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1 UNIR Universidade Federal de Rondônia Caminhadas de universitários de origem popular UNIR

2 UNIR

3 Copyright 2009 by Universidade Federal do Rio de Janeiro / Pró-Reitoria de Extensão. O conteúdo dos textos desta publicação é de inteira responsabilidade de seus autores. Coordenação da Coleção: Organização da Coleção: Programação Visual: Coordenação: Jailson de Souza e Silva Jorge Luiz Barbosa Ana Inês Sousa Monique Batista Carvalho Francisco Marcelo da Silva Dalcio Marinho Gonçalves Aline Pacheco Santana Núcleo de Produção Editoria da Extensão PR-5/UFRJ Claudio Bastos Anna Paula Felix Iannini Thiago Maioli Azevedo C183 Caminhadas de universitários de origem popular : UNIR / organizado por Ana Inês Souza, Jorge Luiz Barbosa, Jailson de Souza e Silva. Rio de Janeiro : Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pró-Reitoria de Extensão, p. ; il. ; 24 cm. (Coleção caminhadas de universitários de origem popular) Ao alto do título: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Programa Conexões de Saberes : Diálogos entre a Universidade e as Comunidades Populares. Parceria: Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. ISBN: Estudantes universitários Programas de desenvolvimento Brasil. 2. Integração universitária Brasil. 3. Extensão universitária. 4. Comunidade e universidade Brasil. I. Souza, Ana Inês, org. II. Barbosa, Jorge Luiz, org. III. Silva, Jailson de Souza e, org. VI. Programa Conexões de Saberes : Diálogos entre a Universidade e as Comunidades Populares. V. Universidade Federal de Rondônia. VI. Universidade Federal do Rio de Janeiro. VII. Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. CDD:

4 Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares Organizadores Jailson de Souza e Silva Jorge Luiz Barbosa Ana Inês Sousa UNIR Pró-Reitoria de Extensão - UFRJ Rio de Janeiro

5 Coleção Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministério da Educação Fernando Haddad Ministro Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade SECAD André Luiz de Figueiredo Lázaro Secretário Armênio Bello Schmidt Diretoria de Educação para a Diversidade - DEDI Leonor Franco de Araújo Coordenação Geral de Diversidade CGD Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares Jorge Luiz Barbosa Jailson de Souza e Silva Coordenação Geral Márcio Secco Coordenação Geral do Programa Conexões de Saberes/UNIR Universidade Federal de Rondônia José Januário de Oliveira Amaral Reitor Maria Ivonete Barbosa Tamboril Vice-Reitora Autores Alemmar Ferreira da Fonseca Alexandre Aparecido da Silva Néres Ana Gleice Costa da Silva Ana Paula A. de O. Moura Carla Caroline da Silva Nunes Carlos Henrique Teixeira Franciane Farel da Silva Francinei Ferreira da Silva Geicyane Morais dos Santos Helena Pereira Leite Janaína Ferreira de Lima Juliana Rocha Monteiro Leandro Corrêia Luciana Colares da Silva Lucinéia Miranda Sanches Luiz Gonzaga Junior Marilene Pinheiro Craveiro Patrícia dos Santos Lima Regilane Lacerda Gonçalves Rosemari Nazaré da Silva Paz Rosimeire Ferreira do Nascimento Sales Conceição de Melo Nogueira Suelen da Costa Silva Terezinha Andrade da Costa Walkyria Rodrigues Ramos Josélia Gomes Neves Pró-Reitora de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis

6 Prefácio A sociedade brasileira tem como seu maior desafio a construção de ações que permitam, sem abrir mão da democracia, o enfrentamento da secular desigualdade social e econômica que caracteriza o país. E, para isso, a educação é um elemento fundamental. A possibilidade da educação contribuir de forma sistemática para esse processo implica uma educação de qualidade para todos, portanto, uma educação que necessita ser efetivamente democratizada, em todos os níveis de ensino, e orientada, de forma continua, pela melhoria de sua qualidade. No atual governo, o Ministério da Educação persegue de forma intensa e sistemática esses objetivos. Conexões de Saberes é um dos programas do MEC que expressa de forma nítida a luta contra a desigualdade, em particular no âmbito educacional. O Programa procura, por um lado, estreitar os vínculos entre as instituições acadêmicas e as comunidades populares e, por outro lado, melhorar as condições objetivas que contribuem para os estudantes universitários de origem popular permanecerem e concluírem com êxito a graduação e pós-graduação nas universidades públicas. Criado pelo MEC em dezembro de 2004, o Programa é desenvolvido a partir da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD-MEC) e representa a evolução e expansão, para o cenário nacional, de uma iniciativa elaborada, na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2002, pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. Na ocasião constitui-se uma Rede de Universitários de Espaços Populares com núcleos de formação e produção de conhecimento em várias comunidades populares da cidade. O Programa Conexões de Saberes criou, inicialmente, uma rede de estudantes de graduação em cinco universidades federais, distribuídas pelo país: UFF, UFMG, UFPA, UFPE e UFRJ. A partir de maio de 2005, ampliamos o Programa para mais nove universidades federais: UFAM, UFBA, UFC, UFES, UFMS, UFPB, UFPR, UFRGS e UnB. Em 2006, o Ministério da Educação assegurou, em todos os estados do país, 33 universidades federais integrantes do Programa, sendo incluídas: UFAC, UFAL, UFG, UFMA, UFMT, UFPI, UFRN, UFRR, UFRPE, UFRRJ, UFS, UFSC, UFSCar, UFT, UNIFAP, UNIR, UNIRIO, UNIVASF e UFRB. Através do Programa Conexões de Saberes, essas universidades passam a ter, cada uma, ao menos 25 1 universitários que participam de um processo contínuo de qualificação como pesquisadores; construindo diagnósticos em suas instituições sobre as condições pedagógicas dos estudantes de origem popular e desenvolvendo diagnósticos e ações sociais em comunidades populares. Dessa forma, busca-se a formulação de proposições e realização de 1 A partir da liberação dos recursos 2007/2008 cada universidade federal passou a ter, cada uma, ao menos 35 bolsistas.

