ANGOLA. Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP. Maio de Parceiro estratégico:

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1 ANGOLA Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Maio de 2014 Parceiro estratégico:

2 Índice 1. SADC. Enquadramento regional, político e económico Caracterização da comunidade Principais objetivos e aspirações da SADC Os Estados Membros da SADC Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC A SADC enquanto comunidade económica SADC e a COMESA As economias da SADC Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África Moçambique. Forte potencial de Gás Natural África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Regiões de forte orientação agrícola Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial Seicheles. SIDS com economia orientada para o Turismo Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa Trocas comerciais na SADC Complementaridade das Economias Comércio intrarregional África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região Comércio extrarregional Principais parceiros comerciais da SADC Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC Investimento direto estrangeiro na SADC SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas África do Sul. O país com maior peso na região Macroeconomia PIB da economia Sul-Africana Orçamento Geral do Estado Dívida Pública externa e interna Estrutura produtiva

3 PIB por Setor Composição do Setor Empresarial do Estado Política económica Perspetivas futuras Prioridades estratégicas da África do Sul Infraestruturas e energia Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas Abertura da Economia e Relações Comerciais Principais setores de oportunidade Investimento direto estrangeiro de, e para a África do Sul Financiamento à Economia Principais bancos presentes Bancarização da população Microcrédito Taxas de juro de financiamentos Bolsa de valores Angola. A 2ª principal economia da SADC Macroeconomia PIB da economia angolana Orçamento Geral do Estado para Dívida Pública Reservas de moeda estrangeira Nível de financiamento à economia Evolução das taxas de juro e variação da liquidez Política Económica Estrutura produtiva PIB por setor Retrato do setor empresarial do Estado Petróleo e Gás Natural Infraestruturas e energia Polos industriais e agroindustriais Abertura da economia e relações comerciais Investimento privado de e para Angola Principais investimentos privados em Angola Investimento Direto Estrangeiro Principais setores de oportunidades na economia Financiamento à economia Principais bancos presentes

4 Bancarização da população Taxas de juro de financiamentos Bolsa de valores Investir em Angola Como investir em Angola? Incentivos e benefícios ao investimento Incentivos à captação de IDE Principais mecanismos de financiamento Competitividade de Angola no contexto regional Principais constrangimentos ao IDE e Exportação Exportações Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos Entrada e saída capitais Estabilidade legal e fiscal - Barreiras legais, fiscais e regulamentares Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade Sistema jurídico e judiciário Resolução extrajudicial de litígios Principais caraterísticas dos Acordos de Angola no domínio do comércio e investimento Protocolos existentes na SADC e posicionamento de Angola face aos mesmos Acordos essenciais de Angola na área do comércio (ACI, APPRI, ADT) Acordos entre EUA e Angola AGOA Acordos entre a UE e Angola Atratividade de Angola no contexto CPLP

5 Acrónimos e abreviaturas de termos utilizados ACP African, Caribbean, and Pacific Group of States ACI - Acordos Comerciais de Investimento ADT Acordo para evitar a Dupla Tributação AGO Angola AGOA African Growth and Opportunity Act ANIP Agência Nacional de Investimento Privado APPRI Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos ASEAN Association of Southeast Asian Nations BAfD Banco Africano de Desenvolvimento BD Barris (de petróleo) por dia BDI Burundi BEI Banco Europeu de Investimento BIT Bilateral Investment Treaty BM Banco Mundial BNA Banco Nacional de Angola BNT Barreiras Não Tarifárias BTA Bilateral Trade Agreements BT Barreiras Tarifárias BWA Botsuana CAGR Compound Annual Growth Rate - Taxa de crescimento anual composta CAF República Centro-Africana CCI Câmara de Comércio Internacional CCIPA Câmara de Comércio e Indústria Portugal - Angola 5

6 CEDEAO Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental CEEAC Comunidade Económica dos Estados de África Central CGD Caixa Geral de Depósitos CMR Camarões COD República Democrática do Congo COG Congo CPLP Comunidade dos Países de Língua Portuguesa CRIP - Certificado de Registo de Investimento Privado (Angola) DB Ranking Doing Business EIU - Economist Intelligence Unit EM Estados Membros EUA Estados Unidos da América FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura FMI Fundo Monetário Internacional GAB Gabão GATT General Agreement on Tariffs and Trade GNL Gás Natural Liquefeito GNQ Guiné Equatorial IDE Investimento Direto Estrangeiro IDH Índice de Desenvolvimento Humano INE Instituto Nacional de Estatística IPA Investment Promotion Agency IRT - Imposto sobre o Rendimento do Trabalho LSO Lesoto LUPP Luanda Urban Poverty Programme MDG Madagáscar 6

7 MERCOSUL Mercado Comum do Sul MIGA - Agência Multilateral de Garantia de Investimentos MMTZ Maláui-Moçambique-Tanzânia-Zâmbia MPME micro, pequenas e médias empresas MOZ Moçambique MUS Maurícias MWI Maláui NAM Namíbia OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico OEM Original Equipment Manufacturer OMC Organização Mundial do Comércio OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo PE Projetos Estruturantes PIB Produto Interno Bruto PME pequenas e médias empresas PPPs Parcerias Público-Privadas PTAs Preferential Trade Arrangements RDC República Democrática do Congo SACU Southern African Customs Union SADC Southern African Development Countries SIDS Small Islands Developing States STP São Tomé e Príncipe SWZ Suazilândia SYC Seicheles TBI Tratado Bilateral de Investimento 7

8 TCD Chade TIC Tecnologias de Informação e Comunicação TZA Tanzânia UE União Europeia UNCTAD United Nations Conference for Trade and Development USAID United States Agency for International Development WTTC World Travel & Tourism Council ZAF África do Sul ZCL Zona de Comércio Livre ZMB Zâmbia ZWE Zimbabué 8

9 Nota prévia 9

10 Nota prévia O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP Associação Industrial Portuguesa ( AIP ) e a PricewaterhouseCoopers&Associados Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( PwC ). Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo. Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto. As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário. Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de decisão tomada com base na informação aqui descrita. Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que tenham acesso ao presente documento. Projeto Co-Financiado: 10

11 Sumário Executivo 11

12 Sumário Executivo A redefinição das centralidades de dinamismo económico, a par da relativa contração das economias desenvolvidas, confere uma nova relevância às economias emergentes. Entre estas, os países da CPLP e a Região Administrativa Especial de Macau (RAE Macau) assumem um papel relevantíssimo, não só pelo seu potencial intrínseco, mas também por se encontrarem inseridas em comunidades económicas regionais em crescente integração económica. Constituem, assim, um incontornável desafio e uma oportunidade única para os empresários nacionais. Com efeito, os países da CPLP e a RAE de Macau encontram-se integrados em sete espaços regionais económicos distribuídos por quatro continentes. Estima-se que o espaço lusófono tenha cerca de 258 milhões de habitantes e as regiões económicas que integram cerca de 1.8 mil milhões de habitantes. Os estados membros da CPLP e a RAE de Macau apresentam, no seu conjunto, potencialidades e características próprias que podem permitir aumentar as exportações das empresas portuguesas, potenciar novas parcerias para a sua internacionalização e atrair investimento direto estrangeiro. CPLP Características % Comércio CPLP (% Quota Mundial) % - Valor População CPLP 2012, % da população mundial 3,68% CPLP - Total do comércio mundial 3,9% - US$ 706 mil milhões PIB 2012, % do PIB mundial 3,67% Exportações totais CPLP Água disponível na CPLP 2012, % mundo 13,53% Importações totais CPLP 2,1% - US$ 379 mil milhões 1,8% - US$ 327 mil milhões Terra arável disponível na CPLP, % mundo 5,86% Fonte: Banco Mundial, FAO e UNCTADstat Acresce que muito embora os países da CPLP apresentem uma dinâmica de crescimento relevante, quando comparados com o resto do mundo, verificamos a existência de um gap. Ora, este gap deverá poder ser minimizado ou revertido, através do incremento da cooperação e da integração da CPLP, assente na proximidade cultural e na complementaridade de competências. 12

13 Taxa de crescimento estimada 5% 4.37% 4.46% 4.51% 4.49% 4.04% 4% 3.31% 3.24% 3.40% 3.38% 3.54% 3% 2.35% 2.60% 2% O reforço da integração no espaço comum lusófono e o estabelecimento de players regionais e de redes de empresas oriundas desse espaço facilitarão o acesso a novos consumidores, com preferências tendencialmente convergentes, e a mercados com elevadíssimo potencial de desenvolvimento e forte necessidade de investimento. Por outro lado, o desenvolvimento será exponenciado com o desenvolvimento dos grandes projetos de infraestruturas regionais, aumentando ainda o grau de integração de cada uma das comunidades económicas regionais. Fonte: FMI e análise PwC CPLP Mundo Adicionalmente, grandes áreas dessas regiões não apresentam, ainda, um nível de concorrência particularmente elevado, podendo conferir uma vantagem relevante (first mover) aos investidores que primeiro acedam ao mercado. As comunidades económicas regionais a que pertencem os demais países da CPLP e a RAE de Macau, são constituídas por 53 países, aos quais acrescem ainda os EM da União Europeia e do Espaço Económico Europeu. Apesar de Timor-Leste ainda só ser membro observador da ASEAN já apresentou o pedido formal de adesão à ASEAN. Comunidades económicas regionais* SADC Estados Membros: Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. MERCOSUL Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. CEEAC Estados Membros: Angola, Burundi, Camarões, República Centro - Africana, Chade, Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Gabão e São Tomé e Príncipe. ASEAN Estados Membros: Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei Darussalam, Vietname, Laos, Myanmar e Camboja. Membros observadores: Papua Nova Guiné e Timor-Leste. CEDEAO Estados Membros: Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. *RP China e RAE Macau * A RAE Macau apesar de não se encontrar numa comunidade económica regional foi analisada enquanto plataforma para a China e RAE Hong-Kong. 13

14 O presente guia procura, portanto, enfatizar como os países da CPLP e a RAE de Macau podem contribuir para as exportações portuguesas e o IDE nacional, enquanto plataformas de acesso àqueles mercados de integração regional. E, reciprocamente, enfatizar ainda como Portugal pode tornar-se uma plataforma de acesso do resto do mundo àqueles mercados e, simultaneamente, promover também as exportações e o IDE oriundos daquelas regiões, enquanto plataforma de acesso à União Europeia e ao Espaço Económico Europeu. Para o efeito procurou-se caracterizar, nas suas múltiplas dimensões, os mercados das comunidades económicas regionais, o país com maior representatividade económica na região e os países da CPLP. Foi analisado um conjunto muito alargado de variáveis económicas e oportunidades nestes mercados que resultam no presente guia de investimento não só para os mercados alvo, neste caso Angola, como também para a respetiva comunidade económica regional, neste caso a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Conhecer a estratégia regional comum e o nível de integração dos países, permitirá antecipar as tendências de desenvolvimento da economia, o comportamento dos mercados e a sua futura evolução, que será sempre reforçada pelo processo de integração destas regiões e consequente convergência económica. Angola e a SADC No presente estudo procurou-se analisar em que medida a crescente integração regional de Angola na SADC, apoiada no seu nível de recurso naturais e rendimento disponível, no desenvolvimento das ligações aos países vizinhos (nomeadamente à República Democrática do Congo e Namíbia) e na vontade política em substituir as importações por produção interna, poderão incrementar o potencial de crescimento deste país e permitir o desenvolvimento de oportunidades de IDE em Angola e nos mercados adjacentes pelos agentes económicos da CPLP (sendo o oposto, igualmente, um objetivo). As relevantes potencialidades da SADC poderão ser exploradas pelos países da CPLP, nomeadamente através dos seus 2 países membros que pertencem à comunidade, Angola e Moçambique. Muito embora estes países apresentem diferenças endógenas que deverão ser consideradas, ambas as nações apresentam caraterísticas comuns, enquanto grandes produtores ou potenciais produtores de oil&gas, forte potencial agrícola, interesses económicos estratégicos com a Africa do Sul, a mesma língua oficial e relevantes laços culturais com os demais países da CPLP. Acresce que Angola e Moçambique são das economias mais dinâmicas da região. De entre as características de Angola destacam-se: i) o português como uma das línguas oficiais, ii) bases legais e regulatórias fortemente influenciadas pela legislação portuguesa, iii) fortes relações económicas entre Angola e Portugal, iv) consciência do Estado, enquanto dinamizador da diversificação da economia, consolidação dos agregados macroeconómicos e pilar da melhoria do bem-estar da população, e, v) capacidade de atração de montantes significativos de IDE, em particular de Portugal. Angola tem registado um forte crescimento económico, sendo um dos países com maior crescimento anual do PIB. No entanto verificam-se constrangimentos ao crescimento económico que se centram na i) dependência de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo; e, na ii) concentração da atividade do país no setor petrolífero (o setor petrolífero representa 45% do PIB, 60% das receitas fiscais, e mais de 90% das exportações). O Governo estabeleceu objetivos estratégicos de médio e longo prazo para o desenvolvimento do país tendo em consideração os aspetos acima referidos. Para a sua concretização foi definido um plano de apoio ao crescimento dos setores de i) serviços comerciais (logísticos, telecomunicações e tecnologia), ii) agricultura, iii) energia, e iv) construção, perspetiva que se reforça através do previsível aumento do consumo privado. O investimento público e privado apresenta ainda níveis reduzidos. No entanto o Estado tem inscrito nos seus orçamentos um aumento médio de 60% das despesas de investimento. A este facto acresce a constituição de um Fundo Soberano, em outubro de 2012, no valor inicial de US$ 5 mil milhões, para gerir de modo eficaz e sustentável as receitas petrolíferas angolanas, canalizando-as para projetos de investimento críticos para o desenvolvimento do país. No entanto o fator essencial de crescimento no médio prazo de Angola assenta novamente no setor do petróleo e do gás natural. Encontram-se estimadas cerca de 297 mil milhões de metros cúbicos de reservas no 14

15 território, para além de reservas de gás seco. Prevê-se que o efeito de exploração deste recurso possa corresponder comparativamente, em termos de receitas, a um aumento de 6,5% do output de produção de petróleo atual. O Plano Nacional de Desenvolvimento para , o plano dos Projetos Estruturantes de Prioridade Nacional e o modelo de desenvolvimento económico da Estratégia Angola 2025 estabelecem parte das orientações estratégicas de Angola a médio prazo, sendo de realçar os seguintes investimentos por setor: i) Energia investimentos nas centrais hidroelétricas de Laúca e Caculo Cabaça, Jamba-ya- Mina e Jamba-ya-oma, e investimento na central de ciclo combinado do Soyo; ii) Transportes programa de recuperação das vias secundárias e programa de recuperação e conservação das vias terciárias, com investimento previsto superior a US$ 400 milhões; e iii) Água e saneamento programas de desenvolvimento de abastecimento de água para as sedes de província, municípios mais populosos e meios rurais, com investimento previsto superior a US$ 600 milhões. Refira-se ainda que uma parcela significativa do investimento anual de Angola (cerca de US$ 4,3 mil milhões) é canalizada para o setor dos transportes. A sua melhoria e modernização requerem i) a recapacitação da estrutura portuária, e ii) recuperação da infraestrutura ferroviária do país, com uma potencial ligação económica à SADC e CEEAC. No entanto, o capital disponível é limitado para os objetivos, pelo que, o sucesso das metas globais pretendidas depende, inquestionavelmente, da retoma dos níveis de investimento direto estrangeiro, que i) potenciam laços comerciais e culturais, ii) trazem o conhecimento e a experiência necessária ao desenvolvimento de setores de ponta, iii) criam ganhos económicos indiretos em setores diversos, iv) ajudam a fixar a presença estrangeira no país, e v) constituem-se como elementos-chave do sucesso dos megaprojetos do executivo angolano. Setores relevantes no país: Agricultura, pecuária, pescas Petróleo bruto e gás natural Construção Comércio Conforme adiante melhor se desenvolve, as principais oportunidades em Angola encontram-se nos seguintes setores: Setor primário: terra arável com uma considerável aptidão agrária e elevada biodiversidade; perspetivas de desenvolvimento da indústria de processamento de pescado; zona económica exclusiva com abundantes recursos piscatórios; e, satisfação das necessidades alimentares de uma crescente população portuguesa expatriada e emigrante, através do cultivo e da pecuária em Angola que responda às suas preferências. Setor secundário: elevado potencial de produção de eletricidade através de energias renováveis; vastas reservas de gás natural por explorar; potencial significativo diamantífero que ainda não está a ser explorado, que poderá transformar Angola num dos maiores produtores de diamantes a nível mundial; recursos petrolíferos estratégicos para o país, dentre os quais se destaca a descoberta de novos campos de produção; condições adequadas para a implantação e desenvolvimento de complexos industriais; premente necessidade de reabilitação de infraestruturas, com destaque para rodovias, ferrovias, pontes, redes de telecomunicações, redes de exploração e distribuição de água, e meios de produção e distribuição de eletricidade; e, 15

16 requalificação e modernização do ensino nacional, com a construção de novas universidades, institutos politécnicos, escolas profissionais, escolas do ensino superior e escolas do ensino médio. Setor terciário: oportunidades de exploração turística associadas a novos polos de desenvolvimento (turismo de negócios, social, lazer, etc.); expansão do setor do comércio grossista e retalhista com base no aumento do poder de compra, e com a diversificação dos hábitos de consumo da população; e requisitos de obrigatoriedade de apresentação de estudos de impacto ambiental em projetos de investimento. Comércio Internacional de Angola com os parceiros económicos: Como referido, Angola apresenta diversas oportunidades, desde o setor primário ao setor terciário, estando este último ainda muito concentrado nos grandes polos urbanos de Luanda, Lobito e Huambo. Os maiores fatores dissuasores ao investimento e comércio em Angola são: um elevado capital para o investimento inicial, o tempo necessário para iniciar a atividade e os custos de contexto. A entrada no mercado angolano é um processo gradual, embora aspetos facilitadores como seja i) o elevado nível de bancarização da população, apenas suplantado pela África do Sul e por Moçambique, ii) sustentabilidade do setor-estado, iii) crescente população residente emigrante, parte significativa oriunda de países desenvolvidos, e iv) rápida interligação com as redes de negócios locais. Do total dos produtos importados por Angola aos seus parceiros comerciais, que totalizaram US$ 24 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 49% das importações, no montante de US$ milhões, e a negrito os produtos que poderão apresentar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Carnes e miudezas comestíveis; Geradores; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Metais comuns; Equipamento de telecomunicação; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Ferramentas mecânicas e outros; Motocicletas e velocípedes; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Bombas, compressores a gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração. Fonte: UNCTADStat, dados de 2012 As suas principais relações comerciais são com a China, EUA, África do Sul e Portugal, que representam, no conjunto cerca de 55% das importações totais de Angola. O peso total e relativo da China tem vindo a aumentar, contrastando com a redução da importância relativa do Brasil. As importações de Angola ascendem a um total anual aproximado de US$ 24 mil milhões. A composição das importações evidencia a dependência de Angola, relativamente aos países industrializados, em resultado de uma base industrial reduzida. 16

17 Portugal tem aumentado as exportações para Angola, e acima de tudo a sua quota de mercado (tendo atingido 20%, acima dos 6% registados pelo Brasil, com base em informação de 2012). Os produtos portugueses mais exportados para Angola em 2012 foram as bebidas alcoólicas (US$ 384 milhões), mobiliário e peças (US $ 204 milhões) e estruturas e peças de ferro, aço, alumínio (US$ 171 milhões). Os investidores portugueses poderão procurar antecipar a expansão dos setores económicos com maior potencial de crescimento e abertura como o setor agrícola, o setor das águas e do saneamento básico, o setor da saúde, o setor alimentar, o setor da distribuição, o setor da educação, o setor das telecomunicações, o setor da água, o setor das obras públicas e da construção cívil, continuando a afirmar a sua presença no setor financeiro e serviços especializados. De notar que o Governo de Angolano, com o objetivo de concretizar a sua estratégia de substituição de importações e procurando estimular o desenvolvimento dos setores de atividade não petrolíferos, efetuou alterações à pauta aduaneira (em vigor a partir de 2014), o que agravou as condições de exportação de alguns dos principais produtos portugueses, pelo que será expetável a substituição de algumas exportações por investimentos diretos e a respetiva procura de novos mercados. Portugal, com a sua elevada penetração no mercado, e com a representatividade que tem ao nível dos produtos exportados, deverá defender a sua quota de mercado e expandir o seu alacance geográfico, continuando o esforço de posicionamento e melhorando a fidelização do consumidor angolano a produtos de qualidade. O setor de construção continua também a ser apetecível, já que representa uma oportunidade de comércio de um muito amplo leque de produtos e serviços, desde chapas de alumínio a máquinas de construção (cerca de 35% do total de importações angolanas corresponde a maquinaria e equipamento de transporte). Southern Africa Development Countries (SADC) Do total dos produtos importados por Angola a Portugal, que totalizaram US$ 4,7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 55% das importações, no montante de US$ 2,6 mil milhões: As bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e secções; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Artigos de plástico; Máquinas para a construção civil; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Fábrica de metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Aquecimento e resfriamento de equipamentos e suas partes; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Veículos a motor para transporte de mercadorias, purpo especial; Gorduras vegetais fixas e óleos, refinado; Papel e cartão, cortados em forma ou tamanho; Máquinas e aparelhos elétricos; Rodar planta elétrica e suas partes; Equipamento mecânico manuseio, e suas partes; Peças e acessórios de veículos; Material impresso; Materiais de construção; Alumínio; e Luminárias e acessórios Fonte: UNCTADStat, dados de 2012 A SADC tem vindo a reforçar o seu impacto na comunidade internacional e a incrementar a integração da sua zona de comércio livre. Em termos de setores relevantes na região, são de destacar: Com o objetivo de melhorar a comunidade económica regional e desenvolver as infraestruturas de transportes e comunicações, foi implementado pela SADC um programa que visa a liberalização do comércio, a livre 17

18 circulação de pessoas, bens e capital, bem como a realizar um conjunto de iniciativas com outras comunidades regionais, com objetivos ambiciosos a médio prazo. A SADC conta com um mercado potencial na ordem dos 286 milhões de consumidores, distribuídos pelos seus EMs que apresentam características distintas, quer do ponto de vista das estruturas produtivas, como da preferência dos consumidores. Sendo o nível de complementaridade ainda reduzido na SADC, a intensificação das trocas comerciais é um dos seus objetivos, pelo que se torna necessária a especialização da cadeia de valor dos EMs. A economia moçambicana corresponde a 2,3% do PIB da SADC, a 6ª mais significativa ao nível da comunidade, apresentando, contudo ainda um nível reduzido de relações comerciais com os restantes EMs com exceção da África do Sul, sendo que 31% das suas importações são oriundas deste país. Nas exportações da SADC o petróleo tem um peso significativo. Os mercados de maior relevância são a China (em resultado da sua incremental presença em África, através de uma política de apoio ao desenvolvimento obtendo como contrapartida recursos naturais). Do total dos produtos importados pela SADC, no total de US$ milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 55% das importações, no montante de cerca de US$ milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Maquinas para a construção civil; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e aparelhos elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas comestíveis; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico manuseio; Aparelhos de medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e equipamentos associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Bebidas alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos da indústria química; Arroz; Trigo e centeio em grão; Papel e cartão; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Gorduras vegetais e óleos e refinado; Automóveis; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos domésticos elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão interna e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Cobre; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; e Materiais de construção. Os produtos mais importados pela SADC são os óleos brutos, óleos de petróleo, veículos automóveis para transporte de pessoas, equipamentos de telecomunicação e máquinas para a construção civil. Refira-se que a China surge como concorrente de alguns produtos que formam a base industrial portuguesa, tendo como fator competitivo, o baixo preço. Quanto às importações da SADC a Portugal, é de destacar o seu grau de diversificação que compreende maquinaria e equipamentos de transporte, mas também bens e outros produtos manufaturados, produtos alimentares, tabacos e produtos químicos. Fonte: UNCTADStat, dados

19 Nas trocas comerciais entre a SADC e os países da CPLP, apenas Portugal e o Brasil têm representatividade significativa (que resulta, também, do facto de SADC incluir as duas maiores economias Africanas da CPLP). O principal destino das exportações portuguesas na SADC é Angola, absorvendo aproximadamente 87% destas. O Brasil exporta para a SADC, maioritariamente, produtos agroalimentares, sendo também de destacar a exportação de maquinaria e equipamento de transporte. A África do Sul surge caso como o principal mercado de destino das exportações brasileiras para a SADC (54%), seguido de Angola (35%). A experiência brasileira na região é um fator que deverá ser analisado com maior detalhe, dado o nível de penetração alcançado fora dos países da CPLP, por via das relações com África do Sul. Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal, no valor total de US$ milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 55% das importações do bloco, no montante de US$ milhões: Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Óleos, petróleo bruto, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos elétricos; Equipamento e componentes mecânicas; Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para impressão; Materiais de construção; Componentes para máquinas de energia elétrica; Alumínio. Fonte: UNCTADStat, dados 2012 Já no domínio das exportações da SADC para os países da CPLP, também Portugal e o Brasil se destacam, denotando igualmente crescimentos globais relevantes entre 2008 e 2012, de respetivamente milhões de US$ para milhões de US$, Tendo Portugal sido o principal importador com cerca de US$ 5.8 mil milhões em Portugal importa quase exclusivamente petróleo (93%), as importações do Brasil são mais diversificadas, incluindo-se i) produtos químicos e relacionados, ii) bens manufaturados, e iii) combustíveis minerais (85%). África do Sul A África do Sul é a principal economia da SADC, responsável por 59% do PIB, e representando 34% do PIB da África Subsariana (valor revisto em baixa após a atualização da metodologia de cálculo do PIB da Nigéria para o ano de 2013). É um país com uma razoável rede de infraestruturas, das quais se destaca a sua estrutura portuária. Após a recessão ocorrida em 2009, ultrapassada, em parte, pela melhoria da conjuntura externa e por um conjunto de políticas governamentais expansionistas (que fomentaram a recuperação da procura interna) a economia Sul-africana retomou o crescimento embora a níveis inferiores. O dinamismo económico da África do Sul deve-se, por um lado, à relevância do setor mineiro (o qual contribuiu para 10% do PIB), e por outro à capacidade de gerar riqueza no setor agrícola e de serviços, nomeadamente turismo. O Governo assenta a sua estratégia global de crescimento e desenvolvimento em 4 pilares fundamentais: i) a melhoria do bem-estar da população, ii) redução dos custos associados à realização de negócios, iii) aumento das exportações, e iv) na criação de mais emprego. Para o efeito, a África do Sul definiu, um conjunto de medidas e objetivos futuros: Aumento do PIB per capita de US$ para US$ ( ); Nível de formação bruta de capital fixo a crescer de 17% para 30%, com o investimento fixo do setor público a aumentar cerca de 10% até 2030; Comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até 2030; Aumento da capacidade portuária do porto de Durban (principal infraestrutura portuária do país) de 3 milhões de contentores/ano para 20 milhões em 2040; e 19

20 Do total dos produtos importados pela África do Sul aos seus parceiros comerciais, no valor de US$ milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 43% das importações, no montante de US$ milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos > óleo de 70%; Veículos para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Maquinas para a construção civil; Máquinas de processamento de dados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos; Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e componentes; Aparelhos de medição, análise e controle; Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento mecânico e componentes; Peças e acessórios para máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Fertilizantes; e Arroz Fonte: UNCTADStat, dados 2012 Eletricidade disponível deverá aumentar mais de megawatts até De notar que as principais importações referem-se, maioritariamente, a maquinaria e equipamento de transporte, óleos brutos de petróleo, veículos para transporte de pessoas e equipamentos de telecomunicações, representando 25% das importações. As importações da África do Sul à CPLP não são expressivas (4,81%), sendo estas maioritariamente asseguradas por Angola, e em segundo lugar pelo Brasil. Portugal tem uma dimensão reduzida, representando em 2012, 0,13% das importações. Quanto a exportações da África do Sul estas compreendem matérias-primas (excetuando combustíveis 26%), bens manufaturados (23%) e maquinaria e equipamentos de transporte (17%). Os principais destinatários são países industrializados como a China, os EUA e o Japão. Importa realçar oportunidades identificadas no setor energético, e ao nível de infraestruturas, dada a sua significativa expansão se encontrar contemplado nos objetivos do Governo. Oportunidades a explorar foram identificadas no i) desenvolvimento de tecnologia agroindustrial, ii) desenvolvimento de serviços e equipamentos associados ao cluster da indústria extrativa, ou iii) exploração turística, tendo presente a possibilidade do país se tornar um hub para a África Austral. Conclusões Globais O crescimento de Angola tem sido continuado e o rendimento disponível crescente (muito embora as desigualdades na sua distribuição). Indentifica-se o início de um processo de industrialização da economia que ainda não ganhou um momentum, ao qual não é alheio a elevada concentração da população em Luanda, embora as regiões ditas de províncias estejam num processo de desenvolvimento contribuindo desta forma para a expansão do mercado interno. As infraestruturas são ainda insuficientes para o setor não petrolífero atingir todas as potencialidades. Infraestruturas críticas do setor energético, como as barragens hidroelétricas de Matala, Gove, Cambambe e Mabubas necessitam de melhorias de forma a assegurar a oferta de um input crítico. No entanto Angola mantém e tem vindo a reforçar da sua condição de centro de negócios atrativo na África Subsariana, tendo vindo a reforçar o seu peso nas respetivas comunidades económicas a que pertence (CEEAC e SADC), eventualmente até se revelando como um eixo de consolidação política, social e económica entre estes 2 blocos, cenário ao qual Portugal não deve ficar alheio. As estratégias de fortalecimento de relações comerciais, económicas e financeiras entre Portugal, restantes países da CPLP, e Angola, dependem do aumento da abertura da economia e relações internacionais deste último com o exterior. Importa referir que o sucesso deste desejável cenário depende, inquestionavelmente, do trabalho na esfera diplomática entre todas estas nações, o qual conduzirá à definição de metas de desenvolvimento e sustentabilidade multilateral. 20

21 É aqui que o papel dos países mais industrializados da CPLP, Portugal e Brasil, pode ser determinante para a transformação de Angola: estes 2 países têm meios, know-how, experiência e capacidade de resposta às necessidades angolanas o seu posicionamento, e o seu reconhecimento, enquanto parceiros de negócio de excelência para Angola pode mudar em muito o futuro deste país nos próximos anos. Construção, tecnologia, utilities, indústria agroalimentar, telecomunicações, entretenimento, ensino realidades que podem ser construídas com meios portugueses e brasileiros, cujos resultados levarão a ganhos económicos e de desenvolvimento para todos os parceiros. Este pode ser um passo intermédio que conduz a um passo mais largo a interligação de Angola com a África do Sul. Os EMs membros da SADC ainda têm um caminho a percorrer até que as metas que se propuseram atingir estejam cumpridas, sendo que Angola pode em muito ajudar ao sucesso destas estratégias. Com efeito, a recuperação, modernização e expansão das suas infraestruturas portuárias, rodoviárias e ferroviárias permitirlhe-á abrir canais para as nações limítrofes (RDC, Namíbia e Zâmbia). Estes serão fundamentais para Angola escoar a sua produção, e para que estas nações possam ver a sua produção ser escoada para fora do continente. Prevê-se que Angola venha a aderir à zona de comércio livre da SADC em 2017, o que poderá implicar elevados fluxos de capital e recursos, representando oportunidades de negócio muito significativas, nomeadamemte para quem possua capacidade industrial instalada. No curto / médio prazo Portugal deverá estar presente nos setores da construção, sendo que reúne as capacidades necessárias à execução dos megaprojetos previstos no PND Crítico, também, pode ser o contributo de Portugal para a componente de soluções tecnológicas incorporadas nestes megaprojetos Portugal têm-se vindo a destacar internacionalmente na criação e instalação de soluções desta natureza, pelo que a definição de parcerias entre o setor da construção, setor tecnológico e setor manufatureiro (estruturas metálicas, materiais de construção, etc.) pode ser determinante para que o nosso país se afirme como o parceiro que Angola procura para desempenhar estas obras. Apesar das alterações à pauta aduaneira em 2014, Portugal deve continuar a apostar no setor agroindustrial, dado o crescimento das importações verificado em Angola no passado recente 13% ao ano, para carnes, bebidas e cereais e dada as expetativas futuras decorrentes do incremento do rendimento disponível das populações. O investimento direto no setor agroindustrial torna-se um prioridade, tanto pelo que foi referido acima, como pelas políticas expressas do governo Angolano no sentido de apoiar (considerado inadiável) a expansão do setor interno agroalimentar. As alterações à pauta aduaneira demonstram ainda o desagravamento das taxas aduaneiras sobre medicamentos, uma das principais exportações portuguesas para Angola, a qual se cifrou em US$ 110 milhões em Portugal deve ainda focalizar-se nas oportunidades geradas pela maior fatia das importações angolanas maquinaria e equipamentos de transporte, que representam 35% do total das importações angolanas (aproximadamente US$ 8,4 mil milhões). Portugal não tem uma produção/oferta que possa responder à totalidade da procura, mas deverá aplicação as competências desenvolvidas na área da distribuição e manutenção, de forma a ser indentificado como parceiro chave dos produtores, quando for o caso. Há um conjunto de elementos a ponderar na abordagem ao mercado que podemos sintetizar no seguinte quadro: 21

22 Forças Português é a língua oficial de Angola Portugal é já um parceiro económico relevante Previsões de continuação de crescimento Nível de rendimento per capita Nível de endividamento do país Perspetiva do início de exploração gás natural Integração na SADC, OPEP Localização geostratégica para as Américas e Europa acesso aos portos do Atlântico por EMs da SADC ZEE com extra territorialidade em matéria fiscal e financeira e, disponibilizando infraestruturas básicas Benefícios e incentivos concedidos a projetos de investimento (fiscais e aduaneiros) Reforma fiscal em curso Saldo crescente de reservas de moeda estrangeira Nível de desenvolvimento do sistema financeiro Implementação de programas de microcrédito Possibilidade de recurso a arbitragem judicial Outros fatores como as praias, a paisagem, o clima e a cultura local, que potenciam o turismo Oportunidades S O W T Fraquezas Falta de mão-de-obra qualificada Reduzida abertura da economia e forte estratégia protecionista (ex.: requisitos para o IDE no país) Setores de atividade e oportunidades relevantes de investimento controlados pelo Estado Condicionalismos e limites impostos ao repatriamento de lucros e de salários, e transferências de fundos Várias infraestruturas em estado debilitado Grande dependência do setor petrolífero e restantes setores pouco desenvolvidos Dificuldade na obtenção de vistos Recente aumento das taxas da pauta aduaneira Pesada carga burocrática no relacionamento com o exterior procedimentos de licenciamento, etc. Direito de propriedade sobre solos interdito a estrangeiros Inexistência de qualquer ADT Ameaças Grande potencial de crescimento Desenvolvimento de infraestruturas (habitação, educação, saúde, saneamento, transportes (portos e aeroportos), logística, e redes de telecomunicações Requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população Grandes projetos de investimento previstos em infraestruturas (elevada concentração no setor energético) Desenvolvimento de 3 polos turísticos Plano Nacional de Desenvolvimento ( ) Crescimento potencial do setor da construção civil, financeiro e energético A implementação, pela SADC, de programa que visa a liberalização do comércio e livre circulação de pessoas, bens e capital no médio prazo Potencialidades para intensificação das trocas comerciais com EM da SADC e da CPLP Solidez e diversificação do sistema bancário, Crescente presença de comunidades portuguesas em Angola, que se constituem como uma nova classe média no país (potencial segmento-alvo) Atrasos na superação das dificuldades ao nível do setor dos transportes e das condições infraestruturais, as quais podem travar os desenvolvimentos de setores de atividade não petrolíferas Nível de saneamento básico e a falta de acesso a cuidados básicos de saúde contribui para a propagação de doenças Concorrência dos países africanos mais desenvolvidos (África do Sul e Nigéria) 22

