Influência dos Fenômenos El Niño e La Niña na Variabilidade da Precipitação no Município de Marabá-Pa no Período de
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- Elisa Palmeira de Mendonça
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1 Influência dos Fenômenos El Niño e La Niña na Variabilidade da Precipitação no Município de Marabá-Pa no Período de Eliane de Castro Coutinho 1 ; Lucy Anne Cardoso L. Gutierrez 2 ; Ana Júlia Soares Barbosa 3 1 Universidade do Estado do Pará - UEPA, Belém - Pa, Bra Rua Enéas Pinheiro, n o 2626, Bairro do Marco. elianerik@gmail.com; 2 Universidade do Estado do Pará - UEPA, Belém - Pa, Bra Rua Enéas Pinheiro, n o 2626, Bairro do Marco. lucyanne@ufpa.br; 3 Universidade do Estado do Pará - UEPA, Belém - Pa, Bra Rua Enéas Pinheiro, n o 2626, Bairro do Marco. ajsbarbosa@gmail.com. ABSTRACT: This paper analyzes the behavior of monthly, annual and seasonal (rainy season - November to April and dry season from May to October) precipitation in Marabá, in the period , and relates the deviations with the climatological normal (NC) and the anomalies that occurred due to the negative phase of the Southern Oscillation (El Niño) in the years , , and and positive (La Niña Phenomenon) in the years 2001 and , as CPC/NOAA (2010), and the consequences of these changes in the floods in that district. The results affirm that floods in the city under study are not directly affected by the phenomena EN and LN. The rainfall intensity is affected by small-and EN in any way by the LN. Palavras-Chave: Precipitação, El Niño, La Niña. 1. INTRODUÇÃO Um dos grandes desafios enfrentados hoje pela sociedade brasileira é prever e monitorar os impactos gerados tanto pela ação antrópica como por alguns fenômenos naturais. Na região amazônica, preparar a população para enfrentar grandes secas e enchentes é um dos objetivos de vários estudos de caráter científico (ROLIM, 2006), já que 73% da população da Amazônia Legal vivem em áreas urbanas, modificando, assim, os processos que formam o ciclo hidrológico, como escoamento superficial e infiltração. É importante entender que variações climáticas podem provocar transformações no padrão de tempo, em escala global, afetando o regime dos principais parâmetros meteorológicos (FERREIRA, 2002). A precipitação dentro da região amazônica é um parâmetro meteorológico de grande variabilidade no tempo e espaço, que está associada à influência de diferentes sistemas de mesoescala, escala sinótica e de grande escala (ROCHA, 2001). Hoje a população enfrenta inundações extremas, causando desabrigados e mortes, como é o caso do Município de Marabá, alvo deste estudo, o qual fica localizado no sudeste do Estado do Pará, na confluência dos rios Tocantis e Itacaiúnas, tendo como limites ao Norte, os Municípios de Itupiranga, Nova Ipixuna e Rondon do Pará; ao Sul, Parauapebas, Eldorado dos Carajás e São Geraldo do Araguaia; a leste, São Domingos do Araguaia, São João do Araguaia e Bom Jesus do Tocantins e a oeste, Novo Repartimento, essa situação geográfica e os diversos projetos de mineração na região, fez com que as imigrações para essa região aumentasse a cada ano, conforme SEPOF (2007), desestabilizando os serviços de infra-estrutura básica, que ficam
2 saturados, principalmente com relação ao escoamento superficial das águas pluviais, causando as freqüentes enchentes no período chuvoso que vai de dezembro à abril. Assim, além da urbanização, as outras prováveis causas do aumento na variabilidade climática são as fases extremas da Oscilação Sul, principalmente a fase negativa (fenômeno El Niño (EN)), e a fase positiva (fenômeno La Niña (LN)) que estão sendo consideradas as principais fontes dessas mudanças, produzindo, segundo Oliveira (1999), secas de moderadas a intensas no norte e leste da Amazônia, aumentando a probabilidade de incêndios florestais, principalmente em áreas de florestas degradadas, provocando muitos prejuízos e perigos à sociedade, no