7 práticas voltadas para a melhoria das condições de permanência dos estudantes de origem popular na universidade pública e, também, aproximar os setores populares da instituição, ampliando as possibilidades de encontro dos saberes destas duas instâncias sociais. Nesse sentido, o livro que tem nas mãos, caro(a) leitor(a), é um marco dos objetivos do Programa: a coleção Caminhadas chega a 33 livros publicados, com o lançamento das 19 publicações em 2009, reunindo as contribuições das universidades integrantes do Conexões de Saberes em Com essas publicações, busca-se conceder voz a esses estudantes e ampliar sua visibilidade nas universidades públicas e em outros espaços sociais. Esses livros trazem os relatos sobre as alegrias e lutas de centenas de jovens, rapazes e moças, que contrariaram a forte estrutura desigual que ainda impede o pleno acesso dos estudantes das camadas mais desfavorecidas às universidades de excelência do país ou só o permite para os cursos com menor prestígio social. Que este livro contribua para sensibilizar, fazer pensar e estimular a luta pela construção de uma universidade pública efetivamente democrática, um sociedade brasileira mais justa e uma humanidade cada dia mais plena. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Ministério da Educação Observatório de Favelas do Rio de Janeiro

8 Sumário Apresentação Márcio Secco... 9 Caminhada Alemmar Ferreira da Fonseca Tendo que aprender Alexandre Aparecido da Silva Néres A saga de uma estudante de origem popular Ana Gleice Costa da Silva Uma das caras do Brasil Ana Paula A. de O. Moura Retratos de uma vida acadêmica Carla Caroline da Silva Nunes Eu sou um estudante de origem popular - minha vida, meus estudos Carlos Henrique Teixeira A trajetória da vida escolar de uma estudante universitária de origem popular (EUOP) Franciane Farel da Silva Início de um história Francinei Ferreira da Silva Mais que uma mudança, a realização dos meus sonhos... Geicyane Morais dos Santos É preciso saber viver Helena Pereira Leite Minha trajetória Janaína Ferreira de Lima... 36

9 Trajetória escolar de aluno de origem popular Juliana Rocha Monteiro Caminhada rumo a universidade Leandro Corrêia Minha caminhada Luciana Colares da Silva Estudar na federal? Porque não!!! Basta querer e acreditar Lucinéia Miranda Sanches Muito mais que um sonho Luiz Gonzaga Junior Caminhada Marilene Pinheiro Craveiro Nuances de mim Patrícia dos Santos Lima Mudanças imagináveis... Regilane Lacerda Gonçalves Juntando minhas conexões Rosemari Nazaré da Silva Paz Minhas caminhadas Rosimeire Ferreira do Nascimento A conquista esperada! Sales Conceição de Melo Nogueira Especial Suelen da Costa Silva A busca Terezinha Andrade da Costa Nada é por acaso... tudo está escrito Walkyria Rodrigues Ramos... 81

10 Apresentação O programa Conexões de Saberes iniciou na Universidade Federal de Rondônia em Apresentou-se, desde o seu aparecimento, como a principal política de permanência de estudantes em nossa instituição. Neste livro aparecem as trajetórias de 25 alunos bolsistas. Apesar de estes ensaios serem escritos a partir da vivência subjetiva de cada autor, esta obra não deve ser tomada como uma simples coletânea de histórias de vida. Estes ensaios não devem ser lidos como relatos individuais, e sim como recortes de uma trajetória comum a praticamente todos os estudantes universitários de origem popular. As histórias da Ana, do Sales, da Alemmar, do Leandro... são aqui apresentadas como memórias de uma mesma existência, que junto a tantas outras que apareceram na primeira edição do Caminhadas, e junto a todas aquelas que sequer foram escritas ou publicadas, formam uma unidade, que é o conjunto de referências a partir do qual é possível afirmarmos a identidade dos estudantes de origem popular. A Universidade não conhece seus estudantes, e os estudantes não conhecem a Universidade. O programa Conexões de Saberes que propõe um diálogo entre saber científico e saberes populares visa justamente promover o reconhecimento de dois lugares que devem ser vistos como diferentes, mas que devem ao mesmo tempo interagir. O conhecimento acadêmico geralmente está colocado como mais certo, mais verdadeiro, mais rigoroso, mais universal e objetivo, contrastando com o saber popular, marcado pela particularidade e subjetividade. A afirmação do saber acadêmico como melhor frente a outras formas anula o aluno, tornando suas experiências algo menos importante, ou em certos momentos estas experiências podem ainda aparecer como obstáculos ao aprendizado da forma certa de se fazer experiências. O saber acadêmico, por ser impessoal, percebe a todos como iguais em capacidade intelectual, o que a princípio bastaria para garantir o progresso da ciência pela formação das novas gerações de estudantes. A Universidade aparece a muitos dos estudantes que publicam seus ensaios nesta coleção como um sonho distante, quase irrealizável. Muitos relatam que não sabiam exatamente o que iriam encontrar quando realizassem seu sonho. O meio acadêmico aparece ao estudante de origem popular como algo de difícil acesso. É um mundo novo, nas palavras de um dos autores. A dissociação entre as realidades acadêmica e popular gera ao mesmo tempo uma dissociação da auto-imagem dos alunos. Ao entrar no espaço acadêmico os alunos de origem popular tendem a buscar uma identificação com os que habitam este mundo dos sonhos. Esta identificação geralmente ocorre pela negação de sua condição popular. No duelo dos mundos a Universidade se impõe! Quem perde é o estudante, que se afasta de sua comunidade e nem sempre consegue penetrar no espaço acadêmico. Universidade Federal de Rondônia 9

11 Nestes ensaios a marca foi a liberdade. Nenhum dos estudantes foi forçado a seguir métodos específicos, nem escolas, mas tão somente a forma que percebiam como mais adequada para apresentarem sua trajetória. A rememoração e a afirmação da história de cada um destes estudantes tem como principal objetivo para nós a construção de uma identidade que possibilite a transformação do ambiente universitário. Márcio Secco

