas, Jorge Leitão não deixa de alertar para a importância de uma maior regulamentação para o sector, já que são muitas as empresas com práticas comerciais que ultrapassam a agressividade. Aliás, o gestor, num tom irónico, não considera um problema as políticas de preços agressivos praticadas por algumas empresas, mas sim a incapacidade do Estado fazer cumprir a legislação. Mais. São algumas instituições públicas que ignoram a própria lei, bem como a aceitação de contratos por parte de algumas empresas privadas. Por isso, Jorge Leitão exige durante o corrente ano que o Estado exerça uma forte regulação do mercado e que o mercado e os reguladores penalizem as más práticas. ESEGUR Contenção de custo é a palavra de ordem Apesar do actual contexto de crise económica a Esegur conseguiu apresentar no ano passado um resultado líquido ligeiramente superior ao do ano de 2011, segundo fonte oficial da empresa. Questionada sobre as medidas que tomou para estes resultado, a empresa confessa que encarou a crise como uma oportunidade. Neste sentido, tomou medidas mais viradas para o cliente, com propostas inovadoras e diferenciadoras e gerindo adequadamente os seus custos, explica a mesma fonte. Mas foi a redução de custos que permitiu tais resultados num ano em que o sector contraiu significativamente. Aliás, a empresa reconhece que contenção nos custos foi a palavra de ordem durante o ano passado e que continua no actual. Mas não só para dentro da empresa, já que foram feitas propostas mais eficientes e, como tal, mais competitivas, aos clientes. Exemplos disso é a optimização da gestão das ATM e a gestão do numerário dos balcões. Contudo, todo este esforço pode ser colocado em causa, já que existem muitas situações de empresas incumpridoras. O cada vez mais generalizado incumprimento das normas mais elementares da concorrência leal, obrigações legais para com os trabalhadores, Segurança Social ou até fiscais está a conduzir o sector a uma situação dramática, alerta. A empresa reconhece ainda que o processo de auto-regulação não só não se tem conseguido melhorar a situação como, pelo contrário, se agrava cada dia, levando a empresas de primeira linha, não apenas as denominadas de vão de escada, a incumprir com as suas obrigações. CHARON Em Portugal há empresas de porteiros a vender segurança privada Formação dos colaboradores, exploração de nichos de mercado, novas soluções e redimensionamento das estruturas com o objectivo de reduzir custos fixos foram algumas medidas tomadas pela empresa Charon para fazer face à crise. Mas também um acompanhamento mais próximo dos clientes com soluções que permitam uma maior racionalização de custos, como referiu fonte oficial da empresa ao Diário Económico. À semelhança das sua concorrentes, as maiores INTERNACIONALIZAÇÃO preocupações dos responsáveis da Charon estão focalizadas com as práticas que estão a ser seguidas por A Charon está à procura de oportunidades de negócio muitas empresas que estão a desregular o sector. no estrangeiro, sobretudo Aliás, os responsáveis acusam estas organizações de em mercados em forte empresas de porteiros a vender serviços de segurança privada. E as críticas não se ficam por aqui, já que crescimento e em parcerias com empresas já instaladas está a acontecer uma autêntica desregulação do no mercado nacional. mercado da segurança privada, com empresas sem alvará a prestar serviços de segurança. E não deixam de apontar o dedo ao estado já que lança concursos públicos que são abaixo dos custos suportados pelas empresas e a metodologia de avaliação das propostas, que é redutora ao só ponderar o preço e nada mais. A existência da figura dos gratificados por parte da PSP é outra questão que a Charon suscita já que, como explicou, consiste numa sobreposição à actividade das empresas de segurança privada. Quanto questionada sobre as consequências para o sector de imediato foram elencadas o fecho de empresas, fuga ao pagamento de certos impostos e contribuições para segurançasocialeonãopagamentodeacordocomoestipuladona contratação colectiva. MaxRossi / Reuters
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