23 01 1.SADC Enquadramento regional, político e económico 23

24 1. SADC. Enquadramento regional, político e económico 1.1. Caracterização da comunidade Principais objetivos e aspirações da SADC. 1 A Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral ( SADC ) é uma organização de âmbito regional, criada a 17 de agosto de 1992, no âmbito da Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral ( SADCC ). A SADCC, criada a 1 de abril de 1980 constituída por Angola, Botsuana, Lesoto, Maláui, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué orientou-se sobre a cooperação em temas como a independência política, a segurança, a solidariedade regional e a luta contra o apartheid. A 17 de agosto de 1992, os Chefes de Estado e Governos da SADCC assinaram, durante a Cimeira de Windhoek (Namíbia), o tratado que viria a transformar a SADCC em SADC Comunidade de Desenvolvimento da África Austral. A fundação da SADC teve como objetivo principal a coordenação de projetos estruturantes para a região, alvejando o desenvolvimento económico dos Estados Membros ( EMs ). O Tratado da SADC serve de base jurídica e de quadro regulatório para a realização da missão da SADC na promoção de um crescimento económico sustentável e equitativo, visando atingir um desenvolvimento socioeconómico sustentável e justo através de sistemas produtivos eficientes, e de uma boa governação, cooperação e integração aprofundada, paz duradoura e segurança, permitindo que a região se assuma como competitiva e eficaz nas suas relações económicas internacionais. Efetivamente os EMs da SADC apresentam, regra geral, um risco por país comparativamente menor do que a generalidade dos demais Estados do continente Africano. Figura 1 - Risco dos países da SADC 2013 Dentro do contexto africano, os países da SADC são os que apresentam, em média, menor risco, com exceção da República Democrática do Congo e do Botsuana

25 Abaixo elencam-se as principais etapas históricas que se encontram na origem e desenvolvimento da SADCC/SADC. Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC 25

26 Os Estados Membros da SADC Atualmente a SADC conta com 15 EMs: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. SADC Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Áreas de cooperação: Segurança alimentar, terras e agricultura; Serviços; Indústria, comércio, infraestruturas e finanças; Desenvolvimento de recursos humanos, ciência e tecnologia; Recursos naturais e meio ambiente; Bem-estar social, informação, cultura e desporto; Política, diplomacia, relações internacionais, paz e segurança. Missão e objetivos da SADC: Desenvolver valores políticos comuns, sistemas e instituições; Promover e defender a paz e segurança; Promover o desenvolvimento autossustentado na base da autossuficiência coletiva, e da interdependência entre os EMs; Conseguir a complementaridade entre as estratégias e os programas nacionais e regionais; Promover e otimizar o emprego produtivo e a utilização dos recursos da região; Conseguir a utilização sustentável dos recursos naturais e a proteção efetiva do meio ambiente; Reforçar e consolidar as afinidades e laços históricos, sociais e culturais desde há muito existentes entre os povos da região; Promover o crescimento económico e o desenvolvimento socioeconómico sustentáveis e equitativos, que garantam o alívio da pobreza, com o objetivo final da sua erradicação; Melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral, bem como apoiar os socialmente desfavorecidos, através da integração regional. 26

27 Mecanismos de integração e prioridades no desenvolvimento da SADC 2 Através do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional ( RISDP ), foram definidos quatro setores principais para impulsionar a integração regional e desta forma fomentar o crescimento e desenvolvimento económico da região: Indústria, Comércio, Finanças e Infraestruturas. Simultaneamente, e como forma de agilizar o processo de integração, a SADC introduziu medidas que visam: 1. A integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e liberalização do comércio; 2. Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento; 3. Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiros e de capitais; 4. Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência macroeconómica; 5. Aumento dos níveis de investimento intra-sadc e do investimento direto estrangeiro ( IDE ) e o reforço da competitividade produtiva; 6. Participação eficaz e cumprimento dos acordos internacionais. 1 - Integração do mercado de mercadorias e serviços e facilitação do crescimento, desenvolvimento e liberalização do comércio O grande objetivo nesta área está intimamente ligado à Angola poderá aderir, a breve prazo, à ZCL (que integra 12 EMs, fazendo já parte do Protocolo de Comércio desde 1996) Protocolo de Comércio SADC implementação e à concretização da Zona de Comércio Livre ( ZCL ), que visa a liberalização das trocas comerciais entre os EMs. O processo teve início em 2008, com adesão imediata de 12 dos 15 EMs: África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Maláui, Maurícias, Madagáscar, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabué (estando em via de concretização a entrada dos países que ainda não aderiram ao Protocolo de Comércio - Angola, República Democrática do Congo e Seicheles). O Protocolo de Comércio é a base legal da ZCL - foi assinado em 1996 e encontra-se em vigor desde O Protocolo vincula os EMs à eliminação das taxas existentes aquando da troca de produtos e serviços, visando harmonizar os procedimentos comerciais e burocráticos existentes ao nível da SADC, como sucede, a título exemplificativo, com a harmonização dos títulos de transporte de mercadorias. Tem ainda como objetivo a definição das regras de origem da SADC e a redução de outras barreiras ao comércio intrarregião, facilitando assim o movimento de capitais, bens e serviços transfronteiriços. Implementação da Zona de Comércio Livre da SADC Ao abrigo da ZCL, os EM eliminaram taxas e outras barreiras tarifárias e não tarifárias. Estão ainda incluídas na ZCL medidas dirigidas à facilitação do comércio, reduzindose assim a burocracia nas fronteiras e estabelecendo-se um regime para dinamizar a circulação de mercadorias na região. Ao abrigo do Protocolo do Comércio foram estabelecidas as seguintes instituições: Comité de Ministros responsáveis pelo Comércio: Responsável pela implementação do Protocolo. Superintende o Comité de Funcionários Seniores e os subcomités. Comité de Funcionários Seniores: Atua como um órgão técnico de consulta, e é composto por Secretários Permanentes responsáveis pelo Comércio. Supervisiona a implementação do Protocolo do Comércio, bem como o Fórum de Negociação de Comércio. Fórum de Negociação de Comércio: O Fórum é responsável pelas negociações do comércio da SADC, pela liberalização comercial, e pela cooperação regional noutros setores. 2 Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional 27

28 Eliminação das Tarifas no Comércio Regional Ao abrigo do protocolo de Comércio da SADC, a liberalização das tarifas na região foi efetuada progressivamente. Em geral, os EMs mais desenvolvidos reduziram as tarifas para níveis mais baixos - a África do Sul, em conjunto com outros países (Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia) eliminaram grande parte das taxas no ano Os países de rendimento médio, nomeadamente as Maurícias, reduziram gradualmente as suas taxas no período compreendido entre os anos de 2000 e No entanto, nos países menos desenvolvidos, como Moçambique e Zâmbia, as reduções tarifárias foram introduzidas apenas entre 2007 e Todas as mercadorias são classificadas em quatro categorias tarifárias: A, B, C e E. Categoria A Liberalização imediata Categoria B Liberalização gradual Categoria C Mercadorias sensíveis Categoria E Lista de exclusão Todas as tarifas são eliminadas, a partir da data de implementação, previsto para o período após 25 de setembro de 2000, cumpridas as exigências de ratificação do tratado. Adiantamento (liberalização gradual) - as tarifas são reduzidas, de forma igualitária, desde o 1.º até ao 8.º ano; Normalização (liberalização gradual pelas Maurícias e pelo Zimbabué) - as tarifas são reduzidas, de forma igualitária, desde o 4º até ao 8º ano; Atraso (liberalização gradual por MMTZ) - as tarifas são reduzidas, de forma igualitária, desde o 6º até ao 8º ano. Estão incluídas nesta categoria, as mercadorias de elevada importância económica para os EMs: A redução tarifária tem início apenas após o período de 8 anos; Representam 15 % (ou menos) das tarifas. Esta categoria compreende um número reduzido de mercadorias (como, nomeadamente, armas de fogo). 28

29 Cooperação aduaneira e facilitação do comércio No sentido de reduzir dificuldades de cariz burocrático nas barreiras aduaneiras, o Subcomité de Cooperação Aduaneira desenvolveu e implementou um documento único - SADC-CD 3, consistindo num formulário de declaração única que substituiu várias declarações aduaneiras concebidas para diferentes regimes. Monitorização de implementação A Direção de Comércio, da Indústria, das Finanças e do Investimento do Secretariado da SADC monitoriza as operações da ZCL ao nível regional, embora a implementação efetiva esteja dependente das estruturas desenvolvidas nos EMs. Encontra-se previsto o (potencial) estabelecimento de um Mecanismo de Cumprimento e Monitorização do Comércio (MCM), tendo como objetivo incrementar consideravelmente o comércio na região. Resolução de disputas na ZCL Desde o estabelecimento da ZCL, em janeiro de 2008, que produtores e consumidores não pagam taxas de importação em aproximadamente 85% nos bens de primeira necessidade. As restantes tarifas serão, na sua maioria, eliminadas até 2015 A resolução de disputas entre os EM é regulada no Anexo VI do Protocolo de Comércio (baseado no Entendimento da OMC sobre o assunto). Acordos de Comércio Livre - Oportunidade ou Ameaça ao desenvolvimento? São vários os argumentos a favor e contra a adoção de práticas regionais de comércio livre. Por um lado, o livre comércio aumenta o nível global de produção, permitindo a especialização entre os países que dedicam recursos e esforços para a produção de bens e serviços específicos, nos quais detêm vantagens comparativas. Por outro lado, argumenta-se que os países se fecham na produção e exportação de um limitado número de produtos, não promovendo a inovação e desenvolvimento de outros setores e a diversificação económica interna, ficando igualmente dependentes da importação de um conjunto relevante de produtos e serviços. No entanto, é sabido que a dependência económica contribui para reduzir a probabilidade de conflitos regionais entre países. Acresce ainda que a redução mútua de tarifas potencia, igualmente, o comércio e o desenvolvimento económico, desonerando os produtos e tornando-os mais acessíveis às populações, e, consequentemente, potenciando as estratégias de redução da pobreza nos países menos desenvolvidos. Zona Franca de Comércio (ZFC) 4 No âmbito tarifário da SADC, cumpre ainda fazer referência à Zona Franca de Comércio ( ZFC ), uma zona geográfica delimitada dentro de um país onde dão entrada mercadorias nacionais ou estrangeiras, beneficiando as mesmas de tarifas alfandegárias reduzidas, ou nalguns casos mesmo de isenção. O principal objetivo da criação de uma ZFC é o de estimular as trocas comerciais e de fomentar o desenvolvimento regional. Na SADC são de destacar as seguintes ZFCs (que podem ter especial interesse para potenciais investidores): Na região do Sul de Angola no Lubango, perspetiva-se a criação de uma zona franca de desenvolvimento da Lusofonia que integrará as províncias de Huíla, Namibe e Cunene, onde se prevê que operem os empresários destas províncias e os da Lusofonia com o objetivo de estreitar laços de investimento; Em Moçambique foi criada uma zona franca industrial denominada Parque Industrial de Beluluane, localizado na província de Maputo e, mais recentemente, as Zonas Francas de Locone e Minheuene, ambos localizados no distrito de Nacala. 3 Disponível em 4 Agência Angola Press, 2013; Portal do Governo Moçambicano. 29

30 Regras de origem na SADC: As regras de origem são instrumentos importantes no processo de integração regional. Determinando a origem dos bens transacionados, estas regras servem para possibilitar o tratamento pautal preferencial de mercadorias comercializadas entre os EMs da SADC (caso estas tenham origem nos EMs da região). Para que um produto qualifique como originário de um EM, deve satisfazer um dos critérios das regras de origem da SADC: Regra "totalmente produzidos/obtidos": As mercadorias produzidas ou manufaturadas num EM utilizando materiais da região, são consideradas como originárias da região da SADC; "Regra suficientemente trabalhados ou processados": a transformação de um produto num produto diferente. Por forma a aferir se um produto foi ou não suficientemente trabalhado ou processado, o mesmo deverá ser submetido ao " teste de importação limitada" (critérios de conteúdo de importação ou de adição de valor) ou ao "teste de classificação pautal do SH" (regra de mudança da posição pautal). Para que um produto beneficie da isenção num EM, torna-se necessária a apresentação de evidência documental no posto aduaneiro fronteiriço. 2 - Desenvolvimento industrial competitivo e diversificado e atração de investimento No setor industrial, a SADC implementou uma nova política e estratégia de desenvolvimento industrial regional, bem como um plano de reforço da competitividade e diversificação do setor industrial, tendo em vista a concretização de vários objetivos, entre os quais se destacam: Harmonização dos quadros reguladores no domínio da exploração mineira, tendo sido já desenvolvido o respetivo plano de implementação; Adoção de um quadro regional de política mineira da SADC; Implementação de uma estratégia de cadeia de valores da indústria para os setores prioritários. 3- Desenvolvimento e fortalecimento dos mercados financeiro e de capitais Nesta área, quatro países a República Democrática do Congo, o Maláui, a África do Sul e a Tanzânia mantêm mecanismos de câmbio liberalizados, tendo sido desenvolvido um quadro para cotações duplas e cruzadas das bolsas de valores regionais, bem como um modelo de interligação das bolsas de valores com o objetivo de assegurar a eficiência e estabilidade do mercado financeiro e de capitais. 4 - Concretização de uma maior cooperação monetária e correspondente concretização da convergência macroeconómica No plano estratégico de desenvolvimento regional, a coordenação e a harmonização das políticas monetárias foi reconhecida como essencial para o aumento dos índices de integração económica regional, tendo já os EMs constituído um comité de governadores de bancos centrais da SADC. No âmbito deste quadro de cooperação, foram fixados em 2013 os seguintes objetivos: Adoção de mecanismos que aumentem os níveis da cooperação monetária regional; Operacionalização do Sistema de Pagamento, Compensação e Liquidação Facilitada; e Desenvolvimento do Quadro Administrativo e Jurídico Institucional Facilitado. 30

31 De notar que o memorando de entendimento de convergência macroeconómica celebrado pelos EMs tem como principal objetivo o estabelecimento de um conjunto de critérios orçamentais que contribuam para a diminuição dos défices fiscais e das dívidas públicas dos EMs. Em resultado desta implementação, em 2008, todos os EMs da SADC conseguiram alcançar um défice inferior a 5% do PIB. Cumpre ainda notar que 13 EM atingiram uma dívida pública inferior a 60% do PIB (com exceção da República Democrática do Congo e do Zimbabué); por outro lado, em 2010, a África do Sul, o Lesoto, as Maurícias, a Namíbia, e o Zimbabué concretizaram as metas de inflação inseridas no programa de convergência macroeconómica de Aumento dos níveis de investimento intra-sadc e do IDE, bem como o reforço da competitividade produtiva Em 2010, foi lançado um programa para promoção do investimento da região, através de Acordos Preferenciais de Comércio ( PTA Preferential Trade Agreements), tendo sido também desenvolvido um modelo de tratado bilateral de investimento na SADC, e criadas diretrizes para a concessão de isenções fiscais. A necessidade de coordenação das políticas e das atividades de promoção do investimento é necessária para facilitar o aumento de investimento na região. Encontra-se atualmente a ser desenvolvido pelo Secretariado da SADC, um portal de investimento para a região da SADC que tem uma informação prospetiva dos investimentos a realizar durante no âmbito do plano de investimento regional. Este portal irá sensibilizar potenciais investidores quanto ao clima e às oportunidades em aberto na SADC, bem como facilitar a interação com os PTAs dos vários EMs. Foi ainda desenvolvido, através da colaboração com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, um modelo Tratado Bilateral de Investimento ( BIT ) para a SADC. Assim, os EMs concordaram em desenvolver diretrizes para implementação dos BITs, com o objetivo de regular, de forma eficaz, o investimento estrangeiro nas suas economias. Cumpre referir que em janeiro de 2011 foi inaugurado o fórum de PTA da SADC, que teve por objetivo promover o diálogo e desenvolver estratégias com a vista a melhorar o clima de investimentos na região. No âmbito de uma avaliação macro da competitividade regional, o relatório de 2013 do World Economic Forum, ao ter procedido à análise da competitividade de 148 economias, com base em 12 pilares de avaliação, dentre os quais fatores económicos, sociais, fiscais, populacionais, tecnológicos e infraestruturais, entendeu que o mercado no qual a SADC se encontra inserido é pouco competitivo. Aliás, entende o World Economic Forum que o continente Africano é, atendendo aos fatores em avaliação, uma das regiões menos competitivas do mundo. 31

32 Figura 3 Índice Global de Competitividade 2013 Fonte: Fórum Económico Mundial Porém, uma análise circunscrita aos fatores económicos poderá determinar uma diferente conclusão. A análise em conjunto de outros fatores que não económicos, não reflete o valor de investimentos que estes países têm captado nos últimos anos, como adiante é demonstrado. 6- Participação eficaz e cumprimento com os acordos internacionais Atualmente, 14 dos EMs da SADC são também membros da Organização Mundial de Comércio ( OMC ) (com a exceção das Seicheles, que se encontram em processo de adesão). Assim, os EMs da SADC pertencentes à OMC estão adstritos ao regime jurídico estabelecido por esta organização. Em junho de 2010, os responsáveis da SADC adotaram uma estratégia com vista a concluir um PTA que abrange mercadorias. Apesar de ainda não estar em vigor, é intenção da SADC que as negociações sobre serviços e investimentos estejam concluídas até

33 1.2. A SADC enquanto comunidade económica O desempenho económico da região da SADC nos últimos 5 anos, fortemente dependente da procura de matérias-primas, foi largamente influenciado pela desaceleração da economia global, mais precisamente das economias avançadas e das economias emergentes. O fraco desempenho económico mundial provocou uma diminuição na procura global, comprometendo o ritmo de crescimento da economia da região da SADC, que já mostrava sinais claros de recuperação dos efeitos da crise financeira internacional. Mesmo estando geograficamente ligados e tendo projetos comuns, as economias dos EM da SADC apresentam características distintas em muitos aspetos, como geografia do país, população e níveis de produção. Acresce que o nível de complementaridade das economias é limitado. Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC País Extensão Territorial (milhares de km 2 ) População 5 População (% s/ total região) PIB (milhões de US$) PIB per capita Nível de IDH 6 Índice de Liberdade Económica (Ranking Mundial 2013) África do Sul 1.221, ,9% Médio 74 Angola 1.246, ,3% Baixo 158 Botsuana 581, ,7% Médio 30 Lesoto 30, ,7% Baixo 155 Madagáscar 587, ,8% Baixo 73 Maláui 108, ,6% Baixo 118 Maurícias 2, ,5% Elevado 8 Moçambique 801, ,8% Baixo 123 Namíbia 824, ,8% Médio 84 R.D. Congo 2.344, ,0% Baixo 171 Seicheles 0, ,0% Muito Elevado 124 Suazilândia 17, ,4% Médio 104 Tanzânia 945, ,7% Baixo 98 Zâmbia 752, ,9% Baixo 93 Zimbabué 390, ,8% Baixo 175 Região SADC 9.854, % Dados de Dados de Dado que o PIB per capita não leva em conta níveis de educação e de saúde como dimensões mais próximas do desenvolvimento social, considerou-se o índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela ONU/PNUD. Os resultados do IDH variam entre zero (na ausência completa de bem-estar social) e um (pleno desenvolvimento humano). 7 PIB per capita da região = PIB / População Total 33

34 Crescimento médio (%) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP A extensão territorial dos países membros oscila entre 0,5 km 2 das Seicheles e 2.344,9 km 2 da República Democrática do Congo, que, além de ser o país com maior extensão territorial, é também o que tem mais habitantes (65,7 milhões), representando 23% do total da população da região. Estima-se que a população da SADC ultrapasse os 285 milhões de habitantes (dados de 2012). Desse total, 35,5% vivem em centros urbanos. Importa salientar, no entanto, que o grau de urbanização difere entre os diversos países que constituem a região. Na África do Sul, a população urbana representa 62,43% do total, no Botsuana 62,25%, em Angola 59,91%, e nas Seicheles 54,01%. Os menores índices de urbanização verificam-se no Maláui (15,85%) e na Suazilândia (21,25%). Economicamente, a região é dominada pela África do Sul que representa quase 60% do PIB da região, seguida de Angola, que representa quase 18%. A economia da África do Sul, abundante em recursos naturais como o ouro, platina e diamantes, é a maior e mais sofisticada do continente Africano. Com um crescimento de 2,5% em 2012, a economia Sul-Africana desacelerou face ao ano anterior (3,5%). No entanto, para 2013, o FMI prevê uma expansão de 3,3%, e para 2014, de 3,4%. Angola, a segunda maior economia da SADC, é um país rico em recursos naturais e o maior produtor de petróleo daquela região. As receitas deste recurso natural representam quase ¾ do PIB do país. Os países que mais cresceram nos últimos 5 anos ( ), foram a Namíbia, a Zâmbia e o Zimbabué, com taxas de crescimento médias do PIB muito próximas dos 7%. No entanto, os principais impulsionadores do PIB da SADC em 2012, foram Moçambique (7,40%), Zâmbia (7,32%) e República Democrática do Congo (7,15%). Gráfico 1 Crescimento médio anual países SADC % 25.10% 20.00% 10.00% 0.00% 8.91% 7.92% 6.71% 11.23% 10.69% 1.51% -0.08% 2.14% 10.20% 9.74% 1.64% 5.54% 8.06% 9.01% % % % Crescimento médio PIB (crescimento, % anual, 2012) Fonte: Banco Mundial Os países que apresentam um PIB per capita em 2012 abaixo da média da região - $2.275 USD - (i.e, Lesoto, Madagáscar, Moçambique, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué), têm revelado um crescimento significativo, denotando alguma convergência regional. No entanto, a grande maioria dos países da SADC viram a sua posição no ranking do Índice Global de Competitividade do World Economic Forum cair entre 2008 e 2013, exceção para as Maurícias (que passou de 57º para 45º), resultado dos esforços da agência de promoção de investimento Enterprise Mauritius na desburocratização do país, e na criação de condições de maior atratividade ao investidor externo; Zâmbia (de 112º para 93º; Zimbabué (de 133º para 131º) e Suazilândia (em 2009 era 128º e passou para 126º). 34

35 Taxa de crescimento média anual do PIB Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP No entanto o desempenho no índice é particularmente relevante, como o demonstra a correlação deste com o crescimento do PIB (confrontar gráfico seguinte). Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade % 25% Zimbabué 20% 15% Namíbia Moçambique 10% Lesoto A. do Sul Zâmbia Tanzânia Angola Botsuana 5% Suazilândia Madagáscar Seicheles Maurícias Maláui 0% (20) (15) (10) (5) % Alteração ao Ranking GCI e Fonte: Cálculos PwC com base nos dados do Fórum Económico Mundial O Lesoto manteve a sua posição no ranking global. Os restantes EMs da SADC viram o seu posicionamento no ranking cair, como sucedeu com Angola, África do Sul, Moçambique, Namíbia e Tanzânia, não obstante o crescimento registado ao nível do PIB no mesmo período. A manutenção dos índices de crescimento atuais pode estar em crise, caso não sejam adotadas medidas, a curto e a médio prazo, que sejam valorizadas pelos investidores externos e que permitam trazer maior competitividade à Economia. Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em

36 Δ PIB 2012 (US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB e do peso do PIB do País no total da SADC 14,000 12,000 Seicheles 10,000 África do Sul 8,000 6,000 Botswana Angola Maurícias Namíbia 4,000 Swazilândia 2,000 Tanzânia Malawi Lesoto Madagáscar Moçambique R.D. Congo Zâmbia Zimbabwe 0.00% 1.00% 2.00% 3.00% 4.00% 5.00% 6.00% 7.00% 8.00% 9.00% 10.00% Taxa de crescimento média do PIB Fonte: Banco Mundial A análise do gráfico supra compara o crescimento do PIB, a taxa de crescimento média dos últimos 5 anos e a sua representatividade regional, medida pela dimensão do círculo. Atendendo aos respetivos critérios de análise, verifica-se que o desempenho da região é influenciado fundamentalmente por dois países - a África do Sul, com o PIB mais relevante da região (59,14%), seguido de perto por Angola (17,57%). A manter-se o ritmo de crescimento médio dos últimos anos associado ao valor do PIB anual, África do Sul poderá aumentar a sua representatividade económica na SADC. Os países que acompanharam o crescimento de África do Sul em 2012 e que apresentam um valor de crescimento médio elevado do PIB entre 2008 e 2012, Namíbia e Maurícias, têm uma representatividade de PIB reduzida na economia da Região que não influenciará o seu desempenho económico. Angola, apesar de um crescimento médio abaixo de África do Sul, Maurícias e Namíbia entre 2008 e 2012, apresenta uma variação de PIB no ano de 2012 elevada, a qual terá como consequência uma aproximação aos níveis de crescimento médio dos países atrás referidos e uma maior influência na economia da região. A SADC tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas com outras comunidades regionais que poderão potenciar a integração regional entre os países africanos, nomeadamente com a COMESA. 36

37 SADC e a COMESA Caraterização e objetivos O Mercado Comum da África Austral e Oriental (COMESA) surge como resultado das recomendações feitas pela Comissão Económica para África (órgão das Nações Unidas) no sentido de se formar uma comunidade económica da áfrica austral e oriental, como meio para facilitar a integração regional. Atualmente são 19 os Estados Membros que constituem o mercado comum de África Austral e Oriental nomeadamente; República do Burundi, Cômoros, RDC, Djibuti, Egito, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia, Madagáscar, Maláui, Maurícias, Ruanda, Seicheles, Sudão, Suazilândia, Uganda, Zâmbia, Zimbabué. Para além destes países existem 5 Estados que figuram na lista de estados observadores desde Angola, Moçambique, Namíbia, Tanzânia e Lesoto. Os objetivos da COMESA são amplos e de longo prazo, tendo, no entanto, sido definidas como prioridade de médio prazo a Promoção da Integração Regional através do Comércio e Investimento. São objetivos da COMESA: A criação de uma área livre de comércio que garante a livre circulação de bens e serviços produzidos na região que integra os países membros e a remoção de todas as tarifas e de barreiras não tarifárias; A criação de uma união aduaneira, na qual bens e serviços importados de Países não Membros da COMESA passem a estar sujeitos a uma tarifa única em todos os Estados da COMESA; Livre circulação de capital e investimento suportada pela adoção de uma área comum de investimento bem como pela criação de um clima mais favorável ao investimento na região da COMESA; Criação gradual de uma união de pagamentos baseada na Casa de Compensação da COMESA e a eventual criação de uma união monetária comum com uma moeda comum; e, A adoção de regras comuns de acordos de visto, incluindo o direito de estabelecimento conduzindo eventualmente à livre circulação de pessoas de boa-fé. A SADC e COMESA A proposta de Acordo Tripartido entre a COMESA, SADC e EAC* Com o objetivo de aumentar a competitividade, os Estados membros das três Comunidades Económicas Regionais do Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA), a Comunidade do Leste Africano (EAC) e a Comunidade para o Desenvolvimento Africano Austral (SADC), têm vindo a negociar um acordo tripartido, que de acordo com a última versão proposta, tem como objetivos principais: Reduzir as tarifas impostas aos produtos originários e comercializados na região; Eliminar todas as barreiras tarifárias e não-tarifárias no comércio de bens; Liberalizar o comércio de serviços, facilitar o investimento transfronteiriço e a circulação de empresários; Harmonizar os procedimentos aduaneiros e adotar medidas de facilitação do comércio; Reforçar a cooperação no desenvolvimento de infraestruturas; Estabelecer e promover a cooperação em todas as áreas relacionadas ao comércio entre os Estados-Membros do Acordo Tripartido; Estabelecer e manter uma estrutura institucional para a implementação e administração da Área de Livre Comércio Tripartido e, eventualmente, uma união aduaneira. O Acordo Tripartido propõe abranger igualmente a harmonização e coordenação de normas industriais e de saúde, o combate de práticas desleais de comércio e surtos de importação, a liberalização de certos setores de serviços prioritários, a promoção da agregação do valor de transformação da região. A futura criação de uma vasta área de comércio livre composta por 26 Estados das três regiões económicas resultaria na criação do maior mercado Africano, com 26 dos 54 países africanos, integrando as principais economias africanas e com uma maior capacidade de atrair IDE e produção em larga escala. * EAC é uma organização intergovernamental regional, que engloba o Burundi, o Quénia, o Ruanda,a Tanzânia e o Uganda. Os principais objetivos desta organização passam, entre outros, por ampliar e aprofundar a cooperação politica, económica e social entre os seus EMs, tendo sido criada, em 2005 uma União Aduaneira, e em 2010, um Mercado Comum. 37

38 1.3. As economias da SADC Angola. O maior produtor de petróleo da região e um dos maiores de África.8 Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 Angola % Energia (*) Outros Indústria Construção Representando 17,57% do PIB da SADC, Angola possui reservas de petróleo que no ano de 2011 foram estimadas em milhões de barris, tendo a produção nesse mesmo ano sido de barris/dia. Contudo, a elevada importância deste subsetor na economia poderá acarretar um enviesamento da estrutura produtiva do país ( dutch disease ) Agricultura Comércio Ind. Mineira Apesar de a produção de diamantes corresponder apenas a 0,9% do PIB, o setor não deixa de ter um forte potencial de crescimento. Aliás, e de acordo com o Sumário Global de 2009 do Esquema de Certificação do Processo de Kimberley, Angola é o quarto maior produtor mundial deste recurso natural. Fonte: African Economic Outlook Energia (*) Eletricidade, água e gás Constituindo 21,70% do PIB angolano, e em resultado do aumento do consumo interno e do investimento privado nos últimos 4 anos, o comércio assume-se como setor essencial, sendo caracterizado por uma forte preponderância das importações (enquanto a produção nacional não conseguir dar resposta às necessidades do mercado nacional). Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de várias iniciativas, incluindo: Programas de incentivos; Linhas de financiamento; Forte investimento público; Campanhas de marketing e de estímulo a comprar nacional. O Governo pretende também fomentar pólos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as produções agrícolas e pecuárias, o seu processo de transformação, de armazenamento e de logística. O setor da construção (8,40%) tem vindo a crescer, como resultado de uma forte aposta do Governo na reconstrução e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e à população. 8 Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC, Banco Nacional de Angola, setembro 2012; Ministério das Finanças de Angola; BPI - Research Angola julho 2013; Análise BES, 2012; Indicadores de desenvolvimento mundiais, Banco Mundial; BNA 38

39 Quanto ao setor industrial (6,50%), este é caracterizado pelo elevado nível de importações, o que deverá conduzir a uma aposta estratégica na produção nacional Moçambique. Forte potencial de Gás Natural. 9 Representando 2,24% do PIB da SADC, Moçambique encontra-se localizado numa zona estratégica, sendo uma porta de entrada na região, condicionando o acesso ao mar a muitos dos países da SADC, nomeadamente: Maláui, Zâmbia e Zimbabué. Moçambique apresenta forte potencial de exploração de carvão, gás natural e hidroeletricidade. No entanto, não tem capacidade para explorar eficazmente estes recursos e servir as necessidades em eletricidade da sua população. Sabe-se que, atualmente, apenas 10% da população tem acesso a eletricidade (2011). Estima-se que o país exporte 35% da produção total de energia, maioritariamente para a África do Sul e para o Zimbabué. 10 Apenas 10% da área agrícola moçambicana (48 milhões de hectares) se encontra explorada. O país dispõe de muitas possibilidades em termos de irrigação, possuindo grandes bacias hidrográficas que continuam por explorar (Zambeze, Save, Limpopo). O estado atual das infraestruturas em nada tem ajudado o desenvolvimento do setor agrícola do país, apesar de já estarem perspetivados diversos investimentos a este nível. Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 Moçambique % Fonte: African Economic Outlook Serv. Financeiros (*) Financeiros, Imobiliário e Serviços de Negócio A agricultura foi definida, no Orçamento de Estado de 2012, como um setor prioritário, estando-lhe destinado 11,6% do orçamento de despesas totais. O Programa Estratégico para o Desenvolvimento Agrário (PEDSA ) preconiza o crescimento acumulado da agricultura em pelo menos 7% ao ano, a duplicação da produção, a intensificação do repovoamento pecuário, o aumento da capacidade de produção de aves e a boa gestão dos recursos naturais. Cumpre notar ainda que Moçambique é um país com grandes potencialidades pesqueiras, devido à sua localização costeira, com uma extensão de litoral de km e uma Zona Económica Exclusiva ( ZEE ) de 586 mil km2 de superfície oceânica, possuindo grande diversidade de recursos de pesca. Os recursos naturais, especialmente o gás natural, desempenham em Moçambique um papel determinante para o crescimento da Economia. A relevância dada à indústria extrativa no Plano Económico e Social para 2013 dá enfoque aos objetivos de desenvolvimento previstos para a área dos recursos minerais. 9 Análise BES, junho 2013; Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro 2012; CPI Moçambique 10 Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, República de Moçambique: Country Strategy Paper, Agricultura Outros Admin. pública,saúde e educ. Construção Indústria Transp. e comum. Serv. Financeiros (*) Comércio 39

40 De salientar que a dimensão e a qualidade do gás natural descoberto no país justificam o estudo sobre o desenvolvimento, em larga escala de um projeto de GNL, tendo sido anunciado recentemente um projeto que irá envolver duas das maiores empresas de prospeção deste recurso. Perspetiva-se a construção de 10 fábricas de processamento de gás natural avaliadas no valor de US$ milhões. Assim, Moçambique poderá vir a tornar-se, em 2018, no segundo maior exportador de gás natural de África, ficando apenas atrás da Nigéria. A produção industrial tem crescido a uma taxa média anual acima dos 3% no decurso dos dois últimos anos, prevendo-se que atinja os 5,8% em Os setores que manifestam maior potencial de crescimento são o dos cimentos, o mobiliário e também das indústrias alimentares e bebidas. Um forte investimento no setor do cimento vai triplicar a capacidade de produção até 2013, atualmente próximo de 1.3 milhões de toneladas anuais. Tem-se acentuado o aumento da procura no mercado da construção em Moçambique, estando perspetivados grandes projetos na indústria extrativa, energia, e transportes. O crescimento económico do país requer investimentos nas respetivas infraestruturas, desenvolvidas em torno dos três principais corredores logísticos de Maputo, Beira e Nacala (o corredor de Mtwara fica a norte de Moçambique) que servem, não apenas as exportações de carvão, mas também o desenvolvimento dos outros setores da economia nacional e a ligação às regiões do interior. Mapa 1 Corredores de desenvolvimento e potenciais polos de desenvolvimento Apesar do peso ainda diminuto no PIB do país, cerca de 2% (5% se considerarmos os efeitos indiretos), o setor do turismo tem vindo a recuperar o seu potencial, tendo reforçado a capacidade de alojamento e a qualidade do produto oferecido. Destacam-se as áreas do país que têm vindo a ser tidas como potenciais zonas turísticas: Zona costeira de Matutuine Maputo; Parque Nacional do Limpopo Gaza; Corredor dos Parques Nacionais de Banhine, Zinave e Bazaruto- Inhambane/Gaza; Reserva de Pomene- Inhambane; Costa Morrungulo - Inhambane Vilanculos Inhambane; Praia do Tofo Inhambane; Arquipélago de Bazaruto Inhambane; Cidade de Inhambane; Parque Nacional de Gorongosa Sofala; Reserva de Marromeu- Sofala; Ilha de Moçambique- Nampula; Chocas Mar Nampula; Pemba - Cabo Delgado; Ibo - Cabo Delgado; Lago Niassa- Niassa; e Reserva do Niassa Niassa. Fonte: Perspetivas para os Polos de Crescimento em Moçambique: Sumário do Relatório, FMI 40

