Avaliação da utilização de corretivo e fertilizantes na recuperação de pastagens de Brachiaria brizanta

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1 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 0 a de novembro de 00 Avaliação da utilização de corretivo e fertilizantes na recuperação de pastagens de Brachiaria brizanta Mirian Fabiana da Silva, Jehniffer Xandra Alves, Thiago de Jesus do Carmo, Reinaldo Cunha de Oliveira Júnior 4 Bolsista PIBC/UEG, acadêmica do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Goiás - UnU São Luís de Montes Belos-GO. mirian@zootecnista.com.br PVIC/UEG, acadêmica do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Goiás - UnU São Luís de Montes Belos-GO. Colaborador, acadêmico do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Goiás - UnU São Luís de Montes Belos-GO. 4 Orientador, Professor Doutor do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Goiás - UnU São Luís de Montes Belos-GO. reinaldo.cunha@ueg.br Palavras-chave: adubação, áreas degradadas, forrageira, perfilhos INTRODUÇÃO As pastagens degradadas se constituem, atualmente, em um dos maiores problemas dos sistemas de produção de bovinos no Brasil Central. Estima-se que 80% dos quase 50 milhões de hectares da área de pastagens na região de Cerrados apresentam algum estádio de degradação (BARCELOS, 996). A inadequada utilização das pastagens promove desequilíbrio em seu ecossistema e ao longo do tempo, atinge estádio indesejável, caracterizado por baixos índices de produtividade e qualidade, denominado degradação. Entretanto alguns métodos de recuperação requerem a adoção de um período de descanso e a correção do solo, visando obter da planta a capacidade regenerativa como resposta à ausência do estresse causado pelo pastejo animal e às técnicas aplicadas (SANTOS et al., 008). No estabelecimento de pastagens, atualmente destacam-se os capins do gênero Brachiaria, que apresentam vantagens em relação a outros gêneros, como boa adaptação a solos ácidos, tolerância à baixa fertilidade dos solos e elevado rendimento de matéria seca.

2 Como a produção de massa verde é prioridade na alimentação e, para o bom manejo, é necessário conhecer e compreender não apenas o processo de transformação do pasto em produto animal, mas sobretudo entender e controlar os processos de crescimento e desenvolvimento que resultam na produção da forragem a ser consumida. Dessa forma, quando se entende a dinâmica de crescimento e desenvolvimento das plantas que compõem uma pastagem e suas respostas morfofisiológicas aos fatores que as influenciam, torna-se mais fácil adequar o manejo do pasto visando à sustentabilidade do sistema de produção com alta produtividade dos componentes planta e animal, respeitando os limites ecofisiológicos das plantas forrageiras (SILVA et al., 009). Para um bom manejo da adubação, torna-se relevante conhecer a necessidade de nutrientes das plantas forrageiras. O uso eficiente da pastagem é dependente de concentrações adequadas de nutrientes minerais na forragem (SANTOS et al., 009a). E o suprimento de nutrientes constitui-se em um importante fator na nutrição de forragem, tendo em vista que a disponibilidade de nutrientes exerce grande influência na nutrição da planta, que por sua vez reflete na produção e na qualidade da forragem. Além dos impactos negativos na produção, se agravam os efeitos ambientais pela erosão dos solos e assoreamento dos mananciais de água. Falta de capital, por parte dos pecuaristas, e os altos custos de insumos (adubos e corretivos) têm sido indicados como fatores limitantes para a solução do problema. Necessitando viabilizar métodos eficientes e práticos de recuperação de pastagens. A reabilitação das áreas degradadas pode apresentar uma contribuição significativa para o desenvolvimento sócio-econômico da região em questão, ao mesmo tempo em que poderá ter reflexos positivos sobre a preservação ambiental. Este trabalho teve por objetivo avaliar a utilização de corretivo e fertilizantes na recuperação de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha no município de São Luis de Montes Belos, através da avaliação da produção de matéria seca, verde e orgânica e densidade de perfilhos. MATERIAL E MÉTODOS

