EFEITOS OBJETIVOS DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Fábio Victor Da Fonte Monnerat*

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1 EFEITOS OBJETIVOS DO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Fábio Victor Da Fonte Monnerat* *.Mestre em Direito Processual Civil pela PUC-SP. Especialista em Direito Processual Civil pela PUC-SP. Professor de Direito Processual Civil da Universidade São Judas Tadeu USJT. Procurador Federal, Diretor da Escola da Advocacia-Geral da União em São Paulo. Sumário INTRODUÇÃO. 1. O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA UNIFORMIZAÇÃO DA APLICAÇÃO DO DI- REITO. 2. O RECURSO EXTRAORDINÁRIO ENQUANTO RECURSO DE ESTRITO DIREITO. 3. ANÁLISE E RECO- NHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPERCUSSÃO GERAL: CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO PROCEDIMENTO DE RECONHECIMENTO E DECLARAÇÃO DA PRESEN- ÇA DA REPERCUSSÃO GERAL NO ÂMBITO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EFEITOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SOBRE A PRESENÇA DA REPERCUSSÃO GERAL. 4. ATUAL TENDÊNCIA DE OBJETIVAÇÃO DAS DECISÕES EM SEDE DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 5. MECANISMOS DE APLICA- ÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ACERCA DA EXISTÊNCIA OU INEXISTÊNCIA DA REPERCUSSÃO GERAL AOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS QUE ENVOLVAM A MESMA QUESTÃO CONSTI- TUCIONAL ESPECIALMENTE SOBRE O PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DA REPERCUSSÃO GERAL NOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS REPETITIVOS (ART. 543-B DO CPC). 222 // Revista da Faculdade de Direito // número 1 // primeiro semestre de 2014

2 INTRODUÇÃO Muitos ordenamentos, entre os quais o brasileiro, procuram combater esta divergência através do estabelecimento da função nomofilácica de órgãos jurisdicionais de jurisdição superior, no caso do Brasil, o Supremo Tribunal Federal, em matéria constitucional e o Superior Tribunal de Justiça, no caso de legislação infraconstitucional 1. O objetivo do presente trabalho é analisar a função nomofilácica do Supremo Tribunal Federal, em especial a exercida pela Corte Suprema no julgamento dos recursos extraordinários, uma, dentre outras técnicas processuais, aptas a viabilizar o exercício pelo STF de sua função constitucional 2. Uma dificuldade constante e onipresente em todo sistema jurídico consiste na potencial existência de interpretações e aplicações conflitantes de uma mesma norma jurídica pelos diversos órgãos do Poder Judiciário. Trata-se de um problema que se coloca mesmo nos ordenamentos jurídicos mais simples e que, potencialmente, pode ocorrer, por mais claro e preciso que seja o texto da normativo. A par disso, tentará se demonstrar que, decorre das normas constitucionais que desenham esta função dos tribunais superiores, a necessidade de respeito aos precedentes formados nesta instância, devendo haver portanto, uma necessária observância dos precedentes formados pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que em sede de recurso extraordinário, mecanismo, típico do controle difuso de constitucionalidade e por isso, a priori, voltado a surtir efeitos intra partes. Entretanto, por mais que este fenômeno denominado dispersão jurisprudencial seja, em um primeiro momento, previsível e até aceitável pelo Direito, dada as diferenças culturais, sociais, políticas e até mesmo ideológicas existentes entre os membros do Poder Judiciário, responsáveis por aplicar isonomicamente a norma ao caso concreto, fato é que, o sistema jurídico deve estabelecer mecanismos, isto é, técnicas processuais e órgãos competentes, para combater ou evitar esta indesejável, ainda que a priori, previsível, diversidade de entendimentos. Assim, a partir da análise da missão constitucional do Supremo Tribunal Federal e do recurso extraordinário, procurar-se-á demonstrar a tendência de objetivação deste mecanismo recursal, cujo julgamento é capaz de gerar efeitos pan-processuais, para fora dos autos em que eles se formaram, o que aproxima os efeitos do julgamento do recurso extraordinário daqueles tipicamente previstos para os pronunciamentos gerados pela via da ação direta, que viabiliza o controle concentrado de constitucionalidade. 223

3 Neste contexto, uma das principais questões, que será enfrentada adiante, é saber se o precedente formado pelo Supremo Tribunal Federal em sede de julgamento de recurso extraordinário, possui efeitos erga omnes e vinculantes, tal como expressamente previsto nas hipóteses de entendimentos consagrados via ação direta de constitucionalidade e súmula vinculante. Conforme se verá adiante, autorizada doutrina, a partir de uma interpretação sistemática, entende que o precedente formado no julgamento do recurso extraordinário também possui efeito vinculante, tendência igualmente sentida na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que faz expressa referência aos efeitos objetivos do julgamento em sede de controle difuso. Entretanto, a mesma jurisprudência do Supremo Tribunal Federal nega o cabimento da Reclamação, instrumento de cassação tipificado para atacar uma decisão judicial que contrarie entendimento proferido em sede de ação de controle concentrado ou consagrado em súmula vinculante. É de se ressaltar que o novo Código de Processo Civil (PL nº 8.046/2010) prevê a superação desta questão, ao dispor expressamente (art , inc. IV c/c 522, inc. II) que é cabível a reclamação contra decisão que contrarie entendimento consagrado em sede de julgamento de recurso extraordinário o que aproximará, ainda mais, os efeitos deste julgamento dos institutos da súmula vinculante e ações de controle concentrado de constitucionalidade fato que, a partir de uma interpretação sistemática, que leva em conta, especialmente, o papel do Supremo Tribunal Federal e do recurso extraordinário, à luz da doutrina e jurisprudência atuais, já pode ser constatado a teor da legislação vigente. 1. O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA UNIFORMIZAÇÃO DA APLICAÇÃO DO DIREITO Criado em 1828 como Supremo Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, cabendo-lhe entre diversas competências expressamente previstas na Constituição Federal a guarda da constituição, através do controle concentrado e difuso de constitucionalidade, esse último, via recurso extraordinário (art. 102, inc. III, da Constituição Federal). Até o advento da Constituição de 1988 cabia ao Supremo Tribunal Federal, via recurso extraordinário, uniformizar a interpretação e aplicação de todo o direito federal, constitucional e infraconstitucional A partir da Constituição Federal de 1988, com a criação do Superior Tribunal de Justiça e do recurso especial, o recurso extraordinário de competência do Supremo Tribunal Federal passou a ser cabível apenas em matéria constitucional, deixando portanto, o Supremo de ter competência para dar a última palavra em matéria de direito federal infraconstitucional. Portanto, no atual sistema constitucional, cabe ao Supremo Tribunal Federal, afora casos excepcionais de competência originária e recursal ordinária expressa e exclusivamente previstos na Constituição, decidir apenas questões constitucionais, exercendo o controle de constitucionalidade das leis e das decisões judiciais. 224