41 África do Sul. O país com o maior PIB do continente africano. 11 Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul Agricultura Energia (*) Fonte: African Economic Outlook Construção Outros Transp. e comum. Ind. mineira Indústria Comércio Adm. pública, saúde e educação Serv. financeiros (*) Representando a África do Sul 59,14% do PIB da SADC, os serviços financeiros e o imobiliário desempenham, como se salienta através do gráfico, um papel de relevo no desenvolvimento do país. O crescimento do setor deveu-se, em grande parte, a um aumento da atividade nos bancos comerciais. De salientar que a África do Sul dispõe de uma estrutura financeira sofisticada, sendo a Bolsa de Valores de Joanesburgo (JSE Limited) a maior de África. O Governo Sul-Africano está empenhado em alcançar os resultados propostos pelo Plano de Desenvolvimento Nacional, 12 contando-se entre estes, melhores resultados educacionais, a promoção da saúde da população, adequada localização e manutenção de infraestruturas, uma forte rede de segurança social, a criaçao de um Estado competente e a aposta na redução dos níveis de corrupção. O turismo também se apresenta como um importante setor na sua economia. Também ao nível do emprego, este setor apresenta uma importância relevante, tendo empregado, em 2011, cerca de mil pessoas (emprego direto e indireto). Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking mundial dos destinos turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente africano (depois de Marrocos). A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB Sul- Africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu 10% para o PIB do país, estimando-se que, com os efeitos indiretos, esta contribuição ascenda a 20%. O setor empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em Em 2011, a África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem vindo a reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor (US$), apresentando uma quota mundial de 9,87%. 14 A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente africano, tem um peso diminuto no PIB do país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter uma relevante base agrícola. Neste setor destaca-se o vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção uma quota mundial de 3,5%.Para além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança agrícola positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a capacidade de autoabastecimento agrícola Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro Banco Nacional de Desenvolvimento 2030: Our future - make it work, Capítulo 3: Economy and employment 13 Factos sobre a Indústria Mineira da África do Sul agosto de 2013, Câmara de Minas da África do Sul 14 África do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme disponível em: 15 Conclusões com base nos dados da Análise Económica da Agricultura da África do Sul, 2011/

42 Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Regiões de forte orientação agrícola. 16 Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) Lesoto Fonte: African Economic Outlook, 2011 Energia (*) Construção Transp. e comum. Ind. mineira Agricultura Comércio Outros Admin. pública,saúde e educ. Indústria Serv. Financeiros (*) Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué representam cerca de 13% do PIB regional e apresentam forte peso da agricultura na sua economia. Apesar da relação entre o Lesoto e a África do Sul ter por várias vezes beneficiado o Lesoto, discute-se a necessidade de diversificar a economia do país por forma a reduzir a dependência deste face à África do Sul. O país que contribui com apenas 0,38% para o PIB da região, tem cerca de 85% da população residente em áreas rurais. A economia do país cresceu aproximadamente 4,2% em 2011, impulsionada por uma recuperação da atividade do setor mineiro (que, por sua vez, cresceu a uma taxa de 14,5%). Este setor foi estimulado, por um lado, pela reabertura de algumas das minas e, por outro, pela abertura de novas minas. O setor com maior contribuição no PIB do Lesoto é o setor dos serviços financeiros (19,80%). Apesar deste setor ser relativamente pequeno e subdesenvolvido, o acesso ao financiamento tem vindo a ser facilitado. A banca comercial é responsável por 51,3% dos ativos do setor financeiro. 17 O setor da indústria é impulsionado, principalmente, pela indústria dos têxteis, motor de crescimento e de criação de emprego durante a última década (2011). 18 No entanto, a competitividade deste setor está condicionada à elevada concorrência dos produtores asiáticos no mercado americano, após a interrupção das quotas pelo Acordo Multi-Fibras (AMF). Com um peso de 1,53% e 0,66% do PIB da SADC, respetivamente, Madagáscar e Maláui apresentam uma estrutura produtiva semelhante, com forte peso agrícola. No caso de Madagáscar, este setor apresenta um peso preponderante na sua estrutura produtiva, contribuindo com 70% das receitas das exportações, e empregando cerca de 80% da população. Contudo, apenas 5% do terreno é próprio para cultivo. As plantações mais relevantes são o arroz, mandioca, batata-doce, vegetais frescos, bananas, milho e feijão. 19 O setor agrícola, responsável por 31,60% de valor acrescentado para a economia de Maláui, sustenta 85% da população e contribui com 90% de receitas de exportação. A economia do Maláui depende, em grande medida, das exportações do tabaco, tendo estas totalizado, em 2010, US$ 585 milhões, representando assim 49% do total das exportações do país African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro Relatório do País Nr. 12/102 FMI 18 Reino do Lesoto, Country Strategy Paper , Banco Africano de Desenvolvimento Estratégia Nacional de Exportações do Maláui para

43 Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui Construção Admin. pública,saúde e educ. Comércio Indústria Serv. Financeiros (*) Transp. e comum. Agricultura Indústria Construção Outros Transp. e comum. Ind. mineira Serv. Financeiros (*) Comércio Agricultura Fonte: African Economic Outlook, 2012 Fonte: African Economic Outlook, 2012 Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo Construção Serv. Financeiros (*) Admin. pública,saúde e educ. Ind. mineira Transp. e comum. Comércio Agricultura Indústria Representando 2,75% do PIB da SADC, a República Democrática do Congo dispõe de inúmeros recursos naturais, destacando-se os diamantes, cobalto, cobre, ouro, e nióbio. A participação de produtos minerais nas exportações do país atinge cerca de 70%. O setor agrícola carece de ganhos de competitividade e de escala, embora não deixe de ser um setor de grande importância para o país, tendo contribuído para o seu crescimento nos últimos anos. A agricultura ocupa a maior parte da mão-de-obra local. Tradicionalmente, o país exporta tabaco, madeira, café, algodão e óleo de palma. No plano industrial, a República Democrática do Congo produz têxteis, artigos de limpeza, calçados e plástico. Fonte: African Economic Outlook, Suazilândia e Zimbabué. Economias em transição para a atividade industrial. Gráfico 11 Produto Interno Bruto por setor (%) 43

44 O setor agrícola é ainda a principal fonte de rendimento para mais de 70% da população da Suazilândia, sendo por isso a principal fonte de subsistência da Economia. 21 Entre os principais produtos exportados encontram-se o açúcar, o algodão, os produtos enlatados e o milho Suazilândia Construção Serv. Financeiros (*) O setor industrial tem-se tornado mais diversificado desde meados da década de 1980, e representou cerca de 44% do PIB em Transp. e comum. Agricultura Ao longo dos últimos anos, a estrutura económica da Suazilândia tem vindo a alterarse, de uma base agrícola para uma base industrial (43,50%) Comércio Admin. pública,saúde e educ Indústria 0.00 Fonte: African Economic Outlook, Seicheles. SIDS 22 com economia orientada para o Turismo. 23 Representado menos de 1% do PIB da SADC, o turismo pesa fortemente no PIB das Seicheles, sendo que dos quase 31% do PIB relativos ao Comércio, 20,7% respeitam à hotelaria e restauração (em 2011). Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) Seicheles Outros Admin. pública,saúde e educ. Construção Indústria Transp. e comum. Serv. Financeiros (*) Comércio Fonte: African Economic Outlook, Reino da Suazilândia Comunidade Europeia, Country Strategy Paper and National Indicative Programme Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento 23 Fonte: Áfrican Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro

45 Maurícias. Peso relevante da indústria, mas com motor nos serviços. Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) Maurícias % Agricultura Comércio Serv. Financeiros (*) Admin. pública,saúde e educ. Transp. e comum. Construção Indústria Ind.mineira Representando menos de 1,61% do PIB da SADC, um dos setores que mais impulsionou o crescimento económico das Maurícias foi o setor dos serviços, com destaque para o turismo, transportes, comunicação e serviços financeiros. Não obstante, o setor industrial mantém relevo económico no país, fruto da estratégia de desenvolvimento de clusters, zonas francas industriais e de comércio e da atividade de captação de IDE. Acresce ainda a proatividade da agência de investimento das Maurícias na promoção das exportações e do país enquanto destino de IDE, sendo ainda uma plataforma de investimento em África. Fonte: African Economic Outlook,

46 Botsuana, Namíbia e Zâmbia. Regiões de forte orientação para a indústria extrativa. 24 Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) Botsuana Agricultura Outros Transp. e comum. Indústria Atendendo à dimensão da economia do Botsuana, Namíbia e Zâmbia, a análise conjunta dos seus principais setores permitirá uma visão mais abrangente e adequada do seu impacto regional. Destes países, verifica-se que a indústria extrativa, em particular, a mineira assume-se como o setor mais relevante representando 7,5% do PIB da SADC Fonte: African Economic Outlook, 2011 Construção Serv. Financeiros (*) Comércio Admin. pública,saúde e educ. Ind. mineira Representando 2,22% do PIB da SADC, o Botsuana tem como pilar da sua economia o setor diamantífero, o qual responde por uma parte significativa do PIB, e representa cerca de 45% das receitas do Governo, e aproximadamente 70% das receitas de exportação. Em 2011, o Botsuana produziu 28% do valor global de diamantes, com as vendas perfazendo US$ milhões. A agricultura no Botsuana desempenha um papel relevante do ponto de vista social pelo número de pessoas que dependem deste setor, apesar da sua reduzida expressão económica no PIB. Ainda assim, as condições do país para a prática agrícola não são as melhores, devido às más condições do solo e às chuvas irregulares, o que explica a incapacidade de satisfazer a população a nível alimentar. Um dos maiores sistemas de águas insulares do mundo o Delta do Okavango está localizado no Botsuana, sendo um ponto de importante atração turística. Nos próximos anos o crescimento económico deverá manter-se robusto, com os serviços (hotelaria e serviços aéreos e financeiros) a responderem por grande parte deste crescimento. 24 Fontes: African Economic Outlook / Relatório Integrado dos Desenvolvimentos Económicos Recentes na SADC - Banco Nacional de Angola, setembro

47 Equivalendo a 1,97% do PIB da SADC, a Namíbia tem na base da sua economia a extração e processamento de minerais, representando o setor mineiro cerca de 20% do PIB do país. Mais de metade da população da Namíbia depende da agricultura para a sua subsistência. Apesar do peso relativo do setor dos serviços financeiros ser relevante para a economia (28,70%), este apresenta um conjunto de fraquezas passíveis de se transformar em oportunidades: mercado financeiro superficial, concorrência limitada, sistema de proteção financeira limitado, mercado de capitais subdesenvolvido, ineficiente e inadequada regulação, acesso limitado aos serviços financeiros, iliteracia e falta de proteção ao consumidor; falta de competências de gestão financeira, e domínio de capital estrangeiro na prestação de serviços financeiros. Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) Namíbia Fonte: African Economic Outlook, 2011 Energia (*) Construção Outros Agricultura Ind. mineira Comércio Indústria Transp. e comum. Serv. Financeiros (*) Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) Zâmbia Admin. pública,saúde e educ. Energia (*) Transp. e comum. Outros Representando 3,18% do PIB da SADC, a Zâmbia, 4º maior produtor mundial de cobre, é um país rico em vários minerais: cobalto, ouro e diversas pedras preciosas. A indústria extrativa representa uma grande parte das exportações de mercadorias do país. Outros setores relevantes na economia do país são a agricultura (19,10%), o comércio (16,20%) e os serviços financeiros (13,70%) Indústria Serv. Financeiros (*) Comércio Agricultura Construção Contam-se, entre os produtos exportados, os têxteis, os materiais de construção, os alimentos processados e os produtos animais e de couro. Nos últimos anos, o país tem vindo a crescer economicamente, devido, em grande medida, às políticas económicas ponderadas do Governo, visando melhorar e diversificar a competitividade da Economia. Fonte: African Economic Outlook,

48 País importador Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 1.4. Trocas comerciais na SADC Complementaridade das Economias A intensificação das trocas exige a complementaridade industrial das economias, implicando níveis de especialização diferenciados. O baixo nível de industrialização das economias da região reduz essa possibilidade, que, no entanto, poderá ser estimulada pelo desenvolvimento económico e pelo esforço de diversificação das economias - uma aspiração de muitos países da região. Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-sadc 25 País Exportador AO 26 BW 27 CG 28 LS 29 MG 30 MW 31 MU 32 MZ 33 NA 34 SC 35 ZA 36 SZ 37 TZ 38 ZM 39 ZW 40 AO BW CG LS MG MU MUS MZ NA SC ZA SZ TZ ZM ZW Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat 25 O Trade Complementary Index (TCI Indice de Complementaridade de Comércio) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade. 26 Angola 27 Botsuana 28 República Democrática do Congo 29 Lesoto 30 Madagáscar 31 Maláui 32 Maurícias 33 Moçambique 34 Namíbia 35 Seicheles 36 África do Sul 37 Suazilândia 38 Tanzânia 39 Zâmbia 40 Zimbabué 48

49 O nível de complementaridade na SADC é reduzido, havendo no entanto maior complementaridade entre a África do Sul enquanto importador de um vasto conjunto de países, dos quais se destacam o Zimbabué (86 pts), a Zâmbia (81 pts), a Tanzânia (80 pts) e Moçambique (77 pts). Em termos de complementaridade enquanto país exportador, o Zimbabué apresenta um maior nível de complementaridade com 6 países do bloco, o Botsuana (67 pts), o Lesoto (71 pts), a Namíbia (67 pts), África do Sul (86 pts), Tanzânia (69 pts) e Zâmbia (70 pts). É notória a importância da África do Sul no bloco e a capacidade de absorção das exportações de um alargado conjunto de países atendendo à sua estrutura de importações, e em concreto de Moçambique Comércio intrarregional As exportações intra- SADC só representam 8,86% do total das exportações da região A SADC regista o 3º maior valor mundial de trocas intrarregião, medido pelo rácio de exportações sobre o PIB, dos espaços de integração económica analisados, cujo nível de integração é liderado pela União Europeia ( UE ) e seguido pela ASEAN, o que indicia um nível de integração relevante, tendo em consideração o nível de desenvolvimento da região e o facto das trocas informais nestas regiões poderem representar o dobro das registadas. Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) Indicador SADC União CPLP CEEAC Mercosul CEDEAO ASEAN Europeia Exportações intrarregião (milhões US$, 2012) Exportações intrarregião (% no PIB da região, 4,09% 21,90% 0,62% 0,47% 2,10% 2,86% 13,90% 2012) Exportações intrarregião (% das exportações 0,15% 19,87% 0,09% 0,01% 0,37% 0,06% 1,77% mundiais, 2012) Crescimento anual médio das exportações intrarregião ( ) 6,66% -2,17% 8,12% 3,43% 4,50% 4,27% 6,65% Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Acresce que a dinâmica de crescimento é a mais acentuada das regiões analisadas. Importa no entanto, referir que os produtos petrolíferos assumem especial relevo nas trocas comerciais, estimando-se que possam representar 20% do total das exportações intrarregião. 49

50 Importações intra-sadc (%no total das importações intra-sadc) Importações; Exportações (Milhões US$) PIB a preços correntes (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-sadc vs. Evolução do PIB da região 30, , , ,000 25, , ,000 20, , , ,000 15,000 10,000 20,980 19,444 22,344 25,882 27, , , ,000 5, , Exportações (milhões US$) PIB (milhões US$) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat A dimensão, estrutura, localização das economias e acordos prévios determinam o fluxo atual de trocas comerciais. A análise do peso das exportações vs. importações intrarregião revela que 4 países representem cerca de 52% das importações intrarregionais: África do Sul, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, conjuntamente, demonstram um elevado nível de integração económica regional. Angola, apesar de apresentar um elevado índice de exportações regionais, tem um valor reduzido de importações. Este indicador é característico de uma economia protecionista ou de uma baixa complementaridade entre as necessidades dos países e a capacidade de exportação dos demais países da região da SADC. No polo oposto, Botsuana, Namíbia e Zâmbia, apesar de apresentarem índices de importações regionais mais elevados que os demais países, têm valores de exportação reduzidos (quando comparando com as exportações). Este indicador é característico de economias menos protecionistas ou de um maior grau de complementaridade regional. Para mais informações sobre o grau de complementaridade verificar a análise realizada adiante em ponto autónomo. Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-sadc no total da região 18% 16% 14% Botsuana Zâmbia África do Sul 12% Namíbia 10% Zimbabué 8% Rep. Dem. Congo Moçambique 6% Angola Lesoto 4% Maláui Tanzânia 2% Maurícias 0% Madagáscar 0% Seicheles 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% Exportações intra-sadc (%no total das exportações da SADC) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

51 De referir que apenas a África do Sul, Angola e Tanzânia (embora em menor grau) apresentam balanças comerciais intra-regionais positivas, sendo a República Democrática do Congo e o Lesoto aquelas que apresentam balanças comerciais proporcionalmente mais deficitárias. Importa igualmente compreender, atendendo às características dos vários mercados, quais os produtos transacionados intra-sadc e, consequentemente, aqueles que revelam menos obstáculos à exportação. Produtos transacionados intra-sadc Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-sadc (2012) 8% 6% 3% 3% 4% 35% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Alimentos e animais vivos As principais trocas assentam em matérias-primas, produtos petrolíferos, nos quais a região é abundante, produtos agroalimentares para satisfazer a procura decorrente do aumento populacional, assim como do aumento do poder de compra, e em equipamento de transporte. 9% 14% 17% Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados Matérias-primas (exceto combustíveis) Commodities e transações n.e. Os produtos manufaturados têm ainda uma baixa representatividade, quando comparado com as regiões económicas mais desenvolvidas, o que representa uma oportunidade para os países que acelerem a sua industrialização. Bebidas e tabaco Fonte: UNCTAD, UNCTADstat África do Sul e Angola. Os países com maior intensidade comercial na região A África do Sul, a economia mais desenvolvida da SADC, mantém vínculos comerciais com quase todos os países-membros da SADC e possui uma grande diversidade de produtos exportados, sendo de destacar os seguintes: petróleo refinado (6%), veículos de transporte de mercadorias (5%) e engenharia civil e empreiteiros; fábrica e equipamento (3%). Da análise dos mercados de destino dos produtos exportados verifica-se uma dispersão das exportações de petróleo refinado pelos vários países da SADC, e uma concentração das exportações com um maior volume para seis países: Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botswana (12%), Angola (10%) e Rep. Dem. Congo (10%). 51

52 Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-sadc, por produto África do Sul 43% das exportações intra-sadc Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 As principais exportações para estes seis países totalizaram em 2012 um montante superior a 4 mil milhões de USD, sendo as exportações de maquinarias e equipamentos de transportes responsáveis por cerca de 49% das principais exportações, num total de 1.9 mil milhões de USD exportados. Angola tem um peso substancial nas trocas intra-sadc (25%), mas concentrando-se apenas num produto o petróleo (99% do total das exportações de Angola para a SADC) com destino a África do Sul. 52

53 Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-sadc, por produto Angola 25% das trocas intra- SADC Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2010 e 2012 O incremento e diversificação da base industrial, beneficiando de um mercado interno, poderão gerar uma base de produção para as economias vizinhas, muito embora existam um conjunto de fatores críticos que, entre outros, terão de ser ultrapassados: Concorrência da África do Sul; Crescimento da capacidade industrial; Capacitação de quadros técnicos; Adesão a instrumentos regionais de facilitação de transporte de mercadorias; Compatibilização e futura harmonização aduaneira; Adesão a instrumentos de harmonização fiscal; Adesão à estratégia de integração regional da SADC. 53

54 Peso nas importações da SADC Importações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 1.5. Comércio extrarregional Principais parceiros comerciais da SADC A SADC tem historicamente apresentado uma Balança Comercial negativa em cerca de USD 8 mil milhões (cerca de 1,2% do PIB da região), excetuando em 2011, ano em que as exportações superaram marginalmente as importações. Importações A SADC importa maioritariamente de países industrializados (China, países membros da EU, Japão e Índia). Nota-se que a China foi o único país que conseguiu aumentar significativamente a sua importância relativa nas importações do bloco, em parte pela sua crescente necessidade de recursos naturais, dos quais se destaca, entre outros, o petróleo. A importação de petróleo do bloco resulta em grande medida das necessidades de África do Sul que, além das importações de Angola, importa petróleo dos Emirados Árabes Unidos e Nigéria. Aliás, Angola encontra-se no terceiro lugar das importações de petróleo de África do Sul, apesar de ter capacidade de produzir petróleo suficiente para suprir a totalidade das necessidades deste país. Entre 2008 e 2012, assistiu-se a um crescimento do nível das importações para a região, a ritmo anual de 5,72%. Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino 100% 90% ,000 80% % 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% % 3% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 2% 3% 2% 2% 3% 3% 2% 2% 1% 2% 2% 2% 4% 3% 3% 4% 4% 3% 4% 3% 4% 4% 4% 4% 5% 4% 5% 6% 9% 9% 9% 8% 11% 12% 13% 14% 17% China Alemanha Índia Reino Unido Japão França Gana Portugal Países Baixos Bélgica Tailândia Brasil Importações 2% 2% 2% 3% 3% 3% 3% 3% 5% 6% 8% 150, ,000 50,000 - Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro de Comércio Internacional, Numa análise global, o aumento das importações demonstra um crescimento contínuo e consistente das economias emergentes, como é o caso da China e da Índia, com forte presença na região e em todo o continente Africano. Por outro lado, nos principais produtos importados pelo bloco, pode verificar-se uma certa estagnação na importância dos países europeus, dos EUA e do Japão. 54

55 Importações da SADC Top produtos Gráfico 21 Importações da SADC - Top produtos, % 8% 3% 2% 33% Maquinaria e equipamentos de transporte Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados 11% Alimentos e animais vivos Outros artigos manufaturados 15% 18% Matérias-primas (exceto combustíveis) Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras Relativamente aos produtos, destacam-se as importações de maquinaria e equipamentos de transporte, representando cerca de 33% das importações totais da região. Em segundo lugar surgem as importações de combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados com um peso de 18%, dada a inexistência de capacidade instalada na refinação de petróleo na região. Do total dos produtos importados pela SADC no montante de US$ 216 mil milhões identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 50 principais produtos que representam 55% das importações, no montante de cerca US$ mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos brutos de petróleo, óleos de xistos, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas de processamento de dados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Peças e acessórios dos veículos; Fertilizantes; Máquinas e aparelhos elétricos; Geradores; Mobiliário e peças; Outras carnes e miudezas comestíveis; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Equipamento mecânico manuseio; Aparelhos de medição, análise e controle; Metais comuns; Calçado; Aeronaves e equipamentos associados; Tubos e perfis ocos de ferro e aço; Artigos plásticos; Bombas compressoras de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Bebidas alcoólicas; Minérios de cobre, outros; Produtos diversos da indústria química; Arroz; Trigo e centeio em grão; Papel e cartão; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Gorduras vegetais e óleos; Peças, acessórios para máquinas; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Gorduras vegetais e óleos refinados; Automóveis; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas e ferramentas, Equipamentos domésticos elétricos; Turbinas a vapor e componentes; Motores de pistão de combustão interna e peças; Embarcações; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Cobre; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Materiais de construção. Fonte: UNCTADStat, dados

56 Importações da SADC à RP da China e à Alemanha Gráfico 22 - Importações SADC à RP da China Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha 8% 3% 7% 4% 21% 45% 13% 14% 59% 23% Maquinaria e equipamentos de transporte Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados Alimentos e animais vivos Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Nas importações de maquinaria e equipamento de transporte vindas da China, são de destacar as importações de máquinas automáticas para processamento de dados, equipamentos de telecomunicações e calçado. Alimentos e animais vivos Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Da Alemanha os grandes fluxos de importação referem-se a veículos de transporte de pessoas, turbinas de vapor e partes e acessórios para veículos automóveis. Este facto resulta da política explícita do Governo chinês, que troca petróleo por bens e infraestruturas. Note-se que a China posiciona-se como um concorrente de muitos produtos que formam a base da estrutura industrial portuguesa. 56

57 Importações da SADC aos EUA e à Índia Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA Gráfico 25 - Importações SADC da Índia 9% 9% 4% 13% 7% 5% 34% 52% 10% 18% 13% 23% Maquinaria e equipamentos de transporte Químicos e produtos relacionados Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados Alimentos e animais vivos Outros artigos manufaturados Bens manufaturados Alimentos e animais vivos Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Os Estados Unidos da América também apresentam um peso significativo nas importações da SADC de veículos (para transporte de pessoas e de mercadorias), assim como de máquinas e equipamentos de engenharia civil. Outros artigos manufaturados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Da Índia são importados veículos de transporte de passageiros, embora pesem mais os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (> 70%) e as importações de medicamentos (incluindo medicamentos veterinários). A Índia, apesar de não ser um importante produtor de petróleo, aproveita a sua capacidade excedentária de refinação para se posicionar como um fornecedor de combustíveis beneficiando, deste modo, as suas exportações para o bloco. 57

58 Importações da SADC ao Reino Unido Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido 5% 5% 9% 10% 23% 44% Relativamente ao Reino Unido, são de destacar as importações de óleos brutos de petróleo, óleos de minerais betuminosos, crude, artigos de cerâmica e veículos de transporte de pessoas. Note-se que a proximidade cultural do Reino Unido é explorada em produtos menos complexos, permitindo-lhe posicionar-se como um sério concorrente de muitos produtos que formam a base da estrutura industrial portuguesa. Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Bebidas e tabaco Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

59 Peso nas exportações totais da SADC Exportações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Exportações da SADC Top produtos Exportações As exportações da SADC cresceram, em média, 17% por ano, desde 2009 Os principais destinos das exportações dos países da SADC são a China, os EUA, a Índia e o Reino Unido, representando cerca de 54% do total das exportações da SADC em Gráfico 27 Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, % 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 206, , , , ,156 4% 4% 4% 4% 5% 5% 4% 4% 5% 4% 8% 5% 4% 6% 5% 7% 7% 8% 4% 7% 13% 11% 10% 16% 13% 17% 20% 25% 27% 28% China EUA Índia Reino Unido Japão Alemanha Taipé Chinesa Hong Kong, China Exportações 200, , ,000 50,000 - Fonte: UNCTAD, UNCTADstat; Centro Internacional de Comércio, Gráfico 28 Exportações da SADC - Top produtos, % 14% 4% 2% 2% 4% 5% Fonte: International Trade Centre 21% 40% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Bens manufaturados Matérias-primas (exceto combustíveis) Maquinaria e equipamentos de transporte Alimentos e animais vivos Commodities e transações n.e. Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados Bebidas e tabaco Angola representa 85% das exportações de combustíveis da SADC As exportações dos EM da SADC são maioritariamente matérias-primas, com especial relevo para o petróleo e seus derivados, diamantes, minérios e cobre, denotando assim a elevada importância que as indústrias ligadas à extração mineira ou petrolífera têm nos países da região. Pela natureza das exportações (matérias-primas), os principais destinos analisados individualmente continuam a ser os países com elevada produção industrial. Assim, boa parte do petróleo exportado pelos países da SADC tem como destino a China, os EUA, a Índia e Taiwan. 59

60 Gráfico 29 - Exportações SADC para a China Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA 2% 2% 2% 10% 2% 3% 4% 7% 11% 24% 58% 72% Matérias-primas (exceto combustíveis) Bens manufaturados Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Químicos e produtos relacionados Bebidas e tabaco Maquinaria e equipamentos de transporte Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Bens manufaturados Maquinaria e equipamentos de transporte Outros artigos manufaturados Matérias-primas (exceto combustíveis) Químicos e produtos relacionados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido 11% 4% 2% 2% 8% 5% 3% 3% 5% 49% 79% 25% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Commodities e transações n.e. Matérias-primas (exceto combustíveis) Bens manufaturados Alimentos e animais vivos Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Bens manufaturados Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Alimentos e animais vivos Matérias-primas (exceto combustíveis) Maquinaria e equipamentos de transporte Outros artigos manufaturados Commodities e transações n.e. Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

61 Importações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Trocas comerciais entre a CPLP e a SADC Importações Analisando a relação comercial na vertente das trocas comerciais da SADC com os países pertencentes à CPLP, começando pelas importações, apenas Portugal e Brasil apresentam níveis significativos no contexto global. Portugal merece especial destaque pelo aumento do volume de exportações para a SADC (crescimento médio anual de 21%, entre 2008 e 2012). Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio) 14,000 12, % 10, % 5.57% 8, % 8,187 6,000 3,883 4, % 4,468 4,000 3,135 2,000 3,895 4,317 3,298 2,620 3, Brasil Portugal Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC Angola é o principal parceiro comercial de Portugal dentro da SADC, absorvendo 87% das exportações portuguesas para este mercado Fonte: Centro de Comércio Internacional,

62 Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal 10% 10% 8% 2% 30% Quando observados os principais grupos de produtos exportados por Portugal para a SADC, os que apresentam maior peso são a maquinaria, o equipamento de transporte e os bens manufaturados. Se analisarmos cada um dos países da CPLP que integram a SADC são de destacar os seguintes produtos exportados por Portugal: 15% 23% - Angola: bebidas alcoólicas; estruturas e partes de estruturas de ferro, aço ou alumínio e móveis e suas partes, cujo principal destino é Angola. Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Outros artigos manufaturados - Moçambique: máquinas e aparelhos, metais comuns, veículos e outros materiais de transporte, produtos alimentares, pastas celulósicas e papel e químicos, para Moçambique. Alimentos e animais vivos Bebidas e tabaco Químicos e produtos relacionados Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Importações da SADC ao Brasil Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC A África do Sul é o país da SADC que mais importa produtos oriundos do Brasil, seguido de Angola 62

63 Exportações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP O Brasil apresenta uma forte exportação de alimentos para a SADC. São de destacar as outras carnes e miudezas comestíveis com elevado envio para Angola e para África do Sul, assim como os açúcares, melaço e mel, com presença forte em Angola. As exportações de móveis e peças de mobiliário apresentam também um valor relevante, tendo como principal destino, dentro da SADC, Angola. O Brasil apresenta uma base mais diversificada de exportação, com competências para exportar para a África do Sul (pese embora a base de produtos corresponder a bens do setor primário). O peso de Moçambique nas importações do Brasil é diminuto. Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil 5% 4% 7% 10% 21% Alimentos e animais vivos 49% Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Outros artigos manufaturados Químicos e produtos relacionados Matérias-primas (exceto combustíveis) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Exportações A CPLP é responsável somente por cerca de 3,3% das exportações da SADC, sendo que apenas Portugal e Brasil apresentam valores dignos de registo. Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio) 8,000 7, % 6, , % 4, % 3,000 2, % 1,392 5,808 2, % 1,209 1, ,980 1, , Portugal Brasil Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, Portugal tem vindo a aumentar a sua importância no seio da SADC, nomeadamente através da crescente importação dos produtos da SADC. Entre 2008 e 2012, Portugal aumentou a sua quota nas exportações da SADC de 0,68% para 2,81%. 63

64 O Brasil surge como o 2º país da CPLP, não pertencente ao bloco, em termos de destino das exportações dos países membros da SADC, representando cerca de 0,48% das exportações da zona. Exportações da SADC para Portugal e para o Brasil Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil 4% 8% 5% 32% 25% 93% 27% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Alimentos e animais vivos Químicos e produtos relacionados Bens manufaturados Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Maquinaria e equipamentos de transporte Matérias-primas (exceto combustíveis) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Enquanto Portugal importa quase exclusivamente combustíveis da SADC, o Brasil importa também químicos e outros bens manufaturados, bem como alguma maquinaria. 64

65 Milhões US$ Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 1.6. Investimento direto estrangeiro na SADC A SADC tem vindo a registar desde 2008 uma tendência de abrandamento na sua competitividade para captação de investimento direto estrangeiro, nomeadamamente pela diminuição do capital investido na região que em 2008 registava um volume de US$ 18 mil milhões e em 2012 somente de cerca de US$ 11 mil milhões. Os países da SADC que mais captaram IDE em 2012 foram Moçambique, África do Sul e a Rep. Democrática do Congo. Relativamente ao aumento do investimento da região no exterior (Outward) este tem vindo a aumentar exponencialmente desde 2008, tendo atingido em 2012 cerca de US$ 7.8 mil milhões. Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, ,000 18,714 15,000 13,177 12,865 11,788 10,000 8,198 7,841 5,000 1,509 2,591 2,080 (514) - (5,000) Inward Outward Com exeção de Angola, Moçambique, África do Sul e a Rep. Democrática do Congo, os fluxos de IDE nos demais países da região têm-se apresentado heterogéneos. Países como o Botsuana, o Lesoto, Madagáscar, Maláui, Namíbia, Seicheles, Suazilândia e Zimbabué têm-se apresentado pouco atrativos ao investidor estrangeiro, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura produtiva. Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC inward (milhões US$) País Angola (3.227) (3.024) (6.898) Botsuana (6) Rep. Dem. Congo Lesoto Madagáscar Maláui

66 País Maurícias Moçambique Namíbia Seicheles África do Sul Suazilândia Tanzânia Zâmbia Zimbabué SADC Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Nos últimos 2 a 3 anos registou-se um forte aumento da atratividade de Moçambique como destino de IDE, muito tendo contribuído os projetos associados ao potencial de desenvolvimento da exploração de LNG Gás Natural. A Tanzânia e a República Democrática do Congo viram igualmente os fluxos de IDE serem reforçados em Por outro lado, verificou-se também uma diminuição dos fluxos de IDE para a África do Sul com uma queda de 24 por cento para US$ 4,6 milhões. 66

67 1.7. SADC. Oportunidades de investimento na modernização da agricultura e do tecido industrial A SADC constitui uma geografia de oportunidade de IDE, na contribuição para o seu desenvolvimento, agregando cerca de US$ 650 mil milhões de PIB e mais de 285 milhões de habitantes. Os planos de desenvolvimento e reforço de integração gerarão a prazo oportunidades de modernização económica da região e intensificação de trocas comerciais, a par de um incremento do tecido industrial com potencial exportador, os quais poderão ser impulsionados pela concretização das ZCL e dos instrumentos para o desenvolvimento de setores industriais competitivos a nível global, a que não ficará alheia a modernização e maior integração do mercado de capitais e do sistema financeiro. De fato, presentemente as importações de maquinaria, combustíveis, bens manufaturados e químicos constituem cerca de 75% das importações da SADC, como resultado da incapacidade de refinação dos países produtores de petróleo (Angola em particular) e da menor industrialização das economias, em particular as de menor dimensão. As importações de fora da SADC têm origem na sua maioria da China, EUA, Alemanha e Reino Unido, excetuando o que respeita a combustíveis que são exportados a partir da Índia e também de Angola (por refinar). Aliás, em termos de balança comercial, desde o final da década de 90, o desempenho económico e a balança comercial dos países da SADC encontram-se altamente correlacionados com o crescimento da economia chinesa. Por outro lado, verificou-se um declínio das relações comerciais relativas com os EUA, deixando assim os países da SADC menos expostos ao desempenho da Economia norte-americana. Estas mudanças são particularmente expressivas no caso da África do Sul, de Angola, de Madagáscar, da Namíbia e das Seicheles. A heterogeneidade económica dos EMs da SADC releva o peso da África do Sul e Angola, que representam cerca de 60% e 18% do PIB da região, respetivamente, mas com estruturas produtivas substancialmente diferentes, sendo que, as restantes 13 economias representam cerca de 22% do PIB (dados de 2012). A África do Sul, quando comparada com as restantes economias da região, apresenta uma estrutura produtiva bastante diversificada, sendo o parceiro dominante nas trocas comerciais intra-regionais, representando 43% das exportações intra-sadc e com elevada diversidade de produtos exportados. As exportações com maior volume destinam-se à Zâmbia (19%), Moçambique (18%), Zimbabué (18%), Botsuana (12%), Angola (10%) e Rep. Dem. Congo (10%), sendo que este conjunto de nações importa, fundamentalmente, Maquinaria e Equipamento de Transporte, Químicos e Combustíveis. O petróleo é particularmente significativo na estrutura económica angolana. Fortalecida por uma Balança Comercial positiva, Angola representa 25% das trocas comerciais da SADC, com elevada concentração de exportações de petróleo para a África do Sul. No quadro da estratégia do Governo de Angola surge o fomento à diversificação da economia. Esta opção governativa introduz um conjunto de oportunidades de investimento no tecido empresarial local, desde o setor agrícola, passando pela indústria agroalimentar, até às atividades de logística e serviços. O tecido industrial deverá ser igualmente alvo de crescimento a prazo como resultado da política de fomento, bem como do incremento do rendimento da população e do consumo privado, constituindo aqui também uma oportunidade de investimento. Moçambique, a prazo, tem focos desenvolvimento no projeto de exploração de gás natural, estimando-se que todas as atividades no cluster da prospeção, extração e exploração possam prosperar a médio / longo prazo, a par das atividades subsidiárias e acessórias ao mencionado cluster. De igual modo, a aceleração esperada da Economia colocará mais capital a circular nas ruas, fomentando o aumento do consumo de bens duradouros e bens não - duradouros. A oportunidade que o gás natural poderá gerar tem levado a um intensificar dos níveis de IDE para Moçambique, que desde 2010 têm crescido a um ritmo superior a 100% ao ano. 67

