Assunto: Cirurgião-Dentista/ Adicional de Insalubridade/ Adicional de Periculosidade. PARECER

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Daniel Tomé Lencastre
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considerações: Pois bem, no que pertine ao adicional de insalubridade, o artigo 192 da CLT assegura a todo profissional, que exerça atividades que ultrapassem os limites de tolerância estabelecidos

1 CRO-RJ ASJUR / 2017 Assunto: Cirurgião-Dentista/ Adicional de Insalubridade/ Adicional de Periculosidade. Pareceristas: ALEXANDRE PESSOA e RAUL BARRETO PARECER No intuito de dirimir dúvidas suscitadas acerca dos adicionais de insalubridade e periculosidade, passamos a consignar as seguintes considerações: Pois bem, no que pertine ao adicional de insalubridade, o artigo 192 da CLT assegura a todo profissional, que exerça atividades que ultrapassem os limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, o direito de receber um acréscimo na remuneração salarial, tendo como base de cálculo o salário mínimo vigente no País (artigo 76 CLT). Insta consignar que o aludido adicional será calculado em conformidade com o grau do risco proporcionado à saúde, v.g., risco de grau máximo, 40% sobre o salário mínimo; risco de grau médio 20%, sobre o salário mínimo; e risco de grau mínimo, 10% sobre o menor salário vigente no País. A Portaria nº 3.214/78 (norma federal), que aprova as Normas Regulamentadoras, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, estatui na NR 15, anexo 14 (Agentes Biológicos), o adicional de insalubridade para o cirurgião-dentista com o grau médio de 20%. A propósito cumpre registrar que o Supremo Tribunal Federal editou a Sumula Vinculante nº 04, que proíbe o uso do salário mínimo como indexador de base de cálculo de vantagem salarial de empregado. Assim é que, dispõe a referida Sumula Vinculante nº 04, in verbis: Telefone: (21) Fax: (21) Site: sepre@cro-rj.org.br Página 1 de 5

2 SALVO NOS CASOS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO, O SALÁRIO MÍNIMO NÃO PODE SER USADO COMO INDEXADOR DE BASE DE CÁLCULO DE VANTAGEM DE SERVIDOR PÚBLICO OU DE EMPREGADO, NEM SER SUBSTITUÍDO POR DECISÃO JUDICIAL. Todavia, considerando que o STF procedeu declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, o Tribunal Superior do Trabalho continua aplicando o salário mínimo para calcular o adicional de insalubridade devido, até que seja editada norma legal ou convencional estabelecendo parâmetro distinto do salário mínimo. Tanto é assim, que o Tribunal Superior do Trabalho suspendeu a aplicação da Sumula nº 228, na parte de que trata do salário base, com o seguinte teor, in verbis: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno em Res. 148/2008, DJ 04 e Republicada DJ 08, 09 e ) - Suspensa a aplicação na parte em que permite a utilização do salário básico, em decorrência de liminar concedida no processo Rcl MC/DF. A partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo. estabelecia, in verbis: Além disso, o Tribunal Superior do Trabalho cancelou a Sumula 17, que ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (cancelada na sessão do Tribunal Pleno realizada em ) - Res. 148/2008, DJ 04 e Republicada DJ 08, 09 e O adicional de insalubridade devido a empregado que, por força de lei, convenção coletiva ou sentença normativa, percebe salário profissional será sobre este calculado. Pois bem, quanto ao adicional de periculosidade, o artigo 193 da CLT e a Portaria nº 518/2003(norma federal), asseguram a todo cirurgião-dentista que exerça o seu mister em contato, de forma não eventual, com radiação ionizante ou substâncias radioativas, vale dizer, atividade em condições de risco acentuado, o direito de receber um adicional de 30% sobre a sua remuneração, ou seja, sobre o salário recebido. Telefone: (21) Fax: (21) Site: sepre@cro-rj.org.br Página 2 de 5