12 Caminhada Alemmar Ferreira da Fonseca * Olá, meu nome é Alemmar Ferreira da Fonseca, nasci em 10 de julho de 1967, na cidade de Nova Olinda do Norte, Amazonas. Filha de uma ex-lavadeira, agora funcionária pública e, um pai que eu amo, mas, que por circunstâncias de sua doença se tornou mendigo e já não o vejo há algum tempo. Em minha infância conversava bastante conosco e nos fazia ver a necessidade de estudarmos, pois ele não teve a oportunidade de continuar seus estudos e não pôde realizar seus sonhos e teve que se contentar com o que lhe ofereceram: um cargo na coletoria. Minha mãe estudou até a quarta série, com esse estudo chegou a ser professora em sua cidade, com o casamento tudo ficou diferente, as coisas ficaram difíceis, meu pai começou a beber e a fugir de casa, o que resultou em sua condição atual. Comecei a estudar aos 3 anos de idade num grupo escolar na cidade de Axini no Amazonas com a professora Linduina, segundo me contam eu logo acompanhei a turma e aprendi a ler e escrever, foram alguns meses, até viajarmos para outra cidade. Em 1975 comecei o ensino fundamental, na escola Padre Chiquinho, na quinta série passei para a Escola Estudo e Trabalho, nessa escola desisti após sofrer um acidente na aula de educação física, daí em diante não faço nem um tipo de atividade física. Essa escola não aparece em meu histórico escolar porque lá perderam os meus documentos, passei muitos anos esperando que a secretaria resolvesse a situação, o que não aconteceu. Dez anos depois já em 1995, resolvi fazer o supletivo modular, pois nele eu faria meu horário e poderia ir esporadicamente pegar explicações com o professor na escola, foi ótimo para mim que tinha quatro filhos e ninguém com quem deixá-los, fazia e vendia artesanatos e trabalhos manuais para sustentá-los. Em seis meses fiz de quinta à oitava série, em 1996 concluí o ensino médio no supletivo multi seriado da escola Getulio Vargas, então usei a frase que quando ouço me faz refletir o quanto sou ignorante: acabei meus estudos. Nunca casei, amasiei-me três vezes, a ultima já dura 6 anos, essa pessoa é casada lá no nordeste, sua esposa é bem sucedida e de tanto ouvir isso resolvi estudar e buscar fazer o melhor que puder em tudo que for fazer. Fiz alguns cursos na área em que trabalhava, um dia entrei no correio e era o último dia das inscrições para o vestibular, me inscrevi, comecei a estudar, porém, não me parecia suficiente, encontrei na rua um panfleto anunciando uma revisão de matéria para o vestibular, fui lá, me matriculei, então me faltou tempo para freqüentar. * Graduando em Letras Espanhol. Universidade Federal de Rondônia 11

13 Pedi demissão do emprego, apostei em mim e passei no vestibular, no curso de Letras Espanhol, pensei em não cursar, não tinha renda para permanecer na universidade. Foi quando Jeová me abriu outra janela, montei uma lanchonete que toquei até o terceiro período, quando um dia li no mural que estavam selecionando bolsistas para o Programa Conexões de Saberes foi a salvação, vi ai chance de dedicar mais tempo à minha formação e desenvolver projetos de ações afirmativas dentro da minha comunidade, e quem sabe ajudando algumas pessoas que como eu não tinham esperança de se graduar, mostrando que isso não necessariamente é privilégio de ricos. Quero atuar onde for preciso, e,quando não estiver apta em qualquer assunto, sentirei prazer em pesquisar fazendo o possível para ser útil na comunidade onde vivo. 12 Caminhadas de universitários de origem popular

14 Tendo que aprender Alexandre Aparecido da Silva Néres * Meu nome é Alexandre Aparecido da Silva Néres, tenho 21 anos, nasci no dia 05, do mês de maio, do ano de 1985, natural de Porto Velho-RO. Aos 2 anos de idade fui morar com meus avós e logo tive que sair de Porto Velho. Fui com eles para Boa Vista, capital de Roraima, mas em um prazo de tempo muito curto, tivemos que ir para outra cidade, e assim mudamos para Goiânia. Pelo que posso dizer, foi o começo de minha trajetória, lá entrei no pré-escolar e por estarmos muito longe de nossa família procuramos ir para um local mais perto, e mais uma vez, nós nos mudamos, só que dessa vez para o estado de Rondônia, na cidade de Vilhena. Vilhena fica mais perto de Porto velho, onde meus outros familiares moravam. Minha mãeavó decidiu que ali, talvez, nós fixaríamos residência. Em Vilhena estudei a 1ª e 2ª série do ensino fundamental, no período da tarde. Lá tive bons colegas de rua, jogava bola, tomava banho de rio, entrava nas casas abandonadas apenas para ver o que tinha dentro. A molecada adorava quando achava bolsa, carteira, tudo era uma alegria. Nessa época, minha mãe-avó trabalhava numa pizzaria, ia quase todos os dias, mais ou menos as 18:00. Eu ficava em casa, sozinho, boa parte da noite, enquanto minha mãe provia nosso sustento. Éramos apenas, minha mãe e eu. Depois conheci um dos homens mais formidáveis do mundo, sujeito simples, tranqüilo, de alegria contagiante. Seu nome: José Leal Ciqueira. Entrou na nossa família, e logo que eu vi, era ele quem eu queria que fosse meu pai. Naquele momento estava tudo certo, tinha um pai, o qual não era qualquer um, era o pai que todo filho gostaria de ter quando se tem certo problema. Como naquelas horas que você tenta colar aquela pipa, pois, ele chega, pega na sua mão e mostra: Meu filho é assim que se faz. Nunca chegou a levantar a mão para me bater e sempre estava de braços abertos para me dar carinho. Esse é meu pai! Papai trabalhava muito no garimpo de cassiterita, se não estou enganado era na Bolívia. E novamente, só que dessa vez, minha mãe e também meu pai decidiram, trocamos de cidade. Fomos para o Mato Grosso, morar no interior, numa cidadezinha chamada Pontes e Lacerda. Lá estudei da 3ª à 5ª série, meus pais trabalhavam na escola onde eu estudava, meu pai era vigilante e mamãe vendia iogurte. E com esse dinheiro e com o salário do meu pai, tivemos condições para comprar uma casa. Em todas as nossas viagens, não tínhamos casa própria. Enfim, o sonho de minha mãe foi realizado. Ela comprou uma casa em Cuiabá, onde completei meu ensino fundamental. * Graduando em Letras - Espanhol pela UNIR Universidade Federal de Rondônia 13