68 Congo RD Café, Açúcar, Óleo de palma, Borracha, Chá, Algodão, Cacau, Mandioca, Banana, Amendoim, Tubérculos, Milho, Frutas, Produtos de madeira Agricultura, Indústria mineira, Energia, Telecomunicações, Saúde, Educação, Indústria têxtil, Indústria naval, Indústria alimentar Goma International Airport, N'Djili International Airport, Bangoka International Airport, Lubumbashi International Airport Banana SADC Botsuana Pecuária, Sorgo, Milho, Feijão, Girassol, Amendoim Indústria mineira, Saúde, Turismo, Indústria têxtil Francistown International Airport, Sir Seretse Khama International Airport, Kasane Airport Maun Airport N/A Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP A agricultura surge com principal relevo no Lesoto, Madagáscar, Maláui, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, que no seu conjunto representam cerca de 16% do PIB da região. Principal fonte de emprego, a agricultura apresenta, na maioria das explorações, oportunidades de mecanização e incremento de produtividade. Acresce ainda que é um setor que em muitos países apresenta fortes índices de exportação, apresentando um peso relevante na Balança Comercial desses países. São também estes países que se têm apresentado menos atrativos à captação de IDE, seja pela sua dimensão, seja pela sua estrutura produtiva. A indústria extrativa, em particular a mineira, é preponderante nas economias do Botsuana, Namíbia e Zâmbia, concentrando-se as oportunidades de negócio neste cluster. As oportunidades de investimento no Turismo têm sido, na sua maioria, concretizadas nas Seicheles e Maurícias, sendo que o Botsuana (Bacia do Okavango), Moçambique e Namíbia vêm apostando no desenvolvimento deste setor. Angola tem também como objetivo, a prazo, a criação de uma indústria de Turismo, promovendo o desenvolvimento de 3 polos turísticos em Cabo Ledo, Kalandula e junto ao Okavango, o qual impulsionará atividades de serviços profissionais nas áreas do ambiente, ordenamento do território e construção e infraestruturas Principais setores de oportunidade por país, aeroportos e portos Região País Principais produtos agrícolas Oportunidades para o bloco Principais aeroportos Principais portos (produtos e serviços associados aos setores) 68

69 Seicheles Cocos, Canela, Baunilha, Batatadoce, Mandioca Bananas, Aves, Atum Pesca, Turismo, Processamento de coco e baunilha, Coco (fibra de coco) corda, Construção de barcos, Bebidas Seychelles International Airport N/A Namíbia Sorgo, Amendoim, Uvas, Pecuária, Peixe Agricultura, Mineração, Indústria alimentar, Turismo Windhoek Hosea Kutako International Airport Luderitz Walvis Bay Maurícia Cana de açúcar, Chá, Milho, Batata, Banana, Leguminosas, Gado, Cabras, Peixe Agronegócio, Saúde, Indústria alimentar, Mineração, Indústria têxtil, Turismo Sir Seewoosagur Ramgoolam International Airport Port Louis Maláui Tabaco, cana-deaçúcar, algodão, chá, milho, batata, mandioca, sorgo, leguminosas, amendoim, nozes de macadâmia, gado, cabras Agricultura, Energia, Indústria mineira, Indústria alimentar, Tecnologia, Turismo Chileka International Airport, Lilongwe International Airport Chipoka Monkey Bay Nkhata Bay Nkhotakota Chilumba Madagáscar Café, Baunilha, Cana-de-açúcar, Cravo, Cacau, Arroz, Mandioca, Feijão, Banana, Amendoim, Produtos de origem animal Indústria mineira, Indústria alimentar, Turismo, Indústria têxtil, Indústria petrolífera Indústria automóvel Ivato International Airport Antsiranana Mahajanga Toamasina Toliara Lesoto Milho, Trigo, Legumes, Sorgo, Cevada, Pecuária Alimentos, Bebidas, Têxteis, Vestuário, Artesanato, Construção, Turismo Moshoeshoe International Airport N/A Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 69

70 Zimbabué Milho, Algodão, Tabaco, Trigo, Café, Amendoim; Ovinos, Caprinos, Suínos Agricultura, Indústria alimentar, Indústria de calçado, Mineração, Indústria têxtil, Turismo Joshua Mqabuko Nkomo International Airport, Harare International Airport Binga Kariba Zâmbia Milho, Sorgo, Arroz, Amendoim, Semente de girassol, Legumes, Flores, Tabaco, Algodão, Cana-deaçúcar, Mandioca, Café, Bovinos, Caprinos, Suínos, Aves, Leite, Ovos, Peles Agricultura, Energia, Mineração, Indústria têxtil, Indústria alimentar, Turismo Lusaka International Airport Mpulungu Tanzânia Café, Sisal, Chá, Algodão), Castanha de Caju, Tabaco, Milho, Trigo, Mandioca, Bananas, Frutas, Legumes, Bovinos, Ovinos, Caprinos Agricultura, Mineração, Indústria petrolífera, Indústria de calçado, Serviços financeiros, Turismo Julius Nyerere International Airport, Kilimanjaro International Airport Dar es Salaam Zanzibar Suazilândia Cana de açúcar, Algodão, Milho, Tabaco, Arroz, Laranjas, Abacaxi, Sorgo, Amendoim, Gado, Cabras, Ovelhas Agricultura, Indústria têxtil, Mineração, Indústria automóvel, Turismo Matsapha International Airport N/A Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 70

71 1.9. Principais produtos importados pelos países da SADC e oportunidades para as empresas Portuguesas A SADC apresenta um conjunto alargado de oportunidades para as empresas portuguesas em termos de exportações e que, em muitos casos, poderão ser potenciados por Angola. Do total dos produtos importados pela SADC a Portugal, no total US$ 5.3 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 55% das importações, no montante de US$ 2.9 mil milhões: Bebidas alcoólicas; Mobiliário e peças; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Maquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carne, miudezas, comestíveis, preparados, conservados; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Artigos plásticos; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Metais comuns; Bebidas não alcoólicas; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Papel e cartão; Máquinas e aparelhos elétricos; Equipamento e componentes mecânicas; Geradores; Peças e acessórios de veículos; Material para impressão; Materiais de construção; Componentes para máquinas de energia elétrica; Alumínio. Do total dos produtos importados por Angola aos seus parceiros comerciais no, total US$ 24 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 49% das importações, no montante de US$ milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Carnes e miudezas comestíveis; Geradores; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Artigos de plástico; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Metais comuns; Equipamento de telecomunicação; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Ferramentas mecânicas e outros; Motocicletas e velocípedes; Aparelhos de medição, análise e controle; Materiais de construção; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Bombas, compressores a gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração. Do total dos produtos importados pelo Botsuana aos seus parceiros comerciais no, total US$ mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Máquinas para a construção civil; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Equipamento de telecomunicação; Materiais de construção; Geradores; Aeronaves e equipamentos associados; Madeira e aparas de madeira; Equipamento para distribuição de energia elétrica; Máquinas de processamento de dados; Cereais em grão; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Peças e acessórios dos veículos; Tabaco; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Metais comuns; Mobiliário e peças; Aparelhos para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Calçado; Produtos comestíveis e preparações. Do total dos produtos importados pela República Democrática do Congo aos seus parceiros comerciais no, total US$ 6.1 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 50% das importações, no montante de cerca de US$ 3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Veículos a motor para transporte de mercadorias; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Máquinas para a construção civil; Outras carnes e miudezas comestíveis; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Equipamento de telecomunicação; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Peixe fresco ou congelado; Produtos comestíveis e preparações; Tubos e perfis ocos, de ferro e aço; Tecidos de algodão; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Materiais de construção; Bombas para água; Máquinas e aparelhos elétricos; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Metais comuns; Máquinas de energia elétrica e componentes; Bombas, compressores a gás e ventiladores; geradores; Roupas e outros artigos têxteis; Ferramentas mecânicas e outras. 71

72 Do total dos produtos importados pelo Lesoto aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 53% das importações, no montante de US$ 1.4 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos de malha; Tecidos de algodão; Outras refeições à base de cereais e farinha; Equipamento de telecomunicação; Outras carnes e miudezas comestíveis; Automóveis; Mobiliário e peças; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Perfumaria e cosméticos; Recetores de televisão; Produtos residuais de petróleo; Milho; Calçado; Fios têxteis; Sabonetes, produtos de limpeza e polimento; Pregos, parafusos, porcas, parafusos, rebites e semelhantes; Aparelho para circuitos elétricos, painéis; Gás natural; Papel e cartão; Trigo e centeio em grão; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plástico; Leite e produtos lácteos. Do total dos produtos importados pelo Maláui aos seus parceiros comerciais no, total US$ 2.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 56% das importações, no montante de cerca de US$ 1.5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Fertilizantes; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Tabaco; Materiais de construção; Material para impressão; Trigo e centeio em grão; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Produtos medicinais e farmacêuticos; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Máquinas para a construção civil; Mobiliário e peças; Aparelhos elétricos de diagnóstico para as ciências médicas; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Artigos de matérias têxteis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Papel e cartão; Polímeros de etileno; Automóveis; Óleos essenciais e perfumes; Máquinas e aparelhos elétricos; Minerais em bruto. Do total dos produtos importados pela Namíbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 6.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 57% das importações, no montante de US$ milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Do total dos produtos importados por Madagáscar aos seus parceiros comerciais no, total US$ 3.05 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 1.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Os óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fios têxteis; Arroz; Açúcar, melaço e mel; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tecidos de algodão; Tecidos artificiais; Gorduras vegetais e óleos; Tecidos de malha; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Outros tecidos; Peixe fresco ou congelado; Equipamento de telecomunicação; Carvão; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Artigos de plástico; Lã; Artigos de matérias têxteis; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Materiais de construção. Do total dos produtos importados pela Maurícia aos seus parceiros comerciais no, total US$ 5.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 54% das importações, no montante de cerca de US$ 5.7 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Peixe fresco ou congelado; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Carvão; Materiais de construção; Tecidos de algodão; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Leite e produtos lácteos; Máquinas de processamento de dados; Fios têxteis; Propano e butano liquefeito; Tabaco; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Motores de pistão de combustão interna e componentes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Perfumaria e cosméticos; Produtos comestíveis e preparações; Metais comuns; Arroz; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Máquinas e aparelhos elétricos; Trigo e centeio em grão; Artigos de plástico. Do total dos produtos importados pelas Seicheles aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 752 milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 68% das importações, no montante de cerca de US$ 513 milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios de cobre; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Embarcações; Peixe fresco ou congelado; Mobiliário e peças; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Madeira e aparas; Gorduras vegetais e óleos, refinado, do fracionamento; Metais 72

73 telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Aparelhos e equipamentos fotográficos; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Cobre; Mobiliário e peças; Aeronaves e equipamentos associados; Artigos de matérias têxteis; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Bebidas alcoólicas; Outras carnes e miudezas comestíveis; Metais comuns; Máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Aparelhos de medição, análise e controle; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Peças e acessórios de veículos; Trigo e centeio em grão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Artigos plásticos. Do total dos produtos importados pela Suazilândia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 1.2 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: comuns; Materiais de construção; Produtos laminados de ferro, aço não ligado, revestidos, folheados; Bebidas alcoólicas; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Barras de ferro e aço, barras, cantoneiras, perfis e seções; Papel e cartão; Equipamento de telecomunicação; Leite e produtos lácteos; Recipientes de metal para armazenamento ou transporte; Arroz; Artigos plásticos; Aeronaves e equipamentos associados; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Outras carnes e miudezas comestíveis; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Material para impressão; Legumes. Do total dos produtos importados pela Tanzânia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 11.7 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 59% das importações, no montante de cerca de US$ 6.9 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Tecidos de malha; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Pérolas, pedras preciosas e semipreciosas; Tecidos de algodão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Óleos essenciais e perfumes; Material para impressão; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sumos de frutas e de vegetais; Artigos de plástico; Produtos comestíveis e preparações; Energia; Calçado; Refeições à base de cereais e farinha; Bebidas alcoólicas; Produtos diversos das indústrias químicas; Mobiliário e peças; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Tules, rendas, fitas e outras mercadorias pequenas; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Tecidos artificiais; Cobre; Equipamento de telecomunicação; Peças e acessórios dos veículos; Outros produtos químicos orgânicos. Do total dos produtos importados pela Zâmbia aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 8.2 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 61% das importações, no montante de cerca de US$ 5 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Minérios de cobre e seus concentrados; Óleos brutos de petróleo e outros; Máquinas para a construção civil; Elementos químicos inorgânicos, óxidos e sais de halogéneo; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Cobre; Fertilizantes; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Minérios e concentrados de metais básicos; Equipamento de telecomunicação; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos automóveis para transporte de pessoas; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Estruturas e peças de ferro, aço e alumínio; Bombas de água; Metais comuns; Produtos diversos das indústrias químicas; Tubos e perfis ocos, Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Máquinas para a construção civil; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Trigo e centeio em grão; Equipamento de telecomunicação; Embarcações; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Automóveis; Açúcar, melaço e mel; Produtos laminados planos de ferro, aço não ligado e não revestido; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Motocicletas e velocípedes; Outras matérias plásticas em formas primárias; Fertilizantes; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Máquinas e aparelhos elétricos; Artigos de plásticos; Geradores; Polímeros de etileno, em formas primárias; Metais comuns; Máquinas de processamento de dados; Semirreboques. Do total dos produtos importados pelo Zimbabué aos seus parceiros comerciais no total de cerca de US$ 4.4 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 52% das importações, no montante de cerca de US$ 2.3 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Fertilizantes; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Equipamento de telecomunicação; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Máquinas para a construção civil; Milho; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Trigo e centeio em grão; Sabonetes, produtos de limpeza e de polimento; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Açúcar, melaço e mel; Farinha de trigo e farinha de trigo com centeio; Tabaco; Níquel minérios e concentrados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Energia; Produtos comestíveis e preparações; Automóveis; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Artigos de plástico; Papel e cartão; Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais; Sais metálicos e 73

74 acessórios, ferro e aço; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Produtos laminados planos de ferro e aço, revestidos, folheados; Automóveis; Ferramentas mecânicas, outras; Peças e acessórios de veículos. peroxossais, de ácidos inorgânicos; Tecidos artificiais. Países analisados autonomamente Do total dos produtos importados por Moçambique aos seus parceiros comerciais no total de US$ 6 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 51% das importações, no montante de US$ milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Do total dos produtos importados a África do Sul aos seus parceiros comerciais no total de US$ 124 mil milhões, identificamos de seguida, por ordem decrescente, os 25 principais produtos que representam 43% das importações, no montante de US$ 54 mil milhões, e a negrito os produtos que poderão representar oportunidades de exportação para as empresas portuguesas: Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Energia; Veículos a motor para transporte de mercadorias; Máquinas para a construção civil; Arroz; Trigo e centeio em grão; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares; Fertilizantes; Equipamento de telecomunicação; Eixos de transmissão; Alumínio; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Produtos residuais de petróleo; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Carvão; Gorduras vegetais e óleos, refinado; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Máquinas e aparelhos elétricos; Produtos laminados planos de ferro e aço; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Tubos e perfis ocos, acessórios de ferro e aço; Veículos automóveis para transporte de pessoas; Sabonetes, limpeza e de polimento; Mobiliário e peças. Óleos brutos de petróleo, materiais em bruto; Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70%; Veículos para transporte de pessoas; Equipamento de telecomunicação; Máquinas para a construção civil; Máquinas de processamento de dados; Medicamentos (incluindo medicamentos veterinários); Veículos a motor para transporte de mercadorias; Peças e acessórios dos veículos; Aeronaves e equipamentos associados; Outras máquinas e aparelhos para as indústrias; Turbinas a vapor e componentes; Aparelhos de medição, análise e controle; Máquinas e aparelhos elétricos; Calçado; Equipamento mecânico e componentes; Peças e acessórios para máquinas; Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis; Papel e cartão; Bombas, compressores de gás e ventiladores; Equipamentos de aquecimento e refrigeração; Produtos diversos da indústria química; Pneus de borracha e câmaras-de-ar; Fertilizantes; Arroz. 74

75 2.África do Sul O país com maior peso na região 75

76 2. África do Sul. O país com maior peso na região 2.1. Macroeconomia PIB da economia Sul-Africana A África do Sul é o país com maior peso na região, representando mais de 59% do PIB da SADC. Gráfico 40 Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC 41 Maurícia 1.61% Namíbia 1.97% Congo R.D 2.75% Botsuana 2.22% Suazilândia 0.58% Moçambique 2.24% Malauí 0.66% Madagáscar 1.53% Lesoto 0.38% Seicheles 0.16% Tanzânia 4.35% Zâmbia 3.18% Zimbabué 1.66% Angola 17.57% África do Sul 59.14% A economia da África do Sul 42 é a maior e mais sofisticada do continente Africano, representando cerca de 34% do PIB da África Subsaariana e 59% do PIB da SADC. É uma economia abundante em recursos naturais, como platina, ouro, diamantes e carvão, dispõe de uma razoável rede de infraestruturas e transportes e apresenta um sistema financeiro bastante desenvolvido. A sua importância no continente Africano foi confirmada pela inclusão no acrónimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - South Africa). 41 World Bank 42 Fonte: FMI (Fundo Monetário Internacional), IFI (Instituto de Finanças Internacionais), Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul, e Análise BPI agosto

77 Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$ PIB per capita (USD) Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB PIB (variação anual) 5,591 5,766 7,265 7,951 7, Após o decréscimo do PIB registado em 2009 a trajetória de crescimento do PIB recuperou, em parte como resultado do conjunto de políticas governamentais de estímulo fiscal e da recuperação da procura interna, por via da realização do Mundial de Futebol. Em 2011 o crescimento do PIB de 3.5% (segundo o FMI e o IFI), resulta da contribuição positiva das exportações (evolução dos preços das commodities), mas também da procura interna. O setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo contribuído em 2010 com cerca de 8,6% para o PIB e em 2011 com cerca de 10% (Análise BES 2012). A importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país bastante rico em recursos minerais. Em 2010, o país foi o maior produtor mundial de crómio, o maior produtor de platina (com uma quota mundial de 76%), o 5º maior produtor de ouro e o 4º maior produtor de diamantes (em volume e valor). Para além deste setor, aqueles que têm maior peso no crescimento económico do país são as infraestruturas (transportes, energia, comunicações e habitação social), a agricultura e o turismo Orçamento Geral do Estado 43 A situação orçamental da África do Sul é sólida, muito embora se tenha registado uma ligeira quebra no exercício de O défice do setor público administrativo aumentou ligeiramente de 4.1% do PIB em 2011, para 4.2% do PIB em Os maiores défices orçamentais recentes foram consequência de medidas anticíclicas do Governo, que visaram apoiar o crescimento e o emprego. Assim, a despesa pública governamental aumentou, tendo subido de 20% do PIB em 2011, para 29,9% em O Governo previu para o ano de 2013 um aumento na despesa pública. No entanto, tudo indica que este aumento está a decorrer a um ritmo inferior quando comparado com os resultados do exercício anterior, e com as previsões orçamentais. Apesar da economia Sul-Africana ter continuado a crescer desde a recessão de 2009, o ritmo moderado do seu crescimento tem afetado negativamente as receitas, tendo a economia sido afetada pela instabilidade no mercado laboral e pela diminuição dos preços nas matérias-primas. A degradação contínua do crescimento económico verificada nos principais parceiros comerciais do país também não contribuiu para inverter esta tendência. 43 Fontes: African Economic Outlook; Relatório Económico Anual Banco Central da África do sul,

78 Dívida Pública externa e interna 44 A dívida pública interna aumentou substancialmente, tendo passado de cerca US$ 87 mil milhões em 2011, para cerca de US$ 105 mil milhões em A dívida nacional corresponde a 90% do endividamento total. Devido à natureza da moeda nacional e dos mercados de capitais, a fonte de financiamento primária para o défice orçamental continua a ser a contratação de empréstimos internos através de uma combinação de títulos do Tesouro, de obrigações de taxa fixa, e de obrigações indexadas à inflação. A dívida pública externa reduziu de 3,8% do PIB em 2011, para 3,7% em 2012, enquanto a dívida externa total passou de 27% (US$ 50,9 mil milhões) do PIB em 2011, para 29,2% (US$ 53,3 mil milhões) em O rácio do serviço da dívida (que avalia a proporção das receitas da exportação necessárias para pagar o serviço da dívida), aumentou de 93.8% em 2011, para 96.4% em O aumento da dívida externa deveu-se, em grande parte, ao aumento do financiamento junto dos mercados de capitais internacionais pelo Governo, pelo setor bancário, e através de financiamento externo com vista a financiar investimentos em infraestruturas. A Moody s desceu a notação do crédito soberano da África do Sul em um nível - de A3 para Baa1, bem como as notações dos depósitos externos das principais instituições financeiras e dos bancos comerciais. Cumpre informar que as notações revistas, emitidas pela Moody s, estão alinhadas com as notações das outras principais agências de notação de risco de crédito, sendo improvável que afetem o acesso do país aos mercados de crédito internacionais. A estratégia para a gestão da dívida faz parte integrante das amplas políticas de sustentabilidade do Governo, sendo de destacar afixação dos objetivos líquidos de financiamento, que incluem projeções detalhadas de componentes internos e externos, a longo e a curto prazo (para um período de três anos). O total da dívida bruta aumentou de cerca US$ 97 mil milhões, a 31 de março de 2011, para US$ 119 mil milhões em Fonte: African Economic Outlook 78

79 2.2. Estrutura produtiva PIB por Setor O papel do Governo é relevante ao ponto de assegurar 40%, do investimento na Economia. Conforme referido, os serviços financeiros e o imobiliário desempenham um papel de relevo no desenvolvimento da África do Sul, sendo um dos setores determinantes na contribuição para o PIB. O crescimento do setor deveu-se, em grande parte, a um aumento da atividade dos bancos comerciais. De salientar que a África do Sul dispõe de uma estrutura financeira sofisticada, sendo a Bolsa de Valores de Joanesburgo (JSE Limited) a maior de África. Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor 2011 Serviços Pessoais 13% 10% 2% 7% 16% Serviços Públicos Serviços Financeiros e imobiliário Transportes e comunicação Turismo e Comércio 3% 5% 21% Construção Eletricidade, gás e água 15% 8% Indústria Transformadora Mineração Agricultura, pescas e florestas No setor dos serviços, o turismo vem-se apresentando como um importante setor na sua Economia, contribuindo fortemente para os níveis de emprego. Em 2011, a África do Sul posicionava-se, no ranking mundial dos destinos turísticos, em 31º lugar, o 2º destino mais visitado do continente Africano (depois de Marrocos). A indústria extrativa tem um peso preponderante no PIB sul-africano. Em 2011, o setor mineiro contribuiu 10% para o PIB do país, estimando-se que com os efeitos indiretos destas contribuições ascendam a 20%. O setor empregou cerca de 520 mil pessoas em 2011, aumentando para 525 mil empregados em Em 2011, a África do Sul foi considerada a 5ª maior produtora de ouro, com uma quota mundial de 6,8% (tem vindo a reduzir os níveis de extração nos últimos anos) e a 4ª maior produtora de diamantes em valor (apresentando uma quota mundial de 9,87% 46 ). A agricultura, ao contrário do que sucede no resto do continente Africano, tem um peso diminuto no PIB do país. No entanto, a África do Sul não deixa de ter relevantes fundações agrícolas. Neste setor destaca-se o vinho, ocupando o país, em 2010, o 7º lugar do ranking mundial de produção, com uma quota mundial de 3,5%.Para além disso, é considerado o principal produtor de milho na região SADC. Com uma balança 45 Facts about South African Mining-August 2013, Câmara de Minas da África do Sul 46 BES Research Africa do Sul, Junho 2013; Kimberley Process Certification Scheme available at: 79

80 agrícola positiva de (2011/2012), África do Sul apresenta uma estrutura agrícola positiva, realçando a capacidade de autoabastecimento agrícola Composição do Setor Empresarial do Estado O Departamento de Empresas Públicas (Department of Public Enterprises DPE) é o representante do Governo com responsabilidade pelas seguintes empresas detidas pelo Estado (State Owned Companies - SOC): Setor da Energia e Extração Mineira - Eskom e Alexkor; Setor da Produção - Denel, Safcol e Broadband Infraco; Setor dos Transportes - South Áfrican Airways, Transnet e South Áfrican Express Airways. Estas empresas têm um papel fundamental no crescimento económico do país, e um peso muito importante em vários domínios da região da África Subsariana. A Eskom é responsável por 95% da energia usada na África do Sul e por cerca de 45% da energia usada em todo o continente Africano. Estas empresas são responsáveis pelo desenvolvimento de infraestruturas chave e contribuem para o aumento da capacidade de produção do país por exemplo, a principal filial da Safcol, a Komatiland Forests, detém 80% da companhia de florestas moçambicana - Indústrias Florestais de Manica -, tendo um papel vital no desenvolvimento rural e na redução do desemprego local. Os investimentos em infraestruturas são um elemento fulcral da estratégia de crescimento, e as empresas detidas pelo Estado estão a implementar programas por forma a assegurar que são criadas oportunidades sustentáveis para investir. O objetivo deste departamento é o de impulsionar o investimento e a produtividade, e transformar o leque de empresas do Estado, bem como os seus clientes e fornecedores, por forma a incentivar o crescimento, industrialização, criação de novas empresas e o desenvolvimento de novas competências. Para que tal aconteça, os objetivos e atividades do departamento deverão estar em linha com os do Governo. 47 Conclusões com base nos dados do Economic Review of the South African Agriculture 2011/

81 2.3. Política económica Perspetivas futuras Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB ( ), África do Sul 48 As perspetivas de crescimento futuro continuam a refletir uma incapacidade estrutural do país em retomar o crescimento registado na última década. Para 2014, a média das previsões de instituições internacionais aponta para um crescimento de 3,5%, ainda que o cenário do FMI aponte para um crescimento de 2,0%, e para 2015 as instituições internacionais esperam um crescimento de 3,7%, prevendo o FMI um crescimento de apenas 3,4%. A desaceleração da Economia da África do Sul é consistente com o abrandamento da taxa de crescimento dos BRICS e da economia mundial. O retomar das taxas de crescimento de 5%, encontra-se pois dependente de alterações da estrutura económica, e também da conjuntura mundial. Vários são os fatores limitativos do potencial crescimento da África do Sul: um mercado de trabalho ineficiente, com grande falta de formação técnica e infraestruturas deficitárias e degradadas. Por outro lado, as elevadas taxas de criminalidade, corrupção, ineficiência das entidades públicas e um crescimento mundial mais fraco, continuarão a atrasar o crescimento do país. No entanto, verificam-se alguns aspetos positivos como, designadamente, a expansão da classe média, que deverá estimular o consumo privado de bens duradouros e serviços e a melhoria de redes de transporte e estações elétricas que deverão permitir um reforço gradual da atratividade ao investimento externo Prioridades estratégicas da África do Sul Embora tenham ocorrido avanços significativos em determinadas áreas, a África do Sul continua a debater-se com desafios significativos. A maior economia Africana, e a 28º do mundo, enfrenta um alto nível de desemprego, sobretudo jovem, uma população que vive com escassos rendimentos (contextos que explicam os elevados índices de criminalidade); para além de questões de saúde pública, nomeadamente o ainda significativo flagelo da incidência de VIH. A fraca qualidade do ensino e lacunas ao nível da educação contribuem também para o posicionamento mais frágil em termos de desenvolvimento. A nível económico, pontua a dificuldade sentida nos últimos anos em alcançar patamares de expansão mais robustos, que permitam sustentar a trajetória de desenvolvimento e prosseguir na senda do crescimento. Neste ponto, entre os fatores que mais contribuem para esta situação, destacam-se a deficiente oferta de energia elétrica, causando roturas nos transportes e na atividade económica; o comportamento volátil do setor de extração e transformação de minério; o impacto desfasado das políticas económicas restritivas antes da crise de 2008; e o recuo da procura externa e dos preços das commodities nos mercados internacionais. Mais recentemente, o Governo Sul-Africano anunciou as linhas gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento (NDP) para Fonte: FMI, IFI, Análise do Orçamento de Estado de 2012 da República da África do Sul - BPI Research agosto

82 Plano Nacional de Desenvolvimento: Uma estratégia para o crescimento e desenvolvimento 49 O Orçamento para 2013 consubstancia os objetivos estratégicos de crescimento e redução da pobreza definidos no Plano Nacional de Desenvolvimento ( NDP, na sigla original). O NDP, criado com o objetivo de introduzir uma estratégia de longo prazo para um combate definitivo à pobreza e para reduzir as desigualdades sociais até 2030, tem como principal foco (i) a melhoria do bem estar da população, (ii) a redução dos custos associados à realização de negócios, (iii) o aumento das exportações e (iv) a criação de mais emprego, com o objetivo último de tornar o crescimento económico mais inclusivo. Plano Nacional de Desenvolvimento África do Sul: 10 Ações Prioritárias 1. Criação de um pacto social (entre o Governo, setor privado, sindicatos e a sociedade civil) para reduzir a pobreza e as desigualdades, com o objetivo de impulsionar o investimento e o crescimento económico; 2. Definição de uma estratégia para erradicar a pobreza e os seus efeitos que passe por reduzir o desemprego, reforçar o salário mínimo nacional, desenvolver a rede de transportes públicos e aumentar o rendimento dos trabalhadores em zonas rurais; 3. Melhoria da gestão e responsabilidade do serviço público, a coordenação do Governo com outras áreas e eliminação da corrupção; 4. Impulso ao investimento em setores com maior intensidade de trabalho (com especial foco na criação de emprego para os mais jovens), impulso da competitividade do país e das exportações; 5. Desenvolvimento do sistema educativo; 6. Desenvolvimento do sistema de saúde, através da modernização das infraestruturas de apoio à saúde pública, de uma maior formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde e da redução do custo dos seguros privados de saúde (em relação aos seguros públicos); 7. Impulso ao desenvolvimento em infraestruturas até 10% do PIB; 8. Assegurar a sustentabilidade ambiental e a capacidade de proteção contra choques externos; 9. Reforma do espaço geográfico, aumentando a densidade populacional das cidades, melhorando o sistema de transportes, criando empregos mais próximos das zonas residenciais e desenvolvendo o mercado imobiliário; e 10. Redução da criminalidade através do reforço da justiça criminal e da melhoria do ambiente comunitário. As ações prioritárias têm por base um conjunto de medidas e objetivos futuros definidos pelo Governo, até 2030 nas diversas dimensões. Economia O PIB deverá aumentar 2,7 vezes em termos reais, o que implica uma taxa de crescimento médio anual do PIB de aproximadamente 5,4%. O PIB per capita deverá aumentar de R por pessoa, em 2010, para R por pessoa em 2030 (preços constantes); As exportações (medidas em volume) deverão registar uma taxa de crescimento de 6% ao ano em 2030, com a rubrica das exportações não tradicionais a crescerem cerca de 10% ao ano; As poupanças nacionais deverão aumentar de 16% do PIB para 25% do PIB até 2030; Comércio O nível da formação bruta de capital fixo deverá crescer de 17% para 30%, com o nível de investimento fixo do setor público a aumentar cerca de 10% até O comércio intrarregional da África Austral deverá aumentar, de 7% para cerca de 25% até 2030; Aumento estimado do comércio intrarregional na África Austral de 7% para 25% em Fontes: NDP 2030 Governo África do Sul / BPI Research agosto

83 O comércio da África do Sul com os países vizinhos deverá aumentar de 15% para 30% até Emprego A taxa de desemprego deverá baixar de 24,9% em 2012 (junho 2012) para 14% em 2020 e 6% em Seguindo estas previsões, o emprego total deverá aumentar de 13 milhões para 24 milhões de pessoas empregadas; A percentagem da população adulta a trabalhar deverá aumentar de 41% para 61% até 2030; A percentagem da população adulta a trabalhar, nas áreas rurais, deverá aumentar de 29% para 40% até 2030; Os programas do Governo para o apoio ao emprego deverão atingir 1 milhão de pessoas em 2015 e 2 milhões de pessoas até Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, 2030 Objetivos Taxa de desemprego (%) 25% 20% 14% 6% Emprego (milhões) 13 15,8 18,9 23,8 Energia A proporção de pessoas com acesso à rede elétrica deverá aumentar pelo menos 90% até 2030 (segundo dados da IEA, World Energy Outlook 2011, a taxa de eletrificação na África do Sul é de cerca de 75% nas zonas urbanas / centrais, e o número de pessoas sem eletricidade é de cerca de 12.3 milhões). Até 2030, a África do Sul precisará de mais MW de eletricidade disponível, e será dada maior importância ao setor das energias renováveis. Este deverá registar um desenvolvimento considerável até Água Assegurar que toda a população tenha acesso a água limpa e potável, (estima-se que cerca de 94% da população tenha acesso a água potável, de acordo com o Department water affairs Rep of South África) e que este recurso é suficiente para satisfazer as necessidades relativas à agricultura e indústria. Transportes Futuramente, a percentagem de utilizadores de transportes públicos no seu dia-a-dia deverá aumentar substancialmente. Um dos objetivos do Governo para 2030 é tornar os transportes públicos mais amigos do utilizador e do ambiente e mais económicos. Portos É esperado um aumento da capacidade portuária de Durban, de aproximadamente 3 milhões de contentores por ano para 20 milhões em O porto de Durban concorre diretamente com o Porto de Maputo no qual foi anunciado em 2011 um investimento de US$ 750 milhões até

84 2.4. Infraestruturas e energia Panorâmica das infraestruturas na África do Sul Situada no extremo sul do continente Africano, a África do Sul faz fronteira com a Namíbia, o Botsuana, o Zimbabué e Moçambique, possuindo uma área de 1,1 milhões de quilómetros quadrados. Desde as eleições de 1994, que o país se encontra dividido em nove províncias distintas. A densidade populacional, como se poderá apreender da tabela ao lado, varia bastante de província para província Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC,