4 A necessidade de controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos infraconstitucionais decorre do fato de, no Brasil, a Constituição possuir natureza rígida. O controle de constitucionalidade repressivo pode ser feito de duas formas distintas: via controle difuso ou via controle concentrado. Por Constituição rígida, deve-se entender o sistema que se caracteriza por uma supremacia das normas constitucionais sobre as demais normas integrantes do direito positivo, que só podem ser alteradas por um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para edição das demais espécies legislativas. Dada essa supremacia das normas constitucionais, aquelas que a contrariem material ou formalmente não são tidas como aptas a integrar o direito positivo. Desta feita, duas formas de inconstitucionalidade podem ocorrer: a inconstitucionalidade formal, que se caracteriza por ser um desrespeito ao processo legislativo estabelecido pela Constituição; e a inconstitucionalidade material, que ocorre nos casos em que o conteúdo do preceito legislativo contraria um preceito ou um princípio da Constituição 3. Pelo primeiro, via recurso extraordinário, o Supremo Tribunal Federal julga a constitucionalidade da decisão judicial, apreciando a aplicação da lei ao caso concreto. Nessas hipóteses, o julgamento do recurso pelo Supremo Tribunal Federal também cumpre um importante papel na uniformização da interpretação e aplicação das normas constitucionais. O controle difuso nasceu da construção jurisprudencial no direito norte-americano e foi incorporado no Brasil pela Constituição de 1891, fortemente influenciada pelo direito constitucional daquele país. Grosso modo, pode ser caracterizada pela possibilidade de qualquer órgão do Poder Judiciário poder declarar a incompatibilidade de lei ou ato normativo infraconstitucional com a Constituição Federal. Como o ordenamento jurídico impõe a necessidade de observância da Constituição Federal para validade das normas jurídicas infraconstitucionais editadas, faz-se necessária a existência de mecanismos aptos a realizar o controle de constitucionalidade. Tal controle, segundo a melhor doutrina 4, pode ser: a) preventivo, ou seja, realizado antes da entrada da lei em vigor, pelo Poder Executivo através do veto presidencial, e pelo Poder legislativo, via Comissão de Constituição e Justiça; e b) repressivo, sem dúvidas o predominante no direito brasileiro, realizado pelo Poder Judiciário após a entrada da lei em vigor. Essa declaração de inconstitucionalidade no caso concreto pode ser realizada, em primeiro grau de jurisdição, por qualquer juiz; e, em segundo grau, em virtude do art. 97 da Constituição Federal, somente pode ser declarada pelo plenário ou órgão especial do tribunal, sendo declarada pela maioria dos desembargadores. Caso a inconstitucionalidade tiver sido declarada pelo plenário do supremo Tribunal Federal, via recurso extraordinário, e caso essa declaração tenha se dado pela maioria dos seus membros, será dispensável a observância da regra de reserva do plenário pelos tribunais de 2º grau de jurisdição, podendo ser declarada pela câmara ou turma julgadora 5, 225

5 nos termos do art. 481, parágrafo único, do Código de Processo Civil, acrescentado pela Lei 9.756/1998. A declaração de inconstitucionalidade em sede de controle difuso, em princípio, gera efeitos apenas no processo em que foi proferida, ou seja, inter partes, existindo a possibilidade de ser estendida para todos por deliberação do Senado Federal, o que, e a princípio, poderá ocorrer após o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre a questão a teor do que dispõe o art. 52, inc. X, da Constituição Federal. O pronunciamento do Senado, após a apreciação da questão pelo Supremo Tribunal Federal, dar-se-á através de uma resolução e terá efeitos ex nunc. Entretanto, não pode ser desconsiderado o fato de que, julgamentos reiterados em sede de recurso extraordinário dão origem, informalmente, à denominada jurisprudência dominante, que, mais adiante, pode vir a ser cristalizada em súmulas, sendo certo que, em ambos os casos, a uniformização, em determinado sentido, é técnica persuasiva, ou seja, fator de convencimento, o que muitas vezes é admitido pela lei como fator legitimador apto a influenciar os processos que tenham por objeto questões jurídicas e constitucionais semelhantes ou idênticas. Ao contrário da jurisprudência dominante, que consiste em uma mera constatação fática do posicionamento do Tribunal sobre determinada matéria e das súmulas, instrumentos formais de constatação e tradução dessa realidade, que são fatores meramente persuasivos e de observância não obrigatória, as súmulas vinculantes são de forçosa observância pelos demais juízos e tribunais e pela própria administração pública, sob pena de admissibilidade de Reclamação, ação de conhecimento de competência originária do Supremo Tribunal Federal, cujo objetivo é única e exclusivamente, restabelecer o comando disposto na súmula vinculante. Ademais, a mesma Emenda Constitucional n. 45 de 2004, introduziu, como requisito de admissibilidade do recurso extraordinário, a necessidade de demonstração, pelo recorrente, da repercussão geral da tese jurídica veiculada, sendo o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal acerca da existência ou inexistência do requisito, bem como, se for o caso, o julgamento de mérito do recurso, aplicável a todos os demais recursos extraordinários que veiculem a mesma tese, nos termos do art. 543-A e 543-B do Código de Processo Civil, que serão tratados nos itens 5 e 5.1 do presente estudo. A par disso, a partir da entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, o julgamento reiterado de recursos extraordinários sobre a mesma matéria e no mesmo sentido passou a autorizar o Supremo Tribunal Federal a editar súmula vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública, direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, a teor do art. 103-A da Constituição Federal 6. Desta feita, independentemente da edição da súmula vinculante, os julgados do Supremo Tribunal Federal em sede de recursos extraordinários com o reconhecimento de repercussão geral produzem um efeito objetivo, se não formalmente erga omnes e vinculante, com uma carga normativa muito próxima disso, uma vez que capaz de influenciar os pronunciamentos dos demais órgãos jurisdicionais e do próprio STF sobre a mesma matéria. 226