15 Boa parte da minha vida foi indo e vindo de uma cidade para outra. Logo, universidade para mim, era um sonho distante, pois achava que seria muito difícil eu conseguir entrar em uma Universidade Federal, pois, que chances teria eu, CONTRA OS FILHOS DA CLASSE MÉDIA ALTA? Os quais possuem toda estrutura para galgarem os melhores lugares nas universidades. Porém, como um gigante, atravessei todas as barreiras, e também contando com a sorte, hoje estou na tão sonhada universidade. E vejo que, com dedicação, tenho capacidade de fazer qualquer curso. O Conexões de Saberes dá possibilidades a muitos jovens como eu, fazendo com que permaneçam em seus cursos e ainda mais, tentarem mestrado e doutorado, mostrando que tudo é possível, porque o que eu percebo é que, falta visão e perspectiva de um futuro promissor. 14 Caminhadas de universitários de origem popular

16 A saga de uma estudante de origem popular Ana Gleice Costa da Silva * Vou pedir licença pra contar a minha história Como uma estudante tem suas perdas e suas glórias... Minha história inicia-se no dia oito de setembro de 1985, sou a segunda filha de cinco irmãos: Anatécia, Ana Gleice que sou eu, Alan, Anacele e Ana Kássia. Comecei a freqüentar a escola com três anos de idade, na época meus pais eram autônomos, trabalhavam em uma lanchonete que servia refeições, às margens da BR-364, minha mãe cuidava da cozinha e atendia ao público, meu pai fazia as compras repondo o estoque e de certa forma era nosso motorista. Tínhamos que acordar às três da manhã, sorte que tínhamos carro próprio, não era muito bom ter que tomar banho nesse horário, mas meu pai fazia o possível para tornar tudo divertido. Quando chegávamos a lanchonete, minha mãe arrumava um colchão no chão e voltávamos a dormir, às vezes quando nos atrasávamos meu pai fazia feira com a gente dormindo no carro, à tarde íamos à escola. Quando completei quatro anos meu pai adotou um menino, era o sonho de ele ter um filho, nós estudávamos em escolas particulares. Eu e minha irmã estudávamos no SESI e meu irmão na Santa Marcelina uma escola de freiras. Meus pais eram ocupadíssimos, mas todo domingo após o meio dia eles se dedicavam totalmente a nós. No SESI cursei o pré I, pré II e pré III, a mensalidade da escola estava ficando acima do orçamento, eu e o Alan fomos estudar no Antônio Ferreira, uma escola municipal e minha irmã foi pra escola Rio Branco que é estadual, ambas tinham ótima reputação. Um fato muito interessante que me recordo quando entrei na escola aconteceu no segundo dia de aula, meu pai é semi-analfabeto e minha mãe cuidava da lanchonete, na hora da matrícula meu pai cometeu um equívoco, me inscreveu na segunda série. Considerando-se a minha idade eu iria para a alfabetização (eu tinha cinco anos), a professora me pediu pra ler uma historinha e eu não sabia ler, ela ficou surpresa e eu apavorada, começando a chorar. Entra na sala a diretora, psicóloga e mais algumas mulheres, perguntaram minha idade, e chegaram à conclusão de que eu estava na série errada. Levaram-me aos prantos para a sala de alfabetização, eu com medo que meu pai brigasse, quase não soltava * Graduanda em Química pela UNIR Universidade Federal de Rondônia 15

17 a barra da saia da supervisora, até chamarem meu irmão que estudava na sala e depois de conversarem muito comigo me convenceram a entrar e estudar. Na hora da saída falaram com meu pai e explicaram toda situação. Durante o período da tarde eu e minha irmã freqüentávamos o balé no teatro municipal, era o sonho do meu pai que nos tornássemos bailarinas, como a mensalidade também se tornou muito cara, tivemos que abandonar. Minha mãe estava ficando doente pelo esforço grande que fazia, teve sérios problemas de coluna, a partir desse fato muita coisa começou a mudar. Começamos ir à escola de ônibus, minha irmã tinha que nos deixar na escola e depois ir estudar para que meu pai pudesse ficar ajudando minha mãe na lanchonete. No início detestávamos, estávamos acostumados a andar sempre de carro, mas era até divertido ir para a escola de ônibus, pelo caminho tinha muitas árvores frutíferas, e esse era um de nossos lanches, meu irmão subia em pé de manga, de jambo, de castanholas, de ingá, e eu ficava segurando o nosso material escolar e olhando para ver se alguém aparecia, e quando os donos apareciam era uma correria só, nossa bolsa era uma sacola de supermercado e não tínhamos vergonha, outro fato engraçado de minha infância de que me recordo foi quando estávamos na segunda série, as coisas ainda estavam difíceis, meu irmão inventou de fazer robôs de sucata para vender na escola, diariamente durante o nosso percurso juntávamos fio de telefone, brinquedos velhos e qualquer tipo de matéria-prima para a construção dos robôs, em uma de nossas coletas ao retornar da escola, avistamos em uma lixeira um monte de fios de telefone todos coloridos e sem muito pensar metemos a mão para pegá-los, a lixeira ficava em frente a um pequeno condomínio, uma das moradoras nos avistou e chamou-nos para sua casa, chegando lá, a senhora da casa nos ofereceu uma bandeja de cachorro quente e refrigerantes (imaginava ela que estávamos catando comida no lixo e ficou com pena), o mais legal é que ainda comprou um de nossos robôs. Estudei na escola Antônio Ferreira até a quinta série, foram anos divertidos, a média da escola era sete, para mim só servia se eu tirasse de oito para cima, sempre adorei quando nas reuniões de pais e mestres, minha mãe olhava meu boletim e ficava muito orgulhosa, o único problema era o fato de gostar de conversar durante as aulas. Quando estava na primeira série nasceu a terceira filha, Anacele, senti muito ciúme dela afinal eu era a caçula e agora ela tinha tomado o meu lugar assim eu imaginava, o engraçado era que minha mãe tomava anticoncepcional e engravidou, após o parto minha mãe fez uma laqueadura, a partir daí iniciou-se o tempo mais difícil que passamos, os médicos diziam para minha mãe que se ela quisesse ver os filhos crescerem deveria parar de trabalhar, por que sua coluna estava muito debilitada, lembro que nessa época mudamos de bairro, fomos morar na zona leste da cidade, em um bairro pouco habitado (tinha mais mato que casas), chamado de Mariana, assim que a Anacele nasceu mamãe tinha que sair pedindo mamão pelas casas do bairro para poder fazer vitamina para minha irmã e muitas vezes ela ouvia não, diziam que as frutas eram para as galinhas, até que encontrou emprego de faxineira em uma escola (apesar de todos os médicos dizerem que ela não devia nem sonhar em trabalhar), meu pai ficou desempregado, não consegui manter o ritmo da lanchonete sem minha mãe, eu e meu irmão para economizar as passagens de ônibus passávamos pela frente ou por baixa da roleta. Quatro anos após a laqueadura, mamãe engravidou da quarta filha, Ana Kássia, quase entrou em desespero devido as nossas condições financeiras. Graças a Deus meu pai encontrou um emprego e minha mãe ganhou todo o enxoval de minha irmã, depois que 16 Caminhadas de universitários de origem popular

