Discurso de Sua Exa. o Secretário de Estado do Tesouro e Finanças. 2ª Convenção Nacional de Compras Públicas. Centro de Congressos de Lisboa
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- Neuza Gameiro Ventura
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1 Discurso de Sua Exa. o Secretário de Estado do Tesouro e Finanças 2ª Convenção Nacional de Compras Públicas Centro de Congressos de Lisboa 15 de Março de 2011 Senhor Presidente da Agência Nacional de Compras Públicas, Senhores Dirigentes da Administração Pública, Senhor Inspector-Geral de Finanças, Senhor Director-Geral do Tribunal de Contas, Senhores oradores convidados, Minhas Senhoras e Meus Senhores, É com grande satisfação que presido à sessão de abertura da 2ª Convenção Nacional de Compras Públicas iniciativa que, estou certo, proporcionará aos presentes uma oportunidade de reflexão em torno do tema das Compras Públicas. As minhas primeiras palavras são de agradecimento ao Sr. Presidente da Agência Nacional das Compras Públicas pelo convite que me dirigiu para estar presente na sessão de abertura dos trabalhos. Em segundo lugar, realço o interesse e a actualidade dos temas em debate, a par da qualidade do painel de oradores. O testemunho do Tribunal de Contas e da Inspecção Geral de Finanças, proporcionará aos presentes uma visão sobre a importância que por um lado o Controlo, e o Rigor e a Transparência, por outro, assumem no 1
2 contexto das Compras Públicas e das relações que envolvem os diversos stakeholders entidades compradoras, fornecedores, Estado, contribuintes. A visão da Comissão Europeia relativamente às compras públicas e a relevância da Contratação Pública nos dias de hoje, permitir-nos-á apontar os caminhos que se perspectivam em torno dos mercados públicos e do seu contributo para a construção de um verdadeiro mercado único à escala europeia. É fundamental recordar que as compras públicas representam 17% do PIB, em termos médios na UE, o que demonstra a enorme importância que as compras públicas representam na economia europeia. Pois, o sucesso do mercado único dependerá, em grande medida, da resposta que a Europa conseguir dar no sentido da eliminação das barreiras que ainda persistem e da determinação dessa mesma Europa na procura de soluções tecnologicamente inovadoras, economicamente viáveis e social e ambientalmente sustentáveis. Neste domínio, como em muitos outros, justifica-se plenamente a conjugação de esforços na procura de soluções comuns para problemas e necessidades transversais, refiro-me em concreto à colaboração dos vários Estados membros da União Europeia no desenvolvimento de Plataformas Únicas que assegurem a standardização e a uniformização dos procedimentos, permitindo dotar os processos aquisitivos públicos de maior transparência, simplicidade, celeridade e eficiência. Refira-se, a este respeito, o trabalho desenvolvido pela ANCP relativamente à desmaterialização do processo de compras públicas, com a criação: (i) do Catálogo Nacional de Compras Públicas, (ii) da Plataforma Electrónica de Contratação Pública, (iii) da ferramenta de agregação dos processos aquisitivos, (iv) do Sistema de Informação de Gestão de Compras e (v) do processo de encomendas e de facturação electrónica. 2
3 É também neste capítulo que a troca de experiências com congéneres europeias, desempenha um papel verdadeiramente determinante saber de que forma cada país da União Europeia está individualmente a abordar os desafios locais e a adaptar-se a um quadro regulamentar comum, nomeadamente, às Directivas Europeias 17/2004/CE e 18/2004/CE que permitem a indicação dos requisitos ambientais e sociais dos bens e serviços que se pretende adquirir, é um exercício intelectualmente estimulante e enriquecedor, do qual se podem retirar ensinamentos. Com efeito, as compras públicas ecológicas, definidas como aquisições de entidades públicas que se regem não só pelo valor económico da aquisição, mas que integram também os custos ambientais e sociais, podem influenciar marcadamente a competitividade dos mercados. E de que modo? Desde logo, as aquisições de produtos/serviços