BRASIL... reformar para empregar

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1 BRASIL... reformar para empregar Não aceitamos reformas autoritárias, impostas aos trabalhadores, que fragilizem sua representação e sua capacidade de lutar por seus direitos e avançar com o país para uma sociedade mais justa e inclusiva

2 BRASIL... reformar para empregar Este foi o grande tema orientador de nossas resoluções no 3º Congresso Nacional da UGT em A União Geral dos Trabalhadores, segunda maior central sindical do país, não se coloca contra as reformas reconhece a necessidade de alinhar o país à realidade contemporânea, mas que fique claro: Não aceitamos reformas autoritárias, impostas aos trabalhadores, que fragilizem sua representação e sua capacidade de lutar por seus direitos e avançar com o país para uma sociedade mais justa e inclusiva. Nesse espírito de luta e justiça, o órgão colegiado da UGT Nacional reuniu-se para um amplo e profundo debate do PL 6787/2016 da Reforma Trabalhista no último 13 de março. Os encaminhamentos da plenária de dirigentes sobre as questões centrais da reforma trabalhista proposta e alguns esclarecimentos são o objeto deste documento, que todos devemos ler atentamente, refletir e agir para assegurar dias melhores para as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros! Ricardo Patah, presidente nacional da UGT (União Geral dos Trabalhadores) O PL 6787/2016 REFORMA TRABALHISTA O Projeto de Lei - PL 6787/2016 em tramitação no Congresso, altera e inclui artigos na CLT (Decreto Lei 5452/43). A exposição de motivos do Governo elege, como ponto central da sua proposta de Reforma Trabalhista, o fortalecimento do diálogo social e a valorização da negociação coletiva. Além desse ponto, ressalta a importância das medidas propostas para combater a informalidade que drena recursos da previdência e, ainda, o que considera atualizações na Lei 6019/74 que regulamenta o trabalho temporário. O fortalecimento do diálogo social e da valorização da negociação no PL estão assentados em duas proposições que incluem dois novos artigos na CLT: 523-A que dispõe sobre a eleição do representante dos trabalhadores no local de trabalho, previsto na Constituição de 88 (art 11), e o 611-A, que dá força de Lei ao que for acordado em Convenções e Acordos Trabalhistas, em 13 itens que relaciona. À exceção desses 13 itens, que somente podem vigorar se negociados e incluídos em Acordos e Convenções coletivas, todas as demais proposições passam a ter validade a partir da data de publicação da nova Lei, se aprovada. Vale ressaltar que a prevalência do negociado sobre o legislado nos 13 pontos relacionados valerá para todos os Acordos e Convenções Coletivas, independentemente da existência de representante dos trabalhadores e trabalhadoras no local de trabalho. Além destas questões centrais, que foram objeto de fortes debates e considerações na plenária de dirigentes da UGT, as disposições sobre o trabalho temporário e trabalho parcial foram igualmente analisadas e revisadas. Adiante, as principais questões e encaminhamentos da plenária sobre a Reforma Trabalhista proposta pelo Governo. REPRESENTANTE DOS TRABALHADORES NO LOCAL DE TRABALHO O art. 573-A prevê a eleição de um representante dos trabalhadores no local de trabalho independente de filiação sindical e apenas para empresas com mais de 200 empregados, estabelecendo que o número de representantes pode ser ampliado para até 5, mediante acordos e convenções coletivas. O plenário de dirigentes entende que, ao propor que o representante dos trabalhadores possa não ter filiação sindical e participe das negociações de acordos e convenções, o PL ataca uma das mais importantes prerrogativas sindicais previstas na CLT que é a negociação coletiva. Entende ainda que essa proposta enfraquece os trabalhadores na sua representação e na mediação de conflitos na empresa, pois um empregado sem representação sindical está mais sujeito às pressões patronais. Limitar representante dos trabalhadores às empresas com mais de 200 empregados deixa sem representação no local de trabalho mais de 50% dos trabalhadores nas empresas menores, que requerem mais assistência.