18 acabou o resguardo minha mãe teve que voltar a trabalhar, carregava com ela Anacele e deixava a bebê conosco, minha irmã teve que estudar no período da manhã e eu no período da tarde, para cuidar do bebê. Eu gostava de estudar pela manhã, a experiência de estudar a tarde era horrível. Eu só tinha dez anos e tinha que cuidar de um bebê. O bom era que ela não era muito chorona. Isso começou a afetar os estudos, eu comecei a faltar às aulas, por que às vezes minha irmã se atrasava e eu só poderia sair após ela chegar. Meu rendimento foi caindo, minha mãe percebeu e conversou com a vizinha para que ela desse um apoio, a partir daí tudo foi se ajeitando. Após a quinta série minha mãe me transferiu para uma escola mais próxima de casa. Dava para ir de bicicleta. Era uma instituição filantrópica, uma escola de freiras chamada Marcelo Candia. Só se entrava por seleção e eu fui uma das selecionadas. O material didático era muito caro, mais como meus pais eram velhos conhecidos das freiras, eu ganhei todo o material. Foi a escola que mais gostei, devido a estrutura e ao ensino. Meus pais conseguiram emprego na escola e praticamente a família toda estava de alguma maneira relacionada com a mesma. Fiquei na escola durante três anos, porque só havia o ensino fundamental, o único grande problema era que minha mãe continuava a ser faxineira e isso só prejudicava cada vez mais sua coluna. Durante esse período minha mãe estudava a noite e com muito sacrifício terminou o magistério, foi nessa escola que me apaixonei por Ciências, futuramente por Biologia, tudo devido a uma professora que tive de Ciências chamada Cláudia. Quando fiz quinze anos minha mãe me propôs uma festinha ou uma viagem para a casa da minha avó que mora em Manaus, eu preferi a viagem por que sairia mais em conta, acabei ganhando duas festas surpresa, uma na escola outra realizada por vizinhos (uma festa realizada com trinta reais, e pode ter certeza a melhor que já tive). Quando cheguei a Manaus, estudei em uma escola estadual Maria da Luz Calderaro, não era o mesmo ritmo do colégio das irmãs, não tinha com quem apostar quem tirasse a nota mais alta como fazia em minhas escolas anteriores. A maioria só queria tirar a média que agora era seis. Eu acabei ficando desmotivada, apenas me interessava matérias que ninguém gosta como Biologia, Química, Física e Matemática. Passei um ano em Manaus, devido a problemas familiares, fui obrigada a voltar. Retornando, fui matriculada na escola Getúlio Vargas. Essa acabou com meu interesse estudantil, os meus professores faltavam muito, minhas matérias preferidas eram levadas a pagode, quase não tinha aula e eu entrei no ritmo de estudar só para passar. Quando finalizei o terceiro ano recebi uma medalha de aluna nota dez, e nem sei por que! Se a escola soubesse do meu histórico escolar saberia que eu não era nem um terço do que havia sido. Nessa época fazia um curso de informática com duração de um ano em uma instituição para pessoas de origem popular. O nome era Centro Salesiano do Menor. É uma instituição que oferece cursos profissionalizantes. Fiz seis meses de datilografia e um ano de informática. Quando prestei vestibular pela primeira vez fui influenciada por esse curso, e me inscrevi para informática. Por ser meu primeiro vestibular até que alcancei uma boa pontuação. Teria passado para outro curso. Terminado o ano letivo e o curso de informática, pensei em ficar em casa de papo para o ar, mas minha mãe precisava de uma ajudante. Minha mãe não trabalhava mais como faxineira. Conversou com a diretora da escola e apresentou toda sua problemática relacionada à coluna, e a irmã tentou aposentá-la, porém não houve êxito. Então ofereceu a cantina da escola para que minha mãe trabalhasse, não é tão pesado como fazer faxina, mas deveria pagar um aluguel. Fui ajudá-la nessa Universidade Federal de Rondônia 17

19 empreitada. A escola só funciona em dois horários. Como meu sonho era ser bióloga, resolvi que iria fazer um novo vestibular. Sabia que precisava estudar mais, os cursinhos prévestibulares eram muito caros e ainda tinha o transporte. Então propus à irmã Carmen, diretora do colégio, que me deixasse assistir as aulas do terceiro ano que fora implantado. Devido a minha boa conduta de ex-aluna ela me recebeu muito bem, então fiquei como ouvinte. Estudava durante a manhã, ajudava minha mãe na hora do recreio que era a hora mais crítica, e no período da tarde. Me inscrevi no vestibular, mas não em biologia, que era o curso que eu queria fazer, pois havia um problema: o curso era em período integral. me inscrevi para Química que era uma paixão de segundo plano, devido ao incentivo de minha mãe. Fiz o vestibular e fui aprovada. Estou me descobrindo cada vez mais e me apaixonando pelo curso. Logo poderei contribuir financeiramente em casa e dar um pouco de descanso para meus pais. A universidade não era bem o que eu imaginava, um sentimento de decepção me envolveu. Descobri que passar no vestibular não era a parte mais difícil. A pior parte é tentar permanecer e concluir o curso. Eu participo de um grupo de universitários chamado UNA (Universitários em ação), e a primeira ação do grupo foi montar um curso pré-vestibular comunitário em nossa comunidade. Estou lecionando Química e na universidade sou bolsista do Programa Conexão de Saberes. O projeto é muito bonito e se preocupa tanto com a entrada quanto a permanência de estudantes de origem popular na universidade. O projeto proporciona uma troca de conhecimento popular com o conhecimento científico, fazendo este enlace e isso o torna tão bonito. Já havia participado de alguns movimentos, pastoral da juventude, mas nada que despertasse tanto o interesse pela luta do meu povo como o Conexões. Meus irmãos e meus pais ainda estão na escola Marcelo Cândia, apenas minha irmã Anatécia reside em Manaus. Ela está na UFAM, concluindo o curso de Letras Português. Depois de passar por tanta coisa e que com certeza temos muito a passar, nunca demos desgostos a nossos pais, todo sofrimento e alegrias que tive contribuiram para formar o caráter que tenho. Não serei uma bailarina como queria meu pai, mas com certeza terá muito orgulho de ter uma Química bem conceituada, uma ótima profissional, feliz e realizada. Essa história não é para causar tristeza ou lágrimas em ninguém. Tudo que busco é incentivar os leitores para que sintam força para sempre levantar das quedas da vida, porque sempre vale a pena, sempre há uma luz no fim do túnel. E ESSE É APENAS O COMEÇO DA MINHA SAGA ESTUDANTIL Caminhadas de universitários de origem popular