3 As avaliações foram desenvolvidas em uma área de quatro parcelas de x4 ( m²) para cada tratamento, na Fazenda Experimental da UEG UnU São Luiz de Montes Belos, totalizando 0 parcelas. A pastagem utilizada já se encontrava em estágios iniciais de degradação, sendo bem representativa da região. Os tratamentos foram: ) calagem - elevar saturação de bases superiores a 70% (foi utilizado 80%), manter o ph acima de 5,5, recomendado por CORSI e NUSSIO (99), ) calagem mais correção de fósforo (P), segundo VILELA et al., (004), ) calagem mais nitrogênio (N) 50 kg/ha/ciclo, 4) calagem mais P e N nas mesmas dosagens anteriores e 5) controle. A análise química do solo foi realizada em abril de 009 e os resultados da mesma, são mostrados na Tabela. Tabela. Análise química do solo. % g/dm cmolc/dm (me/00ml mg/dm (ppm) PH Textura (g/kg) Sat. Mat. P CTC Base Org. Ca Mg Al H+Al K K (Mel.) Zn CaCl Argila Limo Areia 6,86 6,0 0,0,0, 0,0,6 0,6 6,0,5,6 5,0 70,0 90,0 540,0 A calagem foi realizada no início de outubro e as adubações em dezembro de 009 e janeiro de 00, sendo que as avaliações foram realizadas em março de 00. Tanto a calagem como as adubações foram realizadas na superfície sem incorporação (MACEDO; KICHEL; ZIMMER, 000). As avaliações foram realizadas quando o dossel atingiu 5 cm de altura, com auxílio de um quadrado de 0,5x,0 m (0,5 m ) jogado aleatoriamente uma vez por parcela. Para as avaliações de densidade de perfilhos utilizou-se um quadrado de 5x00 cm (SILVA, 006). A área do quadrado (,0x,0 m) foi cortada com tesoura de poda na altura de 5 cm (SILVA, 006), sendo o material pesado e após amostrado para realização das avaliações de produção de matéria verde (GERDES et al, 000), matéria seca (MS), matéria mineral (MM) e matéria orgânica. As determinações de MS e MM foi de acordo com AOAC (990). O delineamento estatístico foi em blocos casualizados com cinco tratamentos (controle, calagem, calagem mais P, calagem mais N e calagem mais P e N) e quatro repetições. Os dados foram processados pelo pacote estatístico SAS (99).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância não mostrou diferenças significativas (P > 0,05), para a interação da produção tanto em matéria seca e matéria verde em relação a calagem e adubação da forragem, conforme a Tabela. Isto se deve, provavelmente, pelo fato das avaliações terem ocorrido no final do período das chuvas. Estes resultados são diferentes dos encontrados por MACIEL et al. (007), que avaliou diferentes fontes de fósforo (P) e sua interação com os tipos de solo, pode obter influências significativas no aumento na produção de matéria seca da parte aérea da Brachiaria brizantha. SANTOS et al. (008), avaliando a produção de massa seca da parte aérea das forrageiras Brachiaria brizantha cv. marandu e Brachiaria decumbens cv. basilisk., através de diferentes adubações (sem adubo, fósforo (P), nitrogênio (N), nitrogênio+fósforo (NP) e nitrogênio+potássio (NK)) (P<0,05) e observaram a interação entre cultivar e a adubação para a produção de MS. No mesmo experimento, verificaram-se que as adubações contendo nitrogênio não apresentaram diferença estatística (P>0,05) para ambos os cultivares, demonstrando a contribuição deste nutriente para o potencial produtivo da parte aérea das plantas forrageiras. Tabela. Produção de matéria verde e matéria seca por hectare da Brachiaria brizantha, recebendo calagem (cal.) e adubações com nitrogênio (N) e fósforo (P). Tratamentos Produção Controle Cal. Cal.+P Cal.+N Cal.+P+N CV (%) Matéria verde/ha 0465,0 80,0 970,0 9075,0 0470,0 6,8 Matéria seca/ha 86,4 4668, 6,4 8,9 69,7 44,6 Cal.+P= calagem mais fósforo; Cal.+N= calagem mais nitrogênio; Cal.+P+N= calagem mais fósforo e mais nitrogênio. CV= Coeficiente de variação. Não houve diferença a 5% no teste Tukey. Na Tabela estão apresentados os valores médios da quantidade de perfilhos/m², o qual não houve alterações com as aplicações de calagem e de adubações (P<0,05).

5 SILVA et al. (009) avaliaram duas espécies de braquiária adubadas com diferentes doses de nitrogênio e verificaram a influência (P<0,05) da adubação na taxa de aparecimento foliar e no número total de folhas por perfilho, e este número total de folhas por perfilho é uma variável importante da planta, pois influência diretamente a produção de matéria seca. Em trabalho realizado por SANTOS et al. (009a), as massas de forragem total e dos seus componentes morfológicos de Brachiaria decumbens aumentaram de forma linear com o aumento do período de diferimento e das doses de nitrogênio. De acordo com SANTOS et al. (009b) não houve efeito (P>0,0) da dose de nitrogênio sobre o número de perfilhos reprodutivos nos pastos diferidos de capim-braquiária. Tabela. Quantidade de perfilhos/m² da Brachiaria brizantha, recebendo calagem (cal.) e adubações com nitrogênio (N) e fósforo (P). Tratamentos Item Controle Cal. Cal.+P Cal.+N Cal.+P+N CV () (%) Perfilhos/m (),0 4,0 86,5 96,0 85,0 7,4 Cal.+P= calagem mais fósforo; Cal.+N= calagem mais nitrogênio; Cal.+P+N= calagem mais fósforo e mais nitrogênio. CV= Coeficiente de variação. Não houve diferença a 5% no teste Tukey. Não houve diferença estatística (P<0,05) entre os tratamentos, para os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO) da Brachiaria brizantha, conforme a Tabela 4. SCHEFFER-BASSO et al. (008), trabalharam com adubação com chorume suíno nas doses de 0, 5, 0 e 45 m³/ha, em pastagem natural, e obtiveram com o aumento linear de chorume um aumento na altura da forragem e também um aumento na produção de MS. AMARAL, SCHEFFER-BASSO e FONTANELI (006) realizaram um experimento em pastagem natural com adubação nitrogenada à base de uréia (00 kg/ha de N) e obtiveram aumento de 7% na altura e de 94% na MS (5.40 kg/ha) em relação ao campo não adubado (.789 kg/ha), diferentemente dos resultados encontrados no presente experimento, onde a gramínea não respondeu em crescimento e nem em produção de MS. Tabela 4. Teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO) da Brachiaria brizantha, conforme os tratamentos experimentais.

