Antibióticos na Doença Periodontal Canina

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1 Atualização em Terapêutica Veterinária Distribuído por Farmácia Veterinária de Manipulação Antibióticos na Doença Periodontal Canina A adequação ao tratamento é muito importante na obtenção da recuperação satisfatória ou estabilização do problema periodontal 1-3. A administração oral de subdose e aplicação local de doxiciclina proporciona significativa melhora da doença periodontal 5. A administração tanto oral como tópica da clindamicina demonstra eficácia no tratamento de doenças periodontais, proporcionando redução dos sintomas característicos desta patologia 6-8.

2 DOENÇA PERIODONTAL VERSUS ANTIBIÓTICOS A doença periodontal acomete o tecido de suporte do dente e do periodonto. Este inclui o tecido gengival, o cemento, o ligamento periodontal e o osso alveolar, ou seja, inclui as gengivites e periodontites. O foco deste processo é a conversão do sulco gengival normal em ambiente patogênico, com a formação da placa bacteriana como agente etiológico. Esta última, constituída por 70 a 80% de micro-organismos altamente proliferativos, células epiteliais, leucócitos e macrófagos aderidos à matriz, glicoproteínas salivares e polissacarídeos extracelulares produzidos por bactérias. Com o passar do tempo, ocorre organização e mineralização formando o cálculo dentário, denominado tártaro, localizado supra ou subgengival. Esse desenvolvimento proporciona a proliferação de micro-organismos patogênicos que produzem enzimas e toxinas capazes de causar lesão tecidual resultando em inflamação infecciosa da gengiva e afeta todos os componentes do aparelho de aderência dentária 1,2. Antibióticos na doença periodontal 3 : Sabe-se que os antibióticos são utilizados para eliminar bactérias ou impedir seu crescimento, e têm sido utilizados no tratamento e prevenção das infecções orais. Várias formas de aplicação de antibióticos têm sido abordadas para tratamento de doenças periodontais como, por exemplo, enxaguatórios bucais contendo penicilina, antibióticos administrados por via sistêmica e ainda localmente para tratar áreas específicas ao redor dos dentes. Tratamento sistêmico 3 Terapias com antibióticos sistêmicos têm demonstrado benefícios para animais com doenças periodontais. A tabela apresenta os principais antibióticos sistêmicos comumente usados na periodontia canina. Fármaco Dosagem Via de administração Frequência Clindamicina 5,5-33mg/Kg Oral 12/12horas Doxiciclina 3-5mg/Kg Oral 12/12horas Metronidazol 25-50mg/Kg Oral 12/12horas Tratamento local 3 A aplicação de antibióticos diretamente no local da doença periodontal ajuda a evitar muitas preocupações de antibióticos sistêmicos e permite o direcionamento seletivo dos periodontopatógenos em locais específicos. Este tipo de administração reduz a contagem bacteriana no processo de cicatrização da bolsa periodontal e consequentemente reduz as enzimas de degradação bacteriana e mediadores inflamatórios, influenciando positivamente na cura da bolsa periodontal. Tetraciclina 22mg/Kg Oral 8/8horas Algumas das preocupações relacionadas com administração sistêmica de antibióticos incluem a necessidade de doses elevadas de determinados fármacos administrados sistematicamente para atingir níveis adequados dentro de bolsas periodontais, exposição de certas bactérias benéficas a estes antibióticos, níveis inadequados de antibióticos alcançar outras áreas do corpo predispondo o desenvolvimento de resistência bacteriana e, finalmente, questões relacionadas à necessidade de medicação sistêmica no tratamento de doença localizada. Nenhum dos antibióticos sistêmicos pode ser recomendado como monoterapia para doença periodontal. Eles são recomendados como uma medida adjuvante juntamente à raspagem, alisamento radicular e curetagem subgengival, e/ou cirurgia periodontal, como indicado pelo exame oral 3. Antibióticos locais são mais adequados para uso em bolsas periodontais entre 3mm (ou profundidade máxima para espécie) e 5mm. Profissionais podem optar por usar os produtos antimicrobianos nestas bolsas após procedimento cirúrgico 3. A caracterização do agente etiológico bem como adequação do tratamento é muito importante na obtenção da recuperação satisfatória ou estabilização do problema periodontal

