Como a Meditação Ajuda na Remissão da Ansiedade, Depressão, Pânico

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1 Como a Meditação Ajuda na Remissão da Ansiedade, Depressão, Pânico Palestra Realizada por Angela Lins SVM em Brasilia, Junho 2014 ESTRESSE O estresse pode ser causado por qualquer situação ou sensação que o faz se sentir frustrado, irritado ou ansioso. O que é estressante para uma pessoa pode não ser para outra. Os fatores biológicos e genéticos podem se combinar com o estresse e produzir sintomas psicológicos. O estresse é uma parte normal da vida. Em pequenos níveis, o estresse é útil; é capaz de motivá-lo e ajudá-lo a ser mais produtivo. O estresse contínuo pode provocar ansiedade, depressão e comportamentos prejudiciais à saúde, como comer em excesso, abusar de álcool e drogas. O que é Ansiedade? O termo "ansiedade" tem várias definições nos dicionários não técnicos: aflição, angústia, nervoso. A principal característica do Transtorno de Ansiedade é a preocupação excessiva. Todos nós nos preocupamos, de alguma forma, em algum

2 ponto sobre algo das nossas vidas. No entanto, a preocupação sentida, está claramente fora de proporção em relação à probabilidade real ou impacto do evento temido. A preocupação é difícil de controlar e interfere com as tarefas em mãos. A ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação, porém, em excesso, faz exatamente o contrário, impedindo reações. Causas Os Transtornos de Ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às experiências de vida. A pessoa pode se sentir ansiosa a maior parte do tempo sem nenhuma razão aparente ou pode ter ansiedade apenas às vezes, mas tão intensamente que se sentirá imobilizada. A sensação de ansiedade pode ser tão desconfortável que, para evitá-la, as pessoas deixam de fazer coisas simples (como usar o elevador) por causa do desconforto que sentem. Alterações nos neurotransmissores como: noradrenalina, GABA, serotonina. Acredita-se hoje que os fatores psicológicos e ambientais tem maior peso para o surgimento dessa patologia. Sintomas da ansiedade 1. Dores abdominais (esse pode ser o único sintoma de ansiedade, especialmente em uma criança) 2. Diarreia ou necessidade frequente de urinar 3. Vertigem 4. Boca seca ou dificuldade de engolir 5. Dores de cabeça 6. Tensão muscular 7. Respiração acelerada 8. Batimentos cardíacos acelerados ou irregulares

3 9. Transpiração 10. Agitação ou tremor 11. Dificuldade de concentração 12. Fadiga 13. Irritabilidade, incluindo perda de controle 14. Problemas sexuais 15. Dificuldades para dormir, incluindo pesadelos DEPRESSÃO O que é Depressão? A depressão é um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. Sentimento permanente de tristeza, pessimismo, baixa auto-estima. É imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico, quanto para o tratamento adequado. Causas A depressão é uma doença. Alterações nos neurotransmissores: serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina, substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem nas células nervosas também estão envolvidos. Sintomas de Depressão 1. Humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia 2. Desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas 3. Diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis

4 4. Desinteresse, falta de motivação e apatia 5. Falta de vontade e indecisão 6. Sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio 7. Pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte. 8. A pessoa pode desejar morrer, planejar uma forma de morrer ou tentar suicídio 9. Interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom "cinzento" para si, para os outros e o seu mundo 10. Dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento 11. Diminuição do desempenho sexual (pode até manter atividade sexual, mas sem a conotação prazerosa habitual) e da libido 12. Perda ou aumento do apetite e do peso 13. Insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono (dorme demais e mesmo assim fica com sono a maior parte do tempo) 14. Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos, como dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros. MEDITAÇÃO A meditação tem ensinado muitas pessoas a prestar mais atenção às emoções e ao próprio corpo e a lidar de forma mais saudável com as emoções e com os estímulos estressantes. Estudos mostram sua eficácia no controle de patologias como depressão, pânico e ansiedade, estresse e outras.