20 Uma das caras do Brasil Ana Paula Ascuí de Oliveira Moura * Assim como a maioria dos alunos de origem popular encontrei algumas dificuldades no decorrer dos meus estudos e desde muito cedo a palavra NÃO passou a fazer parte da minha vida. Sou a caçula de uma família de cinco filhos, onde quatro são mulheres. Nasci e vivi até meus dezoito anos no município de Guajará Mirim, fui crida pela minha mãe e pelos meus avós. Atualmente tenho vinte e um anos e posso dizer que tive uma boa infância. Nessa fase era destaque nas minhas turmas por apresentar facilidade em aprender. Ingressei na primeira série do ensino fundamental lendo e escrevendo muito bem. Recordo que foi nesse período que conheci o que é o medo de perder alguém, quando tinha seis anos minha mãe foi operada do coração, uma cirurgia muito delicada, sofri muito e ainda sofro ao imaginar o que seria de mim e dos meus irmãos se ela tivesse morrido. A partir da quinta série passei a não ser mais uma aluna exemplar, porém continuei tendo responsabilidade e isso era reconhecido pelos professores. Na quinta série aprendi o que era gazetar aula, adorava esportes e sempre fugia para assistir aos jogos escolares, devo esse amor a um professor de educação física que amava o que fazia e sempre conseguia contagiar quem estava a seu lado. Infelizmente nem todos eram iguais a ele. Nessa série deparei-me com uma realidade totalmente diferente da que tinha tido até então. A maioria dos meus professores não ensinava nada, não possuíam domínio sobre a turma, era um horror! Na sétima e oitava séries as coisas pioraram, diante dessa situação percebi que para passar no vestibular teria que mudar de escola, continuar na que eu estava representava um erro, talvez irremediável. Dos meus irmãos eu sempre fui a mais decidida e a mais estudiosa. Cresci com a certeza de que iria cursar uma universidade, é esse objetivo que me move até hoje e que me fez ganhar a confiança da minha família. No ano de 2001, já no ensino médio, mudei para outra escola, também pública, com o intuito de fazer magistério, porém no ano em que iria começar o curso, o mesmo foi extinto. Essa nova escola possuía uma ótima reputação, era mais estruturada e organizada, a maioria dos alunos eram de classe média alta. Os professores tinham uma preocupação especial com o colegial e o motivo dessa preocupação era o vestibular. Eles eram muito exigentes, a maioria queria trabalho digitado e se esqueciam que numa sala de quase quarenta alunos apenas dois possuíam computador. Ficava revoltada com essa exigência, não entendia como um docente poderia cobrar de um aluno o que ele não tinha, nem poderia ter. A escola possuía um laboratório de informática e era quase proibida a entrada de alunos. * Graduanda em em Espanhol pela UNIR. Universidade Federal de Rondônia 19

21 Nessa nova escola não era permitido tirar fotocópia. Nesse ano comecei a receber uma pequena pensão do meu pai e com esse dinheiro comprei com muito sacrifício todos os livros em suaves prestações. Sofria para estudar matérias como Física, Matemática e Química, mas adorava estudar Literatura e por ela deixei de lado os esportes. Passei para o segundo ano, sempre pensando no vestibular. Um certo dia resolvi fazer um curso de inglês, adorava o idioma, fiz um semestre sem muitas dificuldades para pagar, no segundo não foi tão fácil assim, acabei saindo do curso. Como eu era uma aluna aplicada, a dona do curso deu-me uma bolsa por um semestre. Quando o prazo da bolsa acabou tive que sair porque não tinha condições financeiras para continuar. Esse curso foi muito importante na minha vida, através dele desenvolvi o interesse por idiomas. Entrei para o terceiro ano, este foi o ano mais louco da minha vida, tantas decisões, tantas dúvidas. Comecei a estudar e ler muito, não fiz cursinho, estudei sozinha. Às vezes, ia para a casa de um amigo estudar com ele e com outro colega. Nossa turma tinha quase quarenta alunos e somente três passaram no vestibular da Unir, e um deles sou eu. O momento mais difícil desse período foi escolher o curso. Muitas pessoas ao saberem de minha escolha ficavam decepcionadas e diziam que eu tinha potencial para coisa melhor, que Letras não dava dinheiro. Existe um enorme preconceito com quem escolhe cursar Letras, as pessoas acreditam que quem faz esse curso não teve a chance de fazer outro, o que no meu caso não é verdade. Esse curso realmente não era o que eu gostaria de fazer, porém foi o que eu escolhi dentro de várias possibilidades. Amo o meu curso, não sei se me dará dinheiro ou fama, somente tenho a certeza de que sairei da Universidade Federal de Rondônia com o meu diploma na mão e com o objetivo de ser uma das melhores profissionais na minha área. No dia 19 de janeiro de 2004, vim para Porto Velho com duas malas, duas caixas de livros e muito medo. Durante os seis primeiros meses fiquei hospedada na casa de uma amiga, cuja mãe é minha madrinha. No segundo semestre desse mesmo ano, minhas aulas na Universidade começaram e passei a morar sozinha, meu pai começou a me ajudar e minha mãe passou a sustentar duas casas, a minha e a dela. Sofri com a saudade, com a distância e com as dificuldades financeiras. Muitas vezes pensei em desistir do curso, isso não aconteceu graças ao apoio que sempre tive dos meus amigos e da minha família, e que hoje tenho do Conexões. Ter ingressado no Programa Conexões de Saberes me fez ver que assim como eu muitas pessoas também possuem dificuldades em se manter na universidade, e algumas com problemas muitos maiores que os meus. Passei a enxergar melhor o que está ao meu redor, refletir sobre minha origem e rever meus conceitos. Ações afirmativas como essas devem ser criadas e ampliadas a todas as universidades, alcançando cada vez mais alunos de origem popular, pois acredito que começa pela educação a solução para as desigualdades tão presentes em nossa sociedade. 20 Caminhadas de universitários de origem popular