3 Estudo determina a dose subantimicrobiana de doxiciclina hiclato para tratamento de periodontite em cães 4. Neste estudo, 15 beagles, com periodontite foram distribuídos em três grupos e submetidos aos seguintes tratamentos durante um mês: Grupo 1 (n=5) Doxiciclina 1mg/Kg uma vez ao dia. Grupo 2 (n=5) Doxiciclina 2mg/Kg uma vez ao dia. Grupo 3 (n=5) Placebo, uma vez ao dia. Grau de inserção gengival e sangramento à sondagem (presente ou ausente) foram registrados. Grau de inibição de metaloproteinases da matriz em amostras gengivais foi determinada através de zimografia e comparada entre os grupos de tratamento. Resultados: Os cães tratados com 1 e 2mg/Kg de doxiciclina apresentaram menor intensidade da zimografia quando comparados aos cães que receberam o controle, demonstrando a capacidade da doxiciclina em inibir a atividade das metaloproteinases da matriz; As metaloproteinases da matriz são consideradas as proteinases primárias envolvidas na destruição dos tecidos periodontais através da degradação de moléculas da matriz extracelular. Na presença da doença periodontal e perimplantar, os níveis dessas enzimas se elevam e podem alterar o curso da resposta inflamatória ao redor dos dentes. Os cães que receberam 2mg/Kg de doxiciclina apresentaram melhora significativa do grau de inserção gengival e sangramento quando comparados ao grupo controle e os cães tratados com 1mg/kg. A administração de dosagem subantimicrobiana de doxiciclina mostra-se como alternativa apropriada para tratamento de cães com periodontite 4. Estudo avalia a eficácia do gel de doxiciclina no tratamento das bolsas periodontais em cães 5. Neste estudo, 6 beagles, com idade média de 3,1 anos, foram randomizados e submetidos ao seguinte protocolo de tratamento: Grupo 1 Doxiciclina 8,5% gel Grupo 2 Controle não tratado. As bolsas periodontais de 4 dentes foram preenchidas com gel, enquanto que bolsas periodontais curetadas de 4 outros dentes foram utilizadas como controle não tratado. Os cães receberam um pré-tratamento com cloridrato de clindamicina. Após pré-tratamento, realizou-se a limpeza dos dentes através da remoção da placa e descamação do dente, polimento da superfície dos dentes e curetagem das bolsas periodontais Os parâmetros de fluido crevicular gengival, índice gengivites, profundidade da bolsa, fixação do dente e quantidade de placas subgengival (unidade formadoras de colônias ou UFC) foram medidos logo após o pré- tratamento com clindamicina, na sexta e décima segunda semana da aplicação do gel. Resultados: Os dentes tratados com gel de doxiciclina apresentaram redução do fluido crevicular gengival, do índice de gengivite e da profundidade da bolsa, além de melhor fixação do dente quando comparados ao controle não tratado na sexta e décima segunda semana da aplicação do gel; Em relação à quantidade de placas, os dentes tratados com gel doxiciclina apresentaram número de bactérias aeróbicas, anaeróbicas e totais nas bolsas periodontais significativamente menor quando comparados ao controle não tratado. A aplicação local de doxiciclina após a curetagem proporciona melhor redução da doença periodontal, auxiliando significativamente para o sucesso do tratamento 5. 3

4 Estudos avaliam a eficácia da clindamicina oral e local no tratamento de doença periodontal 6-8. Johnston et al. 6 Nielsen et al. 7 Warrick et al. 8 Descrição Estudo avalia a eficácia da aplicação do gel de cloridrato de clindamicina 2% durante 90 dias em cães com doença periodontal. A limpeza dos dentes dos cães foi realizada anteriormente à aplicação do gel de clindamicina, incluindo raspagem e alisamento radicular. Estudo avalia a eficácia da administração oral de clindamicina 5,5mg/kg duas vezes ao dia, durante oito dias, após polimento ultrassônico em 30 cães com doença periodontal precoce a moderada. Estudo avalia a eficácia do tratamento em três fases de 5 dias com clindamicina 5,5-11mg/kg por dia ou placebo (0-4, e dias após profilaxia dental) em 49 cães com doença periodontal. Estudos Após o tratamento com gel de clindamicina, os cães apresentaram redução significativa na profundidade da bolsa periodontal (19%), no índice gengival (16%) e no número de locais de sangramento gengival (64%). O número de locais de supuração nos cães tratados com clindamicina gel reduziu em 90% após os 90 dias aplicação. Além disso, o tratamento com gel de clindamicina controlou eficazmente a carga bacteriana. A administração oral de clindamicina, após a limpeza, proporcionou redução significativa da placa comparada ao controle. Além disso, o grupo tratado com clindamicina apresentou redução significativa da bolsa periodontal em 15% após a limpeza comparada a 3% para o grupo controle. Estudo demonstrou que o regime de 5 dias de tratamento com clindamicina pós-profilaxia foi significativamente eficaz na redução do mau odor oral comparado à profilaxia dental sozinha. Além disso, este regime de tratamento também resultou na redução significativa da placa dentária, cálculo dental e do sangramento gengival. A administração tanto oral como tópica da clindamicina demonstra eficácia no tratamento de doenças periodontais, proporcionando redução dos sintomas característicos desta patologia 6-8. Propostas Terapêuticas Baseadas em Evidências Científicas CÁPSULAS DE CLINDAMICINA 3,7,8 CÁPSULAS DE DOXICICLINA (DOSE SUBANTIMICROBIANA) 4 Cloridrato de clindamicina 5,5-33mg/Kg Doxiciclina 2mg/Kg Administrar uma cápsula ao dia ou conforme orientação do médico veterinário. CÁPSULAS DE DOXICICLINA 3 GEL DE DOXICICLINA 5 Doxiciclina 3-5mg/Kg Doxiciclina 8,5% Gel oral base qsp 20g Preencher as bolsas periodontais com o gel ou conforme orientação do Metronidazol CÁPSULAS DE METRONIDAZOL mg/Kg GEL DE CLINDAMICINA 6 Cloridrato de clindamicina 2% Gel oral base qsp Aplicar após a limpeza dos dentes dos cães durante 90 dias ou conforme orientação do 20g CÁPSULAS DE TETRACICLINA 3 Tetraciclina 22mg/Kg Administrar uma cápsula a cada 8 horas ou conforme orientação do 4