3 REPRESENTANTE DOS TRABALHADORES NO LOCAL DE TRABALHO 1 - O Representante dos Trabalhadores no local de trabalho será necessariamente filiado a sindicato, dando ao caput do art. 573-A a seguinte redação; Art. 523-A. É assegurada a eleição de representante SINDICAL dos trabalhadores no local de trabalho, observados os seguintes critérios: (... ) 2 Ampliar o alcance da eleição de represente sindical para as empresas com mais de 50 empregados, dando a seguinte redação ao inciso I do art. 523-A: Art. 523-A... I um representante sindical dos empregados poderá ser escolhido quando a empresa possuir mais de CINQUENTA empregados. PREVALÊNCIA DO NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO O Art, 611-A, incluído na CLT pela proposta de Reforma Trabalhista do Governo, estabelece que a convenção ou acordo coletivo de trabalho tem força de lei quando dispuser sobre XIII itens, que estabelecem limites mínimos na flexibilização de regras trabalhistas. Estes itens, nas condições propostas ou em uma variação delas, respeitados os limites mínimos estabelecidos, somente podem ser aplicados quando houver negociação trabalhista. Havendo discordância dos trabalhadores em sua aplicação, se entenderem que prejudica, não poderão ser adotados. Daí a importância de que o representante dos trabalhadores seja um sindicalista e que ele possa contar com o apoio das entidades sindicais nessas negociações Sindicatos e Centrais Sindicais. As Centrais Sindicais filiam diferentes categorias de trabalhadores e estão habilitadas a lidar com situações trabalhistas em diferentes segmentos das cadeias produtivas. Há o entendimento no plenário de dirigentes da UGT que a atuação do Representantes Sindical nas empresas pode fortalecer a ação sindical na melhoria das condições de trabalho em cada empresa. Os itens que podem ser negociados, prevalecendo em acordos e convenções coletivas sobre o legislado são os seguintes: I- Parcelamento do gozo das férias anuais em até três vezes, com pagamento proporcional aos respectivos gozos, sendo que uma das frações do referido período deverá corresponder pelo menos a duas semanas ininterruptas de trabalho; II- Pactuar a forma de cumprimento da jornada de trabalho, limitada a 220 (duzentos e vinte) horas mensais; III- Participação nos Lucros e Resultados da Empresa, incluindo seu parcelamento no limite dos prazos do balanço patrimonial e/ou dos balancetes legalmente exigidos, não inferiores a duas parcelas; IV- Horas in itinere; V- Intervalo intrajornada, respeitando-se o limite mínimo de trinta minutos; VI- Dispor sobre a ultratividade da norma ou instrumento coletivo de trabalho da categoria; VII- Ingresso no Programa de Seguro-Emprego (PSE); VIII - Plano de cargos e salários; IX- Banco de horas, garantida a conversão da hora que exceder a jornada normal de trabalho com acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento); X- Trabalho remoto; XI- Remuneração por produtividade; XII- Registro da jornada de trabalho; XIII Regulamento empresarial. PREVALÊNCIA DO NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO 1 Favorável à prevalência do negociado sobre o legislado, com a eleição de REPRE- SENTANTE SINDICAL dos trabalhadores no local de trabalho. 2 Incluir como item do Art. 611-A para negociação: (...) XIV Recursos para financiamento das atividades de apoio sindical. 3 Incluir novo parágrafo ao Art. 523-A, seguinte: (...) 3º Os representantes sindicais dos trabalhadores contarão, para o adequado desempenho de suas prerrogativas e competência, com o apoio dos seus sindicatos e da central sindical. 4 Incluir novo parágrafo no Art.634, seguinte: (. ) 3º As multas aplicadas à empresa por falta de registro dos seus empregados devem ser revertidas para os trabalhadores prejudicados. TRABALHO TEMPORÁRIO Nos debates sobre trabalho temporário, houve o entendimento de que as alterações incluídas na proposta de reforma trabalhista do governo, especialmente o aumento de prazos de contratos, favorecerão a contratação de trabalhadores como Pessoa Jurídica a chamada pejotização na contratação de trabalhadores, uma situação que já vem sendo combatida pelas entidades sindicais. Consideraram, ainda, que essa matéria está adequadamente regulamentada na atual legislação, não cabendo alterações. TRABALHO DE TEMPO PARCIAL Com a nova redação dada pelo PL 6787/2016, o trabalho em regime de tempo parcial teve sua duração alterada, definido como sendo aquele com duração de até 30 horas semanais, vedada a prestação de hora extra, ou 26 horas semanais, podendo haver a prestação de no máximo 6 horas extras por semana, o que faz com que o trabalho possa ter a duração de 32 horas. Também não foi limitado o quantitativo do quadro das empresas que pode ser de pessoal trabalhando em tempo parcial e, ainda, não foi estabelecido limite para redução de remuneração.