3 A propósito, o TST não destoa desse entendimento, conforme se extrai de trechos da ementa abaixo transcrita: "EMENTA:...omissis...ADICIONAL DE PERICULOSIDADE - EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE. RAIOS-X. Conforme o entendimento disposto na Orientação Jurisprudencial nº 345 da SBDI-1 do TST, "a exposição do empregado à radiação ionizante ou à substância radioativa enseja a percepção do adicional de periculosidade, pois a regulamentação ministerial (Portarias do Ministério do Trabalho nºs 3.393, de , e 518, de ), ao reputar perigosa a atividade, reveste-se de plena eficácia, porquanto expedida por força de delegação legislativa contida no art. 200, "caput", e inciso VI, da CLT. No período de a , enquanto vigeu a Portaria nº 496 do Ministério do Trabalho, o empregado faz jus ao adicional de insalubridade". Logo, comprovado que o trabalhador, na realização de suas atividades, estava exposto à radiação ionizante ou substância radioativa, será devido o competente adicional de periculosidade, ressalvado os casos em que tal contato ocorra de forma eventual.na hipótese, o Tribunal Regional, com base nas provas produzidas nos autos, reconheceu a existência da exposição da autora à radiação ionizante. Conforme registrou, "a reclamante mantinha contato diário e, ao menos, intermitente, com as radiações ionizantes decorrentes da operação com o aparelho de raio X, haja vista que o procedimento era realizado no próprio consultório dentário, que não contava com a estrutura adequada para a realização deste tipo de procedimento, além de inexistir prova acerca do correto fornecimento dos EPI s adequados à redução dos riscos causados pela radiação a qual encontrava-se exposta a parte autora". Incidência da Súmula nº 126 do TST. Recurso de revista de que não se conhece. " (Processo: RR Data de Julgamento: 10/05/2017, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/05/2017.) - grifamos. Por outro lado, sobreleva ressaltar que a Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5452/43) em seu artigo 193, 2º, veda o acumulo do adicional de insalubridade, com o adicional de periculosidade, restando ao profissional optar pelo adicional a que tiver direito, sendo certo que um sempre elimina o outro. Telefone: (21) Fax: (21) Site: sepre@cro-rj.org.br Página 3 de 5

4 Aliás, a esse respeito, cumpre registrar a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho SBDI-1, do TST, em decisão nos autos do E-ARR , entendeu que seria devida a cumulação dos adicionais de periculosidade e insalubridade, nas hipóteses de causas de pedir distintas. Ocorre que, em recente julgado, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho SBDI-1, do TST, retornou ao entendimento antes adotado, decidindo que o artigo 193, 2º da CLT veda, em qualquer circunstância, a cumulação dos adicionais de periculosidade e insalubridade, conforme se extrai da ementa abaixo transcrita: "RECURSO DE EMBARGOS REGIDO PELA LEI Nº /2014. CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE - IMPOSSIBILIDADE. Incontroverso nos autos que a reclamada foi condenada ao pagamento do adicional de insalubridade em grau médio no percentual de 20% e do adicional de periculosidade equivalente a 30% do salário base do reclamante. O ordenamento jurídico brasileiro prevê a percepção do adicional de periculosidade, de que trata o artigo 193 da CLT, ao trabalhador exposto à situação de risco, conferindo-lhe, ainda, o direito de optar pelo adicional de insalubridade previsto no artigo 192 do mesmo diploma legal, quando este também lhe for devido. É o que dispõe o artigo 193, 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho: 2º O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. Desse modo, o referido dispositivo legal veda a cumulação dos adicionais de periculosidade e insalubridade, podendo, no entanto, o empregado fazer a opção pelo que lhe for mais benéfico. Precedentes da SBDI-1 do TST. Recurso de embargos conhecido e provido. (PROCESSO Nº TST-E-RR Data Publicação 08/09/2017)." Por fim, entendemos ser sobremodo compulsório o cumprimento das regras insculpidas nas normas legais retro colacionadas. Devendo, ainda, serem as mesmas, aplicadas a todos os profissionais que exerçam o mister no âmbito da Odontologia (Cirurgiões-Dentistas/ Auxiliares em Saúde Bucal/ Técnicos em Saúde Bucal/ Técnicos de Prótese Dentária/ Auxiliares de Prótese Dentária). Com relação aos Técnicos de Prótese Dentária o direito de perceber o adicional de Insalubridade também se justificará pela exposição aos agentes químicos. Telefone: (21) Fax: (21) Site: sepre@cro-rj.org.br Página 4 de 5

5 É o que nos parece, sub censura. Rio de Janeiro, 14 de setembro de ALEXANDRE PESSOA ASSISTENTE JURÍDICO PLENO RAUL BARRETO ASSISTENTE JURÍDICO Telefone: (21) Fax: (21) Site: sepre@cro-rj.org.br Página 5 de 5

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