85 Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas 50 Província População (2011) Área (km²) Densidade populacional (por km²) Gauteng KwaZulu-Natal Mpumalanga Western Cape Limpopo Eastern Cape North West Free State Northern Cape África do Sul A atual degradação de infraestruturas é comumente apontada como um constrangimento ao crescimento (destacando-se o défice na rede de fornecimento elétrica, na rede de transportes e nas rodovias), o que é ampliado pelo fraco investimento no desenvolvimento das estruturas de apoio à capacidade produtiva. Note-se que de acordo com o índice de Competitividade Global do World Economic Fórum para , a África do Sul está, a nível de infraestruturas, acima do nível padrão da região. Mas, ainda assim, o país encontra-se posicionado em 63.º lugar (de um total de 144 países). As suas infraestruturas requerem manutenção, e muitas delas encontram-se obsoletas. Apesar de em 2012 o investimento público ter aumentado em estradas, linhas ferroviárias, em portos e no setor energético, continua a existir falta de dinamismo no setor, muito devido aos baixos níveis de investimento privado. Na tabela seguinte pode-se ver o investimento público previsto em infraestruturas, por setor, entre 2010 e Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, (US$M) Setor Total Serviços Económicos 677 Energia Água e saneamento 75.2 Transporte e logística Outros serviços económicos 43.6 Serviços sociais Saúde 36.0 Educação 40.7 Serviços às comunidades Fonte: Census Fonte: Análise do Orçamento de Estado para

86 Energia O setor elétrico na África do Sul é dominado pela Eskom, que detém e opera a maioria das infraestruturas elétricas, fornecendo 95% da energia do país. O índice Doing Business de 2013 do Banco Mundial, estabelece que um dos aspetos mais negativos no investimento na África do Sul está relacionado com a obtenção de eletricidade, encontrando-se o país em 150.º lugar (de 185.º posições possíveis). As infraestruturas elétricas deficitárias constituem graves obstáculos à produção, especialmente quanto à produção mineira. Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul 52 Como resultado de baixos investimentos no setor, o total de energia passível de distribuição é inferior aos níveis de O país não se encontra capaz de gerar a energia necessária para fazer face à procura, acrescendo ainda que, reflexo do avançado estado de degradação das infraestruturas, a Eskom, empresa de distribuição elétrica Sul- Africana, não tem conseguido responder às necessidades da população. A falta de manutenção adequada tem resultado numa recorrência cada vez maior nos cortes energéticos imprevistos, reduzindo assim a capacidade elétrica nacional. As reservas marginais de energia da Eskom têm vindo a descer abaixo de 1% nos passados meses, o que, quando comparado com uma norma internacional de 15% não deixa de ser preocupante. 52 Fonte: Eskom (2011) 86

87 Apesar de a Eskom deter o monopólio no setor, existem hoje expetativas claras relativas à alteração das regras que vigoram presentemente, e à implementação de regulação económica neste âmbito, visando a quebra do atual monopólio na energia Sul-Africana. Transportes Os transportes, a par da energia, são o setor que tem atraído maior atenção por parte do Governo, por se estabelecer como uma área bastante deficitária. Cumpre salientar as seguintes caraterísticas da rede ferroviária da África do Sul (figura abaixo): Ligação dos oito principais portos marítimos ao interior do país; Os comboios de passageiros e de mercadorias utilizam as mesmas linhas ferroviárias (pelo menos em serviços intercidades); e Ligação da África do Sul à Namíbia, ao Botsuana, a Moçambique e ao Zimbabué (e através do Zimbabué, liga o país à Zâmbia). A linha ferroviária percorre ainda a Suazilândia. A rede ferroviária Sul-Africana é constituída por quase 21 mil quilómetros de linha (num total de mais de 30 mil quilómetros, quando consideramos as rotas ferroviárias principais que têm linhas duplas). Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos 53 Na África do Sul existem oito principais portos marítimos comerciais (cuja localização pode ser vista na figura ao lado): Durban; Baía de Richards; Cidade do Cabo; Baía de Saldanha; Nggura / Coega; Porto de East London; Baía de Mossel; Porto Elizabeth. Os portos sul-africanos encontram-se divididos em três grupos: ocidentais, centrais, e orientais. A divisão geográfica decorre da respetiva área de influência que cada porto serve. Os vários portos encontram-se ligados, por corredores, aos centros industriais e mineiros de Gauteng e Mpumalanga, sendo a operação dos portos efetuada na sua maioria pela Transnet (que detém uma posição dominante nos portos Sul-Africanos). 53 Fonte: Transnet, Ltd (2010) 87

88 Considerando que os portos são compostos por uma mistura complexa de infraestruturas físicas e serviços operacionais, a sua eficácia é avaliada através da eficiência com que os portos conseguem servir quem os utiliza, criando assim valor para a economia nacional. De referir que os portos sul-africanos abrangem várias funções enquanto uns estão focados quase exclusivamente em produtos a granel, outros dão apoio apenas a determinados setores (a Baía Mussel, por exemplo, presta apoio à indústria off-shore petrolífera). Existem portos que, por outro lado, se especializam num só tipo de carga. Porto Baía de Richards e Durban Baía de Richards e de Saldanha Durban e Baía de Saldanha Durban e Porto de East London Durban e Cidade do Cabo Categoria de mercadorias por porto e suas especializações 65% de todo o fluxo de carga e passageiros 80% de carga de granéis sólidos (principalmente minérios) 84% de granéis líquidos 98% de todas as importações e exportações de veículos 82% do comércio de contentores Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) Fontes: Trasnet, Ltd,

89 Porto Principais características Durban Baía de Richards Cidade do Cabo É o porto que oferece o maior leque de infraestruturas e serviços em todo o país. Entre os principais produtos movimentados contam-se os contentores, veículos, grãos (arroz e milho), produtos florestais (incluindo aparas de madeira), granéis líquidos (petróleo bruto, produtos petrolíferos e químicos), carvão, fertilizante, aço, fruta, açúcar e passageiros (incluindo navios de cruzeiro). O porto pertence à Transnet, através da Associação Nacional dos Portos, ainda que alguns terminais sejam operados por empresas privadas. Maior porto de granéis sólidos do país. A carga a ser movimentada neste porto tem crescido, uma vez que muitas empresas têm estado a sair de Durban (devido ao ambiente menos congestionado à volta da zona de Richards). O comércio do porto é dominado por exportações de carvão e de fluxos de granéis sólidos. Não tem a relevância do porto de Durban e da Baía de Richards em termos de comércio nacional, servindo uma função mais regional. Não obstante, e estando localizado na muito preenchida rota marítima oriental-ocidental, desempenha um papel relevante enquanto centro de transbordo para mercadoria destinada à África Ocidental. Mais do que uma infraestrutura facilitadora do comércio, o Porto da Cidade do Cabo dispõe de atividade piscatória, reparação de navios e instalações de lazer. Desempenha um importante papel na reparação de navios, especialmente nos setores da indústria petrolífera, diamantífera e piscatória do Atlântico Sul. Baía de Saldanha É o porto com maior profundidade do país, estando apto a receber embarcações até 21,5 m de calado. Grande parte da carga que passa pelo porto é a granel. Porto Elizabeth Tem seis terminais, que servem diferentes funções (de contentores, de carga a granel, de carga a granel fracionada, de veículos, de navios petroleiros, e de produtos alimentares frescos). Os terminais do porto estão, na sua maioria, equipados com carros e guindastes pórticos de última geração. Os principais bens a serem transacionados no porto são carga contentorizada (destinada tanto a exportações como a importações), apoiando a indústria automóvel, bem como as exportações de minério de manganês. Está previsto um plano de expansão para o porto. Nggura / Coega É o porto mais recente do país, tendo começado a sua atividade em outubro de Fica apenas a 20 km nordeste do porto Elizabeth. Porto de East London É, atualmente, o único porto fluvial do país. Dispõe de um terminal multiusos (incluindo um terminal de contentores), um terminal de granel, e um terminal de veículos. As exportações e importações de veículos são hoje a principal atividade do porto. Baía de Mossel É quase totalmente dedicado a prestar apoio à indústria off-shore petrolífera. Relativamente à rede rodoviária Sul-Africana, esta compreende, aproximadamente, 154 mil quilómetros de estradas pavimentadas, e 454 mil quilómetros de estradas de cascalho. As estradas são classificadas como estradas nacionais, provinciais ou municipais. 89

90 Existem, no entanto, estradas não reclamadas cuja dimensão ascende aos quilómetros e que se encontram normalmente nas áreas rurais do país. Não são incluídas nas contagens oficiais, nem existe qualquer entidade responsável pela sua manutenção. A má condição da rede rodoviária Sul-Africana é geral, mas afeta mais gravemente as estradas de cascalho localizadas na província. Para além de melhorias na qualidade da rede rodoviária, mostra-se também necessário um planeamento de acesso a estradas rurais, que assegurem ligações a estradas provinciais e distritais, possibilitando um acesso eficiente a localidades mais dispersas, e com baixa densidade populacional. A deterioração das estradas sul-africanas acarreta três principais consequências: Estima-se que o custo para reparar a deterioração sofrida é, á data, sete vezes maior do que se a manutenção tivesse sido feita atempadamente; Os custos pelos utilizadores numa estrada em más condições são o dobro quando comparados com uma estrada em boas condições; e A acumulação do investimento subiu aos R 65 mil milhões em Apesar da condição das estradas Sul-Africanas se ter deteriorado devido à sobreutilização e parco investimento há, contudo, estabilidade na condição dos eixos rodoviários principais (como resultado de investimentos mais elevados ao longo dos últimos anos). Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas 55 A distância entre Maputo e Joanesburgo é de cerca de 460 kms. O principal eixo rodoviário que liga estas duas cidades é a estrada N4/EN4 passando pelo eixo principal de Lebombo, conhecida em Moçambique como Ressano Garcia. A estrada entre Maputo e Joanesburgo é alcatroada e dispõe de facilidades de acesso, como postos de combustíveis. É um dos principais eixos viários do país e é muito utilizada por camiões de carga provenientes da África do Sul. Em termos ferroviários são necessárias melhorias na qualidade do serviço oferecido aos utilizadores da rede, e na capacidade operacional da rede ferroviária. 55 Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 90

91 Uma vez que é dada prioridade, na rede ferroviária Sul-Africana aos comboios de mercadorias, a maioria dos comboios de passageiros estão limitados à velocidade máxima de 70 km/h. Assim, o período de viagem em comboios tem-se revelado mais longo quando comparado a viagem por autocarro. Mostram-se ainda prementes alterações institucionais que visam tornar a rede ferroviária mais eficiente, como por exemplo a introdução de um regulador económico para o efeito, separando-se a gestão das infraestruturas das operações, e publicitando-se o papel desempenhado pela rede ferroviária no comércio internacional sul- Africano. Mais, 78% da rede ferroviária do país já ultrapassou os vinte anos de vida útil inicialmente previstos, o que indica necessidades urgentes de reabilitação. Água e saneamento 56 A África do Sul é um dos países onde a água mais escasseia, sendo que, dentro da SADC, é o membro que utiliza, em maior grau, os seus recursos hídricos. Os rios e as barragens sustentados pela água da chuva constituem a maior fonte de água, o que não tem chegado para colmatar as necessidades do país (sendo que a água existente para consumo é mal repartida entre a população). A escassez da água representa um dos maiores obstáculos em termos de infraestruturas. As suas bacias hidrográficas já estão totalmente utilizadas. Cerca de 77% da água da superfície (armazenada em barragens e rios) está a ser usada. O Governo definiu 2014 como meta para garantir o financiamento dos serviços básicos de abastecimento de água e saneamento a todos os cidadãos sul-africanos. Em 2013, 74% da população Sul-Africana dispõe de acesso a saneamento básico no país. 57 TIC 58 As telecomunicações são dominadas pelo setor privado, apesar de o Governo exercer uma influência significativa através de políticas nacionais e regulamentação. Estima-se que 17,4% 59 da população tenha acesso à internet, sendo que existem dois sistemas de acesso digital no país: A internet; Os sistemas móveis. O setor encontra-se atualmente numa fase decisiva da evolução para a internet de banda larga, encontrandose os operadores de telecomunicações a investir em novas infraestruturas. As redes móveis não estão a conseguir acompanhar a procura que tem havido pelos seus serviços. Por outro lado, grande parte da população continua sem acesso à internet de banda larga, tendo vindo a ser alocados recursos para a criação de uma infraestrutura digital nacional. 56 Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 57 Fonte: Organização Mundial de Saúde, Estatísticas Mundiais de Saúde, Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 59 Estatísticas Mundiais da Internet,

92 É pouca a população Sul-Africana que atualmente tem acesso a computadores, ou a dispositivos de utilizadores finais, havendo uma repartição inapropriada de recursos. Mas, e não obstante, o futuro não deixa de ser otimista estima-se que a maioria da população adulta estará a utilizar a internet no final da década. A África do Sul tem o objetivo claro de reforçar a sua centralidade em África, apoiando a cadeia de valor do setor da construção e promovendo a exportação de serviços 2.5. Grandes projetos de investimento previstos com infraestruturas 60 A criação e a coordenação das políticas comerciais e industriais na África do Sul está a cargo do Departamento de Comércio e Indústria (DTI). Entre os cinco objetivos estratégicos do DTI, encontra-se o estabelecimento de um ambiente regulatório justo que tenha em vista possibilitar o investimento, o comércio e o desenvolvimento empresarial de modo equitativo e socialmente responsável. Neste âmbito, são também de destacar outros departamentos e agências responsáveis por iniciativas marcantes quanto às políticas de comércio e de investimento, entre as quais se contam o Departamento do Tesouro Nacional, o da Agricultura, o de Saúde e o de Assuntos Minerais e Energéticos. O Banco Central desempenha, naturalmente, um papel decisivo no desenvolvimento destas iniciativas. Note-se que a África do Sul possui diversos acordos que complementam os tratados multilaterais, sendo de destacar o Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (ACDC), assinado em 1999 com a União Europeia (UE), configurando esta última não só a principal fonte de IDE do país, mas ainda o principal parceiro comercial da África do Sul. O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) para 2030, elaborado em finais de 2011, contribuirá em larga medida para o investimento e correspondente desenvolvimento em infraestruturas a curto prazo, prevendo-se um investimento para os próximos três anos o equivalente a 25,8% do PIB de 2012/ Do valor global do investimento estima-se que parte do investimento projetado (cerca de 4%) possa ocorrer por recurso a PPPs. 60 Fonte: África do Sul Perfil e Oportunidades Comerciais, 2011 (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) 61 Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul 92

93 Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas) 62 Departamentos Provinciais 22% Autoridades locais 48% Instituições fora do orçamento 18% Parcerias Público-Privadas 4% 5% Empresas públicas não-financeiras Este investimento deverá resolver, ainda que parcialmente, os problemas ao nível da produção e do fornecimento de eletricidade, dos transportes, dos combustíveis, e da captação e distribuição de água e alojamento. Energia Dado o crescimento económico da África do Sul, e dadas as necessidades energéticas do país, há um conjunto de medidas que se encontram a ser adotadas de modo a aumentar a capacidade de produção e distribuição de energia elétrica. Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica Objetivo Pretende-se que a escassez de energia não constitua um entrave ao potencial crescimento da economia. Medidas Políticas Aumentar a proporção da população com energia elétrica Redução da intensidade energética Desenvolvimento das infraestruturas de transmissão Redução da utilização do carvão Maior recurso ao gás e às energias renováveis Estas medidas integram-se no Plano de Desenvolvimento Nacional e em projetos específicos que permitirão atingir os índices de capacidade e distribuição necessários ao país. Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético 63 Projeto Plano de Desenvolvimento Nacional para 2030 Funcionamento das estações de energia elétrica de Kesuli e de Medupi (que irão adicionar MW à capacidade de distribuição da Eskom, cada uma) Montante Até 10% do PIB US$ 1.4 mil milhões 62 Fonte: Análise Orçamental de 2012 do Tesouro Nacional 63 Fonte: E.E.F., Mercados Financeiros (África do Sul) agosto 2013, BPI; Financing of Kusile and Medupi Power Plants a research paper prepared for BankTrack and Pacific Environment, Profundo Economic Research, outubro

94 Transportes Igualmente, o crescimento económico de África do Sul tem vindo a revelar uma crescente necessidade de aumentar a eficiência dos transportes. Nesse sentido há um conjunto de medidas programáticas que orientam os investimentos no setor dos transportes. Tabela 10 - Eficiência dos transportes Objetivo Melhorar a eficiência da rede rodoviária, dos portos e da rede ferroviária Medidas Políticas Aumentar a capacidade ferroviária Recapitalização total da frota ferroviária Expansão dos terminais dos portos, ampliação dos canais, e reconstrução de algumas estruturas dos portos Promover uma utilização maior dos transportes públicos Melhorias na qualidade da rede ferroviária (ao invés de se aumentar apenas o comprimento das estradas) Estas medidas programáticas irão resultar num conjunto vasto de investimentos que se estima virem a totalizar cerca de US$ 12.5 mil milhões. Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes 64 Projeto Projetos no setor dos transportes públicos Melhorias nos principais portos comerciais do país Projetos no setor rodoviário Montante US$ 9.2 mil milhões US$ 496 milhões US$ 2.8 mil milhões Água e saneamento No setor da água e saneamento há um conjunto de medidas programáticas que visam melhorar o acesso, bem como a própria rede das infraestruturas de saneamento básico. Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico Objetivo Garantir o abastecimento de água e de saneamento básico a todos os cidadãos sul-africanos Medidas Políticas Gestão dos escassos recursos hídricos do país Assegurar que a população tem acesso a água e a saneamento básico Alocação da água mais eficiente Redução de perdas de água 64 Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul; Trasnet, Ltd

95 Para se atingirem estes objetivos o Governo encontra-se a elaborar um programa nacional de gestão de recursos hídricos com medias a médio e longo prazo, ainda não tendo definido o montante global de investimentos. Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento 65 Projeto Programa de gestão dos recursos hídricos Montante n.d. O PND visa ainda incentivar o investimento privado, de forma coordenada com o investimento público (de forma a evitar duplicações) na área dos transportes públicos, no setor das TIC, na área das energias renováveis e no desenvolvimento de mais infraestruturas, promovendo a facilitação para a entrada do investimento privado no país, e o crescimento de parcerias público-privadas (especialmente em matéria de instalação de redes de fibra ótica nacionais, regionais e municipais). 65 Fonte: Fonte: Infraestrutura Económica do Estado da África do Sul: Oportunidades e Desafios de 2012, Presidência da República da África do Sul e Banco de Desenvolvimento da África do Sul. 95

96 2.6. Abertura da Economia e Relações Comerciais A África do Sul apresenta uma economia relativamente aberta, com valores de exportação elevado e diversificado. Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana África do Sul Taxa de câmbio (US$ /ZAR) 8,20 7,23 7,30 8,40 8,23 Inflação 3,40% 4,64% 7,10% 11,54% 7,13% Balança Comercial (em % do PIB) (3,06%) (0,88%) (0,20%) (0,62%) (3,05%) Balança Corrente (em % do PIB) (7,35%) (3,99%) (2,79%) (3,41%) n.d. Fonte: Banco Mundial; OANDA Relativamente à taxa de câmbio, importa referir que vigora um sistema de câmbio flutuante, sem intervenção do Banco Central. O Rand desvalorizou face ao Dólar, comparando com 2009 e 2010, e é expetável que assim permaneça. Ao nível da taxa de inflação identifica-se uma tendência crescente, tendo atingido um pico em 2011 justificado pelo aumento mundial dos preços dos alimentos e do petróleo. A balança comercial apresenta-se continuamente deficitária entre 2008 e 2012, assim como a balança corrente. Importações As importações têm apresentado um ritmo crescente desde 2009, mantendo-se a China e a Alemanha como principais mercados de origem. Tanto a China como a Alemanha exportam, na sua maioria, maquinaria e equipamentos de transporte, tendo representado no primeiro caso 61%, e no segundo caso 46%, em 2012, no total das importações da África do Sul. A África do Sul enquanto plataforma de acesso aos mercados da região da SADC tem um importante papel de destaque dentro da comunidade perante o mercado externo, maximizado pela sua entrada no grupo dos BRIC 96

97 Peso nas importações totais de África do Sul Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Importações Sul-Africanas Top produtos Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, % 140,000 90% 80% 70% 101,640 74,054 94, , , , ,000 Índia 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 5% 3% 3% 4% 4% 5% 6% 5% 5% 5% 8% 8% 7% 8% 7% 6% 5% 4% 4% 8% 11% 12% 11% 11% 10% 11% 13% 14% 14% 14% ,000 60,000 40,000 20,000 - Japão EUA Arábia Saudita Alemanha China Importações Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat As importações Sul-Africanas correspondem essencialmente a maquinaria e equipamentos de transporte e combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados, representando este dois grupos de produtos cerca de 60% do total das importações da África do Sul. Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos Maquinaria e equipamentos de transporte 9% 5% 2% 36% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Químicos e produtos relacionados 11% Bens manufaturados 11% 24% Outros artigos manufaturados Alimentos e animais vivos Matérias-primas (exceto combustíveis) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 O país da CPLP com maior relevo nas importações de África do Sul é Angola, pelas exportações de petróleo, tendo representado 2,25% do total das importações da África do Sul. 97

98 Importações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Em segundo lugar surge o Brasil que apresentou uma maior variedade de produtos exportados para a África do Sul, destacando-se as exportações de carne, açúcar, trigo e Minério de ferro e seus concentrados. Moçambique exportou essencialmente combustíveis minerais: petróleo (50%), gás natural (19%) e eletricidade (15%), em Portugal tem uma dimensão reduzida no global das trocas, principalmente em 2012, representando apenas 0,13% do total das importações de África do Sul. Com maior peso surgem as exportações portuguesas de veículos e outro material de transporte e as exportações de cortiça. A CPLP representou, em 2012, apenas 4,81% das importações sul africanas Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP 6, % 5, % 4, % 3.65% 2,805 3,500 2, % 1,585 1,998 2,500 1,371 1,667 1,671 1, ,661 1, , ,052 1,270 (500) Portugal Moçambique Brasil Angola Fonte: UNCTAD, UNCTADstat As importações a partir de países da CPLP têm aumentado de forma relativamente consistente e expressiva nos últimos 3 anos, com especial destaque para os parceiros da CPLP inseridos na SADC, Angola e Moçambique, com crescimentos, respetivamente, de cerca de US$ 2.6 mil milhões em 2011 para cerca de US$ 4 mil milhões em

99 Importações Sul-Africanas de Angola Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola Angola 2,25% das importações sul africanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Angola e África do Sul mantêm um acordo para exploração, refinação e distribuição de petróleo entre as principais empresas do ramo de ambos os países - a Sul- Africana PetroSA e a angolana Sonangol Angola apresenta um forte fluxo de exportação de petróleo para África do Sul, potenciado pelos diversos acordos comerciais existentes que incluem a cooperação neste setor. Importações Sul-Africanas do Brasil Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil Brasil 1,36% das importações sul africanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

100 Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil Nos últimos anos o perfil de exportações do Brasil para a África do Sul têm vindo a alterarse, ocorrendo um aumento do peso dos produtos relacionados com o setor alimentar. 9% 7% 33% De facto, em 2012, são os produtos alimentares que ocupam o lugar cimeiro da pauta alfandegária brasileira para este país, com especial destaque para o abate e a preparação de produtos de carne e de pescado. 14% 27% Alimentos e animais vivos Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Matérias-primas (exceto combustíveis) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Químicos e produtos relacionados Importações Sul-Africanas de Moçambique Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique Moçambique 1,03% das importações sul africanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

101 Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique Moçambique tem um peso pouco expressivo nas importações Sul-Africanas, as quais correspondem essencialmente (87%) a exportações de petróleo, gás natural e eletricidade, não obstante a facilidade logística de acesso ao mercado. 5% 3% 3% 87% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Alimentos e animais vivos Bens manufaturados Matérias-primas (exceto combustíveis) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Importações Sul-Africanas de Portugal Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal Portugal Representação marginal nas importações sul africanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

102 Peso nas exportações totais de África do Sul Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal As empresas nacionais não aproveitam o mercado Moçambicano como ponte para o mercado sul-africano, o que pode justificar a fraca penetração no referido mercado. Graças ao forte desenvolvimento do setor automóvel da África do Sul (atualmente entre os 20 primeiros a nível mundial em termos de produção automóvel), Portugal tem visto o seu fluxo de exportações de veículos e outro material de transporte aumentar. A cortiça também merece destaque, representando 7,17% do total das exportações portuguesas para África do Sul em As empresas portuguesas gozam de um acordo comercial celebrado entre a África do Sul e a União Europeia que prevê a redução ou mesmo isenção de tarifas nos produtos importados 6% 2% 11% 36% 13% 29% Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados Alimentos e animais vivos Matérias-primas (exceto combustíveis) Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,2012 Exportações Tal como ao nível das importações, os lugares cimeiros dos clientes Sul-Africanos são preenchidos pela China e pelos Estados Unidos da América. O Japão surge em 3º lugar, seguido da Alemanha. Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 92,976 86,712 80,892 73,966 61,677 5% 3% 4% 5% 3% 7% 4% 6% 4% 4% 3% 4% 4% 4% 8% 6% 4% 8% 7% 5% 9% 8% 11% 8% 6% 9% 10% 9% 9% 11% 6% 11% 11% 13% 12% ,000 80,000 70,000 60,000 50,000 40,000 30,000 20,000 10,000 - Países Baixos Reino Unido Índia Alemanha Japão EUA China Exportações Fonte: International Trade Center; UNCTAD, UNCTADstat,

103 Exportações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Quanto à estrutura das exportações Sul-Africanas, o top 3 dos produtos mais exportados foi preenchido em 2012 pelas exportações de ferro (13%), carvão (8%) e platina (7%). Exportações Sul-Africanas Top produtos Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos Matérias-primas (exceto combustíveis) 7% 6% 2% 26% Bens manufaturados Maquinaria e equipamentos de transporte 7% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Químicos e produtos relacionados 11% Commodities e transações n.e. Alimentos e animais vivos 23% Outros artigos manufaturados 17% Bebidas e tabaco Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras Fonte: International Trade Centre, 2012 Relativamente à CPLP, a África do Sul exporta mais para Moçambique, o que se justifica em grande parte pela proximidade geográfica dos dois países, como anteriormente referido. Em segundo lugar surge Angola, seguido do Brasil e de Portugal. Destes 4 países, apenas Portugal apresenta uma tendência decrescente. Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP 4,500 4, % 4.65% 3, % 3, % 2, % 2,500 2,026 1,116 1,270 2,000 1,324 1, ,142 1, A CPLP representou, em 2012, 4,65% das exportações sul africanas, com destaque para Moçambique Portugal Brasil Angola Moçambique Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

104 Exportações Sul-Africanas para Moçambique A CPLP, na sua relação comercial com a África do Sul, apresenta um peso relativamente reduzido, apresentando no entanto uma balança comercial superavitária, sustentada fundamentalmente pelas exportações de petróleo de Angola. Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique Moçambique 2,39% das exportações sul africanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique A África do Sul representa cerca de 31% na quota de importações de Moçambique, sendo fornecedor de inúmeros produtos, traduzindo uma forte relação comercial. 14% 9% 6% 28% São, no entanto, de destacar as exportações Sul-Africanas de eletricidade e carvão e ainda de maquinaria e equipamentos de transporte. 18% 23% Maquinaria e equipamentos de transporte Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Bens manufaturados Alimentos e animais vivos Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Químicos e produtos relacionados Outros artigos manufaturados 104

105 Exportações Sul-Africanas para Angola Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola Angola 1,32% das exportações sul africanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola Com Angola o fluxo de exportações não é tão intenso como em relação a Moçambique, mas apresenta ainda assim uma grande diversidade de produtos exportados. 8% 5% 4% 28% Os maiores fluxos em 2012 foram as exportações de fertilizantes (13%), veículos de transporte de mercadorias (8%) e bebidas alcoólicas (6%). 11% 18% 26% Maquinaria e equipamentos de transporte Químicos e produtos relacionados Alimentos e animais vivos Bens manufaturados Bebidas e tabaco Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Outros artigos manufaturados Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados 105

106 Exportações Sul-Africanas para o Brasil Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil Brasil 0,84% das exportações sul africanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil As exportações de África do Sul para o Brasil têm muito pouca representatividade no total das importações brasileiras, cerca de 0,38% em 2012 e das exportações sul-africanas (0,84%). O seu crescimento médio anual foi de 2,36% entre 2008 e Ao nível dos combustíveis minerais exportados para o Brasil, destaca-se o carvão, que liderou em 2012 a pauta alfandegária quando analisada em maior detalhe. Em segundo lugar surgem as exportações de inseticidas e em terceiro materiais plásticos. 18% 8% 5% 33% 33% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Maquinaria e equipamentos de transporte Matérias-primas (exceto combustíveis) Alimentos e animais vivos Outros artigos manufaturados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

107 Exportações Sul-Africanas para Portugal Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal Portugal 0,10% das exportações sul africanas, com tendência decrescente Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal No que se refere às importações Portuguesas de produtos Sul-Africanos o grau de especialização é superior. Em 2012, a importação portuguesa de bens alimentares liderou a tabela, sendo de destacar as compras de frutas e nozes e de peixe. As compras de ouro não monetário também merecem destaque, representando 20% do volume de importações de África do Sul, sendo este país o principal fornecedor de ouro de Portugal neste mesmo ano. 5% 8% 12% 20% Alimentos e animais vivos 52% No entanto a relevância proporcional nas importações nacionais e nas exportações sulafricanas é diminuta. Commodities e transações n.e. Químicos e produtos relacionados Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

108 2.7. Principais setores de oportunidade As oportunidades decorrentes das necessidades de investimento em infraestruturas e energia já apresentadas podem constituir áreas de oportunidade de negócio para investidores internacionais, em particular nos domínios das áreas de projeto, fiscalização e construção civil e obras públicas. Acresce que as prioridades do Governo, a nível setorial e a seguir referidas originam um conjunto de oportunidades adicionais de negócio, nas mais variadas áreas da Economia, sendo de destacar: O pólo agroindustrial de Capanda tem uma área de 411 mil hectares. A meta é substituir 50% do que Angola gasta a importar alimentos. Revista Exame Desenvolvimento de tecnologias na área agroindustrial, promovendo o desenvolvimento agrícola de pequenos e médios negócios agrários, para os países adjacentes e pertencentes à SADC, os quais apresentam forte dependência do setor agrícola, nomeadamente o Lesoto, Maláui, Moçambique, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué; Desenvolvimento de serviços e equipamentos associados ao Cluster da indústria extrativa, que representa cerca de 10% do PIB da África do Sul e cujo potencial de crescimento mantém-se positivo; Turismo (de lazer e de negócios), com alavancagem nos objetivos da África do Sul de se tornar um hub da África Austral para ligações intra e intercontinentais. A tabela seguinte visa sintetizar as prioridades governamentais nos vários setores de atividade e, portanto, os setores mais favoráveis ao investimento oriundo da SADC em geral, e de Portugal em particular. Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) 66 Principais Setores Económicos Apostas do Governo Agro - indústria Investimentos substanciais em infraestruturas de irrigação, incluindo o armazenamento de água, distribuição pelo país, assim como o investimento numa tecnologia de poupança de água, em regiões com elevado número de recursos naturais; Apoio aos pequenos agricultores (tecnologia e acesso aos mercados); Segurança de investimento : os agricultores só devem investir em determinada área, quando a garantia de retorno seja total. Esta medida irá garantir a disponibilidade de rendimento para os agricultores existentes, para novos agricultores, e o retorno do investimento necessário; Desenvolvimento de tecnologia: O crescimento da produção agrícola foi sempre alimentado pelo desenvolvimento de novas tecnologias, sendo que os retornos do investimento relacionados com I&D neste campo são elevados; Medidas políticas para estimular o aumento do consumo de frutas e legumes por parte da população; Exploração de medidas inovadoras, como por exemplo o estabelecimento de contratos com pequenos agricultores com o objetivo de melhorar a gestão da produção. Indústria extrativa Diagnóstico dos principais constrangimentos que impedem o crescimento e desenvolvimento do setor mineiro e implementação de um conjunto de medidas de combate aos mesmos; Aprofundamento dos vínculos deste setor com os outros setores da economia, como por exemplo reforço das relações entre vários fabricantes ou fornecedores ligados ao setor da mineração; Promover a I&D, permitindo a melhoria dos métodos de extração, maior eficiência energética e redução do desperdício de água; Identificação de oportunidades que aumentem o envolvimento regional do Cluster (o setor mineiro apresenta-se como um dos setores mais importantes da economia Sul-Africana, tendo contribuído, em 2011, com cerca de 10% para o PIB. A importância deste setor resulta do facto da África do Sul ser um país notoriamente rico em recursos minerais). 66 Fontes: NDP 2030 Governo África do Sul 108

109 Principais Setores Económicos Apostas do Governo Manufatura Dar prioridade aos produtos que são mais dinâmicos e apresentam maior grau de ligação ao uso doméstico; Aproveitamento de contratos públicos e privados para promover a localização e a diversificação industrial; Intensificação e apoio à I&D, com o objetivo de promover o desenvolvimento de novos produtos, inovação e comercialização. No ranking de competitividade Global Competitiveness Report, que analisa a competitividade de vários países com base numa serie de critérios, a África do Sul classificou-se em 33º lugar (em 148 países) no critério capacidade de inovação e em 43º no critério gastos das empresas em I&D. Turismo e Cultura Promoção do país enquanto destino de conferências e eventos; Melhoria do nível de infraestruturas, nomeadamente rede de transportes, alojamento e ofertas turísticas; Posicionar o país como um Centro de Negócios; Promoção do país enquanto destino internacional, pela sua biodiversidade, beleza e recursos naturais. Facilidade de deslocação para os turistas que viajam entre países da região (o setor do turismo apresenta-se como um importante setor da economia do país, tendo representado, em 2011, 14,5% do PIB). Setor financeiro Desenvolvimento do setor e garantia de acesso à população Sul-Africana (em 2030, é esperado um aumento de cerca de 63% das pessoas com acesso a serviços financeiros). O setor bancário da África do Sul encontra-se bastante desenvolvido, podendo ser visto como estando entre iguais, ao nível da banca europeia. Desta lista merecem destaque as potencialidades abertas pela necessidade de equipamentos e tecnologia para a agroindústria e indústria regular, bem assim como pela promoção do Turismo. A aposta nas infraestruturas a seguir mencionada, reitera, mais uma vez, a relevância dos equipamentos, a par naturalmente da exportação do leque total de serviços ligados à construção e às obras públicas. Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas 67 Principais Setores de Infraestruturas Construção / Infraestruturas Potencialidades / Apostas do Governo Aumento da capacidade do Governo relativa à gestão do Orçamento destinado a infraestruturas, assim como outras questões relevantes para o setor, especialmente no que respeita à gestão de projetos, planeamento a longo prazo e monotorização e avaliação das despesas de construção e outros trabalhos; Promoção das exportações dos setores da construção civil e indústrias fornecedoras, através da criação de um centro Financeiro para a África e mais apoio nas relações diplomáticas comerciais; Intensificação do apoio às indústrias fornecedoras, como por exemplo materiais de construção, aço, vidro ou cimento; Criação de condições para uma indústria cíclica menos volátil, dando prioridade a pequenos projetos regionais, que são mais facilmente acessíveis para as pequenas empresas ou pequenos operadores. 67 Fontes: NDP 2030 Governo África do Sul 109