6 Tratamentos Iten³ Controle Cal. Cal.+P Cal.+N Cal.+P+N CV² (%) MS, % 7, 40,7 5,6,0 0,6 4,6 MM, % 6,0 9,0 7,6 7,5 7,4,5 MO, % 94,0 9,0 9,4 9,5 9,6,7 Cal.+P= calagem mais fósforo; Cal.+N= calagem mais nitrogênio; Cal.+P+N= calagem mais fósforo e mais nitrogênio. CV= Coeficiente de variação. Não houve diferença a 5% no teste Tukey. 4 CONCLUSÕES A produção da Brachiaria brizantha neste experimento não foi influenciada pela calagem e pela adubação nitrogenada e fosfatada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, D.C.; SCHEFFER-BASSO, S.M.; FONTANELI, R.S. Efeito da fertilização nitrogenada na produção e composição química de uma pastagem natural. Agrociencia, v.0, n., p.7-4, 006. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 5th ed. Arlington, 990. v., 7p. BARCELOS, A. O. Sistemas extensivos e semi-extensivos de produção pecuária bovina de corte nos Cerrados. In: SIMPÓSIO SOBRE OS CERRADOS, 8.; INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON TROPICAL SAVANAS,., 996, Brasília. Biodiversidade e produção sustentável de alimentos e fibras nos Cerrados. Anais... Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 996. p CORSI, M.; NUSSIO, L.G. Manejo do capim-elefante: correção e adubação do solo. In: SIMPÓSIO SOBRE O MANEJO DA PASTAGEM, 0., 99, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 99. p GERDES, L.; WERNER, J. C.; COLOZZA, M. T.; CARVALHO, D. D.; SCHAMMASS, E. P. Avaliação de Características Agronômicas e Morfológicas das Gramíneas Forrageiras Marandu, Setária e Tanzânia aos 5 Dias de Crescimento nas Estações do Ano. Rev. bras. Zootec. v.9. p , 000. MACEDO, M. M.; KICHEL, A. N.; ZIMMER, A. H. Degradação e alternativas de recuperação e renovação de pastagens. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 000, p.- 4. (EMBRAPA-CNPGC, Comunicativo técnico n. 6). MACIEL, G. A. et al. EFEITO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO NA Brachiaria Brizantha CV. MARANDU CULTIVADA EM DOIS TIPOS DE SOLOS. Ciência Animal Brasileira, v. 8, n., p. 7-, 007. SANTOS, L. C. et al. Produção e composição química da Brachiaria brizantha e Brachiaria decumbens submetidas a diferentes adubações. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 4, p

7 SANTOS, M. E. R. et al. Capim-braquiária diferido e adubado com nitrogênio: produção e características da forragem. R. Bras. Zootec., v.8, n.4, p , 009a. SANTOS, Manoel Eduardo Rozalino et al. Caracterização dos perfilhos em pastos de capimbraquiária diferidos e adubados com nitrogênio. R. Bras. Zootec., v.8, n.4, p , 009 b. SAS INSTITUTE. SAS/STAT user s guide statistics. Versão 6.4. Cary, 99. v. SCHEFFER-BASSO, S. M.; SCHERER, C. V.; ELLWANGER, M. F. Resposta de pastagens perenes à adubação com chorume suíno: pastagem natural. R. Bras. Zootec., v.7, n., p.-7, 008. SILVA, C. C. F. et al. Características morfogênicas e estruturais de duas espécies de braquiária adubadas com diferentes doses de nitrogênio. R. Bras. Zootec., v.8, n.4, p , 009. SILVA, S. C. Manejo do pastejo para obtenção de forragem de qualidade. In: VIII SIMPÓSIO GOIANO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE BOVINOS. CBNA Goiânia. p VILELA, L.; SOARES, W. V.; SOUSA, D. M. G.; MACEDO, M. C. M. Calagem e adubação para pastagens. In: SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. Cerrado: correção e adubação. ed. Brasília-DF: Embrapa Informações Tecnológica, 004. p. 7-8.