6 Além do controle de constitucionalidade da lei e dos atos normativos no caso concreto, via controle difuso de constitucionalidade, o direito constitucional brasileiro admite outra forma de controle de constitucionalidade, em sede abstrata, em que o Supremo Tribunal Federal avalia a constitucionalidade da lei em tese. No controle concentrado de constitucionalidade, não há conflito de interesses, pelo menos conflito de interesses no sentido comumente utilizado no processo civil, dado que não há direito subjetivo discutido no processo. O Supremo Tribunal Federal, nesses casos, é provocado por uma das vias elencadas na Constituição (Ação Direta de Inconstitucionalidade, Ação Declaratória de Constitucionalidade, e Ação Declaratória de Descumprimento de Preceito Fundamental), por um dos legitimados, para propor as referidas ações e se manifestar acerca da constitucionalidade da lei em tese. Portanto, as ações diretas de inconstitucionalidade possuem natureza diversa das demais ações propostas com o objetivo de se discutir direito subjetivo. Isso porque, dentre outras coisas, o Supremo Tribunal Federal pode funcionar, inclusive, como legislador negativo, caso declare a inconstitucionalidade formal ou material da lei, ou seja, uma vez declarada em sede de controle abstrato a inconstitucionalidade da lei, a mesma é retirada do mundo jurídico por essa decisão, independentemente da realização de qualquer outro ato do Poder Judiciário ou dos demais Poderes. Em outras palavras, declarada a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo federal, a decisão terá efeito retroativo (ex tunc) e para todos (erga omnes), desfazendo, desde a sua origem, o ato declarado inconstitucional, juntamente com todas as consequências dele derivadas. No caso contrário, ou seja, caso o Supremo Tribunal Federal declare a norma compatível com a Constituição ou dê a essa norma uma interpretação conforme a Constituição e, portanto, excluindo as demais interpretações, essa decisão possuirá efeito erga omnes, retroativo e vinculante em relação aos órgãos dos poderes Executivo e Judiciário. Assim, o Supremo Tribunal Federal, pela via do controle abstrato de constitucionalidade, também exerce o papel uniformizador da interpretação e aplicação da Constituição Federal, quer quando declara a inconstitucionalidade de uma lei, dado que, nesse caso, o dispositivo legal é retirado do universo do direito positivo; quer quando declara constitucional determinada disposição normativa, constitucionalidade essa que deixa de poder ser contestada ou declarada pelos demais órgãos do Poder Judiciário; e quer, ainda, quando dá uma interpretação conforme a Constituição, interpretação essa que, igualmente, vincula e deve ser seguida pelos demais órgãos jurisdicionais do País. A afronta a uma decisão do Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato também está sujeita a cassação pela célere via da reclamação constitucional 7-8, tal como a decisão que afronta texto de súmula vinculante, e, a par disso, autoriza outras técnicas de aceleração como a dispensa de envio do processo ao plenário do tribunal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal, e a autorização de julga- 227

7 mento monocrático pelo relator do recurso em casos semelhantes, no próprio Supremo Tribunal Federal e nas demais cortes superiores e de segundo grau. Das três técnicas, suscintamente referidas neste item, a) ações diretas de controle concentrado de constitucionalidade; b) súmulas vinculantes, e; c) julgamento de recursos extraordinário com reconhecimento de repercussão geral, todas capazes de, em alguma medida, produzirem efeitos objetivos e pautarem os pronunciamentos do próprio Supremo Tribunal Federal e dos demais órgãos do Poder Judiciário, os itens subsequentes do presente trabalho serão dedicados ao estudo dos efeitos do julgamento dos recursos extraordinários. 2. O RECURSO EXTRAORDINÁRIO ENQUANTO RECURSO DE ESTRITO DIREITO São características comuns a esses recursos: a) exigem o prévio esgotamento das instâncias ordinárias; b) não são vocacionados à correção da injustiça do julgado recorrido; c) não servem para mera revisão de matéria de fato; d) apresentam sistema de admissibilidade desdobrado ou bipartido; e) têm os fundamentos específicos de sua admissibilidade na CF, e não no CPC; f) é provisória a execução que se faça em suas pendências 10. Apesar de a citada classificação ser largamente admitida 11, existem autorizadas vozes que a criticam, dentre os quais se destaca José Carlos Barbosa Moreira 12. Segundo o ilustre processualista, não existe entre nós uma classe de recurso a que se possa aplicar segundo critério preciso do ponto de vista científico e útil do ângulo prático, a denominação genérica de extraordinário. A Constituição e a lei regulam de modo diferente os diversos tipos de recursos, o que enseja a possibilidade de várias formas de classificação. Uma delas é a classificação dos recursos em ordinários e extraordinários (lato sensu), ou excepcionais, utilizada por grande parte da doutrina 9. No primeiro grupo, estariam a apelação, o agravo, os embargos infringentes, dentre outros, cuja competência, de regra, é dos tribunais de 2o grau de jurisdição e se caracterizam, grosso modo, por uma ampla devolutividade, inclusive no que tange a questões de fato (reexame de provas), questões de ordem pública, e questões não decididas anteriormente. Já o grupo de recursos classificados como recursos de estrito direito, excepcionais ou extraordinários lato sensu é composto do recurso especial e extraordinário stricto sensu. Entretanto, não obstante criticar a referida classificação, Barbosa Moreira, não nega a vocação uniformizadora jurisprudencial do recurso extraordinário e do especial, na expressão do próprio, uma ramificação daquele, e arremata, apoiado na lição de Pontes de Miranda, que a finalidade do remédio era a de assegurar a inteireza positiva, a validade, a autoridade e a uniformidade da interpretação da Constituição e das leis federais 13. Assim, temos que, se é certo que o mote da parte que interpõe o recurso excepcional é a tutela de seu direito subjetivo, o que não se discute; por outro lado, é necessário que se tenha em mente que tal desiderato apenas será alcançado caso o recorrente demonstre que a apreciação do mérito de seu recurso seja importante também para o sistema, isto é, para a tutela do direito objetivo, elemento imediatamente 228

8 tutelado pelos remédios excepcionais e que justifica a existência dos mesmos e das próprias cortes superiores que o julgam, no sistema processual. Esta vocação de recurso de estrito direito, permite ao Supremo Tribunal Federal, via recurso extraordinário, exercer o controle difuso de constitucionalidade e nesta medida, cumprir sua função nomofilácica, algo que ganhou força a partir da introdução da sistemática de reconhecimento e aplicação do entendimento do Supremo Tribunal Federal acerca da existência ou inexistência da repercussão geral aos recursos extraordinários que envolvam a mesma questão constitucional, conforme se verá no item seguinte. 3. ANÁLISE E RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Requisito de admissibilidade específico e exclusivo do recurso extraordinário dirigido ao Supremo Tribunal Federal, a necessidade de demonstração pelo recorrente da repercussão geral para fins da admissibilidade do RE foi inserida pela Emenda Constitucional n. 45/2004 e guarda semelhança com o instituto da arguição de relevância 14 vigente no sistema da Constituição de A inserção desse filtro de acesso ao Supremo Tribunal Federal representa mais uma tentativa, no conjunto de medidas restritivas, voltada a resolver ou minimizar os efeitos daquilo que se convencionou chamar de crise do Supremo, assim entendida a quase inviabilidade das atividades daquela corte constitucional por força do excesso de recursos interpostos. Nesse contexto, se insere a necessidade de a parte recorrente demonstrar, a par de todos os requisitos de admissibilidade comuns a todos os recursos e específicos dos recursos excepcionais, a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso (art. 102, 3º da Constituição Federal com a redação dada pela EC 45/2004). O mesmo dispositivo constitucional exige que a recusa da existência da repercussão geral deve ser manifestada por dois terços dos membros do Supremo Tribunal Federal, deixando diversos aspectos inerentes ao instituto para o plano infraconstitucional, que restou regulamentado pela Lei /2006, que inseriu os arts. 543-A e 543-B no Código de Processo Civil, sendo certo que também se ocupam da matéria os arts. 321 a 329 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, com a redação dada pela Emenda Regimental n. 21/2007. Rigorosamente, nem todos os aspectos da repercussão geral guardam relação com o objeto deste trabalho, mas é certo que decorre da natureza do instituto a aplicação uniforme do reconhecimento ou afastamento da existência de repercussão geral para todos os processos que envolvam a mesma questão de direito, gerando, desta feita, um efeito objetivo do pronunciamento do Supremo Tribunal Federal REPERCUSSÃO GERAL: CONCEITO E CARACTE- RIZAÇÃO Repercussão geral da questão constitucional encerra um conceito jurídico indeterminado 15, carregado intencionalmente de vaguidade 16, que carece de esclarecimento pela 229