110 Fluxos de IDE (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 2.8. Investimento direto estrangeiro na África do Sul O período de 2010 a 2012 reflete um aumento exponencial do IDE Sul-Africano para o exterior, bem como uma continuação da capacidade de captação da IDE para o país (inward), mantendo-se um saldo positivo entre os fluxos de IDE de, e para a África do Sul. Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, África do Sul Dados referentes aos últimos 24 meses 10,000 9,006 Número de projetos: 277 CAPEX: US$ milhões 8,000 6,000 5,365 6,004 4,572 Postos de trabalho criados: Empresas/investidores: 245 4,000 2,000 - (2,000) 1,151 1, ,369 Principais cidades recetoras de IDE Joanesburgo: 89 projetos Cidade do Cabo: 42 projetos Durban: 13 projetos (4,000) -3, Inward Outward Pretória: 10 projetos Porto Elizabeth: 9 projetos Fonte: FDI markets De facto o investimento sul-africano no exterior tem vindo a aumentar, em particular para o resto de África, (cerca de 18 mil milhões de US$). Segundo o World Investment Report 2013, o aumento dos fluxos outward de IDE africanos, deve-se sobretudo aos investimentos Sul-Africanos para o exterior, em particular no setor mineiro, no setor grossista, e em produtos do setor da saúde. Por outro lado, em termos de IDE a África do Sul é o país africano que mais investimento chinês recebeu em 2011 (cerca de US$ 16 mil milhões). Adicionalmente, segundo um estudo desenvolvido pelo UNCTAD, a África do Sul surge em 15º lugar no TNCs top prospective host economies for

111 Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$) Setor A indústria mineira lidera a captação de IDE na África do Sul Indústria extrativa Outros serviços Atividades empresariais Transporte, armazenagem, telecomunicações Comércio grosso e a retalho Construção Agricultura Serviços de comunicação, sociais e pessoais Eletricidade, gás e água 4 4 Fonte: Centro de Comércio Internacional Estes dados, para pequenas economias pouco expostas ao exterior, reiteram a relevância dos setores referidos na secção anterior como setores apetecíveis para IDE no País em função das apostas estratégicas do Governo Financiamento à Economia Principais bancos presentes Tendo um sistema regulamentar eficiente, mercados financeiros bem desenvolvidos e instituições financeiras sólidas, o sistema financeiro da África do Sul é bastante estável. De acordo com o Relatório sobre a Competitividade Global para do Fórum Económico Mundial, o país ficou classificado em terceiro lugar num total de 144 países, quanto ao desenvolvimento do mercado financeiro, e em primeiro lugar no quadro jurídico do setor financeiro e da regulamentação dos mercados dos valores mobiliários. O setor bancário da África do Sul é composto por 19 bancos e 12 sucursais de bancos estrangeiros. No entanto, o setor é ainda bastante concentrado, com 4 bancos a representarem 86% do total de ativos. Destaca-se o The Standard Bank of South África, com uma quota de 24.6% em termos de depósitos, e de 26% em termos do crédito concedido (no final de 2011), banco que se posiciona no ranking mundial na posição 112. Os rácios de capitalização dos bancos encontram-se, claramente, acima dos níveis regulatórios exigidos, com uma média de 14.1% para o rácio de RWC (risk weighted capital) e de 11.8% no Tier 1. Figura Estrutura 22 - Estrutura acionista acionista bancária em África Predominantemente local Equilibrada Estrangeira e Governo Predominantemente estrangeira Predominantemente Governo Excluído (Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007) No contexto da SADC, a África do Sul é o país em que se verifica o maior nível de protecionismo do setor financeiro, verificando-se uma predominância de bancos cuja estrutura acionista é fundamentalmente local. 111

112 Bancarização da população 68 Contas bancárias (% +15anos) Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África O nível de bancarização da África do Sul é dos mais elevados da SADC e de toda a África. O Finscope Survey 2012, refere que 67% da população adulta da África do Sul tem conta bancária, e desses, cerca de 72%, além de terem conta bancária, utilizam também produtos bancários, tendo-se verificado um aumento da utilização de contas poupança (30% para 39%) e de máquinas eletrónicas e cartões de débito (52% para 61%). Já a utilização de produtos bancários manteve-se nos 25%. < 10% Entre 10% e 20% Entre 20% e 30% Entre 30% and 40% > 40% Não disponível (Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011) A maioria dos adultos (70%) usa produtos/serviços não bancários formais e 51% dos adultos usa mecanismos informais. No entanto, cerca de 19% da população não usa produtos nem serviços bancários. Existem diferenças significativas entre os níveis de inclusão financeira nas zonas rurais e urbanas: enquanto cerca de três quartos dos adultos (74%) das áreas urbanas têm conta bancária, apenas 54% dos adultos usam produtos bancários nas zonas rurais. O setor informal, mais acentuado nas zonas rurais, desempenha um papel importante em quebrar as barreiras da inclusão financeira. O setor bancário tem-se empenhado em melhorar o nível de inclusão financeiro da população Sul-Africana. O Financial Sector Charter (FSC) e o Black Economic Empowerment Act (BBBEE) têm sido os principais pilares da transformação do setor. Assinado em 2003 e implementado em 2004, o FSC é um acordo de transformação voluntária para o setor financeiro. O setor financeiro em geral e as instituições financeiras, em particular, assumiram o compromisso de "promover ativamente um setor financeiro globalmente competitivo, que reflita a demografia do país, e que contribua para o estabelecimento de uma sociedade justa através de uma eficaz prestação de serviços financeiros acessíveis direcionando investimentos para setores-alvo da economia". O Governo criou ainda canais alternativos para o financiamento das pequenas e médias empresas (PME). Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, Bancários Formais (não bancários) Informais Não servido 0% 20% 40% 60% 80% 100% % 68 Fonte: 69 Fontes: Finscope Survey 2012, OCDE 112

113 Microcrédito O setor do microcrédito na África do Sul surgiu em 1980 e tem sido impulsionado por várias Empresas, Organizações Não Governamentais e Agências Governamentais, das quais se destacam: Small Enterprise Foundation é a mais antiga e mais conhecida organização de microcrédito na África do Sul e tem como público-alvo os residentes das zonas rurais do Limpopo e Mpumalanga, onde os níveis de pobreza são dos mais elevados do país; Marang Financial Services organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar o acesso dos mais pobres aos serviços financeiros; Women s Development Businesses é composta por três organizações: WDB Micro Finance, WDB Trust e WDB Investment Holdings - todas trabalham em conjunto para ajudar as mulheres Sul- Africanas a encontrar uma solução duradoura para a pobreza; FINCA South Africa tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população mais desfavorecida através da prestação de serviços financeiros para empreendedores com pouca capacidade financeira; Paradigm Shift - organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar as igrejas dos países em desenvolvimento para dar formação aos mais desfavorecidos sobre negócios, microcrédito, orientação e disciplina. Apesar de ter vindo a crescer ao longo dos anos, em 2000 o setor entrou na chamada Fase de Consolidação, uma vez que o rápido crescimento das instituições de microcrédito se tornou insustentável. Primeiro porque o número limitado de pessoas que necessitavam desses créditos levou a um aumento da competitividade entre as instituições, o que levou a uma redução das margens de lucro. Segundo, o Governo proibiu o crédito consignado e criou um Conselho Regulador das Micro Finanças (Micro Finance Regulatory Council), com a finalidade de regular o microcrédito. A diminuição dos lucros, a eliminação de um mecanismo de cobrança estável e os elevados custos de cumprimento da legislação fizeram com que muitos credores saíssem do mercado. Considerando que existiam cerca de instituições de microcrédito registadas em 1997, apenas permaneciam em Taxas de juro de financiamentos 70 A África do Sul tem um sistema de câmbio flutuante. Por forma a minimizar o impacto negativo de excesso de fluxos de capitais de curto prazo e de volatilidade cambial, o Banco Central Sul-Africano (South African Reserv Bank) intervém no mercado cambial, aligeirando os controlos cambiais e acelerando a acumulação das reservas cambiais externas. Estas reservas atingiram, em agosto de 2011, um máximo histórico de US$ 51.4 mil milhões, tendo-se mantido próximas deste nível (US$ 50 mil milhões) até agosto de O Banco Central Sul-Africano tem vindo a utilizar a acumulação de reservas como um instrumento de gestão da sua liquidez internacional, ao invés de aplicar esta acumulação numa política cambial ativa. A política monetária assegurou a estabilidade dos preços, mantendo-se a inflação dentro das taxas previstas (3-6%) na primeira metade de No entanto, a inflação de base aumentou significativamente em dezembro de 2012 para 4,9%, bem acima da média a longo prazo de 4,9%. A taxa de inflação global anual homóloga (year-on-year inflation), impulsionada pelos preços do petróleo, da eletricidade, da educação e da comida, registou uma subida para os 5,7% em dezembro de 2012, depois de se ter mantido nos 5,6% em novembro. No entanto e apesar de uma taxa de juro historicamente baixa, a procura de crédito pelo setor privado permanece relativamente baixa. Por outro lado, entre julho e agosto de 2012 o crescimentoda massa monetária desceu de 8,3% para 7,8%. 70 Fonte: African Economic Outlook 113

114 Bolsa de valores 71 Em junho de 2012, a bolsa de valores de Joanesburgo JSE tinha 401 empresas cotadas, tendo a capitalização da bolsa atingido os US$ 734 milhões, o que representa um crescimento médio anual de 56% desde Segundo dados da World Federation Exchange disponibilizados pela JSE, a bolsa de valores Sul-Africana ocupa o 19º lugar num conjunto de 54 membros, o 21º em volume de transações, e o 29º em liquidez de mercado. As transações em bolsa estão totalmente automatizadas, realizando-se através de um sistema eletrónico de compensação e liquidação. O investimento na África do Sul deverá igualmente ter em consideração o cumprimento das regras para combater a desigualdade previstas pelo programa Broad-Based Black Economic Empowerment (B- BBEE) 71 Fonte: Research BPI África do Sul

115 3. Angola A 2ª principal economia da SADC 115

116 3. Angola. A 2ª principal economia da SADC 3.1. Macroeconomia PIB da economia angolana A recuperar de um período de crescimento relativamente lento, o PIB de Angola, que representa 17,57% do PIB da região da SADC e pouco mais de 3% da CPLP, cresceu, aproximadamente, 8,1% em 2012, estimandose que venha a crescer entre 7,2% em 2013 e 7,5% em Gráfico 60 - Evolução anual do PIB Angolano (últimos 5 anos) PIB (M USD) Crescimento anual PIB (em %) 120, ,000 80,000 60,000 40,000 20,000 0 Os seus baixos níveis de investimento tanto público, como privado, são uma das caraterísticas mais marcantes da economia angolana. A taxa de investimento no país representa cerca de 13% do PIB, bem abaixo da média trianual para a África Subsariana de 24%. O investimento público corresponde aproximadamente a 10% do PIB, enquanto o investimento privado representa apenas 3% deste. No entanto, cumpre notar que as autoridades do país têm vindo a adotar medidas para aumentar o valor do investimento, tendo o mesmo crescido 29 pontos percentuais só em 2012, sendo que o Orçamento de Estado para 2013 perspetivou um aumento de 60% nas despesas de investimento. Apesar das perspetivas a médio prazo serem favoráveis, a dependência petrolífera torna a sua economia bastante vulnerável a choques externos, além de a exporem ao risco da denominada dutch disease (cuja tradução literal é doença holandesa). Esta doença é caracterizada pelo aumento da receita nacional decorrente da exportação de recursos naturais abundantes (no caso petróleo) e o fenómeno de desindustrialização decorrente da valorização cambial. Os recursos (capital e trabalho) tendem a deslocar-se para a produção de bens/serviços nacionais "não transacionáveis para responder ao aumento da procura interna, diminuindo assim a produção dos setores primário e secundário. Obedecendo às leis de mercado, o aumento da procura interna originará uma escalada dos preços dos produtos não transacionáveis. Por outro lado, os preços de produtos transacionáveis (como os produtos alimentares) são definidos no palco internacional reduzindo a possibilidade de aumento das margens e afastando os investidores. Resumindo, dar-se-á um aumento de preços internos e um aumento de fluxo de 72 Banco Mundial 116

117 divisas estrangeiras decorrentes da venda de petróleo. Como consequência, ter-se-á um aumento da taxa de câmbio real, e/ou pressões inflacionistas. Assim, o setor transacionável (com especial ênfase nas exportações) perde competitividade e tende a contrair-se, agravando ainda mais a dependência do petróleo. Uma forma de combater esta tendência é a de calibração das tarifas, dentro do que é permitido pelo comércio internacional, promovendo a opção por campeões nacionais. Contudo, estes raramente se tornam um sucesso, em países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, devido à falta de concorrência. A segunda opção é a utilização das receitas do petróleo de forma a controlar a taxa de câmbio e as reservas nacionais de moeda estrangeira, o que tem sido uma das estratégias utilizadas por Angola. Desde pelo menos 2004, os especialistas das organizações internacionais, como a OMC e o FMI, têm salientado este risco para a economia angolana. O recente acordo celebrado entre o FMI e Angola, em parte, esteve relacionado com uma ineficiente política de gestão de receitas de petróleo, alterando os termos de troca no comércio internacional. Por outro lado, a dependência de Angola de importações de bens estratégicos e de consumo especialmente de bens alimentares faz com que qualquer aumento substancial nos preços internacionais deste tipo de bens se traduza num rápido aumento da inflação e numa redução do consumo (tendo assim um forte impacto na população mais pobre). Relativamente à inflação, de notar que a mesma desceu para 9% em 2012, o valor mais baixo das últimas décadas (em grande medida devido à descida global dos preços dos produtos alimentares, e dos esforços do Banco Nacional de Angola (BNA) em estabilizar a taxa de câmbio nominal). Importa ainda notar que as flutuações dos preços das matérias-primas no mercado internacional e o combate à inflação poderão alterar as condições conjunturais de mercado e alterar o risco macroeconómico do país Orçamento Geral do Estado para No que respeita ao Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2013, vale a pena destacar que a composição da despesa por natureza económica refletiu o apoio prioritário à ampliação das infraestruturas económicas e sociais necessárias ao aumento da produção, do emprego e do bem-estar da população, com a predominância dos gastos para o investimento (24,7%), pessoal (19,51%), amortização da dívida (18,24%), e aquisição de bens e serviços (17,5%). Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%) Investimento 18% 20% 8% 17% 25% 12% Subsídios Bens e serviços Pessoal Amortizações da divida Juros A composição da despesa por natureza económica reflete o apoio prioritário à ampliação das infraestruturas económicas e sociais 73 Fonte: Relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado para 2013, Rep. de Angola 117

118 A distribuição funcional e programática da despesa prioriza o setor social, com destaque para a educação, saúde, proteção social, habitação e proteção ambiental. Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%) Educação 8% 5% Saúde 31% 18% 9% 11% 7% 9% Proteção Social Habitação e serviços comunitários Defesa Segurança e ordem pública Assuntos económicos A distribuição funcional e programática da despesa prioriza o setor social Serviços públicos gerais Dívida Pública 74 No âmbito do programa Standby Agreement , com o apoio do FMI, o Governo fez esforços significativos para disciplinar a política orçamental e reforçar a gestão financeira pública. A racionalização das despesas correntes permitiu o registo de um superavit orçamental de 8,8% do PIB, em 2012, e possibilitou o reembolso de dívida pública no montante de US$ 7,5 mil milhões. A dívida de Angola aparenta estar a entrar num período de estabilização e o rácio da dívida pública externa em percentagem do PIB caiu de 19.7% em 2011, para 19.5%, em No entanto, deverá subir ligeiramente para 20.4% em 2013, devido à assinatura de novas linhas de crédito destinadas a financiar o programa nacional de reabilitação de infraestruturas. Já o rácio da dívida pública interna em percentagem do PIB caiu de 11.8% em 2011, para menos de 9% em 2012, devido à racionalização das fontes de financiamento das despesas. A regra orçamental implementada pelo Governo, baseada na acumulação de elevadas reservas de moeda estrangeira, permite imunizar/cobrir o risco de volatilidade dos preços do petróleo e dos choques externos, ao nível da economia do país. A criação de um Fundo Soberano, em outubro de 2012, também é vista como um passo importante para atenuar o impacto da volatilidade dos preços do petróleo sobre as despesas de investimento, e garantir a sustentabilidade da gestão das receitas petrolíferas. 74 Fonte: African Economic Outlook 118

119 Milhões US$ Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Reservas de moeda estrangeira As reservas em moeda estrangeira existentes em Angola são essencialmente constituídas por reservas monetárias, e ouro, incluindo Direitos de Saque Especial ( SDR ). Estes valores expressos no gráfico abaixo permitem à autoridade monetária central do país cumprir com as suas obrigações garantindo a emissão de moeda e reservas bancárias. O gráfico abaixo representa a evolução ocorrida ao nível da reserva de moeda estrangeira e ouro para o período em análise de em Angola. Gráfico 63 - Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$ milhões) 30,000 25,000 20,000 15,000 10,000 5, ,350 18,380 16,890 11,200 13, Angola Fonte: Factbook, CIA Nível de financiamento à economia No final do ano de 2009, Angola foi sujeita a um processo de ajustamento macroeconómico envolvendo as autoridades nacionais e o FMI. O financiamento de cerca de US$ 1,4 mil milhões foi reembolsado com sucesso no final do ano A ajuda financeira externa e a intervenção do FMI permitiram resolver alguns problemas existentes até então, tais como o desequilíbrio orçamental externo existente devido à crise internacional, o qual terá dado início a uma crise de liquidez. O encerramento do programa de ajuda financeira foi concluído de forma bastante positiva, tendo sido determinante, para o sucesso do mesmo, o crescimento do setor do petróleo. A evolução do crédito à economia e o reforço dos ativos contribuiu para o crescimento da liquidez no ano de Em 2012, o peso dos depósitos em moeda nacional foi mais moderado não tendo ultrapassado os 50%. 119

120 Gráfico 64 - Fatores de variação da liquidez - variação em % do valor inicial da massa monetária Fonte: Banco de Portugal /BNA /FMI Evolução das taxas de juro e variação da liquidez 75 No que diz respeito ao sistema monetário e cambial, destacam-se as seguintes taxas de juro: a taxa básica de juro, que expressa a orientação da política levada a cabo pela autoridade monetária e a taxa LUIBOR (Luanda Interbank Offered Rates), que têm por base as taxas interbancárias. No ano de 2011, verificou-se um abrandamento da descida da inflação, o que levou consequentemente à descida do nível das taxas de intervenção (desde a taxa de redesconto às taxas das Facilidades Permanentes) assim como das taxas praticadas para os títulos do Banco Central e das relativas aos Bilhetes do Tesouro. As taxas bancárias também sofreram uma descida, mais especificamente as taxas passivas, não tendo esta descida abrangido as taxas ativas. É de notar que em conformidade ocorreu uma melhoria na procura do crédito concretizada pelo crescimento do mesmo no ano de 2011 e no início do ano de Apresenta-se de seguida um gráfico que representa as taxas de juro (taxas anuais) e taxas de câmbio efetiva para o período Fonte: BNA, FMI 120

121 Gráfico 65 - Taxas de juro (taxas anuais) e taxa de câmbio efetiva Fonte: BNA e FMI A taxa de câmbio da moeda angolana face ao Euro tem vindo a sofrer depreciações nos últimos 4 anos, após um período de ligeira valorização entre 2008 e 2009, variando entre um valor máximo de 1 kwanza valer 0,0105 euros em março de 2009 ao mínimo 0,0072 euros em maio de À data deste estudo, em outubro de 2013, 1Kz valem cerca de 0,0075 euro. Gráfico 66 Variação da taxa de câmbio Kwanza/Euro Fonte: BNA e Banco de Portugal 121

122 % Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 3.2. Política Económica Angola tem-se assumido como uma potência regional no contexto da África Subsariana, convergindo para uma economia de mercado com um rendimento anual per capita na ordem de US$ Gráfico 67 - PIB de Angola taxa de variação real (%) (2) (4) (6) (8) Setor Petrolífero Setores Não Petrolíferos Crescimento PIB Visão da OCDE 76, Banco Mundial e FMI 77 As previsões do Banco Mundial e da OCDE apontavam para um crescimento em 2013 de 7,2%, e 8,2% respetivamente. O FMI estimou um crescimento na ordem os 6,2%. Estas previsões basearam-se em expetativas de uma expansão mais robusta do setor petrolífero e da produção de gás, no aumento do consumo privado e na implementação do programa de investimento público em infraestruturas. Em consequência, os setores privilegiados serão a atividade da construção, a produção de energia e o setor dos transportes. Gráfico 68 - Previsões de crescimento para Angola 15.00% 14% 10.00% 14.00% 8.50% 8.25% 8.00% 3.00% 3.50% 4.00% 5.00% 9% 8% 6% 3% 4% 4% 0.00% Crescimento PIB Real Angola FMI Crescimento PIB real Angola OCDE Visão do Governo de Angola, Plano Nacional de Desenvolvimento ( PND ) O Quadro Macroeconómico de Referência para define as premissas e metas para os principais agregados, tendo em atenção a evolução recente da economia internacional e nacional, bem como o quadro macroeconómico estabelecido na Estratégia Nacional Angola OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico 77 Fonte: BPI Research julho

123 Para 2013 o Governo prevê um crescimento real do PIB de 7,1%, onde o setor não petrolífero desempenhará um papel preponderante. Segundo o PND , estima-se que a economia continue a evoluir positivamente. Gráfico 69 - Taxa de variação (%) do PIB no período (5) (10) PIB pm PIB petrolífero PIB não petrolífero -9.8 (15) 2012 prog 2013p 2014p 2015p 2016p 2017p Prioridades Estratégicas para o país O PND ( ) contém o enquadramento estratégico de longo prazo estabelecido através Estratégia Nacional Angola 2025, que fixa as Grandes Orientações para o Desenvolvimento de Angola, destacando-se: 1. Garantir a Unidade e a Coesão Nacional; 2. Construir uma Sociedade Democrática e Participativa, garantindo as liberdades e direitos fundamentais e o desenvolvimento da sociedade civil; 3. Promover o Desenvolvimento Humano e o Bem-Estar dos Angolanos, assegurando a Melhoria da Qualidade de Vida, Combatendo a Fome e a Pobreza Extrema; 4. Promover o Desenvolvimento Sustentável, Competitivo e Equitativo, garantindo o Futuro às Gerações Vindouras; 5. Promover o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação; 6. Apoiar o Desenvolvimento do Empreendedorismo e do Setor Privado; 7. Desenvolver de Forma Harmoniosa o Território Nacional; 8. Promover a Inserção Competitiva da Economia Angolana no Contexto Mundial e Regional. 1. População e desenvolvimento social O desempenho económico recente gerou disparidades económicas e sociais que o Governo pretende ver ajustadas, nomeadamente em termos de condições de saúde e educação que oferece à população, que têm um impacto direto no Índice de Desenvolvimento Humano ( IDH ) publicado pelas Nações Unidas, razão pela qual este índice foi eleito para monitorizar este vetor. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2012, Angola é o 148.º país mais desenvolvido do mundo, com um Índice de Desenvolvimento Humano de (baixo), num universo de 187 países. Conserva a posição que tinha em 2011, sendo que entre 2007 e 2012, o país conseguiu subir um lugar no IDH. As economias que registam um IDH médio meta do Governo para 2017 apresentam uma medida comparativa nas condições económicas, sociais, culturais e políticas da sociedade, com indicadores de bem-estar da população, entre 0,536 e 0,710. Dentro do contexto da SADC, a África do Sul, o Botswana, a Namíbia ou a Swazilândia são exemplos de países que já registam um IDH médio. 78 Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento , Governo de Angola 123

124 Gráfico 70 - IDH Evolução desde Paises com baixo IDG Angola Mundo As ambições e objetivos do nosso Programa de Governação têm uma forte motivação de justiça social e de desenvolvimento humano. A sua concretização assenta numa estratégia de crescimento económico em que o investimento público e o investimento privado em projetos estruturantes do setor público se constituem na plataforma para o desenvolvimento da economia nacional. Eng.º José Eduardo dos Santos, Presidente da República, 26 de setembro de 2011 Tabela 18 - Objetivo do PND : IDH 79 Indicador Meta 2017 IDH (PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) 0,486 (baixo) 0,508 (baixo) 0,54 (médio) 2. Estabilidade e Regulação Macroeconómica Nos últimos anos, o Governo tem vindo a promover a condução coordenada das políticas fiscal, monetária e cambial, acentuando o papel da Programação Financeira como instrumento balizador da articulação entre o Ministério das Finanças e o BNA e criando as condições ideais para o cumprimento dos objetivos estratégicos do planeamento macroeconómico para o crescimento económico sustentado. 79 Fonte: Relatório IDH 2011,

125 Objetivo do PND : Taxa de inflação 80 Gráfico 71 - Inflação média anual histórico e últimas previsões do FMI 25.00% 20.00% 23.00% 15.00% 10.00% 5.00% 0.00% 12.00% 15.30% 8.50% 7.00% Um dos objetivos estratégicos do executivo é a manutenção da taxa de inflação na ordem dos 9%. As expetativas do Governo são consistentes com as estimativas do FMI. Angola poderá alcançar uma inflação média anual de 9,4% (inflação homóloga de 9,2%) no final de Nos anos seguintes, o FMI projeta uma descida moderada dos preços, até estes se fixarem numa variação de 7% em 2016, valor que revela algum alinhamento com o objetivo do Governo, para Inflação em Angola Gráfico 72 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas (%) Para os próximos anos, o Governo espera estabilizar a taxa de inflação anual ao nível de um dígito percentual p Meta Promoção do Crescimento Económico, do Aumento do Emprego e de Diversificação Económica Diversificação da Estrutura Económica Nacional Apesar dos esforços que têm sido desenvolvidos, a estrutura económica de Angola mantém-se pouco diversificada. Com efeito, o setor petrolífero representa ainda cerca de 45% da estrutura do PIB, 60% das receitas fiscais, e ultrapassa 90% das exportações, revelando a natureza vulnerável da economia em relação aos choques externos. A diversificação da estrutura económica que se espera alcançar no período de execução do PND expressar-se-á na diminuição progressiva do peso do setor petrolífero, passando dos atuais cerca de 45% para 27%, em 2017, no aumento das receitas fiscais e no crescimento das exportações não petrolíferas. 80 Fonte: BNA (BPI Research julho 2013) 125

126 Taxa de crescimento % Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Gráfico 73 - Objetivo do PND : Crescimento: setor petrolífero vs. não petrolífero (2) (4) (6) (8) (t.v.r) 2011 (t.v.r) 2012 (t.v.r) Metas 2017 Taxa Média anual de crescimento do setor não petrolífero (%) Taxa média anual de crescimento do setor petrolífero (%) A diversificação da estrutura económica que se espera alcançar no período de execução do PND expressar-se-á na diminuição progressiva do peso do setor petrolífero Fonte: BPI Research julho 2013 Taxa crescimento real por setores (%) (P) Agricultura 6 11,4 Pescas e derivados 1,3 3,5 Petróleo -3-5,6 Diamantes e indústria extractiva -10-3,3 Indústria transformadora 10,7 3,8 Energia 16,1 15 Construção ,8 Serviços mercantis 10,9 12,3 Outros 8,7 8,2 PIB 3,4 3,5 A agricultura, indústria, energia, construção e comércio têm contribuído fortemente para a diversificação da economia e redução da dependência do setor petrolífero. No entanto, muito continua por fazer, já que Angola demonstra ainda forte dependência na importação de um cabaz relativamente alargado de produtos. A energia e a construção, impulsionada pelos programas de reconstrução e infraestruturação do Governo, têm sido os setores que mais têm crescido, esperando-se um novo aceleramento tendo presente os programas previstos até É expectável que, a prazo, se venha a verificar um intensificar do crescimento dos setores agroalimentar, industrial e logístico, acompanhando, mas também servindo como duplo catalisador, do aumento do consumo privado. PIB não petrolífero 7,7 9 PIB petrolífero -3-5,6 Fonte: BNA 126

127 Gráfico 74 - Crescimento de cada setor e respetivo peso no PIB de Angola Promoção do emprego e capacitação e valorização dos recursos humanos nacionais O crescimento económico e a sustentabilidade orçamental ainda são altamente dependentes das receitas petrolíferas. No entanto, o setor petrolífero é de capital intensivo e emprega apenas uma pequena percentagem da força de trabalho total. Tal facto restringe a diversificação económica, impede a tão necessária criação de emprego e potencia a denominada doença holandesa acima caracterizada. É assim fundamental acentuar a diversificação da economia. Apoio às exportações Um elemento importante para a sustentabilidade do processo de desenvolvimento de Angola reside no seu relacionamento com o exterior e na inserção competitiva da economia no contexto internacional. Para além de continuar a afirmar-se como centro produtor e exportador de energia, será necessário apostar na diversificação e no aproveitamento de nichos de mercado no comércio mundial. 127

128 Tabela 19 - Objetivo do PND : Exportações Indicador Metas 2017 Volume Médio Anual de Exportação de Petróleo (Milhões de barris) 669,1 Crescimento das Exportações não Petrolíferas 23% 4. Reforço do Posicionamento de Angola no Contexto Internacional e Regional, em particular na União Africana e na SADC As opções estratégicas relativas ao posicionamento de Angola no contexto internacional e regional encontramse expressas na Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo, dando ênfase à sua aspiração de ter um papel crítico na SADC e CEEAC: Continuar a respeitar e a aplicar os princípios da carta da Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana, e estabelecer relações de amizade e cooperação com todos os povos e Estados; Apoiar a inserção competitiva na economia global, através: o o o o Da diversificação das relações bilaterais para ampliar acordos comerciais e cooperação científica e tecnológica com os países emergentes; Da participação nas negociações e acordos de cooperação Sul-Sul e das nações tropicais; Do estreitamento das relações comerciais e de cooperação cultural e tecnológica com os países lusófonos no âmbito da CPLP; Do estabelecimento de entendimentos comerciais com os EUA quanto à economia do Golfo da Guiné, de modo a consolidar a presença angolana na região e negociar parcerias comerciais com a UE, no âmbito da SADC. Promover a integração regional com liderança: o o o No quadro do estabelecimento do mercado comum regional; Tomando iniciativas políticas para assegurar a segurança e a estabilidade política regional, ou; Afirmando-se como plataforma de articulação entre a SADC, a CEEAC e a região do Golfo da Guiné. Aumentar o peso e a importância relativa de Angola no mercado mundial de energia. A prossecução dos objetivos da Política de Reforço do Posicionamento de Angola no contexto internacional e regional, apresentados na tabela que se segue, será baseada, em particular, nas seguintes prioridades políticas: a) Consolidar as relações com as instituições financeiras internacionais; b) Reforçar a posição geoestratégica de Angola na região e no mundo. Para tal, um dos indicadores chave que merecem a atenção do Governo Angolano, é a posição do país no ranking DB. 128

129 Tabela 20 - Objetivo do PND : Doing Business 81 Indicador DB 2012 DB 2013 Meta 2017 Posição de Angola no Ranking Doing Business (ano base 2012) O Relatório sobre a Competitividade Global do World Economic Forum descreve os três fatores que justificam uma posição menos destacada para a realização de negócios em Angola: Uma complexa e exigente carga burocrática e administrativa; Mão-de-obra pouco qualificada; e, Pouca capacidade das suas infraestruturas. É essencial realizar reformas que favoreçam o desenvolvimento de negócios, para que as empresas possam competir mais eficazmente na economia global, especialmente quando outros países estão a melhorar continuamente os seus climas de negócio. 81 Fonte: Banco Mundial 129

130 3.3. Estrutura produtiva PIB por setor Conforme referido, a economia angolana (ainda) depende em larga medida do setor petrolífero, sendo já público o objetivo do executivo de reduzir essa dependência a prazo, fomentando a agricultura, indústria, serviços de logística, telecomunicações e tecnologia. Apesar da produção de diamantes corresponder apenas a 0,9% do PIB, o setor não deixa de ter um forte potencial de crescimento, sendo, como anteriormente indicámos, o quarto maior produtor mundial deste recurso natural. Gráfico 75 PIB por setor Angola 82 7% 11% Agricultura, pecuária, pescas Petróleo Bruto e Gás 22% Energia Elétrica 8% 7% 45% Construção Comércio Outros Contribuindo com 21,70% para o PIB, e em resultado do boom no consumo interno e no investimento privado nos últimos 4 anos, o comércio assume grande relevo. Relativamente ao setor agrícola (10,50%), o Governo tem vindo a apostar na produção nacional através de várias iniciativas, incluindo: Programas de incentivos; Linhas de financiamento; Forte investimento público; Campanhas de marketing e de estímulo à aquisição de produtos e serviços angolanos. O Governo pretende também fomentar polos agroindustriais com o objetivo de criar sinergias entre as produções agrícolas e pecuárias e o seu processo de transformação, armazenamento e logística. O setor da construção (8,40%) tem crescido como resultado de uma forte aposta do Governo na reconstrução e requalificação das infraestruturas de apoio à produção e população. Já o setor industrial (6,50%) é caraterizado pelo elevado nível de importações, o que poderá conduzir a uma forte aposta estratégica na produção nacional. 82 Banco Mundial 130

131 O Estado assume as mais variadas formas (diretas e indiretas) de participação na economia do país. O passado recente demonstrou que muitos setores da economia (estratégicos ou não) acabaram por se tornar propriedade do Estado, em regime de monopólios ou quase-monopólios autorregulados Retrato do setor empresarial do Estado O Estado assume uma forte presença no setor petrolífero. Para além deste, os setores onde o Estado está mais representado é o setor dos transportes (18,3%), do urbanismo, da construção (14,6%) e da geologia, minas e indústria (12,2%). 15 (18,3%) 12 (14,6%) 10 (12,2%) 9 (11%) 8 (9,8%) Transportes Urbanismo e construção Geologia, minas, indústria Agricultura e pescas Energia e águas Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público , ISEP / Ministério da Economia Conforme se indicou, importa salientar que em termos económicos a presença do Estado faz-se sentir com mais relevância ao nível do setor petrolífero. Os serviços financeiros também mostram forte presença do Estado, em particular ao nível de Banca e Seguros, este último alvo de elevada concentração nos últimos anos. Gráfico 76 - Empresas do Setor Público - Volume de negócios (%) Gráfico 77 - Empresas do Setor Público - Empregados (%) 6% 6% 5% 4% 27% 18% 8% 79% 31% 16% Petróleo Banca Energia Transportes Outros Petróleo Banca Energia Transportes Outros Fonte: Prestação de contas das empresas do Setor Empresarial Público , ISEP / Ministério da Economia Nota: valores relativos apenas a empresas que prestaram contas 131

132 A Sonangol na economia Angolana A Sonangol é a maior empresa angolana, estando no centro da estratégia financeira do país. As receitas do petróleo recebidas anualmente pela Sonangol são reinvestidas no setor público e na economia em geral. Criada em 1976, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol E.P.), é a maior empresa do país, sendo responsável pela gestão da indústria petrolífera no país, administrando concessões petrolíferas, procedendo à exploração, produção, comercialização, transporte, refinação e distribuição do petróleo. Além do petróleo, o portfólio diversificado da Sonangol, sobre a égide do Grupo Sonangol, inclui dezenas de subsidiárias, operando em diversos setores de atividade, destacando-se: Setor de habitação, por meio da Sonangol Imobiliária e Propriedades (Sonip), que atualmente coordena o desenvolvimento da Zona Económica Especial (ZEE) de Luanda/Bengo e vários outros projetos de habitação, em Lobito e outras localidades; Indústria manufatureira, através da recém-criada Sonangol Investimentos Industriais (SIIND), especificamente na ZEE de Luanda/Bengo ; Telecomunicações, por meio da MSTelcom; Transportes aéreos, via SonAir 65 ; Setor da saúde, através da Clínica Girassol; Sonangol investe mais US$ 78 milhões em seis novas fábricas na ZEE Luanda- Bengo. Setor financeiro, alguns bancos angolanos foram abertos tendo como principal acionista a própria Sonangol, como por exemplo o Banco Angolano de Investimentos (BAI). In O PAÍSonline, maio 2012 A Sonangol já foi aclamada no passado como a instituição nacional mais competente e, por meio de investimentos globais estratégicos, é o veículo primário da imagem de Angola no estrangeiro. Além destes setores, a Sonangol possui uma dezena de outras subsidiárias e projetos relacionados com o petróleo, e também com o gás natural, através da Sonangol Gás Natural. Na Lusofonia a Sonangol tem um conjunto de importantes investimentos, com especial foco em Portugal, com participações na GALP energia e Millennium BCP. No Brasil a Sonangol Starfish identificou em 2012 os primeiros indícios de petróleo no mar, na bacia de campos, em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde assegura o transporte de crude e outros derivados através da empresa SonaShip e é acionista da petrolífera caboverdiana Enacol, em conjunto com o estado de Cabo Verde e a Galp. Em São Tomé e Príncipe tem vindo a investir nos aeroportos e na companhia aérea STPAirways, através da sua filial Sonair. A Sonangol anunciou em Abril de 2014 que a Total irá investir no projeto do Kaombo, no offshore ultra profundo angolano, um valor estimado em US$ de 16 mil milhões. Com uma capacidade de produção diária de 230 mil barris, a iniciar em 2017, o Kaombo, vai produzir reservas estimadas em 650 milhões de barris. A Total é operadora do Bloco 32 no qual detém uma participação de 30%, em conjunto com a Sonangol Pesquisa e Produção com iguais 30%, a Sonangol Sinopec Internacional com 20%, a ExxonMobil com 15% e a Galp com 5%. 132