22 Retratos de uma vida acadêmica Carla Caroline da Silva Nunes * Tenho 20 anos, sou brasileira, e me chamo Carla Caroline da Silva Nunes e quero compartilhar a minha história que é igual à de muitos que são como eu estudantes de origem popular. Tive altos e baixos em minha vida antes de ingressar na tão esperada e sonhada universidade. Onde estou no 5º período do curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Rondônia. Meus Pais Antes de começar meu relato sinto que é necessário falar sobre a pessoa mais importante da minha vida e que me ensinou tudo o que era necessário para eu encarar este mundo tão perverso e cheio de desigualdades: minha mãe. Ela nasceu na cidade de São Luiz no estado do Maranhão, e foi criada pela avó, pois perdeu sua mãe muito cedo. Por condições financeiras não teve oportunidades de estudar. Pode concluir somente o ensino primário (estudou até a 4 a série), pois precisava trabalhar pra ajudar no sustento da casa. Era um trabalho muito difícil, ela saía de madrugada e só voltava à noite, o que ela fazia? Quebrava babaçu que é uma fruta bastante comum no nordeste, deste extraía o óleo que é usado para a venda. Mas foi quando trabalhava como empregada doméstica que sua vida tomou um novo rumo. Sua patroa viria para uma cidade bem distante dali chamada Porto Velho. Minha mãe nunca havia se afastado da sua avó e mal sabia que essa seria a última vez que a veria com vida. Mas parece que o seu destino estava ali naquela cidade, pois este foi o lugar aonde ela viria constituir uma família. Sim, pois foi aqui que ela conheceu meu pai. Ah, meu pai... o que falar sobre ele. Bem meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha apenas 4 anos de idade e desde então nunca se preocupou com o que realmente acontecia comigo, pois sua atual mulher não permitia que ele me desse muita atenção, e ele nunca deu muita importância para o que acontecia comigo. Quando nasci Eu nasci no dia 5 de julho de 1986 sou a filha caçula e sempre tive incentivos em relação aos meus estudos. Minha mãe me ensinou que o estudo abre muitos horizontes que era o único caminho para se ter um futuro melhor (e eu nunca duvidei disso), e tentava com todas as suas forças e investimentos garantir que nada me faltasse. Como ela não teve oportunidade de estudar, queria que comigo fosse diferente e graças a Deus foi, pois sou a primeira da família a entrar em uma universidade. * Graduanda em Ciências Biológicas pela UNIR. Universidade Federal de Rondônia 21

23 Vida escolar Eu sempre estudei em escola pública, com exceção do prézinho e a 1ª série que fiz em escolinhas particulares do meu bairro. Conheço de perto as condições precárias do nosso sistema de ensino básico e agora do ensino superior. Estudei da segunda à quarta série na escola Herbert de Alencar. Ficava perto da minha casa, possuía uma ótima infra-estrutura e professores capacitados, pois era particular e acabara de passar a ser estadual. Existiam alguns professores federais na escola, que continuavam a dar aula mesmo durante as greves que eram bastante comuns. A partir da quinta até oitava série eu fui estudar em uma escola municipal longe da minha casa e comecei a precisar de condução. Minha mãe sempre arcou com todas as minhas despesas escolares. Meu pai ajudava com menos da metade do valor que era usado para comprar as cartelas dos meus passes escolares. Ele sempre mostrou certo descaso pela minha educação. Pouco procurava saber se faltava algo em minha casa. Porém com uma mãe guerreira como a minha pouco me importava a ajuda do meu pai. Fiz o meu ensino médio na escola Castelo Branco. Aí foi dureza! A escola já tinha a tradição de todo ano ter greve, e as aulas só acabavam em janeiro. O primeiro e o segundo anos foram tranqüilos, mas no terceiro ano, que era o Terceirão, pois era a preparação para o vestibular da única federal que existe no estado, o meu professor de Física só chegou no meio do ano e deu a matéria de qualquer jeito, por não ter tido uma base boa em Ciências Exatas. Bem antes de chegar ao terceirão já pensava em fazer algo ligado à Biologia, mas, na verdade o meu sonho profissional só será realizado quando eu estiver cursando medicina, que é um curso de alto nível, onde infelizmente estudantes de origem popular ainda são raros. Qual será a fonte do problema? Uma pergunta que ficará sem resposta. É triste reconhecer que por não ter uma boa base no ensino público não estou apta a me inscrever em cursos de prestígio social e maior concorrência. Pelo fato de as universidades públicas do Brasil não estarem abertas às comunidades populares, por essa mentalidade errada que tive, sempre pensei que se não fizesse um cursinho pré-vestibular privado não passaria no vestibular. Fiz minha mãe desembolsar 110 reais por mês para pagar o meu cursinho. Mas hoje eu sei que não é um cursinho e nem quanto ele custa que faz com que você seja aprovado em um vestibular ou qualquer outra prova, e sim sua capacidade e força de vontade. Por isso hoje junto com o Conexões de Saberes luto pela implantação de cursinhos pré-vestibulares e quero contribuir ajudando estudantes de origem popular a terem acesso e permanência na universidade da minha cidade. Contando com projetos de ações afirmativas como o Conexões de Saberes, que vem tentando fazer com que as universidades brasileiras sejam para o povo e pelo o povo, sei que a missão de chegar à universidade já foi cumprida, pois hoje sou uma universitária, sei que permanecer ali é uma tarefa árdua, porém a caminhada está só começando Caminhadas de universitários de origem popular

