O presente feito foi instaurado para averiguar a legalidade da convenção coletiva firmada entre o Sindicato das Empresas de Asseio e

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1 Origem: Rep 4130/2009 PRT/ 1ª Região Procurador oficiante: João Carlos Teixeira Interessados: Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Rio de Janeiro SEAC/RJ e SINTTEL RJ. Assunto: Ilegalidade em ACT/CCT EMENTA: Contribuição assistencial. Cobrança de associados e não associados. Ofensa ao direito de livre associação e sindicalização (CF, art. 5º, XX e 8º, V). Pela não homologação do arquivamento. I - RELATÓRIO O presente feito foi instaurado para averiguar a legalidade da convenção coletiva firmada entre o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Rio de Janeiro SEAC/RJ e SINTTEL RJ. O douto Procurador oficiante detectou ilegalidade na cláusula 24ª, que não prevê o direito à oposição ao desconto relativo à assistência social e familiar. Todavia, propôs o arquivamento do feito, assim se posicionando (fls. 28/29): A análise do instrumento normativo revelou que a cláusula 24ª que versa sobre a Assistência Social Familiar Sindical não prevê o direito de oposição do trabalhador, todavia a presente cláusula foi analisada na REP 2861/2009, e na ocasião o i. Procurador signatário concluiu que, in verbis: (...) apesar de não prever o direito de 1

2 oposição do trabalhador, este se depreende da leitura do Manual de Orientações e Regras da Assistência Social Familiar Sindical, pois o item M informa que os cartões de identificação e procedimento serão distribuídos a todos os trabalhadores a serem assistidos, o que indica a anuência do trabalhador ao Benefício, na forma do art. 462 da CLT. Outrossim, o item D estipula sanção pecuniária, a ser revertida à gestora do benefício e ao trabalhador assistido, em caso de a empresa não depositar mensalmente a contribuição devida. Portanto, a cláusula se mostra favorável aos interesses do empregado. É o sucinto relatório. II VOTO Primeiramente, registro que o órgão oficiante afirmou que a cláusula considerada ilegal por não prever o direito de oposição já foi analisada na Rep. 2861/2009. Em que pese a identidade de objeto, a Rep. 2861/2009 não foi submetida à análise desta CCR, por se tratar de indeferimento liminar sem recurso administrativo (informação da Codin PRT/1ª Região à assessoria deste Gabinete em 20/10/2009). Todavia, estando o presente feito submetido ao crivo revisor da CCR, entendo que não se pode homologar o arquivamento, pois violada a liberdade de associação. Assim diz a cláusula 24ª: 2

3 CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA ASSISTÊNCIA SOCIAL FAMILIAR SINDICAL: Por esta cláusula fica garantido pela FETHERJ, Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade do Rio de Janeiro e por seus sindicatos representados, a Assistência Social Familiar a todas as famílias dos trabalhadores pertencentes à categoria profissional subordinadas a esta Convenção Coletiva de Trabalho, associados ou não às entidades sindicais profissionais, amparados ou não por seguros de vida. [Omissis] PARÁGRAFO SEGUNDO: O mencionado benefício será custeado pelo trabalhador e pela empresa. Caberá ao trabalhador, mensalmente, a importância de R$ 2,35 (dois reais e trinta e cinco centavos), descontados em folha de pagamento. (grifos nossos) A Constituição Federal, em seus arts. 5º, inciso XX, e 8º, inciso V, assegura o direito de livre associação e sindicalização, sendo ofensiva a essa modalidade de liberdade a instituição de cláusula em acordo, convenção coletiva ou sentença normativa que contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Neste sentido, o Precedente 119 da SDC/TST: Nº 119 CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS (nova redação dada 3

4 pela SDC em sessão de homologação Res. 82/1998, DJ ) "A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados." Embora o douto Procurador oficiante justifique a proposta de arquivamento na existência de um Manual de Orientações, no qual estaria prevista a expressa anuência do trabalhador, penso que tal previsão deve constar do próprio instrumento normativo, pois este sim é a norma autônoma, fruto da composição entre as partes. Ademais, há de se registrar que não foi sequer juntado aos autos o referido Manual de Orientações e Regras da Assistência Social Familiar Sindical. Assim, tendo em vista que a atuação ministerial não atingiu seus objetivos na defesa da liberdade de associação, não homologo a promoção de arquivamento. 4

5 III - CONCLUSÃO Com base na fundamentação supra, voto pela não homologação do arquivamento proposto, com o imediato retorno dos autos à PRT de origem, devendo ser observada, no que tange à designação de Membro para atuar no feito, a praxe adotada pela Regional. Brasília/DF, 20 de outubro de Lucinea Alves Ocampos Membro da CCR - Relatora 5