133 3.4. Petróleo e Gás Natural Atualmente Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África Subsariana depois da Nigéria, produzindo aproximadamente 1,7 milhões de barris por dia (bbl) durante O estatuto de Angola enquanto exportador internacional de petróleo foi reconhecido pelo mundo quando o país aderiu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em Angola assumiu ainda a presidência rotativa desta organização em O país é também um importante fornecedor de petróleo à China e aos Estados Unidos. Gráfico 78 - Principais destinos de exportação do setor petrolífero (%) 13% 9% 5% China e EUA são os principais destinos de exportação de Angola 57% 17% China EUA Índia Taiwan África do Sul Fonte: UNCOMTRADE No PND , o Governo Angolano define, para o setor petrolífero, o seguinte objetivo: Assegurar a inserção estratégica de Angola no conjunto dos países produtores de energia e desenvolver o Cluster do petróleo e gás natural, contribuindo para financiar o desenvolvimento da economia e sua diversificação. Tabela 21 - Evolução do setor petrolífero: produção, preço médio de exportações do barril de crude, investimento e criação de emprego 83 Indicadores Total de Produção Petróleo Bruto Angola (Milhões de bbls 84 ) Produção Média Diária de Petróleo Bruto (Milhões de bbls) Indicadores dos Objetivos 2017 Ano base Metas ,73 1,85 1,93 2,01 2,08 1,88 83 Fonte: Governo de Angola in Plano Nacional de Desenvolvimento , segundo o Ministério do Planeamento, no âmbito das Políticas e prioridades para o desenvolvimento setorial 84 Barril (unidade) 133

134 Indicadores Exportações de Petróleo Bruto (Milhões de bbls) Preço Estimado de Exportação de Petróleo Bruto (US$/bbl) Capacidades e Armazenagem em Terra (Mil m 3 ) Ano base Indicadores dos Objetivos 2017 Metas ,6 673, ,5 760, ,8 96,0 93,4 92,0 89,9 89, Postos de Abastecimento Vendas Produtos Refinados (Mil TM) Investimentos (Milhões US$) Força de Trabalho Com base nos investimentos realizados nos últimos anos (e consequentes descobertas concretizadas),estimase que o potencial de produção do país poderá aumentar de 20 para 50 anos, com o ritmo da produção média diária de petróleo bruto e recuperar para 1,88 milhões de barris diários. Estratégia para o Gás Natural O aumento substancial confirmado das reservas de gás natural e o seu caráter atrativo do ponto de vista económico são os catalisadores para o desenvolvimento deste setor. As reservas de gás natural de Angola estão estimadas em aproximadamente 297 mil milhões de metros cúbicos. Foram encontradas ainda reservas de gás seco no país, embora, em 2012, ainda não estivessem a ser exploradas. A Sonagás Sonangol Gás Natural é o titular registado da totalidade do gás angolano. A empresa é a representante legal do Governo em todas as matérias relacionadas com gás natural. O Governo de Angola e a Sonangol consideram a oportunidade de produzir GNL de grande importância nacional. A produção de gás natural em Angola está a funcionar a apenas a um quinto da sua capacidade estimando-se que no final de 2014 haja uma considerável melhoria da sua exploração. A capacidade projetada de produção de GNL em Angola é de 5,2 milhões de toneladas ao ano. Tal seria equivalente a 45 milhões de barris de petróleo ou a um aumento de 6,5% na atual produção de petróleo, em termos de receitas. 134

135 3.5. Infraestruturas e energia O estado atual das infraestruturas em Angola A população angolana, de 20,7 milhões de habitantes (prev EIU - Economist Intelligence Unit), encontra-se desigualmente distribuída pelo país. As áreas mais densamente povoadas situam-se em redor da capital, Luanda, e de outras cidades principais como Huambo e Lobito. No geral, o litoral e as zonas sul e leste do país são menos povoadas do que as terras altas do interior. Não obstante, Angola tem demonstrado um compromisso determinado em financiar a reconstrução e a expansão das suas infraestruturas, um gesto fundamental para dar um primeiro impulso à sua economia não-petrolífera. No âmbito da nova Estratégia Energética, encontram-se planeados, ou em execução, os seguintes projetos: Aumento da capacidade de produção em 7000 MW (seis vezes a capacidade atual); Construção de 46 pequenas barragens hídricas, totalizando cerca de 180 MW; Construção de Km de rede de distribuição e 37 novas subestações; Construção de estações transformadoras (maior concentração em Luanda). Figura 25 - O estado das infraestruturas em África - Angola Fonte: Africa gearing up, PwC

136 Energia Angola tem efetuado investimentos substanciais no setor energético, desde 2002, para restabelecer e reconstruir as suas infraestruturas. Angola tem três sistemas e redes de energia domésticos autónomos Norte, Centro e Sul (CMI CHR Michelsen Institute). Os planos para as linhas de transmissão e interconectores encontram-se em diferentes fases de planeamento e preparação (encontram-se em fase de pré instalação). Pretende-se que esta possa estar ligada à República Democrática do Congo (RDC) e à Namíbia, de modo a facilitar as transferências de energia dentro do quadro do grupo de energia regional. Tabela 22 - Investimento por sistema e previsão do consumo de eletricidade (US$ milhões) Investimento por sistema e previsão do consumo de eletricidade Sistema Norte 1.648, ,00 Sistema Centro 92,62 - Sistema Sul - - Sistemas Isolados 23,92 1,70 Energias Renováveis 31,91 - Total 1.796, ,70 Fonte: Ministério de Energia e Águas de Angola in Programa de Desenvolvimento do setor da Energia De entre os principais desafios do setor, destacam-se: A carência de investimentos em infraestruturas; A requalificação das barragens de Matala, Gove, Cambambe, Mabubas; Os principais sistemas ainda não se encontram interligados; Existem impedimentos diretos à medição e contabilização do consumo; Existem algumas ligações clandestinas à rede. A falta de eletricidade e / ou o seu abastecimento irregular constituem uma perda significativa de receitas fiscais para o Estado, e uma sobrecarga financeira para as empresas, que se vêm obrigadas a dispor de sistemas alternativos de fornecimento de energia, condicionando desta forma o seu rendimento 85. Por outro lado, os custos de produção energética são relativamente elevados, tendo em conta os padrões dos países vizinhos da África Austral (figura seguinte). Os elevados custos em Angola, particularmente quando comparados com outros países, são parcialmente explicados pela dependência do país em relação à produção com base em petróleo. 85 Fonte: CCIPA, através dos dados fornecidos pelo Ministério de Energia e Águas de Angola 136

137 Gráfico 79 - Os custos de produção de energia elétrica em Angola são relativamente elevados 86 Transportes Em resultado da guerra civil, as infraestruturas de transportes de Angola sofreram um processo de deterioração significativo, levando ao encerramento da maior parte da rede rodoviária e ferroviária No entanto, desde 2002 Angola tem vindo a receber elevados empréstimos chineses para reconstruir as suas infraestruturas. Com efeito, desde 2004, têm sido feitos investimentos intensivos na reabilitação das infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias, na sua maioria financiados por empréstimos e linhas de crédito chineses (nos últimos anos, Angola foi um dos países africanos que recebeu mais crédito bancário da China). O investimento de Angola em infraestruturas (aproximadamente de US$ 4,3 mil milhões por ano) é equivalente a 14% do PIB (Pushak & Foster, 2011), sendo fortemente canalizado para o setor dos transportes. Transportes Aéreos: O principal aeroporto internacional de Angola está localizado em Luanda e é servido por diversas companhias aéreas internacionais e regionais, incluindo a TAAG (a companhia aérea de bandeira nacional), TAP, British Airways, South African Airways, Air France, Lufthansa, Ethiopian Airlines, Kenya Airways, KLM, Air Namíbia, Linhas Aéreas de Moçambique, Brussels Airlines, Iberia e Emirates Airlines. Totalmente renovado (projeto concluído em 2010 em preparação para o Campeonato Africano das Nações), o aeroporto ocupa atualmente uma área de mais de m 2. Dispõe de duas pistas com pavimento asfáltico de metros e metros cada, e 8 espaços para estacionamento de aeronaves. Com a recente renovação os balcões de check-in passaram de 12 para 26. O aeroporto renovado conta ainda com 3 novos parques de estacionamento para automóveis, táxis e autocarros, com capacidade para 856 veículos. 86 Fonte: African Infrastructure Country Diagnosis (AICD) - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março 2011 Baseado em Briceño-Garmendia e Shkaratan (2010-); baseado em dados de Os custos de Angola são baseados em estimativas feitas pela SFI e relativos a kwh = kilowatt-hora 137

138 Atualmente, o aeroporto acolhe cerca de 7 de voos internacionais por dia (destino Luanda), estando previsto o aumento do seu tráfego. A Egypt Air, a Royal Air Maroc e a Delta Airlines tencionam dar início às suas operações em Luanda num futuro próximo. Transportes Ferroviários: Foram construídas três linhas ferroviárias de referência a partir da costa em direção a leste na época colonial, ligando os principais portos de Angola no Atlântico ao interior do país. No seu auge em 1973, estas linhas transportavam 9,3 milhões de toneladas de carga, estimulando o crescimento de muitas das principais cidades angolanas no interior (Pushak & Foster, 2011). As três linhas ferroviárias que atravessam Angola são: Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL): liga a capital angolana Luanda à província interior de Malange. A linha está totalmente operacional, mas não tem ainda acesso ao Porto de Luanda; Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB): liga o Porto do Lobito no Atlântico à cidade do Luau, na fronteira leste do país, e às redes ferroviárias no sudeste da RDC e na Zâmbia. O CFB opera atualmente entre o Lobito e o Huambo; Caminhos-de-Ferro de Moçamedes (CFM): liga a cidade do Namibe à província leste do Kuando Kubango. Figura 26 - Redes ferroviárias em Angola, Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD) 138

139 Tabela 23 - Caraterísticas das redes ferroviárias em Angola, Empresas Porto Região Linhas (kms) Operacionais (kms) Operacionais (%) CFL Luanda Norte CFB Lobito Centro CFM Namibe Sul As linhas ferroviárias serão de importância vital para desenvolver o interior do país. As cidades do interior de Angola têm sido excluídas dos grandes desenvolvimentos das regiões costeiras há vários anos. O setor agrícola deverá ser o principal beneficiário. A indústria dos diamantes centralizada no interior do país - irá também ela beneficiar de uma rede ferroviária operacional. Transportes Rodoviários Desde 2002, Angola tem levado a cabo progressos impressionantes na reabilitação das suas infraestruturas, no processo de reconstrução de estradas e pontes. Em virtude disso, a rede de estradas aumentou para km em 2010 (ibid). Este esforço tem sido financiado por fundos públicos e créditos externos. Empresas de construção estrangeiras, nomeadamente chinesas e brasileiras, têm sido responsáveis por grande parte da reconstrução das infraestruturas do país. A reabilitação das estradas tem sido concentrada nas vias que ligam os principais centros urbanos e nas estradas em redor de Luanda. Fonte: Angola Roadmap, Bing, Microsoft 88 Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD) 139

140 Transportes Marítimos Luanda, Lobito, Namibe e Cabinda são os principais portos de carga em Angola. Porto de Luanda O Porto de Luanda é a principal rota do comércio internacional em Angola, movimentando mais de 70% das importações do país. É o principal centro para as operações atuais de importação de produtos alimentares, produtos relacionados com a indústria energética, e para as operações atualmente em franco crescimento de carga geral e de contentores. Situa-se a 8º47' S de latitude e 13º14' E de longitude, na baía de Luanda, com excelentes condições naturais, ondulação fraca e ventos calmos. Movimentação de contentores: Em 2011 a movimentação de contentores no Porto de Luanda registou um aumento de cerca de 28%, num total de contentores. Gráfico 80 - Movimentação de contentores no Porto de Luanda em Cheios Vazios Total Embarque Desembarque Em 2011, foram movimentados contentores. A variação desse movimento foi superior a 28%, o que representa um crescimento de contentores em relação a 2010 Caraterísticas O porto tem metros de cais de acostagem, divididos em 7 terminais + 1 plataforma logística de apoio à indústria petrolífera, trabalha 24 horas diárias, e é gerido pela Empresa Portuária de Luanda E.P. 89. Dispõe de 3 rebocadores com potências entre os 750 e os 2.500HP (unidade de medida horsepower). Produtos As mercadorias de entrada são as mais variadas e vão desde a farinha, arroz ou cereais para moagem até aos materiais de construção, produtos manufaturados, viaturas e equipamentos de transporte. As tonelagens de saída e de exportação são sobretudo café, tráfego local de cabotagem e contentores vazios. As operações de movimentação de carga no porto foram concessionadas a quatro operadores independentes 90 : Terminal Petrolífero: concessionado à SONILS em 1997 por um período de 25 anos. O terminal serve as indústrias do petróleo e gás; Terminal de Carga Geral (TCG): este terminal foi concessionado à Multiterminais em 2005 por um período de 20 anos. A Multiterminais é um consórcio formado pela Copinol SARL (51%), Nile Dutch África Line (35%) e pela NDS Lda (14%); 89 Fonte: Orey Angola 90 Angola - Perfil do Setor Privado do País Banco Africano de Desenvolvimento - BAfD 140

141 Terminal Polivalente (TP): este terminal foi concessionado à Unicargas em 2005 por um período de 20 anos. A Unicargas é uma empresa de transportes detida pelo Estado angolano; Terminal de Contentores (TC): este terminal foi concessionado à Sogester em 2007 por um período de 20 anos. A Sogester é detida pela APM Terminals (40%) com a Maersk Line (11%) e a Gestão de Fundos (49%). A APM Terminals faz parte do Grupo Moller-Maersk, que inclui também a companhia de navegação Maersk. Mapa 2 - Mapa do Porto de Luanda Fonte: OREY Angola Porto de Lobito O Porto de Lobito, o segundo maior porto de Angola depois de Luanda, fica a 12º20' S de latitude e a 13º34' E de longitude, na baía do Lobito. Movimentação de contentores A movimentação de contentores tem vindo a aumentar tendo movimentado 2.7 milhões de toneladas em 2011, cerca de 400 toneladas a mais que em Em 2011, o referido porto movimentou cerca de contentores. Caraterísticas O porto tem m de cais de acostagem, divididos em 2 zonas. A autoridade portuária "Porto do Lobito" dispõe de dois rebocadores, 15 gruas em terra com capacidades entre as 5 e as 22 toneladas e ainda de uma grua flutuante com capacidade de elevação de 120 toneladas 92. Produtos Os principais produtos movimentados no Porto de Lobito são sobretudo cereais para moagem e matériasprimas para a vizinha zona industrial da Catumbela bem como farinha, açúcar, arroz, materiais diversos para construção e equipamentos para as cidades do Lobito e Benguela Angola - Perfil do Setor Privado do País BAfD 92 Orey Angola 93 Orey Angola. 141

142 O setor dos transportes poderá representar um estrangulamento para a economia angolana nos próximos anos, se os principais desafios não forem ultrapassados. De facto, as fracas condições das infraestruturas rodoviárias e da logística dos transportes atrasam o desenvolvimento económico global do país. A maior parte do tráfego está concentrada na área em redor de Luanda, mas os níveis de tráfego globais são comparativamente baixos. A condição inadequada das estradas e a falta de manutenção das mesmas é um dos fatores que contribuem para os baixos níveis de tráfego. Figura 27 - Tipo e condições de estrada, linhas ferroviárias, portos, e população 94 Água e saneamento Angola tem feito importantes progressos neste setor tanto em áreas urbanas, como em áreas rurais. Em áreas urbanas, cerca de 4,8% da população tem vindo a obter acesso a fossas sépticas, todos os anos, a uma taxa de crescimento excecionalmente alta, que reflete o rápido processo de urbanização do país. Angola apresenta ainda uma elevada taxa de incidência de doenças, relacionada com a falta de saneamento e água potável, e outros problemas do setor hídrico. Em 2006 uma epidemia de cólera atingiu Luanda, afetando pessoas e causando quase 300 mortes (LUPP, 2007). A água contaminada, o escoamento inadequado das águas de escorrimento e o funcionamento deficiente do sistema de esgotos, têm resultado em altas taxas de doenças (USAID, 2009). A situação é particularmente grave em ambientes periférico-urbanos informais e em campos de refugiados. No contexto rural, o abastecimento de água faz-se por poços e furos, o que não garante o fornecimento de água potável. 94 Fonte: AICD - As Infraestruturas de Angola: Uma perspetiva continental, março 2011/ Atlas Interativo de Infraestruturas do DIAOP para Angola 142

143 Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC) 95 O setor das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é um setor emergente em Angola. Graças ao empenho demonstrado pelo Governo na implementação e desenvolvimento deste setor, o país conheceu um crescimento notável que obteve inclusivamente reconhecimento internacional. O Ministério das Telecomunicações e Tecnologias da Informação é responsável pela supervisão do setor. O Instituto Angolano das Comunicações (INA-COM), criado em 1999, define os preços dos serviços de telecomunicações e atua como autoridade reguladora independente para o setor. A Angola Telecom é a empresa estatal de serviços de telecomunicação e internet, e as suas subsidiárias incluem a TV Cabo, uma empresa de programação de televisão que oferece serviços de banda larga de cabo para transmissão televisiva e radiofónica; a Multitel, um portal que oferece um vasto leque de serviços de internet; e a Elta, um diretório online de listas telefónicas e contactos web. Angola alcançou uma subida de 4 posições na classificação do Índice de Desenvolvimento das TIC (IDT) de 2011, que compara os avanços das tecnologias de informação e comunicação em 154 países Angola tem hoje um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África Subsariana com cerca de 13 milhões de clientes de telemóveis. O setor das telecomunicações opera através de duas operadoras móveis em Angola: a Movicel, uma empresa angolana, e a Unitel, parcialmente detida pela Portugal Telecom. Para além das operadoras referidas, foram licenciadas quatro operadoras de linhas telefónicas (Mercury, Nexus, Mundo Startel e Wezacom). Com cerca de 8 milhões de clientes a Unitel é a operadora líder de telecomunicações móveis em Angola. A empresa foi criada em 2001 e tem, desde então, registado um crescimento considerável. Atualmente a Unitel tem, grosso modo, o dobro da dimensão da Movicel, o seu único concorrente no mercado. A Unitel ostenta ainda a mais elevada receita média por utilizador (ARPU average revenue per user) em África, de cerca de US$ 21/mês. A empresa oferece um pacote completo de serviços de comunicação móvel, incluindo: GPRS 96, EDGE 97, UMTS 98 e serviços de chamadas no estrangeiro. Além disso, em 2009 a Unitel lançou serviços 3G. A empresa é detida pela Mercury (uma subsidiária da Sonangol), Grupo GENI, Vidatel e Portugal Telecom, cada um detendo uma participação de 25%. Em particular, a sua parceria com a Portugal Telecom, um operador internacional de telecomunicações móveis, tem facilitado a importação de tecnologia e a transferência de competências. A Movicel foi criada em 2003 como o braço de telecomunicações móveis da empresa nacional de telecomunicações, Angola Telecom, tendo uma base de clientes de 5 milhões. A Movicel especializou-se no segmento mais baixo do mercado, oferecendo com a adesão, equipamentos móveis com preço de revenda de cerca de US$ 30. O ARPU da Movicel está acima dos US$ 20. A Unitel anunciou, em 2012, um programa intensivo de expansão e modernização da sua rede ao longo dos próximos quatro anos, avaliado em US$ 1.7 mil milhões. Tal significa o alargamento da sua rede a áreas ainda não cobertas, bem como a implementação de uma rede de fibra ótica ao longo de todo o país para melhorar a largura de banda. A empresa estará ainda envolvida num projeto para a construção do primeiro satélite do país. 95 Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD) 96 GPRS - General Packet Radio Services (Serviços Gerais de Pacote por Rádio) 97 EDGE - Enhanced Data rates for GSM Evolution tecnologia digital para telemóveis 98 UMTS - Universal Mobile Telecommunications System é uma das tecnologias de 3ª geração dos telemóveis. 143

144 Tabela 24 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões telefones Indicador Angola Moçambique Namíbia África do Sul Telefones fixos por 100 habitantes 1,6 0,4 6,7 8,4 Telemóveis por 100 habitantes 46,7 30,9 67,2 100,5 Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD) Nos próximos anos, as duas operadoras planeiam desenvolver ambiciosos projetos de expansão para satisfazer a procura e para melhorar e expandir a sua cobertura no país. A Movicel deverá introduzir a tecnologia 4G no país, para permitir um acesso rápido à internet. As áreas de crescimento do setor incluem os serviços 3G e os serviços de videoconferência e dados. A internet chega à população angolana de forma deficitária, apesar dos esforços do Governo de Angola na criação de infraestruturas de telecomunicações, como é o exemplo da criação, a nível nacional, de uma rede de fibra ótica. Angola tem todas as condições para se tornar um país produtor e exportador das novas tecnologias, identificando com clareza quais as suas necessidades neste domínio Cerca de 10% da população angolana tem acesso à internet, menos do que a média da SADC, que é de 12% (segundo dados da União Nacional das Telecomunicações). Os meios mais usados pelos angolanos para acederem à internet são os computadores e os telemóveis. Tabela 25 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões internet Indicadores Angola Moçambique Namíbia África do Sul Utilizadores de internet por 100 hab. 10 4,2 6,5 12,3 Percentagem de agregados familiares com computador 7,1 7,5 15,4 18,3 Assinantes de internet de banda larga fixa, por 100 hab 0,1 0,1 0,4 1,5 Subscrições ativas de banda larga móvel por 100 habitantes 5,6 1,i5 7,5 16,6 Fonte: Angola - Perfil do Setor Privado do País 2012 (BAfD) De acordo com o Relatório da Economia da Informação, , publicado pela UNCTAD, as Tecnologias de Informação e Comunicação são um setor em que a concorrência tende a aumentar e que, nessa medida, os países que quiserem atrair investimentos estrangeiros, terão que investir na força de trabalho doméstica, nas infraestruturas de telecomunicações e em fortalecer o ambiente de investimentos. Assim, é importante melhorar as infraestruturas já existentes, a diversos níveis: Rede de energia elétrica: Angola debate-se com algumas dificuldades no fornecimento de energia elétrica, colmatando as falhas com o uso de geradores. Desta forma, urge melhorar as infraestruturas, uma vez que estas se revelam essenciais para a utilização eficiente das tecnologias de informação; Infraestruturas de telecomunicações: deverá existir uma maior disseminação, a nível nacional, e a uma velocidade muito maior de infraestruturas que suportem as comunicações; O país enfrenta ainda algumas dificuldades, que têm constituído um entrave a um desenvolvimento mais rápido do setor das TIC. A dinamização do setor tem dependido, em grande medida, de parcerias estabelecidas a nível internacional. 144

145 Contudo, o país tem todas as condições para, aos poucos, se tornar cada vez menos dependente das relações económicas internacionais no que respeita à aquisição de produtos tecnológicos, e de se tornar um produtor e exportador destas novas tecnologias, identificando com clareza quais as suas necessidades neste domínio e procurando as vias adequadas para responder, por si próprio, aos seus interesses nacionais. Principais investimentos previstos em infraestruturas e energia Apesar de existir ainda alguma fragilidade nas infraestruturas do país, Angola é um dos poucos países africanos que não enfrenta uma grande lacuna de financiamento neste setor. Em grande parte devido às suas reservas de petróleo, Angola tem os recursos financeiros suficientes para construir ou reconstruir as infraestruturas, expandir a economia e modernizar as ligações das suas cidades. Tabela 26 - Potencialidades ao nível de infraestruturas (PND ) 99 Setor Potencialidades Energia Água Construção e Urbanismo Telecomunicações e Tecnologias de informação Transportes Elevado potencial hídrico, eólico, solar e biomassa; Capacidade institucional consolidada (ministério e empresas públicas do setor); Aprovação do Decreto Presidencial nº 256 Política e Estratégia de Segurança Energética Nacional, com o objetivo principal de quadruplicar a oferta de energia atualmente existente, promovendo a utilização mais eficiente dos recursos endógenos e de tecnologias. Existência de 47 bacias hidrográficas principais; Perspetiva de expansão do fornecimento de água potável a toda a população; Programa Água para Todos. Melhoria substancial das infraestruturas rodoviárias na maior parte do território nacional, permitindo o restabelecimento da circulação entre todas as capitais de província; Necessidade de completar a rede nacional de estradas, em particular as vias de ligação municipal e comunal; Cluster da habitação considerado prioritário e disponibilidade de reservas fundiárias. Rápida expansão da procura de TIC quer a nível individual quer empresarial e institucional; Implementação do Programa de Governo Eletrónico; Operacionalização dos conceitos de Correio de Proximidade e de Estações Multifuncionais, que poderão funcionar como importantes ferramentas para a fixação das populações nas suas áreas de origem. Cluster considerado prioritário com importantes projetos estruturantes, quer ao nível das infraestruturas, quer dos sistemas de transportes e das suas articulações com as plataformas logísticas; Incremento da procura de infraestruturas derivada do aumento das atividades empresariais, resultantes das políticas nacionais de expansão e cooperação regional (SADC, CEEAC); Relançamento do setor marítimo nacional, para o transporte marítimo internacional e nacional (cabotagem e fluvial). Projetos Estruturantes de Prioridade Nacional (PE) Os PEs são investimentos de dimensão significativa, de natureza pública ou privada que concorrem para a concretização do modelo de desenvolvimento económico da Estratégia Nacional Angola Fonte: PND 2017, Governo de Angola 145

146 Energia Até 2016, o Ministério da Energia e Águas pretende executar alguns PEs, nomeadamente: Das centrais hidroelétricas de Laúca e Caculo Cabaça, no rio Kwanza: o projeto deverá consumir cerca de US$ 763 milhões, desenvolvendo um aproveitamento hidroelétrico da barragem de Cambambe (600 MW), do Nhangue (450 MW), Laúca e Caculo Cabaça. A conclusão está prevista para 2015; A central do ciclo combinado do Soyo, que se prevê que esteja concluído até dezembro de 2014, e cujo principal objetivo é a queima de gás natural; Centrais hidroelétricas de Jamba-ya-Mina e Jamba-ya-oma no Rio Cunene: o projeto prevê a regularização do caudal do Jamba-ya-mina, do Jamba-ya-oma e do projeto binacional do Baynes, devendo a sua construção ficar concluída em Ao nível da distribuição de energia, as autoridades pretendem promover a construção dos sistemas de transmissão associados às novas centrais, e a interligação dos sistemas Norte, Centro e Sul. Estão também previstos investimentos ao nível da energia hídrica, solar, eólica, gás natural e biocombustíveis. Os PEs relativos ao setor energético têm por base três vetores, e para cada um destes estão previstos vários projetos e investimentos. 1. Transporte de energia elétrica; 2. Distribuição da energia elétrica; 3. Eletrificação rural e mini hídricas. O Governo Angolano tem previsto um investimento de cerca de US$ 1,412 mil milhões no setor do transporte da energia elétrica entre PND Tabela 27 - Projetos previstos em Angola para o setor do transporte da energia elétrica 100 Projeto Montante (US$ milhões) Central ciclo combinado do Soyo fase 1 e sistema associado 3,1 Central ciclo combinado do Soyo fase 2 51 Construção da segunda central do aproveitamento hidroeléctrico de Cambambe e Alteamento 114 Construção do aproveitamento hidroelétrico de Laúca 384 Construção do aproveitamento hidroelétrico de Caculo Cabaça 379 Construção do aproveitamento hidroelétrico de Jamba ya Oma 60 Construção do aproveitamento hidroelétrico de Jamba ya Mina 89 Reabilitação reforço de potência do aproveitamento hidroelétrico de Luachimo 23 Construção da mini hídrica de Chiumbe-Dala (12 MW) Fonte: PND

147 Projeto Montante (US$ milhões) Sistema associado ao A.H. da 2ª central de Cambambe 67 Sistemas associados aos A.H. s de Laúca e Caculo Cabaça 91 Interligação Centro e Sul 93,8 Sistema Regional Leste 48 Tabela 28 - Projetos previstos em Angola para o setor da distribuição da energia elétrica 101 Projeto Programa de eletrificação das cidades de Luanda e Caxito Montante (US$ milhões) 31 Estão previstos investimentos de cerca de 650 milhões de US$ no setor da distribuição da energia elétrica Programa de eletrificação das sedes municipais e comunais 619 In PND *Valores estimados à taxa de câmbio atual AKZ vs US$, aplicável à data da elaboração do presente guia. Tabela 29 - Projetos previstos em Angola para o setor eletrificação rural e mini-hídricas 102 Projeto Montante (US$ milhões) Programa nacional de eletrificação rural Construção da mini-hídrica do Cunje (4MW) 2 Construção da mini-hídrica do Cutato (4 MW) 6 Construção do parque eólico do Tômbwa * Projeto de indústria eletro-intensiva (alumínio) * Construção do aproveitamento hidroelétrico de Cacombo * Construção da 2ª central de Hidrochicapa * *projetos em PPPs Com a implementação do Decreto Presidencial nº 256, o Governo prevê que o setor energético ocupe cerca de 10% ou 15% no PIB Angolano, até Fonte: PND Fonte: PND

148 Transportes O setor dos transportes engloba, entre outros PE, a reconstrução de novas estradas secundárias e terciárias. Tabela 30 - Projetos previstos em Angola para o setor dos transportes 103 Projeto Montante (US$ milhões) Programa de recuperação das vias secundárias 347,3 Programa de recuperação e conservação da rede terciária de estradas 67,3 Água e saneamento Os PEs do setor da água e saneamento abrangem, tal como nos restantes setores, alguns vetores considerados essenciais ao seu desenvolvimento, nomeadamente: 1. Abastecimento de água às sedes de província e municípios mais populosos; 2. Abastecimento de água em meios rurais. Tabela 31 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água às sedes de província e municípios mais populosos 104 Projeto Montante (US$ milhões) Construção do sistema IV do Bita 51 Construção do sistema 5 Quilonga Grande 74 Reforço dos sistemas de abastecimento de água e saneamento de 17 cidades capitais de Província 276 Construção de novos sistemas de abastecimento de água em 130 sedes municipais do território nacional 144 Fonte: PND O Decreto Presidencial nº 256 aprovado a 29 de setembro de 2011, cujo objetivo principal é o de quadruplicar a oferta de energia atualmente existente, prevê um investimento global de cerca de US$ 13 mil milhões, e deverá ser realizado até Este programa irá permitir ao setor energético crescer de 3% para 10% ou 15% do PIB, no final da sua implementação. 103 Fonte: PND Fonte: PND

149 Tabela 32 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água em meios rurais 105 Projeto Projeto para melhoria do abastecimento de água dos meios rurais Programa Água para todos Montante (US$ milhões) 58 Fonte: PND Projetos estruturantes de iniciativa privada Presentemente, encontram-se identificados 47 Projetos Estruturantes (PE) de iniciativa privada nos clusters da alimentação e agroindústria (25), Geologia, Minas e Indústria (15) e Petróleo e Gás Natural (7). Estima-se que 39 destes projetos envolvam um investimento total de AKZ milhões, dos quais aproximadamente 17% se inserem no cluster geologia, minas e indústria, cerca de 16% destinam-se ao cluster alimentação e agroindústria e 67% ao cluster petróleo e gás natural. Presentemente, encontram-se identificados 47 PE de iniciativa privada O valor dos restantes 8 projetos de iniciativa privada (dos quais 6 do cluster geologia e minas e 2 do cluster petróleo e gás natural) ainda não está determinado. Exceto os projetos do cluster petróleo e gás natural, cujos investimentos se encontram maioritariamente associados aos locais de proveniência daqueles recursos, os restantes PE de iniciativa privada apresentam-se dispersos por várias províncias do território. 105 Fonte: PND

150 3.6. Polos industriais e agroindustriais O executivo angolano tem nas suas linhas de orientação programáticas o objetivo de construir e desenvolver polos agroindustriais, procurando sinergias pela integração de atividades agropecuárias e os seus processos de transformação, armazenagem e logística. Os investimentos previstos são elevados, estando identificados como grandes projetos: Polo agroindustrial de Capanda em Malange US$ 375 milhões; Polo agroindustrial da Camabatela em Kwanza Norte US$ 243 milhões. É intenção do Governo que uma parte significativa dos projetos de investimento de médio e longo prazo, estimados em cerca de US$ milhões, se desenvolvam através de PPP. As principais produções deverão ser o milho, arroz, feijão, óleo de soja, soja, hortícolas, farinhas, rações e carne bovina, suína, de aves, leite e ovos (sendo estes dois últimos produtos projetos bandeira do Governo). A aposta do Governo angolano na produção nacional traduz-se em: Programas de incentivos; Linhas de financiamento; Forte investimento público; Campanhas de marketing para incentivar a compra de produtos e serviços comercializados em Angola. Fonte: Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas A nível do fomento industrial, têm sido várias as iniciativas de desenvolvimento de polos industriais, em parceria com outras entidades públicas. A título de referência, a Sonangol tem estabelecido parcerias com empresas privadas para o desenvolvimento de unidades industriais na ZEE (de Viana), compreendendo atividades como a metalomecânica, galvanização, produção de casas pré-fabricadas, reciclagem de resíduos, produção de vidro e produção avícola. As políticas de aceleração do programa de industrialização do país passam pela construção de polos de desenvolvimento industrial nas 18 províncias. Os polos industriais concentram-se principalmente no litoral, existindo perspetivas de alargar o projeto a todas as províncias. 73 Novas unidades industriais na ZEE Polos de desenvolvimento industrial nas 18 províncias 150

151 No orçamento de estado de 2012 encontravam-se previstos planos de desenvolvimento industriais para os polos industriais de Viana, Lucala e Futila na ordem dos US$ 12 milhões no total, quantia semelhante a 2011 e quase o dobro do valor que constava no OGE de Espera-se que o desenvolvimento dos polos industriais seja efetuado no quadro da lei das parcerias públicoprivadas. A par destes programas, o Governo tem igualmente lançado várias iniciativas para o fomento industrial, desde o processamento de sucatas metálicas, ao cimento e materiais de construção, ao têxtil, recorrendo ao OGE ou a financiamento internacional, tal como se verifica no setor têxtil. O polo agroindustrial de Capanda tem uma área de 411 mil hectares. A meta é substituir 50% do que Angola gasta a importar alimentos. Revista Exame,

