CURSO PRF 2017 DIREITO PENAL. diferencialensino.com.br AULA 005 DIREITO PENAL
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- Antônia Damásio Filipe
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1 AULA 005 DIREITO PENAL 1
2 PROFESSOR MÁRCIO TADEU 2
3 AULA 05 TEORIA DO CRIME - INTRODUÇÃO Iniciaremos nossos estudos com a definição de crime : Crime (Conceito Formal) É o fato típico e antijurídico que esta descrito em lei, em outras palavras, é a conduta que a norma penal descreve Crime (Conceito Legal) O conceito legal de crime é aquele que vem estampado na lei. Ocorre que no Brasil há divergências quanto a existência do conceito legal de crime. Alguns afirmam que o conceito se encontra no art. 1 da Lei de Introdução ao Código Penal (LICP), já outros afirmam que a LICP em seu art. 1 não conceituou o crime e sim expôs as formas de penas que deverão ser aplicadas a conduta delituosa. Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. No Direito Brasileiro dividem-se as infrações penais em: Crimes : são cominadas penas de detenção ou reclusão; Contravenções: são punidas com prisão simples ou multa. A diferença entre crimes e contravenções também está, unicamente, na sua gravidade. Os crimes, por atingirem bens jurídicos mais importantes, são punidos de maneira mais severa. Como denominador comum entre crimes e contravenções, a doutrina costuma usar a palavra delito, ou mesmo crime, em sentido amplo. Para um leigo afirmar que ocorreu um crime pode até ser coerente, mas, esta não pode ser a sua visão. Deve-se analisar o fato e ponderar sobre cada um dos elementos já apontados, você deve olhar a conduta e se perguntar e partir de três enunciados básicos: Primeiramente se o fato ocorrido é descrito em lei, em segundo lugar se a conduta praticada é antinormativa e por último se o agente poderá ser responsabilizado pelo que fez ou se sua conduta pode ser interpretada como reprovável diante das circunstâncias. Seguem abaixo principais diferenças entre crime e contravenção penal : 3
4 Vale a pena ressaltar sobre a reincidência criminal: Crime (Conceito Material) A teoria que conceitua o crime materialmente que prevalece nos dias atuais é a do bem jurídico. Segundo esta teoria, crime é a conduta que viola o bem jurídico tutelado pela norma penal.o bem jurídico tutelado pela norma penal, também chamado de bem jurídico penal esta definido por Claus Roxin como aqueles bens imprescindíveis para a 4
5 convivência em sociedade. Exemplos desses bens são a vida, a liberdade, a honra, o patrimônio, etc. Portanto, materialmente falando, crime é aquela conduta que viola de forma significativa o bem jurídico penal Crime (Conceito Analítico) O crime na visão analítica possui diversas definições, como o presente trabalho é voltado para concursos, traremos aqui duas correntes muito discutidas no Brasil, que é a Bipartida e a Tripartida. Crime Conceito Analítico Corrente Bipartida A corrente que traz o conceito analítico do crime como bipartido diz que o crime é fato típico e ilicitude. Crime Conceito Analítico Corrente Tripartida A corrente tripartida, conceitua crime analítico como fato típico, ilícito e culpável (Adotada pela doutrina majoritária). Qualquer delito possui os seguintes elementos: 1. tipicidade: enquadramento do fato ao modelo (tipo) descrito na lei penal; 2. ilicitude: contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico; 3. culpável: praticado de forma reprovável pelo seu agente. A punibilidade, embora deva existir para que seja aplicada a pena, não é considerada elemento do delito Classificação dos Crimes A doutrina costuma esboçar diversas classificações dos crimes. Tratemos das principais: Crimes próprios, impróprios e de mão-própria: nos crimes próprios, exige-se uma especial qualificação do agente, como os crimes de funcionário público, ou o infanticídio, que só pode ser praticado pela mãe; os impróprios podem ser cometidos por qualquer pessoa, a exemplo do homicídio ou do furto. Os crimes de mão-própria são aqueles que o agente tem de cometer pessoalmente, sem que possa delegar sua execução. Ex.: falso testemunho, prevaricação etc. Crimes omissivos próprios (ou puros): ocorrem com a simples conduta negativa do sujeito, independente de produção de qualquer comportamento posterior (a