com baixos custos poderão favorecer os fornecedores que negligenciam as questões ambientais e sociais. Por outro lado, um valor baixo de aquisição, pode acarretar custos altos ao longo do período de vida desses produtos através de um consumo elevado de energia, por exemplo. As orientações europeias na área das aquisições ecológicas visam atribuir o valor correcto aos produtos e serviços, valor este que deverá incluir todos os custos ambientais ao longo do ciclo de vida: produção, utilização e eliminação final. Por outro lado, as Directivas Europeias permitem que as externalidades sejam tidas em conta. Por exemplo, quando uma entidade pública mostra interesse em adquirir electricidade produzida a partir de fontes limpas, tal não significa um benefício directo para essa entidade, mas sim para a sociedade em geral que, caso contrário, teria de suportar os custos ambientais associados às maiores emissões para a atmosfera. 3
4 Até há algum tempo atrás, as compras efectuadas por entidades públicas elegiam o factor preço como o principal determinante da adjudicação, mercê em grande medida, da falta de sensibilidade paraa as questões ambientais como fonte de redução da despesa. Progressivamente esta situação tem vindo a alterar-se com a inclusão de critérios ambientais nos procedimentos aquisitivos. Neste domínio a ANCP, enquanto entidade gestora do Sistema Nacional de Compras Públicas tem desempenhado um papel verdadeiramente decisivo, incluindo nos Acordos Quadro por si celebrados critérios ambientais, em respeito pela RCM n.º 65/ /2007. Refiro a título de exemplo alguns números: Compras Públicas Ecológica as Aquisições ao abrigo dos Acordos Quadro da ANCP 4
5 Considero inclusivamente, que uma futura avaliação dos actuais fornecedores do Estado tendo por base os critérios estabelecidos nas directivas europeias, deverá ser objecto da nossa reflexão. Pelo exposto, podemos concluir que a sustentabilidade das Compras públicas, a par dos três pilares fundamentais (Jurídico, Económico e Tecnológico que hoje serão aqui debatidos e aprofundados) é um elemento a ter em conta no futuro das compras públicas não só em Portugal mas no espaço da União Europeia. Neste domínio da sustentabilidade, a ANCP em articulação com a APA e a DGEG, deverá continuar a desempenhar um papel de relevo, propondo as alterações legislativas e regulamentares que se venham a revelar necessárias. A par da preocupação relativamente à sustentabilidade, a ANCP deverá continuar como até aqui a prosseguir as suas orientações estratégicas, contribuindo para a redução da despesa pública, a saber: Contribuir para o reequilíbrio das contas públicas; Assegurar um melhor controlo e a optimização das despesas de compras, especialmente no que diz respeito a bens e serviços transversais e à gestão de veículos; Reformular, de forma sustentável, as funções de compras e gestão de frotas, transversalmente a toda a Administração Pública; Apoiar a modernização da Administração Pública; Promover a competitividade económica entre os fornecedores do Estado. Conforme muitos se recordarão, a criação da ANCP em 2007, inscreveuse no Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), tendo as suas principais competências transitado da entretanto extinta Direcção-Geral do Património (DGP), designadamente nos 5
6 domínios das Compras Públicas e da gestão do Parque de Veículos de Estado e da UMIC Agência para o Conhecimento, I.P., no domínio das Compras Electrónicas. Desde então, estão decorridos 3 anos completos de actividade, cujo balanço será apresentado de seguida pelo Senhor Presidente da ANCP, a par dos desafios e compromissos para o futuro. Do ponto de vista do Governo, mantêm-se válidas as razões que presidiram à criação da Agência Nacional de Compras, na medida em que se consideram cabalmente alcançados os objectivos definidos para os 3 anos completos de actividade e que podem ser aferidos: Compras Públicas: Entre os anos de 2009 e de 2010 realizaram-se o dobro dos Concursos de Procedimentos Aquisitivos realizados anteriormente (mais CPA fechados neste período dos que os realizados entre 1998 e 2008) Pelo