4 TRABALHO TEMPORÁRIO 1 - Manter sem alterações a Lei 6019 de 3 de janeiro de TRABALHO DE TEMPO PARCIAL Incluir dois novos parágrafos no Art. 58-A, seguintes: 7º As contratações de trabalhadores em regime de tempo parcial não excederão 10% do quadro de pessoal da empresa. 8º A remuneração mínima de trabalhadores em regime de tempo parcial será igual ao valor do piso da categoria e, na ausência deste, será de valor igual ao Salário Mínimo. ESCLARECIMENTOS Sobre jornada de trabalho: Permanece a jornada de 44 horas semanais prevista no Art. 7º da Constituição Federal. 220 horas mensais é o mesmo limite de horas mensais atuais, que corresponde à jornada de 44 horas semanais. Horas adicionais à jornada de 44 horas, como 12 horas em um dia, deverão ser compensadas, mantendo a jornada de 44 horas, ou pagas como horas extras até o limite de 12 horas semanais. As 220 horas mensais correspondem à remuneração mensal de 30 dias, pois incorporam o descanso remunerado e são utilizadas para calcular o salário-hora, inclusive para efeito do pagamento de horas extras. Sobre divisão de férias Um dos períodos deverá ser de duas semanas corridas, como atualmente ocorre. Os eventuais outros dois períodos poderão ocorrer de acordo com o interesse do empregado, negociado com a empresa. Sobre hora in intinere: São as horas extras consideradas no trajeto do empregado na ida e volta do trabalho quando a empresa fornece transporte dada a inexistência de transporte na região de moradia do empregado. Recentemente, o STF reformou uma decisão do TST sobre horas extras in intinere, considerando legal o acordo entre empresa e empregados da USINA CENTRAL OLHO DAGUA S/A, onde as horas extras foram trocadas por outros benefícios um entendimento de que o negociado prevalece sobre o legislado na CLT. Sobre intervalo intrajornada: É o tempo para repouso e alimentação, obrigatório quando a jornada de trabalho for superior a 6 horas. O limite mínimo atual é de 1 hora. Foi bastante debatido no encontro de dirigentes o fato de que esse tempo não é remunerado e que nem sempre o empregado quer ficar mais tempo na empresa. Outras intervenções chamaram atenção para que, em algumas situações, 1 hora é pouco para alimentação. Essa é uma situação que deve ser analisada caso a caso. Sobre ultratividade da norma: Recentemente, em outubro de 2016, o STF concedeu medida cautelar suspendendo os efeitos do entendimento do TST de que, se não houvesse um novo acordo entre patrões e empregados, ficavam valendo os direitos do acordo coletivo anterior. Estão suspensos todos os processos que tramitavam na Justiça do trabalho com base nessa regra. Sobre ingresso no Programa de Seguro-Emprego (PSE): Instituído pela Lei /2015 e ampliado pela MP 761/16, esse programa prevê a redução de carga horária e salário em até 30%, com uma compensação salarial custeada pelo FAT. Feita a adesão em acordo/convenção coletiva, terá força de lei. A justificativa da iniciativa do PSE é de manutenção de empregos, impedindo demissões nas áreas da empresa que aderirem ao programa. Sobre Plano de cargos e salários: Dará força de lei ao que for negociado com as empresas sobre cargos, carreiras, remuneração e regras de promoção, por exemplo. Sobre Banco de Horas: É um sistema de compensação de horas extras flexível, que vem sendo criticado pelos trabalhadores, já que permite fazer compensação ao invés de pagar as horas adicionais trabalhadas. Sobre Trabalho Remoto: Trata-se de trabalho que é realizado a distância do local de trabalho da empresa contratante, normalmente com o uso mais intensivo de tecnologia e mediante regras de controle informatizado sobre o tempo dedicado. Está na CAE Comissão de Assuntos Econômicos do Senado o PLS 326/13 que estabelece as categorias de trabalho remoto e as regras de sua aplicação. Prevê dois tipos de trabalho remoto: o trabalho a distância, quando o empregado dá expediente fora da empresa, como representantes comerciais e motoristas, e o teletrabalho, com a utilização de equipamentos eletrônicos e recursos de comunicação a distância. Sobre remuneração por produtividade: Remuneração por produtividade é uma forma de remuneração variável que alinha e procura convergir esforços para o desempenho das empresas, compartilhando resultados. Implica na definição de modelos e métricas de avalição de custos e resultados e em processos de acompanhamento. Sobre Registro da Jornada de Trabalho: É a forma de controle de frequência dos empregados necessária para pagamentos e descontos salariais cartão de ponto, lista de frequência, ponto eletrônico, controle digital, entre outros. Sobre Regulamento Empresarial: Trata de normas que digam respeito à gestão de pessoas nas empresas, definindo regras de acesso, procedimentos diversos para atendimento de requisições, atestados e outras atividades da administração de pessoas. São em muitos casos chamados de Regimento de Pessoal.

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