norma traz um comportamento positivo ocultar ). Crimes omissivos impróprios, comissivos por omissão, espúrios, promíscuos ou comissivos impuros: é preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado. A lei atribui ao não fazer o mesmo valor: 1.por lei, obrigação de cuidado, vigilância ou proteção; 2. assume a responsabilidade de impedir o resultado (dever do garantidor); 3.comportamento do agente cria risco da ocorrência do resultado. Crimes unissubjetivos e plurissubjetivos: Unissubjetivos são os delitos que podem ser praticados por uma única pessoa, embora, eventualmente, sejam cometidos em concurso de agentes. Ex.: homicídio, roubo, estupro etc. Os plurissubjetivos necessariamente têm de ser praticados por mais de uma pessoa: quadrilha ou bando, rixa, bigamia etc. Crime habitual: Constituído por atos que, praticados isoladamente, são irrelevantes para o Direito Penal, mas, cometidos de forma reiterada, passam a constituir um delito. Por exemplo: quem tira proveito da prostituição alheia, de maneira eventual, não comete o delito de rufianismo; mas, se existe habitualidade na prática desses atos, constituir-se-á o crime. Outros exemplos: exercício ilegal da medicina, curandeirismo, manter casa de prostituição etc. Crimes de ação única e de ação múltipla: Nos de ação única, o tipo penal só descreve uma forma de conduta: matar, subtrair, fraudar; os tipos de ação múltipla descrevem variadas formas. No art. 122, pratica-se o delito induzindo, instigando ou auxiliando a prática do suicídio. Qualquer das modalidades de conduta é incriminada. Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes: Se a conduta não pode ser fracionada, como na ameaça ou na injúria, em que o crime é praticado por um único ato, diz-se que o delito é unissubsistente. Como consequência, a tentativa é impossível. A maioria dos delitos, entretanto, é plurissubsistente, pois o sujeito ativo pode dividir a conduta em vários atos (homicídio, roubo, peculato), daí a possibilidade de haver tentativa. 5
6 Crimes de dano e de perigo: Quando o tipo penal descreve a efetiva lesão ao bem jurídico, o crime é de dano: homicídio, furto, lesão corporal etc. Mas o tipo penal pode exigir apenas que o bem jurídico seja exposto a perigo, como no caso da omissão de socorro, do porte ilegal de arma, da direção perigosa. Distinguem-se os delitos de perigo em: crimes de perigo concreto, quando a lei exige seja o perigo comprovado, como na direção perigosa; ou crimes de perigo presumido, em que a lei considera haver perigo, independentemente de prova, a exemplo da omissão de socorro ou do porte ilegal de arma. Crimes simples e complexos: Quando o tipo penal descreve uma conduta em que apenas um bem jurídico é lesionado ou ameaçado de lesão, o crime será simples: homicídio (vida), furto (patrimônio) etc. Mas existem crimes em que mais de um bem jurídico é atingido ou exposto a perigo, e o tipo penal reúne elementos de outros crimes, formando um crime novo: roubo (furto + lesão corporal ou ameaça), extorsão mediante sequestro (extorsão + sequestro) etc. Crimes materiais, formais e de mera conduta. Nos materiais, o tipo penal descreve a conduta e o resultado (homicídio, roubo, peculato); nos formais, descreve-se a conduta mas não se exige que o resultado seja atingido (crimes contra a honra, extorsão); já nos de mera conduta inexiste resultado possível (violação de domicílio, desobediência). Estudaremos melhor essas três espécies de crimes quando tratarmos do resultado. Crime culposo e doloso Vejamos o que descreve o Código Penal: Art Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único- Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente Crime instantâneo : o momento consumativo é definido. Admite tentativa. Ex.: homicídio. Crime permanente: a conduta se prolonga no tempo por vontade do agente, admitindo o flagrante a qualquer momento. A cada dia que se passa fala-se do mesmo crime. Admite-se a tentativa a partir da cessação da permanência (art. 111 do CÓDIGO PENAL). Ex.: sequestro. Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo qualidade especial do sujeito ativo. Exemplos: roubo, furto. Crime próprio: exige uma qualidade específica do sujeito ativo. Ex.: No peculato o crime é praticado por servidor público. Importante : O art. 30 do Código Penal afirma a admissão da coautoria e participação de pessoas sem a qualidade específica tipo penal. Crime transeunte: é o que não deixa vestígios. Crime não transeunte: é o que deixa vestígios e exige-se exame de corpo de delito, sem o qual não poderá haver condenação. Crime profissional: é o crime habitual visando lucro. Ex.: exercício ilegal da medicina, com cobrança. 6