9 lei infraconstitucional, doutrina e, sobretudo, pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. O art. 543-A, 1º do Código de Processo Civil define que a existência de repercussão geral será considerada em função da relevância da questão constitucional dos pontos de vista econômico, político, social, ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos da causa, o que leva Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero 17 a concluírem que a fórmula utilizada pelo legislador para definir a repercussão geral conjuga os fatores relevância e transcendência. servidores públicos integrantes de uma mesma categoria. Definido o conceito de grupo relevante, a dimensão subjetiva da repercussão geral passa a exigir a demonstração da relação entre o recorrente e as razões recursais com ao referido grupo 21. Pela dimensão objetiva, deve-se entender quais matérias, quando inseridas na fundamentação do recursos extraordinário, são hábeis a causar impacto indireto em determinados grupos sociais quando não na sociedade inteira 22. Bruno Dantas Nascimento 18, por sua vez, sob o argumento de que a relevância e transcendência, apesar de referidas pela lei, não são os melhores critérios para caracterizar a presença da repercussão geral, busca para sua definição, apoiado no que classifica como as duas dimensões do conceito de repercussão geral. Para o referido autor 19, é necessário analisar a dimensão subjetiva e objetiva da questão constitucional, para, assim, decidir pela existência ou inexistência da repercussão geral. A primeira impõe o exame do alcance do grupo social que potencialmente será atingido pela decisão, não havendo de ser, dessa perspectiva, necessariamente a totalidade da população ou mesmo a maioria. Isso porque, segundo o referido autor 20, a expressão geral do instituto não pode ser entendida como sinônimo de integral, total ou global, sendo suficiente que a decisão acerca da questão constitucional atinja um grupo social relevante, como portadores do vírus HIV, membros de determinada comunidade indígena, contribuintes de determinado tributo ou Nessa dimensão, é possível definirem-se com razoável precisão alguns temas que objetivamente possuem repercussão geral do ponto de vista econômico, político, social, ou jurídico, como os exemplificados por Teresa Arruda Alvim Wambier 23, que digam respeito a questões que envolvam serviços públicos essenciais como saneamento básico, telefonia, e nos quais podem ser acrescentadas normas de direitos difusos e de direito do consumidor. A referida autora 24 aduz que há relevância jurídica quando esteja em jogo um conceito ou a noção de um instituto básico de nosso Direito, a exemplo do conceito de direito adquirido. Relevância social, ainda segundo a autora 25, há numa ação em que se discutem problemas relativos à escola, à moradia, à saúde, ou mesmo à legitimidade do MP para propositura de certas ações. Por fim, Teresa Arruda Alvim Wambier avalia e exemplifica, com propriedade, os conceitos de relevância econômica e política. A primeira se configura em ações em que se discute, por exemplo, o sistema financeiro da habitação ou a pri- 230

10 vatização de serviços públicos 26, e a segunda pode emergir de decisões capazes de influenciar relações entre Estados estrangeiros 27, podendo ser acrescentadas nesse mesmo conjunto as decisões acerca de normas regulamentadoras do processo político-eleitoral, como inelegibilidade, coligações e propaganda político-partidária, por exemplo. Ademais, o 3º do art. 543-A do Código de Processo Civil define que haverá repercussão geral sempre que a decisão recorrida contrariar jurisprudência dominante ou sumulada do próprio Supremo Tribunal Federal. A razão de ser do dispositivo é justamente proteger a jurisprudência da corte guardiã da Constituição Federal, impedindo que uma decisão que consagra entendimento contrário ao do Supremo Tribunal Federal transite em julgado, caso, eventualmente, o recurso extraordinário não venha a ser conhecido PROCEDIMENTO DE RECONHECIMENTO E DE- CLARAÇÃO DA PRESENÇA DA REPERCUSSÃO GERAL NO ÂMBITO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A análise e o reconhecimento da repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal têm seu procedimento detalhado pelo Código de Processo Civil, especialmente arts. 543-A e 543-B, introduzidos pela Lei /2906. Cassio Scarpinella Bueno leciona que, rigorosamente, trata-se um incidente processual que deve guardar compatibilidade com o modelo constitucional de processo, especialmente com o princípio do devido processo legal, e dada a possibilidade de seu resultado refletir e influenciar outros processos, devem ser maximizados a publicidade, a motivação e, especialmente, o contraditório 28. Esse traço, aliás, é a principal característica que distingue o instituto da repercussão geral da arguição de relevância, prevista no art. 119, 1º, da Constituição de 1969, que, àquela época, cumpria funções semelhantes, sem que sua declaração fosse procedida de um procedimento público e em contraditório e sem a necessidade de que motivadas fossem as declarações de existência ou inexistência do requisito de admissibilidade do recurso extraordinário. Em suma, a deliberação sobre a presença da repercussão geral deve ser precedida de um prévio procedimento, observadas as garantias e os princípios constitucionais de um modo proporcional à potencialidade de seus efeitos. Por observância proporcional, a potencialidade dos efeitos deve ser entendida, sobretudo como: a) a potencialização do contraditório, especialmente com a admissibilidade de participação de terceiros na qualidade de amicus curiae, conforme previsto no 6º do art. 543-A do CPC; b) motivação adequada, demonstrando e justificando a relevância e transcendência da questão do ponto de vista político, econômico, jurídico ou social ou o porquê de sua inexistência; e c) ampla publicidade, tanto da sessão deliberativa como do resultado da deliberação, o que, aliás, se traduz na exigência do 7º do citado dispositivo, que exige a publicação no diário oficial do resultado do julgamento 29. A legislação infraconstitucional, além de regular com detalhes o procedimento de análise e a declaração da presença 231