5 Mais recentemente, a prática baseada na auto-regulação tem atraído a atenção de pesquisadores e sido utilizada como aliada eficaz no tratamento de estresse, depressão, síndrome do pânico e transtorno de ansiedade. Durante a meditação vipassana (ou da Plena Atenção) o praticante exercita a "observação desapegada": inicialmente focaliza a atenção na própria respiração até que esteja estabilizada. A pessoa é capaz de observar quaisquer eventos físicos ou mentais que possam surgir no campo da consciência. Essa maneira de estar presente e perceber o ambiente e a si mesmo, ajuda o indivíduo a lidar com estresse, dores, sofrimentos e doenças. Embora os mecanismos fisiológicos por meio dos quais a meditação atua, ainda não sejam completamente claros para a ciência, é reconhecido o fato de que a prática produz a redução generalizada de diversos sistemas fisiológicos, promovendo um estado profundo de relaxamento. Alguns autores ressaltam e há várias confirmações que, durante a meditação, ocorrem estados de funcionamento fisiológicos, como: 1. consumo de oxigênio reduzido, 2. resistência basal da pele aumentada, 3. frequência cardíaca reduzida, 4. aumento da densidade e amplitude de ondas cerebrais alfa, 5. rebaixamento do lactato sanguíneo (um marcador bioquímico de relaxamento). Os níveis elevados dessa substância no organismo estão associados à hipertensão e ansiedade, 6. quedas drásticas nos níveis de alerta e excitação, o que ajuda a controlar o estresse e a ansiedade, 7. recuperação autonômica do estresse mais rápido, 8. reduz sintomas de patologias crônicas e recorrentes como a síndrome do pânico e do transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

6 Respiração e ritmo influenciam os estados de humor Na meditação Vipassana (Plena Atenção), o principal foco é a observação da respiração, minuto a minuto, observando detalhadamente o processo respiratório. Os exercícios respiratórios exercem maior influência nos estados de humor: relação das emoções com a respiração. Assim, as características da respiração se ajustam de acordo com as emoções. Na meditação é possível alterar voluntariamente o ritmo, frequência e profundidade da respiração exercendo influência em mecanismos involuntários que regulam a respiração e o sistema cardiovascular, podendo modular a interação entre o sistema nervoso simpático e parassimpático e o eixo HPA. Entretanto, é possível alterar voluntariamente seu ritmo, frequência e profundidade. Na meditação ocorre justamente esse controle voluntário, exercendo influência em mecanismos involuntários, que regulam a respiração e o sistema cardiovascular, podendo modular a interação entre sistema nervoso simpático e parassimpático e, consequentemente, o eixo HPA( glândulas: hipotálamo, hipófise e renal). Esses exercícios ativam o sistema nervoso autônomo com a finalidade de: 1. inibir o sistema simpático (estado de alarme) responsável por: - aumento de corticóides, adrenalina, noradrenalina (afeta o coração, ansiedade, estresse), - liberação dos glicocorticóides (diabetes e síndrome metabólica - obesidade), - diminuição da energia dos processos digestivos (mal funcionamento do sistema gastrointestinal). 2. estimular o sistema parassimpático - que regula o estado de relaxamento e tranquilidade. A ativação do SNA e do eixo HPA, pelo estresse e demais estados de humor, interfere em uma série de outros sistemas com repercussões sobre

7 o crescimento, a reprodução, o sono, o envelhecimento, a memória, prazer, saciação. Pesquisas recentes talvez expliquem por que os praticantes de meditação e ioga são menos propensos a desenvolver transtornos de ansiedade e de humor e respondem melhor às alterações emocionais negativas. Pensar melhor Geralmente, são prescritos ansiolíticos e anti depressivos aos pacientes - com doenças crônicas e recorrentes relacionadas à ansiedade, depressão, síndrome de pânico, TOC. A combinação de farmacoterapia e outras abordagens, como a psicoterapia, favorece as chances de recuperação. A meditação surge então como uma opção complementar, de baixo custo, que favorece o tratamento. Além disso, reforça a autonomia do paciente. Há mais de 2 mil anos, os Budistas falam que a meditação pode representar um antídoto útil ao "comportamento não virtuoso" por meio do estado de Atenção Plena, sem preocupação com julgamentos. A ideia da Plena Atenção (Vipassana), central no pensamento budista, refere-se a uma conscientização cuidadosa dos próprios pensamentos e emoções, fundamental na meditação. Enfim: A prática da meditação busca promover uma forma de consciência dos pensamentos negativos, na qual qualidades como aceitação, descentralização e desapego favorecem a capacidade de refletir e influenciar as próprias experiências cognitivas. Essa orientação direcionada aos próprios pensamentos de forma flexível é capaz de promover a regulação afetiva....