7 Crime de atentado: é o crime em que consumação e tentativa possuem a mesma sanção. Assim é porque se adotou a teoria subjetiva ou voluntarista para a sua punição, levando em consideração a intenção do agente. Ex.: No crime de evasão de preso mediante violência (art. 352) pune-se a conduta na forma tentada. Crime à distância (ou de espaço máximo): a conduta ocorre em um país e o resultado em outro. Crime plurilocal: a conduta ocorre em uma Comarca e o resultado em outra, mas no mesmo país. Crime de forma livre: é o crime que se executa de qualquer forma. Ex.: homicídio. Crime de forma vinculada: só ocorre se praticado da forma descrita no tipo. Ex.:perigo de contágio de doença venérea (art. 130 do CÓDIGO PENAL), que exige o contato sexual. Crimes preterdolosos: crime preterdoloso é um crime misto, em que há dolo no antecedente e culpa no consequente. Antecedente é a conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e consequente é o resultado que sobrevém por culpa do agente, uma vez que não era pretendido pelo agente, razão pela qual não admite tentativa. O delito de lesão corporal seguido de morte constitui o chamado crime preterdoloso, havendo dolo no antecedente e culpa no consequente. O agente quis apenas lesionar, não sendo o resultado morte aceito ou querido, vindo a ocorrer por culpa, destacando-se que a essência da culpa está toda na previsibilidade (Carrara), sendo imperativo que o autor obre com previsibilidade para que se lhe possa imputar a circunstância de agravamento na reação penal (Mayrink). Previsível é o fato cuja superveniência não escapa à perspicácia comum, não se podendo afastar do que seria imaginável pelo chamado homem médio (previsibilidade objetiva), também admitindo parte da doutrina que a previsibilidade deve ser estabelecida conforme a capacidade de previsão de cada indivíduo, sem que para isso se tenha de recorrer a nenhum termo médio (previsibilidade subjetiva), posição defendida por Zaffaroni. Crime Impossível - O crime impossível também é chamado de tentativa inidônea, tentativa inadequada ou quase morte. Podemos afirmar que crime impossível é aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela improbidade absoluta do objeto material, é impossível de se consumar. Ou seja, é uma causa geradora de atipicidade, pois descreve um crime cuja ação é impossível de se realizar (art. 17 do CP). a) Ineficácia absoluta do meio: O meio empregado ou instrumento utilizado para a execução do crime jamais o levarão à consumação. Ex: Utilizar um palito de dente para matar uma pessoa adulta. OBS: Se a ineficácia for relativa, teremos um caso de tentativa de não de um crime impossível. b) Improbidade absoluta do objeto material: A pessoa ou coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. Ex: Utilizar uma arma de fogo para matar um cadáver. OBS: Se a improbidade for relativa será tentativa! Teorias relativas à punibilidade ou não do crime impossível A) Sintomática: Se o agente demonstrou periculosidade, deve ser punido; B) Subjetiva: Deve ser punido porque relevou vontade de delinquir; C) Objetiva: Não é punido porque objetivamente não houve perigo para a coletividade, podendo ser pura ou temperada; D) Objetiva Pura: É sempre crime impossível se for absoluta. quando relativa, há tentativa; E) Objetiva Temperada: Só é crime impossível se forem absolutas. Quando relativas, há tentativa.. Nosso CP adotou a Teoria Relativa Objetiva Temperada! Crimes De Plástico - Essa expressão ganhou notoriedade depois de ter sido cobrada no concurso de Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul. correspondem as condutas que só são consideradas como relevantes para fins de tipificação penal em um delimitado momento histórico e a luz das peculiaridades de determinadas sociedades. 7