11 da repercussão geral, estabelece mecanismos de aplicação do referido entendimento aos demais recursos extraordinários que envolvam a mesma questão constitucional. É interessante notar que, pela letra do referido dispositivo, a apreciação da referida preliminar é de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, aliás nos termos ditados pela própria Constituição Federal (art. 102, 3º), o que leva Bruno Dantas Nascimento a destacar que, apesar da natureza de pressuposto específico de cabimento do recurso extraordinário, ao contrário dos demais requisitos de admissibilidade, uma limitação material à cognição imposta pela norma constitucional impede que sua presença seja analisada pelo Tribunal a quo, ou mesmo monocraticamente pelos ministros do Supremo Tribunal Federal 30. Uma vez analisada e decretada a existência ou inexistência em relação a determinada questão constitucional, a legislação infraconstitucional não apenas autoriza, como determina que o entendimento seja reproduzido pelos demais órgãos do Poder Judiciário e, internamente, pelos órgãos fracionários do Supremo Tribunal Federal, em todas as causas semelhantes pendentes de análise na esfera de suas competências. Nesse ponto, portanto, a lei faz clara distinção entre análise e declaração da presença da repercussão geral, de competência exclusiva do Plenário do Supremo Tribunal Federal, e aplicação do entendimento aos processos que envolvam a mesma questão constitucional analisada pelo Supremo, técnica, de reprodução da decisão consagrada, que, nessa medida, acelera o procedimento recursal, nos termos a seguir tratados (item 5 e 5.1.). Isso porque a negativa de existência da repercussão geral por dois terços dos ministros do Supremo Tribunal Federal autoriza o indeferimento liminar dos recursos idênticos, nos termos do 5º do art. 543-A, que remete ao Regimento Interno do STF. A par disso, caso o recurso extraordinário seja enquadrado como múltiplo nos termos do caput do art. 543-B do Código, dar-se-á um verdadeiro agrupamento de demandas individuais que, em conjunto, se sujeitarão à não admissibilidade automática nos termos do 2º do dispositivo, a serem tratados a seguir. Alinhado com o modelo constitucional de processo civil, mais especificamente com a garantia do contraditório, a sistemática procedimental de análise pelo Supremo Tribunal Federal da repercussão geral da questão constitucional, por ter aptidão de ser reproduzida, e, nessa medida, influenciar o destino de outros recursos não analisados individualmente pelo Supremo Tribunal Federal, no 6º do art. 543-A, permite que terceiros participem do procedimento de análise da repercussão geral. Esses terceiros, são aqueles que possuam interesse institucional e representatividade que lhes autorizam atuar como amicus curiae, bem como os sujeitos que possuam recursos extraordinários que contenha questão idêntica à analisada e que, por esse motivo, terão o mesmo destino do recurso apreciado, quer por força do art. 543-A, 5º, quer por força do regime específico do art. 543-B do Código de Processo Civil. O pedido de intervenção na qualidade de amicus curiae deve ser apreciado, nos termos do 6º do art. 543-A do CPC, pelo relator do recurso extraordinário. 232

12 Entretanto, negado o pedido de intervenção pelo relator, reza o art. 322, 2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, que tal decisão é irrecorrível. Não obstante a letra do referido dispositivo regimental, Cassio Scarpinella Bueno 31, por entendê-lo inconstitucional, defende ser a decisão do relator que não admite a intervenção de terceiro recorrível. claramente delineada pelos arts. 543-A, 5º e 543-B do CPC, que consagram uma sistemática sem a qual o escopo da introdução no ordenamento jurídico processual da repercussão geral pela Emenda n. 45/2004 não seria atingido, é possível extrair-se a conclusão no sentido de que a declaração pelo Supremo Tribunal Federal acerca da presença da repercussão geral possui efeito erga omnes e, se não vinculante, com efeitos persuasivos bastante elevados. Nessa hipótese, deve o recurso contra o indeferimento da participação do terceiro ser dirigido ao colegiado competente para a análise da presença da repercussão geral, ou seja, o plenário do Supremo Tribunal Federal. Já a decisão do Supremo Tribunal Federal acerca da inexistência da repercussão geral é irrecorrível, nos termos do art. 326 do RISTF, assim sendo, especialmente, em função de ter sido determinada por dois terços dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não havendo instância superior para reapreciar a referida decisão 32. Ainda assim, deve-se destacar que a decisão é passível de impugnação via embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, desde que a parte alegue omissão, contradição ou obscuridade da decisão que declara inexistir repercussão geral da matéria constitucional 33. É possível falar-se em efeito erga omnes dado que a decisão do Supremo Tribunal Federal acerca de repercussão geral de determinada questão constitucional será aplicada a todos aqueles que se encontrarem na mesma situação processual, isto é, que discutam em um determinado recurso extraordinário a mesma questão constitucional. Em sentido semelhante, Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero 34 afirmam que o não reconhecimento da repercussão geral tem efeito pan-processual, no sentido que se espraia para além do processo em que fora acertada a inexistência de relevância e transcendência. Quanto ao efeito vinculante, se o mesmo não está previsto na Constituição Federal nem na lei tal como os efeitos da súmula vinculante, é certo que um efeito muito próximo disso será alcançado na prática EFEITOS DA DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FE- DERAL SOBRE A PRESENÇA DA REPERCUSSÃO GERAL Em função da já aludida vocação de influenciar os demais processos que envolvam a mesma questão constitucional Isso porque, em princípio, nada justifica, e razões de ordem sistemática inclusive impedem, que qualquer outro órgão jurisdicional reconheça repercussão geral de uma matéria analisada e rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal, e vice-versa, que negue a existência de repercussão geral de questões tidas pelo Supremo Tribunal Federal como representativas de tal requisito. 233

13 Portanto, ainda que a legislação não se valha da expressão efeito vinculante, o precedente do Supremo Tribunal Federal que resolve a existência da repercussão geral de determinada questão de direito é de obrigatória observância pelos demais órgãos do Poder Judiciário que enfrentem a matéria. Luiz Guilherme Marinoni 35 assevera com precisão que caracteriza-se pela possibilidade de qualquer órgão do Poder Judiciário poder declarar a incompatibilidade de lei ou ato normativo infraconstitucional com a Constituição Federal, no caso concreto, e com efeito apenas intra partes, difere do controle concentrado de constitucionalidade, que possui eficácia erga omnes e efeito vinculante para todos os demais órgãos do Poder Judiciário. não há como conciliar a técnica de seleção de casos com a ausência de efeito vinculante, já que isso seria o mesmo que supor que a Suprema Corte se prestaria a selecionar questões constitucionais caracterizadas pela relevância e transcendência e, ainda assim, permitir que estas pudessem ser tratadas de modo diferente pelos diversos juízos inferiores. O citado autor 36 conclui que a ausência do efeito vinculante constituiria mais uma afronta à Constituição Federal, desta vez à norma do art. 102, 3º, que deu ao Supremo Tribunal Federal a incumbência de atribuir a luz do instituto da repercussão geral unidade do direito mediante a afirmação da Constituição. Teresa Arruda Alvim Wambier 37, por sua vez, afirma que a decisão do STF tem caráter absolutamente vinculante, quando a inadmissibilidade do recurso em razão de ausência de repercussão geral. E conclui: deverá o órgão a quo, assim, ater-se ao que tiver deliberado o STF a respeito ATUAL TENDÊNCIA DE OBJETIVAÇÃO DAS DECI- SÕES EM SEDE DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO Conforme já asseverado, a princípio, o controle difuso, que Em primeiro grau de jurisdição, o controle difuso é realizado singularmente pelo magistrado, que deve se posicionar fundamentadamente acerca da conformidade ou inconformidade com a Constituição Federal, das normas invocadas pelas partes como aplicadas ao caso, devendo, nos casos de inconstitucionalidade reconhecida, deixar de aplicar a norma. Ademais, a inconstitucionalidade da norma aplicável ao caso concreto pode ser declarada pelo juiz de primeiro grau, ainda que nenhuma das partes tenha aventado a questão em sua alegação, dada a garantia do livre convencimento motivado (art. 131 do Código de Processo Civil). Entretanto, a análise da constitucionalidade da lei ou ato normativo pelo juízo singular do processo em primeiro grau de jurisdição encontra limites, não estando, de uma maneira absoluta, abarcada pela garantia do livre convencimento motivado, ficando proibida, por exemplo, a decisão acerca da compatibilidade de uma norma com a Constituição Federal, quando já analisada e decidida a questão pelo Supremo Tribunal Federal. Já, em segundo grau, a possibilidade de declaração de inconstitucionalidade singularmente é vedada por força da regra processual constante do art. 97, da Constituição Fe- 234