24 Eu sou um estudante de origem popular minha vida, meus estudos Carlos Henrique Teixeira * Meu nome é Carlos Henrique Teixeira, e nasci na cidade de Humaitá, no estado do Amazonas, no dia três de julho de Aos dois anos de idade meu pai abandonou minha mãe deixando para trás dois filhos, eu e minha irmã. Aos meus quatro anos, nos mudamos para Porto Velho, Rondônia, e passamos a morar com minha avó materna, uma mulher batalhadora, que então passou a custear minha vida e meus estudos. Morávamos em uma casa humilde em um bairro típico de periferia, onde iniciei minha vida escolar aos sete anos. No começo foi difícil, mas graças aos incentivos por parte da minha mãe, Dona Eliana e da minha avó, Dona Sebastiana, duas mulheres que tiveram uma vida sofrida e pouca escolaridade, mas que tinham a consciência da importância da escola para uma pessoa. Elas me passaram isso da melhor maneira possível, e não tive dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais do antigo primeiro grau, pois passei a estudar para ser alguém na vida e poder retribuir à minha família tudo que fizeram por mim. Aos doze anos vi minha avó morrer, e vi também, surgir uma nova fase na minha vida. Minha mãe passou a trabalhar como doméstica para nos sustentar. Foi um período complicado, marcado por perturbações, mas depois minha mãe teve mais uma criança, que trouxe alegrias às nossas vidas. Agora éramos quatro, eu mamãe e minhas duas irmãs. Continuei meus estudos sempre em escolas públicas próximas de casa, e terminei em 2001 o ensino fundamental, e mesmo sendo em uma instituição de ensino periférica muito criticada, acreditei que o aluno faz a escola e dela recebi a base necessária para seguir em frente. Em 2002, comecei ensino médio na escola Marcos Freire, onde estudei por dois anos procurando sempre aprender o máximo possível para não reprovar e terminar logo os meus estudos. Nesse intervalo de tempo passei a trabalhar em horta, estudando no período da manhã e trabalhando à tarde, para ajudar em casa. No ano de 2004 me transferi para Escola Marcelo Cândia, visando à conclusão da terceira série do ensino médio. Continuei trabalhando, porém agora comecei a dar maior atenção ao vestibular. Chegar à universidade era um sonho que foi evoluindo continuamente, no decorrer da minha vida. Nessa última escola, tive apoio e incentivo necessário para prestar meu primeiro vestibular. Não foi possível fazer um curso pré-vestibular, mas confiei em tudo que aprendi, e passei para Matemática na Universidade Federal de Rondônia. Trabalhar com os números e com raciocínio lógico sempre me fascinou, e Matemática era a matéria onde conseguia as maiores notas. * Graduando em Matemática pela UNIR. Universidade Federal de Rondônia 23

25 Em 2006 comecei o curso, e em virtude dele saí da horta, com isso passei a enfrentar dificuldades em termos de transporte tendo que faltar várias aulas. Mas com ajuda da minha mãe e de amigos consegui contornar essa crise, passei então a dar aulas de reforço adquirindo certa estabilidade. No mesmo ano por iniciativa da diretora da Escola Marcelo Cândia, Irmã Carmem, surge um grupo de universitários, comprometidos em realizar ações voltadas para Zona Leste de Porto Velho, lugar onde moro. Como uma das nossas primeiras ações, vi nascer um curso pré-vestibular comunitário, do qual participo ajudando na coordenação, assim como ministrando aulas de matemática. Hoje estou aqui escrevendo este ensaio. Continuo morando no Ulisses Guimarães, um bairro da Zona Leste, com minha mãe e minhas duas irmãs sendo que a mais velha, a Leda, também já está na faculdade. Estou no quarto período de Matemática, tenho muitos sonhos e projetos para realizar, e tenho principalmente, muito orgulho de ser um estudante universitário de origem popular e de ter chegado até aqui. 24 Caminhadas de universitários de origem popular

26 A trajetória da vida escolar de uma estudante universitária de origem popular (EUOP) Franciane Farel da Silva * Meu nome é Franciane Farel da Silva, tenho 19 anos de idade e curso Pedagogia na Universidade Federal de Rondônia, mas para chegar onde estou preciso contar como tudo começou. Meu pai Francisco Xavier da Silva 42 anos e minha mãe Eudalina Farel da Silva 38 anos, se conheceram, se apaixonaram e namoraram, isso há uns 20 anos atrás, logo me conceberam então nasci no dia 9 de maio de 1987 na maternidade Dr. Cláudio Fialho no município de Guajará-Mirim interior de Rondônia. Depois que nasci o romance não deu certo, pois meu pai era um simples funcionário de uma loja, assim não teve condições financeiras para construir um lar, seu desejo era levar minha mãe para morar com ele na casa de sua mãe Marina (in memorian), mamãe não aceitou assim cada um foi viver sua vida. Depois de 01 ano e 08 meses que nasci, mamãe conheceu o Luiz que hoje é o meu querido paizinho. Me refiro assim a ele porque o considero e gosto muito dele como se ele fosse meu próprio pai. Resolveram então se casar e foram morar numa casa alugada em Guajará- Mirim mesmo. Nesta época ele era funcionário dos Correios, coincidência ou não, ele trabalhava junto com o meu pai que já estava em melhores condições e já havia casado também. No ano de 1990, meus pais (Luiz e Eudalina), resolveram vir morar em Porto Velho, pois meu pai (Luiz) havia sido aprovado no concurso do Ministério Público do Estado para vigilante, assim viemos para cá e fomos morar em uma casa alugada. Estavam começando tudo de novo e as coisas não estavam fáceis, mas mesmo assim, em 1991 quando eu estava com 4 anos de idade, me matricularam em uma escola particular chamada Centro Educacional Peter Pan, onde comecei a estudar o pré-i. Eu não estava acostumada a viver longe da minha avozinha Vitorina então pedi para voltar para Guajará-Mirim pra ficar com ela. Vovó trabalhava em uma escola chamada Irmã Maria Celeste, nessa escola havia a Creche Moranguinho, um lugar muito lindo e aconchegante onde em 1992 fiz o pré-ii com 5 anos, tenho ótimas lembranças dessa escolinha, me recordo até da professora a quem eu chamava de tia Rosa. Ela foi a melhor professora que tive até hoje, era muito atenciosa, carinhosa e dedicada. Aprendi muito com ela. Em 1993, meus pais já estavam bem estabilizados, então mamãe me trouxe de volta para Porto Velho, onde fiz a alfabetização na mesma escola, Peter Pan. Sinceramente não tenho boas lembranças deste ano, a professora era exigente, e com isso se tornava muito chata. Eu nem entendia o que ela falava direito, pois era espanhola e até me chamava de * Graduanda em Pedagogia pela UNIR. Universidade Federal de Rondônia 25

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