8 Em outras palavras, os crimes de plástico são aquelas condutas que normalmente não era objeto de tipificação do ordenamento jurídico mas que passam a ser consideradas como crimes como forma de promover a tutela de uma situação específica ou de dar uma resposta para a coletividade. Um exemplo que clareia essa modalidade de crime é a conduta de invasão de dispositivo informático alheio, tipificado ao teor do artigo 154-A do CP, que passou a ser considerado crime após a repercussão social de fatos ocorridos com uma conhecida atriz de televisão. Crimes Naturais - que são aquelas condutas que sempre foram consideradas como crimes independentemente do momento histórico ou do ordenamento jurídico observado. Logo, percebe-se que o homicídio, por exemplo, sempre foi considerado como crime, desde os primórdios do Direito Penal, seja no Brasil ou fora dele, sendo considerado um crime natural. Crime permanente - é aquele crime que a sua consumação se estende no tempo. Ex: Se um sequestro está em andamento, com a vítima colocada em cativeiro, havendo a entrada em vigor, de uma lei nova, aumentando consideravelmente as penas para tal delito, aplica-se de imediato a norma prejudicial ao agente, pois o delito está em plena consumação. Crime continuado - quando o agente pratica várias condutas, implicando na concretização de vários resultados, terminando por cometer infrações penais de mesmas espécies, em circunstancias parecidas de tempo, lugar e modo de execução, aparentando que umas são meras continuações de outras. Em face disso aplica-se a pena de um só dos delitos. Portanto se uma lei nova tiver vigência durante a continuidade,deverá ser aplicada ao caso, prejudicando ou beneficiando. Sumula 711 do STF: "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado e permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência". Crime Vago - é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade sem personalidade jurídica, ou seja, uma comunidade inteira e não apenas uma pessoa. É o que ocorre no caso da poluição de um rio e o tráfico de drogas, por exemplo. 01 (CESPE/TRF5ª/2013/ADAPTADA) ( ) - Crime profissional consiste na prática de ações com intenção de lucro, como é o caso, por exemplo, do curandeirismo, enquanto o crime habitual consiste na reiteração da mesma conduta reprovável, como um meio usual de sobrevivência, como, por exemplo, o rufianismo. 02 (CESPE/TRF5ª/2013/ADAPTADA) ( ) O condutor de veículo automotor que, por imprudência, colidir em veículo dirigido por uma gestante, causando-lhe lesões corporais de natureza leve, responderá criminalmente por sua conduta, incidindo, na aplicação da pena, a circunstância agravante de ter sido o crime praticado contra mulher grávida. 03 (CESPE/TJ-CE/2014/ADAPTADA) ( ) Todo crime qualificado pelo resultado é um crime preterdoloso (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) ( ) O denominado crime impossível ocorre apenas na hipótese de absoluta ineficácia, no que se refere à produção do resultado desejado, do meio de execução utilizado pelo agente. 8
9 05 (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) ( ) Caracteriza-se crime preterdoloso ou preterintencional caso o agente cause um resultado mais grave que o desejado, em virtude da inobservância do cuidado objetivo necessário, inclusive na modalidade tentada. 06 (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) ( ) Em se tratando de crimes materiais, formais e de mera conduta, é possível a aplicação dos institutos da desistência voluntária e do arrependimento posterior. 07 (CESPE/TJ-RR/2013/ADAPTADA) ( ) O denominado crime impossível ocorre apenas na hipótese de absoluta ineficácia, no que se refere à produção do resultado desejado, do meio de execução utilizado pelo agente. 08 (FCC/2012/ADAPTADA) ( ) não pode haver participação em contravenção (FCC/2012/ADAPTADA) ( ) é possível a participação em crime omissivo puro (FCC/MPE-SE/2013) - Excluídas as situações normativas do Art. 64 do Código Penal, não é tecnicamente reincidente o agente que, nessa ordem sucessiva, tenha cometido no Brasil ilícitos penais com a natureza de A) crime doloso e crime culposo. B) crime em geral e contravenção penal. C) contravenção penal e crime em geral. D) contravenção penal e contravenção penal. E) crime culposo e crime doloso. 1F/2F/3F/4F/5F/6F/7F/8F/9V/10C 9
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