14 deral, que determina a necessidade de remessa ao plenário ou órgão especial do Tribunal, para que, nessa sede, seja apreciada e declarada, pela maioria dos desembargadores, a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma. Também, nesse caso, é preciso que se deixe claro que a garantia do livre convencimento motivado dos desembargadores do tribunal também não é ilimitada, devendo ser sempre consentânea com os entendimentos pacificados no Supremo Tribunal Federal acerca da (in)constitucionalidade da norma, sendo, inclusive, a desconformidade de entendimentos entre um tribunal e o Supremo Tribunal Federal mais maléfica para o sistema do que a de um juiz singular e os entendimentos superiores, dada a posição hierárquica ocupada pelos primeiros. Prova dessa valorização é a, já referida, dispensa da remessa ao plenário do Tribunal da questão constitucional, quando a matéria estiver pacificada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (art. 482, parágrafo único, do CPC), valendo o destaque de que tal dispensa é autorizada quer o posicionamento tenha sido firmado em sede de controle difuso, quer em sede de controle concentrado, o que demonstra a cada vez mais clara aproximação dos dois sistemas. Em suma, a possibilidade de os magistrados de primeiro e segundo graus verificarem a compatibilidade entre normas infraconstitucionais e o texto da Constituição Federal, em princípio abarcada pelo livre convencimento, não permite simplesmente afastar, em sede de controle difuso, uma norma, por tê-la como inconstitucional, quando já houver posicionamento em sede do Supremo Tribunal Federal, mesmo que naquela sede. É certo que a declaração do Supremo Tribunal Federal em sede de controle difuso, para que tenha efeito erga omnes, tem de ser chancelada pelo Senado Federal, nos termos do art. 52, inc. X, da Constituição, o que poderia levar o intérprete a crer que, até então, restaria abarcada pela garantia do livre convencimento motivado a possibilidade de o magistrado aplicar ou não a norma, mesmo em uma concepção contrária à dos órgãos de jurisdição superior. Entretanto, uma interpretação nesse sentido é prejudicial ao sistema, por configurar uma potencial ofensa ao princípio da igualdade, da legalidade, além de uma negação ao papel primordial dos órgãos de jurisdição superior, que consiste, justamente, em uniformizar o entendimento do Judiciário, o que gera ineficiência processual e insegurança jurídica, valores contrários ao sistema processual e ao próprio Estado Democrático de Direito consagrado na Constituição Federal. Em outras palavras, se é certo que o sistema prevê efeitos vinculantes a determinados comandos judiciais como o controle concentrado de constitucionalidade, via ação direta, súmula vinculante e resolução do Senado Federal, também os precedentes fora desse conjunto, possuem seu valor, devendo ser, mesmo sem possuírem expressa força vinculante, observados pelos magistrados em primeiro e segundo graus de jurisdição. Aliás, a constante valorização dos precedentes formados pelo Supremo Tribunal Federal, ainda que em sede de controle difuso de constitucionalidade, vem sendo considerada pela doutrina, com claros reflexos na jurisprudência e na própria legislação, como uma tendência de objetivação do recurso extraordinário e, conforme os já citados entendi- 235

15 mentos da autorizada doutrina de Luiz Guilherme Marinoni 39 e Teresa Arruda Alvim Wambier 40, com efeitos vinculantes aos demais órgãos do Poder Judiciário ainda que isso não decorra expressamente do texto normativo. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Ferreira Mendes, em sede doutrinária 41, vem destacando que: se ao Supremo Tribunal Federal compete, precipuamente, a guarda da Constituição Federal, é certo que a interpretação do texto constitucional por ele fixada deve ser acompanhada pelos demais Tribunais, em decorrência do efeito definitivo outorgado à sua decisão do Tribunal de origem ter sido proferido antes daquele do Supremo Tribunal Federal no leading case, pois, inexistindo o trânsito em julgamento e estando a controvérsia constitucional submetida à analise deste Tribunal, não há qualquer óbice para aplicação do entendimento fixado pelo órgão responsável pela guarda da Constituição da República. O Ministro 42, após fazer uma análise da evolução da jurisprudência sobre o tema, citando, dentre outros julgados, os acórdãos proferidos nos julgamentos do RE , que dispensava o encaminhamento do tema constitucional ao Plenário, desde que o Supremo Tribunal Federal já houvesse se posicionado sobre o assunto, o que foi reiterado nos recursos extraordinários n PE e PE, e AgRgAI , conclui que: Esse entendimento marca evolução no sistema de controle de constitucionalidade brasileiro, que passa a equiparar, praticamente, os efeitos das decisões preferidas nos processos de controle abstrato e concreto. A decisão do Supremo Tribunal Federal, tal como colocada, antecipa o efeito vinculante de seus julgados em matérias de controle de constitucionalidade incidental, permitindo que o órgão fracionário se desvincule do dever de observância da decisão do Pleno ou do Órgão do Especial do Tribunal a que se encontra vinculado. Decide-se autonomamente, como fundamento na declaração de inconstitucionalidade (ou de constitucionalidade) do Supremo Tribunal Federal, proferida incidenter tantum. Em sua atuação no Supremo Tribunal Federal, o Ministro Gilmar Mendes vem consagrando esse entendimento desde o julgamento do RE n , no que vem sendo acompanhado por seus pares, conforme se depreende do acórdão da lavra do ministro Eros Grau, in verbis: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRA- ORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. ALTERAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. LEI N /98. VIOLAÇÃO DO AR- TIGO 239 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O Supremo Tribunal Federal tem entendido, a respeito da tendência de não-estrita subjetivação ou de maior objetivação do recurso extraordinário, que ele deixa de ter caráter marcadamente subjetivo ou de defesa de interesse das partes, para assumir, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional objetiva. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento 43. No plano doutrinário, o referido fenômeno é destacado por Rodolfo de Camargo Mancuso 44, para quem, por não haver diferença substancial entre os modelos de controles difuso e concentrado de constitucionalidade, pode o Supremo Tribunal Federal imprimir eficácia expansiva extra-autos à 236