caso do EN e inundações intensas, no caso da LN. Segundo CPC/NOAA (2010) o Índice Oceânico Niño (ONI) foi negativo nos anos de , e (início) confirmando, assim, a presença de um evento EM, já que perdurou por mais de 5 médias trimestrais consecutivas. Já nos anos de 2001 e 2007(final) o índice foi positivo configurando um evento LN. No presente trabalho será avaliado o grau de influência dos fenômenos El Niño e La Niña no comportamento da precipitação em Marabá no período de 2001 a 2010, além de comparações com as normais climatológicas de e quais os prováveis impactos ambientais associados aos eventos acima citados. 2. METODOLOGIA Foram utilizados dados mensais de precipitação da estação automática de Marabá-Pa, localizada a 05 o S e 49 o O a 116m de altitude, pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no período de 2001 a maio de Após o tratamento dos dados foram feitos cálculos dos totais mensais e sazonais (estação chuvosa de dezembro a maio (dez-mai) e estação menos chuvosa de junho a novembro (jun-nov)). Com as médias foram elaborados gráficos com as séries referentes aos anos de LN (2001, ) e EM ( , , e ). Utilizaram-se as NC de para determinação das anomalias de precipitação anuais e sazonais. Essas anomalias foram comparadas com os períodos negativos e positivos do ONI, para identificar o grau de influência dos efeitos que o EN o LN nos impactos ambientais resultantes. Finalizando o estudo utilizou-se dados do nível e cota das águas do rio Tocantins no período de 2001 à 2007, conforme SANTOS (2008), para melhor analisar a relação das enchentes com os fenômenos EN e LN. 3. RESULTADOS La Niña No ano de 2001 o evento LN iniciou em 1998, período mais longo já registrado, entretanto em nosso estudo somente o período final (janeiro e fevereiro) foi comparado com as precipitações de Marabá e normais climatológicas de Quando o ONI, ver Figura 1, foi analisado e relacionado com a as anomalias de precipitação (diferença da Precipitação de Marabá e as normais climatológicas) notou-se que o LN já estava muito fraco, pois as anomalias de precipitação, conforme, mostrado na Figura 2 não foram significativas, pois tais anomalias foram negativas e não positivas, estabelecendo precipitações abaixo da média. Já nos anos de foi identificado pelo CPTEC/INPE (2010) um evento LN de forte intensidade, conforme mostrando pelo ONI negativo na Figura 1, entretanto no ano de 2007, o cenário de precipitação não foi muito diferente que no ano de 2001, pois as anomalias de precipitação em Marabá, mostradas na Figura 2, foram negativas e não positivas, como deveria acontecer em anos de LN, assim pode-se afirmar que esse fenômeno possuiu pouca influência no regime pluviométrico do município de Marabá. Já no ano de 2008 verificou-se alguns meses com
3 anomalias positivas no período chuvoso, já no período seco não houveram diferenças significativas de precipitação com relação as normais climatológicas de , somente este ano apresentou em seu total precipitações acima da média, tanto na estação chuvosa com na estação seco como mostrado na Figura 3a. Figura 1: Índices Oceânicos Niño (ONI) no período de 2001 à Fonte: CPC/NOOA, Adaptado pelos autores. Figura 2: Dados em anos de LN (2001, 2007 e 2008): (a) Anomalias de precipitação (b) Precipitação mensal total e NC no período de Conforme os dados do nível das águas e cotas do rio Tocantins mostrados por Rego (2008) na Tabela 1 pôde-se perceber que as cheias não estão diretamente relacionadas com o fenômeno LN, pois nos anos de 2001 e 2007 foram os anos com menor cheia. Além disso, Pinto (2010) afirma que uma das maiores cheias registradas foi em 1997, ano antecedendo ao LN de , que foi considerado um dos mais fortes já existentes. El Niño Nos anos estudados, onde ocorreram EN o CPC/NOAA (2010) informou que em foi de intensidade moderada e em foi considerado de forte intensidade, os outros anos a intensidade foi fraca, conforme o ONI mostrado na Figura 1.