5 Destaques desta edição Antibióticos na doença periodontal: Utilizados na prevenção ou tratamento das infecções orais; Várias formas de aplicação de antibióticos para tratamento de doenças periodontais, como: a partir de enxaguatórios bucais contendo penicilina, antibióticos administrados por via sistêmica e localmente para tratar áreas específicas ao redor dos dentes. Doxiciclina: Subdose oral: melhora significativa do grau de inserção gengival e sangramento; Gel local: proporciona redução do fluido crevicular gengival, do índice de gengivite e da profundidade da bolsa, além de melhor fixação do dente e redução do número de bactérias. Clindamicina: Gel local: redução significativa na profundidade da bolsa periodontal, no índice gengival e no número de locais de sangramento gengival; Oral: proporciona redução da placa, do mau odor oral e do sangramento gengival. Ativo em destaque Clindamicina, Doxiciclina, Metronidazol e Tetraciclina. Dose proposta Oral Clindamicina 5,5-33mg/Kg (cada 12 horas); Doxiciclina 3-5mg/kg (cada 12 horas); Doxiciclina (subdose) 2mg/Kg; Metronizadol 25-50mg/Kg (cada 12 horas); Tetraciclina 22mg/Kg (cada 8 horas). Administrar conforme orientação do Tópica Doxiciclina 8,5%; Cloridrato de clindamicina 2%. Aplicar conforme orientação do Saiba Mais Mau Hálito Em geral o mau hálito ocorre pela presença da placa bacteriana. O tártaro, termo usado popularmente para placa bacteriana e para o cálculo dentário, é formado inicialmente por um biofilme constituído essencialmente por bactérias. Este biofilme localiza-se sobre a superfície dental e acumula-se principalmente no sulco gengival, onde a limpeza natural pelo fluxo salivar e abrasão dos alimentos e da língua é dificultada. Conforme esta placa bacteriana vai se organizando são formados subprodutos de seu metabolismo que lesam o tecido gengival causando a GENGIVITE. Com o avançar do processo, haverá uma resposta imunológica do paciente, que passará a atuar como fator de destruição acelerada das estruturas de suporte do dente, com reabsorção óssea e retração gengival. A partir deste momento, a lesão torna-se irreversível denominando-se DOENÇA PERIODONTAL. Formulação extra para Halitose SPRAY BUCAL COM EXTRATO DE ROMA Extrato Glicólico de Pomegranate* 5% Spray bucal com óleos essenciais qsp 60ml Aplicar na boca do animal com auxílio de gaze. Utilizar duas vezes ao dia. Pode-se realizar fricção sobre os dentes cujo tecido gengival não esteja demasiadamente inflamado. *Apresenta eficácia sobre a atividade das bactérias cariogênicas presentes no biofilme dental com eficácia comparável à clorexidina. Notas de edição Literatura Consultada Pesquisado em Julho de Cavalcante CZ,Taffarel MO,Fernandes DR, CUNHA, O. Doença periodontal em cães: anatomia, etiologia e fisiopatologia. Rev. Nosso Clínico, (5) 29, p.8-12, set/out Gioso, M. A.; Odontologia para o clínico de Pequenos Animais. 2ª ed. São Paulo, p.202, Niemiec BA. Veterinary Periodontology. First Edition. Wiley&Sons, Kim SE, Kim S, Jeong M, Lee Y, Ahn JT, Park YW, Ahn JS, Lee E, Ryu DY, Seo K. Experimental determination of a subantimicrobial dosage of doxycycline hyclate for treatment of periodontitis in Beagles. Am J Vet Res Jan;74(1): Zetner K, Rothmueller G. Treatment of periodontal pockets with doxycycline in beagles. Vet Ther Winter;3(4): Johnston TP, Mondal P, Pal D, MacGee S, Stromberg AJ, Alur H. Canine periodontal disease control using a clindamycin hydrochloride gel. J Vet Dent Winter;28(4): Nielsen D, Walker C, Koran G, Chaney RD, Yonkers T, Vestige JD, Elf ring G, Slots J. Effects of treatment with clindamycin hydrochloride on progression of canine periodontal disease after ultrasonic scaling. Vet Ther Summer;1(3): Warrick JM, Inskeep GA, Yonkers TD, Stookey GK, Ewing TH. Effect of clindamycin hydrochloride on oral malodor, plaque, calculus, and gingivitis in dogs with periodontitis. Vet Ther Winter;1(1): Pereira JV, Pereira MSV, Sampaio FC, Alves PM, Araújo CRF. Estudos com o extrato da Punica granatum linn. (romã): efeito antimicrobiano in vitro e avaliação clínica de um dentifrício sobre microrganismos do biofilme dental. Revista Odonto Ciência Fac. Odonto/PUCRS, v. 20, n. 49, jul./set

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