número de acordos quadro celebrados/renovados e pelas categorias de bens e serviços abrangidos: 16 celebrados dos quais 2 em renovação; 2 em fase de lançamento imediato (viagens e alojamentos e veículos e motociclos eléctricos) Pelo valor da despesa pública anual em bens e serviços transversais abrangida por acordos quadro (1.000 milhões de euros, 80% do total) Pelo volume de poupanças alcançado ( ): 168 milhões de euros, ultrapassando o objectivo fixado para o período (150 milhões de euros), sendo que para o ano de 2011 se estimam poupanças de cerca de 60 milhões de euros Pelo número 269 entidades habilitadas a fornecer o Estado, 68% das quais são PME s (70% dos concorrentes foram habilitados para fornecer o Estado) Pela significativa adesão voluntária ao Sistema Nacional de Compras Públicas, num total de 326 entidades o que representa um crescimento de 50% face ao início de 2010 (59% Autarquias Locais; 15% SEE; 12% 6
7 SEL), as quais são responsáveis por cerca de 16% do valor total adjudicado Pela transparência e pelo cumprimento dos requisitos legais dos processos aquisitivos, demonstrado na significativa taxa de sucesso do contencioso, com cerca de 97% Pela introdução dos procedimentos electrónicos Pela dinamização e gestão do sistema nacional de compras públicas Parque de Veículos do Estado: Pela efectiva gestão e racionalização do Parque de Veículos do Estado (PVE), materializada na significativa redução da frota de veículos do Estado a qual totalizava veículos, em Dezembro de 2010, o que representa uma redução de 12% (-4.000) quando comparado com Dezembro de 2008 Pela obtenção de um rácio de 3,4 veículos saídos do PVE por cada veículo entrado Pelas poupanças obtidas na aquisição centralizada de veículos de cerca de 22%, no total de 5 milhões de euros Pelos benefícios ambientais alcançados, na medida em que os novos veículos vieram substituir outros com uma idade média de 14 anos e 245 mil quilómetros de utilização (11 anos de idade média do actual Parque de Veículos do Estado) No fundo, pela alteração do paradigma em que assentam as compras públicas em Portugal. Os bons resultados do passado não nos devem retirar ambição para continuar a trilhar o caminho da excelência. Sem prejuízo dos desafios para o futuro da ANCP que serão anunciados na próxima intervenção, relembro que o Modelo que está delineado e que continua perfeitamente alinhado com os objectivos do Governo, pode e deve ser optimizado em relação a este tema deixo as seguintes reflexões, ou se quiserem, as seguintes considerações que em meu entender podem contribuir para o fortalecimento do Sistema Nacional de Compras Públicas: 7
8 O alargamento do número de categorias, transversais e outras, abrangidas pelos Acordos Quadro celebrados pela ANCP; A capacitação em termos de recursos humanos, em quantidade e perfil, das Unidades Ministeriais de Compras com vista ao cumprimento do seu papel agregador de necessidades; Tornar obrigatória a elaboração de planos anuais de comprais por parte dos organismos da Administração Directa do Estado, incluindo os IP. Promover a progressiva centralização de procedimentos aquisitivos na ANCP (tal como já hoje acontece com os Veículos e seguro automóvel); A implementação de ferramentas tecnológicas que permitam o controlo e monitorização dos processos aquisitivos públicos de A-Z, que é como quem diz, desde o e-ordering ao e-invoicing, e que permitam extrair informação de gestão em tempo real e tomar decisões atempadamente; Por último, importa sublinhar que o investimento realizado pelo Estado na criação da ANCP teve, sem sombra de dúvidas, retorno positivo para o Estado, o que é bem visível na (i) performance operacional e financeira alcançada (EBITDA e Resultados Líquidos positivos, com desempenho melhor face ao previsto no Business Plan), (ii) obtenção de prazo médio de pagamentos inferior a 34 dias, (iii) geração de poupanças trinta vezes superior ao seu capital e (iv) apresentação de um Plano de Redução de Custos superior a 15%. Minhas Senhoras e meus Senhores, Votos de bom trabalho. 8
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