4 Figura 3: Precipitação total da estação chuvosa, seca e NC de para: (a) Anos de LN de 2001, 2007 e 2008 e (b) Anos de EN de e Tabela 1: Nível e Cotas atingidas pelas enchentes no Rio Tocantins, em Marabá no período de 2001 à 2007 ANO NÍVEL DNAEE (M) COTAS ATINGIDAS PELAS ENCHENTES ,57 82, ,56 84, ,30 83, ,50 85, ,05 83, ,28 84, ,56 83,44 * Cota Zero ou Normal é de 71,88M Fonte: SANTOS, 2008, adaptada pelos autores. Nos anos de a fase negativa do ONI coincidiu com as anomalias negativas de precipitação, de julho de 2002 à abril de 2003, conforme comparação entre as Figuras 1 e 4, apesar do déficit nos índices pluviométricos de Marabá, isso não foi suficiente para que o nível e as cotas do Rio Tocantins ficassem abaixo do valor normal ou até mesmo igual, podendo ser comprovado pela Tabele 1. A mesma análise pode ser feita para os anos de , que inclusive foram os anos em que ocorreram as maiores cotas e níveis no Rio Tocantins registrados no período analisado. No início do ano de 2009 não foi registrado pela comunidade científica nenhum evento EN, conforme mostrado na Figura 1, já que o ONI não registrou valores acima de 0,5 por cinco meses consecutivos, mas quando chegou o mês de junho até abril de 2010 percebeu-se a formação e desenvolvimento de EN de forte intensidade sendo comprovado também pela Figura 4 que mostra anomalias negativas de precipitação exatamente a partir de junho de O ano de 2009 foi marcado por variações bruscas, já que no início ocorreram altos índices pluviométricos, prejudicando a população marabaense ocasionando as enchentes, e provocando o desabrigamento de aproximadamente famílias, entretanto não foi caracterizada a ocorrência de LN. Os dados inclusos na Figura 3b mostram que o EN influencia muito na precipitação de Marabá na época chuvosa, somente o ano de 2004 e 2009 que esses valores foram elevados por causa de anomalias no mês de maio. 4. CONCLUSÕES Através dos resultados apresentados neste trabalho, conclui-se que os níveis e cotas das águas do rio Tocantins não são influenciados pelos fenômenos EN e LN, pois independente de sua ocorrência as águas na época chuvosa sempre ultrapassam os valores normais, isso está mais relacionado com a topografia do local. Além disso, pode-se verificar que a precipitação do município é pouco influenciada pelo fenômeno La Niña, entretanto durante o EN as anomalias são mais visíveis, porém não suficientes para provocar secas no Município de Marabá.
5 Figura 4: Anos de EN nos períodos de e (a) Anomalias de precipitação e (b) Precipitação mensal total e NC de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CPC/NOAA. Cold & Warm Episodes by Season. Climate Prediction Center Internet Team, 04 maio Disponível em: < ensoyears.shtml>. Acesso em 06 jun 2010, 08:28. FERREIRA, A.G. Interpretação de Imagens de Satélites Meteorológicos: Uma visão prática e operacional do Hemisfério Sul. Brasília-DF: INMET, GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ. Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças (SEPOF). Estatística Municipal de Marabá, LEÃO, N.; ALENCAR, C.; VERÍSSIMO, A. Belém Sustentável Belém: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON, p. MARIN, F. R.; SENTELHAS, P. C.; NOVA, N. A. V. Influência dos Fenômenos El Niño e La Niña no сlima de Piracicaba. Revista Brasileira de Meteorologia, v.15, n.1, p , OLIVEIRA, G. S. El Niño e você: o fenômeno climático. São José dos Campos-SP: Transtec, ROCHA, E. J. P. Balanço de Umidade e Influências de Condições de Contorno Superficiais Sobre a Precipitação da Amazônia f. (Tese de Doutorado) - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE, São Paulo, ROLIM, P.A.M.; SANTOS, D.M.; ROCHA, E.J.P. Variablidade da Precipitação na Amazônia: Implicações Sócioeconômicas. In.: XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, 2008, Florianópolis. Anais eletrônicos. Florianópolis: SBMET, Disponível em: < cbmet.com/cbm-files/14-1b5c3e3f6e34f1ca974cb06dd7bf1c6c.pdf>. Acesso em 23 maio 2010, 00:06. SANTOS, L.C.R. Análise das Enchentes em Marabá no Período de Marituba-PA: IESP/UEPA, SOUZA, J.R.S.; MAKINO, M.; CRUZ, M.C.N.V; LOPES, Z.F. Fluxo de Calor em Solo sob Florestas e Pastagens em Marabá-PA. In: XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, 2008, Florianópolis. Anais eletrônicos. Florianópolis: SBMET, Disponível em: < cbmet.com/cbm-files/ e6c99fe45c2a6cdc86541ac5c.pdf>. Acesso em 30 maio 2010, 21:44. Agradecimentos: À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Para FAPESPA/SEDECT/PARÁ, pelo apoio financeiro.
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