16 decisão, no bojo do recurso extraordinário, que reconhece a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no que vem sendo chamado de objetivação do recurso extraordinário. Considerando as diversas mudanças constitucionais e legislativas voltadas a valorizar a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em especial a súmula vinculante e a repercussão geral, Fredie Didier Jr. 45, com apoio em farta jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, afirma, em artigo específico sobre o tema, que o recurso extraordinário, embora instrumento de controle difuso de constitucionalidade das leis, tem servido, também, ao controle abstrato. Teresa Arruda Alvim Wambier, da mesma forma, identifica essa tendência de atribuição às decisões do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei, tomadas pelo seu plenário, efeito vinculante. Mais adiante, conclui a autora que: de acordo com essa tendência, os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública devem respeitar as decisões do STF tomadas nessas condições, como se fossem fruto de ações declaratórias de inconstitucionalidade, i.e., controle concentrado. Contudo, alguns desdobramentos decorrentes do efeito vinculante e da eficácia erga omnes expressamente previstos para as decisões de controle concentrado ou súmula vinculante, especialmente o cabimento da Reclamação de competência originária do Supremo Tribunal Federal, não são possíveis de ser extraídos do simples julgamento reiterado de recursos extraordinários. A jurisprudência formada pelo Supremo Tribunal Federal pela via do controle difuso deve, por razões de ordem sistemática, ser seguida, valorizada e prestigiada pelos demais órgãos do Poder Judiciário, sem, contudo, poder ser, impugnável pela via da Reclamação a decisão este precedente 46. Não cabe ao intérprete, especialmente por tratar-se de ação competência originária do Supremo Tribunal Federal, com hipóteses de cabimento taxativamente estabelecidas no texto constitucional, ampliar o rol de situações em que a decisão pode ser cassada pela via excepcional da reclamação. Assim vem decidindo o Supremo Tribunal Federal, conforme se depreende os acórdãos, relatados pelos Ministros Luiz Fux e Teori Zavaski, verbis: Portanto, fato é que, em função das recentes modificações constitucionais e legais no plano processual, especialmente com o advento da súmula vinculante e repercussão geral, mas também em função de outros mecanismos que igualmente valorizam a jurisprudência, sobretudo aquela formada pelo Supremo Tribunal Federal no exercício do controle difuso, é visível uma aproximação com o sistema de controle concentrado, em princípio, o único apto a gerar efeitos vinculantes e obrigatória observância de seus julgados. Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ALE- GAÇÃO DE DESRESPEITO AO DECIDIDO NO RE / MG (COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA). FAL- TA DE SIMILITUDE FÁTICA E DE ESTRITA ADERÊNCIA DE CONTEÚDO ENTRE O ATO ATACADO E O PRECEDENTE DO STF. ACÓRDÃO DA CORTE QUE, NÃO OBSTANTE PROFERIDO NO ÂMBITO DA SISTEMÁTICA DA REPER- CUSSÃO GERAL, NÃO VINCULA O JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU. RECLAMAÇÃO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO

17 Falta, no caso, similitude fática e estrita aderência entre o conteúdo do ato reclamado e o julgado da Corte apontado como desrespeitado (RE /MG). 2. Os precedentes do STF, proferidos no âmbito da sistemática de repercussão geral (art. 543-B do CPC), ainda que descumpridos, não propiciam o ajuizamento de reclamação, mormente quando o alegado descumprimento ocorrer perante juízo de primeiro grau. 3. Impossibilidade de utilização de reclamação como sucedâneo de recurso e ação rescisória. 4. Agravo regimental não provido 47. (grifo nosso) Ementa: RECLAMAÇÃO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. ART. 25 DA LEI Nº 8.212/91. ART. 25 DA LEI Nº 8.870/94. INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO. COMPENSAÇÃO. ALEGAÇÃO DE OFENSA À AUTORIDA- DE DAS DECISÕES PROFERIDAS NOS RECURSOS EX- TRAORDINÁRIOS NºS /MG E /RS. TESE APRECIADA POR ESTA CORTE APENAS EM SEDE DE CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE. INE- XISTÊNCIA DE PRECEDENTE EM CONTROLE ABSTRATO. IMPOSSIBILIDADE DE MANEJO DE RECLAMAÇÃO COMO SUCEDÂNEO DE RECURSO DE ÍNDOLE ORDINÁRIA OU EXTRAORDINÁRIA. APLICAÇÃO DA ORIENTAÇÃO FIRMA- DA NO JULGAMENTO DA RECLAMAÇÃO Nº /SP, REL. MIN. ELLEN GRACIE, AUTORIZANDO O JULGAMEN- TO MONOCRÁTICO. RECLAMAÇÃO NÃO CONHECIDA. 1. A reclamação é inadmissível pelo só descumprimento de tese fixada em repercussão geral assentada no julgamento de recurso extraordinário, por isso que o instituto não é servil à substituição dos recursos cabíveis in itinere contra as decisões judiciais, porquanto raciocínio inverso consagraria pleito per saltum com indevida supressão de instância (Reclamação nº /SP, Rel. Min. Ellen Gracie, j. em 13 de abril de 2011, acórdão pendente de publicação). 2. Reclamação ajuizada contra decisão de segundo grau que, em sede de apelação, declarou a inconstitucionalidade da contribuição social prevista no arts. 25 da Lei nº 8.212/91 e 25 da Lei nº 8.870/94, ressaltando, porém, que o crédito do contribuinte deveria sofrer compensação com contribuições sobre folha de salários prevista no art. 22, incisos I e II, da Lei nº 8.212/ Alegação de descumprimento da autoridade dos precedentes proferidos por este Supremo Tribunal Federal no julgamento dos Recursos Extraordinários nºs /MG e /RS, oportunidade nas quais restou rejeitado o pleito de modulação da declaração de inconstitucionalidade das normas tributárias em jogo. 4. Inexistindo, in casu, precedente fruto de exercício da fiscalização abstrata de constitucionalidade, a reclamação constitucional não pode ser admitida, sob pena de frustrar a teleologia indispensável para a subsistência do sistema recursal pelo manejo indevido da medida como sucedâneo de recurso de índole ordinária ou extraordinária. 5. Reclamação não conhecida. 48 (grifo nosso) Tais entendimentos, pelo menos no que tange ao cabimento o da Reclamação, distanciam os pronunciamentos proferidos em sede de controle concentrado e os editados em súmula vinculantes daqueles proferidos em sede de recurso extraordinário, algo um tanto quanto assistemático, sobretudo, a partir da introdução da sistemática de reconhecimento da repercussão geral e à luz da já referida tendência de objetivação do recurso extraordinário. Neste aspecto é preciso fazer referência ao projeto de novo Código de Processo Civil (PL nº 8.046/2010), atualmente 238

18 em fase de revisão no Senado Federal que, se aprovado, superará a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal supra referida, e aproximará os mecanismos de controle difuso e concentrado também no que tange ao cabimento da Reclamação. Isso porque, o art. 1000, inc. IV, do projeto prevê o cabimento de Reclamação para garantir a observância de súmula vinculante e de acórdão ou precedente proferido em julgamento de casos repetitivos, assim entendidos, nos termos do art. 522, inc. II, entre outros, o julgamento de recurso extraordinário repetitivo. Federal aos demais recursos extraordinários que envolvam a mesma questão constitucional. Tais dispositivos, além de determinarem a aplicação uniforme, estabelecem técnicas voltadas a viabilizar uma aplicação acelerada do entendimento, evitando etapas procedimentais consideradas pela lei desnecessárias, uma vez resolvida a questão pelo Supremo Tribunal Federal. A forma de aplicação varia de acordo com o estágio procedimental dos recursos extraordinários de fundamento idêntico, conforme será analisado no presente item. Por outro lado mesmo sem a aprovação do projeto de novo CPC, à luz da doutrina, jurisprudência e legislação vigente é possível, sustentar a tese de que o precedente formado pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de controle difuso, deve ser observado pelos demais órgão do Poder Judiciário conforme determinado pelos arts. 543-A e 543-B do Código de Processo Civil vigente, a seguir tratados. 5. MECANISMOS DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ACERCA DA EXIS- TÊNCIA OU INEXISTÊNCIA DA REPERCUSSÃO GERAL AOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS QUE ENVOLVAM A MESMA QUESTÃO CONSTITUCIONAL A par de regulamentar o procedimento de verificação pelo Supremo Tribunal Federal da presença da repercussão geral, nos termos acima tratados, os arts. 543-A e 543-B do Código de Processo Civil detalham o procedimento de aplicação do entendimento consagrado pelo Supremo Tribunal Além disso, é possível distinguir dois regimes procedimentais para a aplicação do reconhecimento ou declaração de inexistência da repercussão geral, um genérico e comum a todos os recursos extraordinários, e outro específico, previsto para aqueles que, de antemão, o Tribunal a quo ou o próprio Supremo Tribunal Federal classificam o recurso extraordinário como repetitivo, por retratar uma demanda múltipla com idêntica questão de direito veiculada em outros recursos idênticos. O procedimento comum encontra-se precipuamente regulado no art. 543-A do Código de Processo Civil, ao passo que o procedimento específico para o reconhecimento de decretação de existência ou inexistência de repercussão geral para os recursos extraordinários repetitivos encontra- -se regulamentado especialmente no art. 543-B do Código. É importante ressaltar, todavia, que mesmo aqueles recursos não enquadrados e processados como recursos extraordinários repetitivos, nos termos do art. 543-B do CPC, 239

19 terão tratamento uniforme nos termos do 5º do art. 543-A do Código. Em outras palavras, a aplicação uniforme do entendimento do Supremo Tribunal Federal em relação à presença da repercussão geral é comum a todos os recursos extraordinários que envolvam a mesma questão, sendo certo que, caso essa semelhança seja notada de antemão e represente o que a lei denomina multiplicidade de recursos, o tratamento procedimental é ainda mais específico nos termos a seguir tratados. O referido diploma, por sua vez, dispõe em seu art. 13, inc. V, c que compete ao Presidente do Supremo Tribunal Federal despachar como relator (a), nos termos do arts. 544, 3º, e 557 do Código de Processo Civil, até eventual distribuição, os agravos de instrumentos e petições ineptos ou doutro modo manifestamente inadmissíveis, bem como os recursos que não apresentam preliminar formal e fundamentada de repercussão geral, ou cuja matéria seja destituída de repercussão geral, conforme jurisprudência do Tribunal. Dispõe o 5º do art. 543-A do Código de Processo Civil que negada a existência da repercussão geral a decisão valerá para todos os recursos sobre a matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo revisão de tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Bruno Dantas 50 salienta que a referida atuação do Presidente do Supremo Tribunal Federal como relator é anterior à própria distribuição do recurso extraordinário e volta-se a reduzir a distribuição de feitos aos ministros da corte mediante delegação de poderes ao presidente. Portanto, uma vez declarada a inexistência da repercussão geral, resta dispensada a remessa para o plenário do Supremo Tribunal Federal para a análise da mesma questão constitucional. Teresa Arruda Alvim Wambier 49, com propriedade, aduz que não fosse assim, a reforma constitucional ficaria sem sentido, já que cada recurso extraordinário, para ser rejeitado em razão da ausência de repercussão geral, dependeria sempre de reunião do Pleno do STF, o que conduziria a um resultado contraproducente. A lei não precisa qual órgão é competente para a denominada rejeição liminar e remete ao Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. A solução, embora estabelecida em norma regimental, é compatível com o modelo constitucional e legal da repercussão geral, dada a expressa autorização do art. 543-A, 5º, parte final, do CPC e do alinhamento de tal prática com a finalidade da norma constitucional, que visa a prestigiar a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Ademais, considerando os efeitos da decisão acerca da repercussão geral, outro resultado não poderia ser atingido pela deliberação de outro Ministro designado como relator, o que demonstra a desnecessidade da atividade processual de distribuição. O art. 327 do RISTF, inserido pela Emenda Regimental 27/2007, além de em seu caput reproduzir a norma do citado 240

20 art. 13, inc. V, c, estende, em seu 1º, os mesmos poderes ao relator do recurso extraordinário nas hipóteses em que a recusa não seja, quando cabível, realizada pela Presidência. Assim, uma vez declarada a inexistência da repercussão geral de determinada questão constitucional, sua mera reprodução, assim entendida a aplicação da decisão aos demais recursos extraordinários que veiculem a mesma controvérsia, é atividade a ser exercida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal antes da distribuição do RE, ou pelo relator, após a distribuição do mesmo, que devem, monocraticamente, proceder ao juízo negativo de admissibilidade do recurso. Tal decisão monocrática, contudo, não obstante ser de declaração de inexistência de repercussão geral, não atrai a incidência do art. 326, que estabelece ser irrecorrível a toda a decisão de inexistência de repercussão geral. Isso porque, tal dispositivo, já comentado, possui aplicabilidade nos casos em que a decisão de inexistência de repercussão geral for tomada por dois terços dos ministros, não sendo aplicável às hipóteses de reprodução do entendimento nos demais recursos tidos por idênticos 51. A decisão, nos termos do art. 327, 2º, do RISTF, desafia o recurso de agravo interno, para o plenário, se interposto contra a decisão do presidente, ou para turma, se contrário à decisão do relator. Também é compatível com a sistemática da repercussão geral a negativa de seguimento do recurso extraordinário na origem, isto é, pelo presidente ou vice-presidente do tribunal a quo, da mesma forma que esses estão autorizados a negar seguimento pela falta de qualquer outros requisitos de admissibilidade. Isso porque, conforme já afirmado, a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal é referente a deliberação e decisão acerca de existência da repercussão geral, e não a sua mera aplicação a cada um dos processos. Dada a possibilidade de alguma singularidade distinguir um determinado recurso extraordinário daqueles que levaram a formação de precedentes, da negativa de admissibilidade pelo tribunal a quo, é cabível o agravo nos autos do processo previsto no art. 544 do CPC ESPECIALMENTE SOBRE O PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DA REPERCUSSÃO GERAL NOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS REPETITIVOS (ART. 543-B DO CPC) Conforme já mencionado nos itens precedentes, um procedimento especialíssimo de tratamento conjunto dos recursos extraordinários múltiplos ou repetitivos, assim entendidos aqueles que em grande número versem sobre a mesma questão constitucional, é traçado pelo art. 543-B do Código de Processo Civil, no que é complementado pelos arts. 328 e 328-A do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Em linhas gerais, esse procedimento se caracteriza por, uma vez identificada a multiplicidade de recursos extraordinários idênticos, pelo tribunal a quo ou pelo próprio Supremo Tribunal Federal, dever ser realizada uma seleção por 241

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