152 Peso nas importações totais de Angola Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 3.7. Abertura da economia e relações comerciais A economia angolana é relativamente fechada não obstante o elevado valor de exportações que, no entanto apresentam forte concentração no petróleo. Tabela 33 - Abertura da economia angolana 106 Angola Taxa de câmbio (US$ /AKZ) 110,38 111,08 121,53 131,01 123,17 Inflação 12,47% 13,73% 14,47% 13,47% 10,29% Balança Comercial (em % do PIB) 51,00% 27,10% 41.20% 45,30% 49,23% Balança Corrente (em % do PIB) 8,50% (11,30%) 9,10% 12,60% 17,69% Importações Angola importa maioritariamente da China, dos EUA e da África do Sul. Tal como se verifica relativamente ao bloco comercial em que Angola se encontra inserida, o peso total e relativo da China tem vindo a aumentar, o que contrasta com o declínio da importância relativa do Brasil. Gráfico 81 - Evolução das importações de Angola e principais países de origem, % 90% 80% 20,982 22,660 20,190 24,000 25,000 20,000 70% 60% 50% 40% 30% 20% 16,667 10% 8% 4% 6% 4% 4% 10% 8% 8% 16% 18% 16% 6% 5% 9% 19% 6% 6% 8% 20% 15,000 10,000 5,000 Brasil África do Sul EUA Portugal China Importações 10% 0% 14% 14% 13% 17% 21% Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat 106 Fontes: Banco Mundial, Bloomberg, BNA 152

153 Importações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP Portugal tem conseguido aumentar as suas exportações para Angola, aumentando igualmente o seu peso relativo no total das importações angolanas representou em 2012 cerca de 20% das importações do país. O Brasil consegue ter algum relevo, representando 6% das importações, em 2012, embora apresente uma tendência decrescente. Gráfico 82 - Importações angolanas da CPLP 12,000 A CPLP representou, em 2012, 40,62% das importações angolanas 10, % 8,000 2,191 6, % 10 2,005 4, % 12 1, % 3 1, % 5 1,299 7,558 2,000 3,578 4,238 2,769 3, Portugal Brasil Moçambique Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Relativamente aos produtos importados verifica-se que Angola, para conseguir desenvolver a sua indústria, ainda se encontra dependente, em grande medida, dos países industrializados. Angola importa maioritariamente máquinas, aparelhos, instrumentos mecânicose materiais elétricos, automóveis e obras de ferro fundido, ferro ou aço para construção. A indústria portuguesa poderá beneficiar do forte relacionamento entre os dois países para melhorar a compatibilidade dos produtos exportados, vs. importações de Angola, nomeadamente, em setores competitivos e que têm vindo a sofrer reduções no consumo interno, como sucede com a maquinaria e alimentos. 153

154 Gráfico 83 - Importações angolanas - Top produtos 5% 5% 2% Maquinaria e equipamentos de transporte Alimentos e animais vivos 9% 35% Bens manufaturados Outros artigos manufaturados 9% Químicos e produtos relacionados Bebidas e tabaco 16% 18% Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Óleos vegetais e animais, gorduras e ceras Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Não obstante o peso dos produtos importados, em particular máquinas e equipamentos, importa realçar o crescimento médio anual que as importações de combustíveis e bens agroalimentares (em especial, carnes, bebidas e cereais) tiveram no período (56% e 13%) e que revelam por um lado as fortes lacunas que o setor primário apresenta no abastecimento alimentar das populações, a par do elevado ritmo de crescimento populacional que o país vem registando desde o fim da guerra civil, e por outro indiciam um crescimento do consumo privado. Gráfico 84 - Importações angolanas evolução por tipo de produtos Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Portugal merece destaque na análise dos principais mercados nas importações angolanas nos 4 produtos mais importados, fazendo parte do top 5 dos parceiros comerciais. Quanto às exportações portuguesas para Angola são de destacar as máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, sendo Portugal o maior exportador destes produtos para Angola, o que reflete as fortes relações comerciais entre os dois países. 154

155 Figura 28 - Principais importações angolanas de Portugal Portugal 20% das importações angolanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Gráfico 85 - Importações angolanas a Portugal Agregadamente, a maquinaria e equipamentos de transporte são a fatia com maior peso nas importações de Angola com proveniência de Portugal. 10% 8% 30% Analisando em maior detalhe, importa destacar as bebidas alcoólicas, representando cerca de 8,2% das exportações portuguesas para Angola. 11% Destacam-se igualmente as exportações de mobiliário, estruturas e partes de estruturas de ferro, aço ou alumínio e de barras de ferro e aço para construção. 15% 23% Maquinaria e equipamentos de transporte Bens manufaturados Outros artigos manufaturados Alimentos e animais vivos Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Bebidas e tabaco Químicos e produtos relacionados 155

156 Figura 29 - Principais importações angolanas do Brasil Brasil 6% das importações angolanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 Gráfico 86 - Importações angolanas ao Brasil Relativamente aos produtos vindos do Brasil, em 2012, o que tem maior peso é a categoria carne, com uma importância relativa de 27,86%. 11% 8% 5% Em segundo lugar surgem as importações de açúcar com um peso de 10,56% e, de seguida, mobiliário com 4,77%. Identificam-se possibilidades de concorrência entre as economias que possam apresentar os mesmos produtos ou fileiras de produtos usando como base o produto importado por referência. 17% Alimentos e animais vivos 57% Maquinaria e equipamentos de transporte Outros artigos manufaturados Bens manufaturados Químicos e produtos relacionados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 A importação de serviços por parte de Angola centra-se nos serviços associados ao setor da construção e dos transportes, o que é compreensível considerando o atual estado de desenvolvimento da economia angolana, 156

157 Peso nas exportações totais de Angola Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP que tem investido na construção de infraestruturas e de projetos industriais relevantes e que depende da rede de transportes internacionais para a escoação dos seus produtos, verificando-se mesmo uma forte ligação entre o aumento das exportações de petróleo e as importações de serviços de transporte. Gráfico 87 - Importações angolanas de serviços 100% 80% 60% 40% 20% 0% 11,723 9,378 8,296 10, Fonte: International Trade Centre Serviços de Construção Transportes Outros Serviços Exportações Os principais mercados para os quais Angola exporta os seus produtos são a China, os EUA, a Índia, Taipé Chinesa e a África do Sul, sendo responsáveis pela absorção mais de 82% das exportações. A China tem vindo a ganhar importância relativa nas exportações angolanas, sendo o destino de quase 50% das exportações do país, por contrapartida do declínio da importância relativa dos EUA nas relações comerciais angolanas. Gráfico 88 - Evolução das exportações de Angola e principais países de destino 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 63,914 2% 9% 29% 24% 33% 37% 40,828 9% 50,595 23% 43% 73,000 66,996 9% 11% 21% 14% 46% 38% 80,000 70,000 60,000 50,000 40,000 30,000 20,000 10,000 India EUA China Exportações 0% Fonte: Centro Internacional de Comércio; UNCTAD, UNCTADstat 157

158 Importações (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP As exportações angolanas para a CPLP representam pouco mais de 50% do que Angola importa dos países membros, sendo que na sua grande maioria aquelas correspondem a produtos petrolíferos destinados a Portugal. O quadro de relações de exportação para a CPLP é residual para os restantes países. Gráfico 89 - Exportações angolanas para a CPLP 6,000 5, % 111 4,000 3, % 3.07% 5,423 2, , % 1, % 1, Portugal Brasil Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Portugal é o principal destino das exportações angolanas dentro da CPLP, absorvendo cerca de 7,13% das exportações totais do país (2012), seguido novamente pelo Brasil cujas relações comerciais com Angola não são expressivas para as exportações do país. A CPLP representou, em 2012, cerca de 7,58% do destino das exportações angolanas. 99% destas exportações correspondem a petróleo Figura 30 - Principais exportações angolanas para Portugal Portugal 7% das exportações angolanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat,

159 Figura 31 - Principais exportações angolanas para o Brasil Brasil 0,15% das exportações angolanas Fonte: UNCTAD, UNCTADstat, 2012 As exportações para o Brasil têm um menor peso na economia de Angola e 99% delas são propano e butano. 159

160 3.8. Investimento privado de e para Angola Principais investimentos privados em Angola Em 2012 as propostas de investimento aprovadas totalizaram US$ milhões, sendo que Portugal foi o país estrangeiro com o maior valor de investimentos aprovados, com um total de US$ 489 milhões investidos no país, tendo sido inclusive o único país da CPLP que obteve aprovação às suas propostas de investimento (além do investimento de fonte angolana). Tabela 34 - TOP 10 dos países de origem do investimento privado em Angola Ranking Países N.º propostas Montante (US$ milhões) 1 Angola Portugal Países Baixos África do Sul China Bélgica Espanha Maurícias Nigéria Inglaterra 4 8 Fonte: ANIP (Agência Nacional de Investimento Privado - de Angola), 2012 A grande maioria dos investimentos aprovados destinaram-se à província de Luanda, sendo que os projetos foram dispersos por diversas áreas, desde atividades auxiliares de seguros e fundos de investimento sendo esta a principal atividade económica na qual as empresas portuguesas investiram, passando por projetos de construção de edifícios (no todo ou em parte) por projetos de investimento no comércio a retalho, comércio por grosso e pela fabricação de diversos produtos, tal como cimento, cerveja e malte, artigos de plástico, entre outros. Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões, tendo-se a China assumido como principal fonte de investimento em Angola, com um total de US$ 30 milhões. Portugal viu aprovadas propostas de investimento no total de US$ 11 milhões, sendo assim o segundo país com maior valor de investimento em Angola. De notar também que, em 2013, o Brasil também viu duas propostas suas de investimento privado serem aprovadas, num total de US$ 4 milhões. 160

161 Investimento Direto Estrangeiro Em 2012, as propostas de investimento aprovadas totalizaram US$2.436 milhões 108. Portugal foi o país estrangeiro com o maior valor de investimentos aprovados, com um total de 489 milhões US$ investidos no país. A grande maioria dos investimentos aprovados tiveram como destino a província de Luanda, compreendendo atividades auxiliares de seguros e fundos de investimento (sendo esta a principal atividade económica na qual as empresas portuguesas investiram), projetos de construção de edifícios (no todo ou em parte), projetos de investimento no comércio a retalho e no comércio por grosso e a fabricação de diversos produtos, tal como cimento, cerveja e malte, artigos de plástico, de entre outros. Durante o primeiro trimestre de 2013 foram investidos US$ 383 milhões, tendo a China levado a dianteira como principal fonte de investimento em Angola, com um total de US$ 30 milhões US$. Portugal viu aprovados propostas de investimento no total de 11 milhões US$, sendo assim o segundo país em valor de investimento em Angola. Adicionalmente, em 2013 o Brasil também viu duas propostas de investimento privado aprovadas, num total de 4 milhões US$. Angola Dados referentes aos últimos 24 meses Número de projetos: 47 CAPEX: US$ milhões Postos de trabalho criados: Empresas/investidores: 26 Top cidades recetoras de IDE Luanda: 18 projetos Soyo: 3 projetos Viana: 2 projetos Cabinda: 2 projetos Huambo: 1 projeto Fonte: fdi Markets 107 O IDE tem vindo a desempenhar um papel relevante na atividade económica de Angola. A atração dos investidores por Angola deve-se, maioritariamente, às riquezas existentes em petróleo e outros recursos naturais. Nas atividades não-petrolíferas, o principal interesse recai sobre a indústria transformadora e sobre a reabilitação das infraestruturas e a agricultura. O investimento privado, a par do investimento público, continua a ser uma aposta estratégica do Estado para a mobilização de recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos, visando o desenvolvimento económico e social do País, o aumento da competitividade, crescimento da oferta de emprego e a melhoria das condições de vida das populações Lei Base de Investimento Privado Lei nº 20/11 Não obstante, o período entre 2010 e 2012, foi um período de retração do IDE em Angola, tendo-se verificado inclusivamente um forte fluxo de desinvestimento. Esse facto provocou um saldo líquido negativo nesse período, devido a uma multiplicidade de fatores, como a recuperação do investimento anteriormente realizado por empresas petrolíferas estrangeiras, a falta de liquidez de alguns investidores internacionais e a necessidade de obtenção de liquidez através da venda das respetivas participações no investimento realizado e sua aquisição por investidores nacionais. Angola apresenta uma economia fortemente especializada na extração petrolífera, o que também se reflete no IDE recebido. Entre 2003 e 2012, este setor atraiu projetos, representando 2.8% de todos os projetos greenfield do período. Segundo a plataforma fdi Markets (Financial Times Ltd.), Angola liderou o ranking dos projetos greenfield 109 dos países subdesenvolvidos, com o projeto americano no setor do petróleo da empresa Esso Exploration Angola (Block 15), com o valor de milhões US$, o qual criou 219 postos de trabalho. O setor das tecnologias de comunicação e informação apresentou um crescimento de IDE relevante a sua quota do total de projetos 107 fdi Markets (Financial Times Ltd.) 108 De acordo com informação oficial da ANIP. 109 Projetos novos construídos de raiz. 161

162 Fluxos de IDE (milhões US$) Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP greenfield cresceu de 9,3% em 2003 para 13,4% em 2012, e foi o setor que mais projetos atraiu neste período. No setor dos serviços financeiros, entre 2003 e 2012, Angola atraiu 135 projetos na área da Banca, dos quais 76% oriundos de Portugal, tendo o número de projetos aumentado o seu peso no IDE recebido de 6,8% em 2003 para 9% em No que respeita a investimento no exterior (Outward) com origem em Angola, entre 2010 e 2012 registou-se um aumento progressivo do investimento, tendo Portugal como principal destino. Gráfico 90 - Fluxos de IDE em Angola , , ,570 2,205 1,340 2,093 2, , , , ,024-3,227 Inward Outward -6, , ,898 Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Tabela 35 IDE em Angola: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre Empresa Chevron Corporation Chevron Corporation Investimento estimado (US$ milhões) Criação estimada de postos de trabalho Ano País de origem Setor Total França Carvão, petróleo e gás natural EUA Carvão, petróleo e gás natural EUA Carvão, petróleo e gás natural Área chave de negócio Indústria manufatureira Extração Extração ITIC Group China Imobiliário Construção Total França Carvão, petróleo e gás natural ExxonMobil EUA Carvão, petróleo e gás natural ExxonMobil EUA Carvão, petróleo e gás natural Chevron Corporation EUA Carvão, petróleo e gás natural Extração Extração Extração Extração Roc Oil Austrália Carvão, petróleo e Extração 162

163 Empresa Investimento estimado (US$ milhões) Criação estimada de postos de trabalho Ano País de origem Setor gás natural ExxonMobil EUA Carvão, petróleo e gás natural British Petroleum Reino Unido British Petroleum Reino Unido Carvão, petróleo e gás natural Carvão, petróleo e gás natural Petrobras Brasil Carvão, petróleo e gás natural British Petroleum Reino Unido China Petroleum and Chemical Carvão, petróleo e gás natural China Carvão, petróleo e gás natural Eni Itália Carvão, petróleo e gás natural Total França Carvão, petróleo e gás natural ExxonMobil EUA Carvão, petróleo e gás natural Área chave de negócio Extração Extração Extração Extração Extração Extração Extração Indústria manufatureira Indústria manufatureira Camargo Corrêa Brasil Construção Indústria manufatureira Mota Engil Portugal Imobiliário Construção British Petroleum Reino Unido Carvão, petróleo e gás natural Extração Portugal Telecom Portugal Comunicação TIC e infraestruturas de internet AXE Group Bélgica Transportadora Formação Imocom Portugal Construção Indústria manufatureira ZTE China Comunicação TIC e infraestruturas de internet Odebrecht Brasil Energias renováveis Eletricidade Technip-Coflexip França Metais Indústria manufatureira Banco Espirito Santo Portugal Construção Indústria manufatureira Daimler Alemanha OEM automóvel Indústria manufatureira Rangel Portugal Transportadora Logística, distribuição e transporte Coca-Cola EUA Bebidas Indústria manufatureira H & C Maritime Construction Países Baixos Transportes nãoautomóveis Indústria manufatureira Zimsun Leisure Zimbabué Hotelaria Construção Lonrho Reino Unido Construção Technip-Coflexip França Equipamento industrial Indústria manufatureira Indústria manufatureira 163

164 Empresa Investimento estimado (US$ milhões) Criação estimada de postos de trabalho Ano País de origem Setor Área chave de negócio Rezidor Hotel Bélgica Hotelaria Construção InterContinental Hotels Reino Unido SABMiller Reino Unido Hotelaria Bebidas Construção Indústria manufatureira Unicer Portugal Bebidas Indústria manufatureira SBM Offshore Países Baixos Transportes nãoautomóveis Indústria manufatureira AP Moller Maersk Dinamarca Logística Logística, distribuição e transporte Lonrho Reino Unido Alimentação e tabaco Secil Portugal Materiais de construção Indústria manufatureira Indústria manufatureira Alrosa Rússia Minerais Indústria manufatureira Nampak África do Sul TOTAL Metais Fonte: UNCTAD, Foreign Direct Investment in LCDs: Lessons Learned from the decade and the way forward Indústria manufatureira Em toda a África começam-se a verificar novos modelos de IDE. A China tem vindo a desenvolver várias iniciativas, alterando a configuração do investimento neste continente, entre as quais o desenvolvimento e implantação territorial de zonas económicas, reforçando a sua presença a atuando como plataforma multiplicadora de novo investimento chinês. Há muitos exemplos do crescente interesse do investimento chinês em infraestruturas africanas. Na Zâmbia, investidores chineses ganharam um contrato para a construção de uma central elétrica no montante US$ 600 milhões. Na África do Sul e no Botswana, as empresas chinesas têm vindo a construir hotéis e outras infraestruturas turísticas. O gigante das telecomunicações chinesas, a Huawei, ganhou contratos no valor de US$ 400 milhões para o fornecimento de serviços de comunicação móvel no Quénia, Zimbábue e Nigéria. Para além destes exemplos, as empresas chinesas estão a ganhar contratos internacionais e estão a construir estradas, pontes, sistemas de saneamento e edifícios para o aparelho de estado em todo o continente. De acordo com o China s National Bureau of Statistics, os cinco países africanos com maior stock de IDE chinês em 2011 foram a África do Sul, Nigéria, Madagáscar, Guiné e Sudão. Em países como o Gana, a Etiópia, Angola, Quénia e Tanzânia, multinacionais chinesas adotaram uma abordagem de agregação de um pacote de produtos e serviços. 164

165 Estes podem incluir portos, sistemas de água, redes de comunicação móveis, infraestruturas ferroviárias e escolas - tudo o que pode ser trazido simultaneamente para o mercado por empresas chinesas altamente diversificadas 110. O investimento Chinês, inclui igualmente o setor industrial, como podemos verificar de seguida. Case Zonas study: económicas 7 Zonas chinesas económicas em África chinesas em África Argélia Jiangling Economic and Trade Cooperation Zone País/ Projeto Zambia Chambishi e Lusaka Investimento total Descrição US$410m China Nonferrous Mining Co. investiu 95% Projeto centrado no cobre e cobalto 700 Chineses + 3,300 Locais Nigéria Ogun State Economic and Trade Cooperation Zone Egito Tianjin TEDA Suez Economic and Trade Zone Egito Suez Nigéria Lekki US$80m US$264m em 2 3 anos, US$369m total Foco no textil, equipamento para a indústria do petróleo e montagem de automóveis e equipamento elétrico 60% investimento chinês Foco no automóvel, texteis e iluminação e eletrodomésticos Nigéria Lekki Free Trade Zone, Lagos State Zambia Nonferrous Metal Mining Group Industrial Zones: Chambishi and Lusaka Etiópia Jiangsu Oriental Industrial Park Maurícias Jinfei Economic and Trade Cooperation Zone Nigéria Ogun Maurícias Jinfei Etiópia Oriental Argélia Jiangling US$220m start-up, US$500m 1ª fase US$220m 1 ª fase US$729m total US$101m 556m 82% do investimento efetuado por um consórcio chinês Foco na indústria ligeira 100% investimento chinês Base industrial e de serviços para negócios sino-africanos Investidores 100% Chineses Foco em produtos de ferro e materiais de construção Foco em materiais para as indústrias automóvel e de construção Fonte: China's Investment in African Industrial Zones, World Bank, 2011 Há um vasto conjunto de exemplos que refletem o investimento chinês na África Subsariana. Enquanto o petróleo e a mineração continuam a ser um importante foco do IDE chinês, nos últimos anos verificou-se uma diversificação do investimento em diversos setores, desde o setor do calçado ao processamento de alimentos. As empresas chinesas também têm feito grandes investimentos no desenvolvimento de infraestruturas africanas, tendo como alvo os setores-chave, como telecomunicações, transportes, construção civil, centrais elétricas e empresas de tratamento de resíduos 111. Os investidores chineses estão particularmente bem posicionados para capitalizarem o crescimento económico previsto para África. Tipicamente as empresas chinesas que investem em África são grandes empresas estatais. Estas empresas, apesar de não serem as mais eficientes, apresentam como vantagem competitiva a possibilidade de recorrerem a crédito subsidiado, permitindo-lhes margens competitivas superiores para poderem ganhar contratos face a outros investidores estrangeiros e empresas africanas. 110 Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC, Emerging markets in capital projects & infrastructure, PwC,

166 3.9. Principais setores de oportunidades na economia As maiores oportunidades estão no relançamento dos setores fora do âmbito da Indústria Petrolífera e Diamantífera. O PND antevê que com o objetivo de promover a produção nacional, a melhoria das condições sociais da população e o incremento da autonomia da economia angolana, o Governo continuará a implementar um conjunto diversificado de investimentos nos diversos setores estratégicos para o país. No plano das infraestruturas de transporte, o Governo angolano pretende promover a reparação de estradas. No setor elétrico, há o objetivo de promover a construção, a reparação das estruturas inativas, o reforço da capacidade de transporte e transformação e a interligação dos três principais sistemas elétricos (Norte, Centro e Sul). De uma forma mais detalhada, destacam-se aquelas que se consideram ser as potencialidades dos principais setores de Angola: Tabela 36 - Potencialidades a nível setorial (PND ) 112 Angola aposta na diversificação da sua economia, o que poderá originar a relevantes oportunidades de IDE Setor Agricultura Pescas Petróleo Geologia Indústria Potencialidades Cluster agroalimentar considerado prioritário, solos de elevada aptidão agrária e elevada biodiversidade; Abundância de recursos hídricos e extensão do território. Orla marítima extensa com um considerável nível de biomassa o litoral angolano é, de um modo geral, a imagem tradicional das costas do Continente Africano: pouco acidentado com poucas reentrâncias ou saliências. O país possui 20 milhas náuticas de águas territoriais e 200 milhas náuticas de área pesqueira 113 Desenvolvimento da aquicultura para aumentar a disponibilidade de pescado; Perspetiva de desenvolvimento da indústria de processamento de pescado e dinamização das salineiras. Grandes reservas de recursos petrolíferos por explorar e descoberta de novos campos de produção, incluindo no pré-sal; Elevado potencial para a produção de formas alternativas de energias renováveis bem como de Gás Natural Liquefeito); Aumento da capacidade de refinação com a construção e operação da Refinaria do Lobito (localizada no morro de Quileva, ao longo da linha costeira, a 10 quilómetros da cidade do Lobito, a construção da refinaria começou em Até à conclusão do projeto irão decorrer duas fases, isto é, a da construção com a duração de dois anos e meio, sob responsabilidade das empresas Odebrecht, Mota Engil e Zagope e a segunda fase, destinada à montagem das diversas linhas de refinação de petróleo durante três anos). Diversas ocorrências minerais devidamente identificadas; Grande potencial diamantífero; Possibilidade de escoamento de minérios pelas vias marítima e ferroviária. O setor industrial tem registado fortes taxas de crescimento (57,30% em 2011; 97% em 2012 e 56,7% em 2013, de acordo com a CCIPA Câmara de Comércio e Indústria Portugal Angola Condições adequadas para a implantação de polos de desenvolvimento e complexos industriais (por exemplo nas províncias de Cabinda e Zaire); Reabilitação de infraestruturas, com destaque para estradas, caminhos-de-ferro, pontes e fontes de 112 Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento , Governo de Angola 113 Embaixada da República de Angola 166

167 Setor Potencialidades fornecimento de energia elétrica e água; Lançamento de novos programas de financiamento às micro, pequenas e médias empresas (MPME); Aumento significativo do número de estabelecimentos de ensino superior e ensino médio e de outros centros de estudos técnicos e tecnológicos (a literacia da população adulta angolana, é de cerca de 70%. Em 2012 existiam 16 colégios e universidades públicas, além das universidades privadas cerca de 22 que têm vindo a aumentar); Desenvolvimento tecnológico. Comércio Hotelaria e Turismo Ambiente Lançamento do Programa Nacional de Plataformas Logísticas; Organização do Comércio Rural; Programa Train For Trade, para desenvolvimento da capacidade de fazer negócios. Oportunidades de exploração turística associadas a novos polos de desenvolvimento (turismo de negócios, social, lazer, desportivo e ecoturismo); Construção de novos hotéis, recuperação das vias de comunicação e de acesso; Existência de património etnológico e cultural diversificado e de rica variedade de realidades climáticas (belezas paisagísticas do país) Aumento das áreas de conservação ambiental e florestal, bem como a valorização do património natural e das comunidades; Novas metodologias de análise da viabilidade económica e ambiental, assim como a obrigatoriedade de apresentação de estudos de impacto ambiental em projetos de investimento. Tabela 37 - Potencialidades a nível do setor empresarial (PND ) Setor Potencialidades Setor empresarial público, PPPs e setor empresarial privado Implementação da reforma do setor público empresarial; Oportunidades de PPPs com potencial de Value for Money ; Operacionalização do programa Angola Investe para facilitar acesso ao crédito, desburocratização e apoios fiscais às MPME angolanas; Operacionalização do Programa de Apoio ao Pequeno Negócio para a redução da economia informal; Redução dos custos da burocracia através dos Guichés Únicos; Concentração das cadeias produtivas através da implantação da ZEE Luanda-Bengo (localizada em Viana, numa área total de hectares, onde foram projetadas 73 fábricas orçamentadas em US$ 50 milhões). Em conclusão, o crescimento nos setores não petrolíferos será impulsionado pelo acréscimo do consumo e por um aumento do investimento público em infraestruturas 114 : O setor comercial deverá registar um crescimento nos próximos anos, impulsionado pela subida dos rendimentos per capita e pela urbanização em curso; O setor agrícola continuará a beneficiar da expansão das infraestruturas nas zonas rurais; A construção deverá continuar a sua tendência de crescimento acentuado, suportada pelos planos do Governo de construir projetos de habitação em larga escala e de requalificar estradas, pontes, silos e o sistema ferroviário. 114 Fonte: Banco Mundial,

168 À medida que o plano de substituição de importações por produção nacional for sendo executado é expectável que surjam novas medidas protecionistas dos respetivos setores Financiamento à economia Principais bancos presentes Do ponto de vista financeiro, Angola tem tido um crescimento notável, constituindo atualmente o terceiro maior setor bancário da África Subsariana, atrás da África do Sul e da Nigéria. Angola possui cerca de 23 instituições bancárias 115 autorizadas pelo BNA, das quais 3 são detidas pelo Estado Angolano. De facto, no contexto da SADC, Angola é dos poucos países que goza de um sistema financeiro concorrencial plural, com vários bancos a operar no mercado, com estruturas acionistas diversificadas, entre os quais investidores internacionais, privados e Governo, ao contrário do que se verifica na África do Sul em que o sistema financeiro é dominado fundamentalmente por entidades/grupos locais. De referir ainda que o sistema financeiro angolano possui fortes ligações (comerciais e/ou acionistas) com os grupos bancários portugueses, nomeadamente com o Banco BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD), BES e Millennium BCP e, mais recentemente, mas de forma reversa, o BIC em Portugal. Estrutura acionista bancária Figura 32 - Estrutura acionista bancária em África Predominantemente local Equilibrada Estrangeira e Governo Predominantemente estrangeira Predominantemente Governo Excluído (Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007) No mercado bancário angolano, destacam-se como os cinco maiores bancos, o Banco Angolano de Investimento (BAI), o Banco Espírito Santo Angola (BESA), o Banco de Fomento Angola (BFA), o Banco de Investimento Comercial (BIC) e o Banco de Poupança e Crédito (BPC) que no seu conjunto controlam mais de 80% do total dos ativos bancários, depósitos e empréstimos. 115 Banco Angolano de Investimentos, S.A. (BAI), Banco Angolano de Negócios e Comércio, S.A. (BANC), Banco BAI Micro Finanças, S.A. (BMF), Banco BIC, S.A. (BIC), Banco Caixa Geral Totta de Angola, S.A. (BCGTA), Banco Comercial Angolano, S.A. (BCA), Banco Comercial do Huambo, S.A. (BCH), Banco de Comércio e Indústria, S.A. (BCI), Banco de Desenvolvimento de Angola, S.A. (BDA), Banco de Fomento Angola, S.A. (BFA), Banco de Negócios Internacional, S.A. (BNI), Banco de Poupança e Crédito, S.A. (BPC), Banco de Poupança e Promoção Habitacional, S.A. (BPPH), Banco Espírito Santo Angola, S.A (BESA), Banco Keve, S.A. (KEVE), Banco Kwanza, S.A (BKI), Banco Millennium Angola, S.A (BMA), Banco Privado Atlântico, S.A. (BPA), Banco Sol, S.A. (BSOL), Banco Valor, S.A. (BVB), Banco VTB África, S.A. (VTB), Finibanco Angola, S.A. (FNB), Standard Bank de Angola (SBA). 168

169 A curto e médio prazo o setor dos serviços financeiros deverá continuar a crescer transversalmente em África, impulsionado pelo crescimento da economia africana, a atração de IDE e a crescente urbanização dos países. Os níveis de competitividade e barreiras à entrada necessariamente aumentarão, criando, no entanto, oportunidades para as instituições financeiras de países desenvolvidos que introduzam uma oferta diferenciadora na região, respondendo igualmente aos desafios de inovação tecnológica, mobilidade e maior bancarização e sofisticação da população. Ao nível da regulação do setor financeiro, é também expetável que se continuem a verificar progressos, em particular ao nível do controlo e gestão de risco e compliance, numa aproximação aos standards internacionais. Estas duas tendências impõem grandes desafios aos países africanos, nomeadamente ao nível da disponibilidade de pessoal qualificado e com as competências adequadas. Os países enquadrados em acordos regionais e com laços geopolíticos e de comércio sólidos, sem dúvida, poderão constituir-se parceiros na resolução desta lacuna, que a prazo será sentida com maior intensidade Bancarização da população 116 Figura Contas 33 - Contas bancárias bancárias (% +15anos) em África com antiguidade superior a 15 anos O nível de bancarização de Angola no seio da SADC é apenas suplantado pela África do Sul e Moçambique, onde mais de 40% da população dispõe de conta bancária, (à data de realização do presente estudo, é provável que Angola também já tenha ultrapassado esta barreira, atendendo ao crescimento exponencial do seu nível de bancarização). As principais instituições bancárias angolanas encontram-se presentes nas 18 províncias nacionais, o que tem permitido uma crescente bancarização ao nível do país. O banco de maior dimensão em Angola é o BAI. < 10% Entre 10% e 20% Entre 20% e 30% Entre 30% and 40% > 40% Não disponível (Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011) Em face das desigualdades existentes em Angola e da necessidade de combate à pobreza, foi implementado um instrumento, o microcrédito, cuja concessão tem como principais destinatários desempregados, microempresas, imigrantes, recém-licenciados e pequenas comunidades agrícolas e piscatórias. Atualmente, existem três instituições de microcrédito autorizadas pelo BNA com sede em Luanda que são a KIXICRÉDITO (Angola), S.A., a FACILCRED, S.A. e a SOMICRE, S.A Taxas de juro de financiamentos No que toca aos empréstimos concedidos, tem havido uma crescente preocupação por parte do Governo de Angola no sentido de melhorar o setor de regulação do crédito nomeadamente no que diz respeito ao direito à informação tendo, neste âmbito, sido criada, em 2010, a Central de Informação de Risco de Crédito (CIRC) com o principal objetivo de incrementar a eficiência na avaliação e gestão do risco de crédito. 116 BES Research 2012; 169

170 O BNA, relativamente a empréstimos concedidos, procedeu à introdução de uma taxa de juro de referência no ano de 2011, sendo que a taxa de juro de referência aplicada no final do mês de julho de 2012 era de 10,25%. Importa referir que a taxa de juro de referência é revista mensalmente por forma a refletir a média das taxas de juro das operações bancárias Bolsa de valores 117 Atualmente, Angola ainda não possui mercado bolsista, embora se preveja que o arranque da bolsa de valores de Angola tenha início no ano de Fontes: BAfD; BNA 170

171 4.Investir em Angola 171

172 4. Investir em Angola 4.1. Como investir em Angola? O investimento privado em Angola decorre de um processo negocial entre investidores e autoridades angolanas, nomeadamente a Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP), o BNA, a Administração Fiscal e o Governo. A lei que regula o investimento privado em Angola, em vigor desde 2011, define que apenas se considera como investimento privado aquele cujo montante global corresponda ao valor igual ou superior a 1 milhão de US$. De forma a possibilitar a aprovação de uma proposta de investimento, o investidor deverá entregar os seguintes documentos: Carta de submissão da proposta; Procuração mandatando o subscritor da proposta (caso não seja promotor da proposta de investimento); Modelo de apresentação de proposta, devidamente preenchido; Modelo de candidatura aos incentivos, devidamente preenchido (caso reúna as condições estabelecidas por lei); Cópias da documentação legal dos proponentes estatutos, registo comercial em caso de pessoa(s) coletiva(s); Cópias da documentação legal dos proponentes (bilhete de identidade, passaporte e registo criminal, devidamente autenticados pelos serviços consulares da República de Angola no país de origem do proponente) em caso de pessoa(s) singular(es); Pessoas singulares - Apresentação de declaração bancária confirmando serem titulares de bom crédito, isto é, pagam as suas dívidas com regularidade, sem ser necessário constar o montante da conta; Deliberação da Assembleia-Geral da sociedade, devidamente autenticada pelos Serviços Consulares da República de Angola no país de origem do proponente (caso de transmissão de quotas/ações); Certificado de denominação social (em caso de sociedade a constituir para efeito de implementação do projeto de investimento); Estudo de viabilidade técnica, económica e financeira do projeto de investimento; Estudo de impacto ambiental, se aplicável; Proposta de contrato de investimento entre os investidores e o Estado; Cópia da documentação comprovativa da existência de terreno para o projeto, caso este tenha forte dependência em termos de localização (terreno apropriado para o seu objetivo); Relatórios e contas dos últimos três anos; Cópia(s) dos estatutos da(s) empresa(s) que opera(m) no exterior. É importante referir que, para os investimentos estrangeiros, toda a documentação referente ao processo de candidatura deverá ser traduzida para português e autenticada pelos serviços consulares da Embaixada de Angola no país de origem ou de residência do investidor. Os projetos de investimento até 10 milhões de US$ são aprovados pela ANIP e pelo Ministério das Finanças, sendo que os projetos de investimento superiores a este montante serão aprovados pelo Presidente e pelo Conselho de Ministros. Uma vez obtida a aprovação do investimento, a ANIP emite o CRIP (Certificado de Registo de Investimento Privado) e envia-o para: BNA que autoriza a importação de capitais do estrangeiro; Direção Nacional da Alfândegas que autoriza a redução ou isenção de taxas aduaneiras; Direção Nacional dos Impostos que monitoriza os impostos e os benefícios fiscais. 172

173 Após a obter a aprovação da sua proposta de investimento, o investidor deve, de entre outras obrigações: Constituir e registar a sociedade ou sucursal; Publicar os Estatutos no Diário da República; Obter a licença de atividade; Registar-se junto das autoridades fiscais Incentivos e benefícios ao investimento O investimento privado em Angola é regulado pela Lei Base de Investimento Privado Lei nº 20/11, de 20 de maio, que visa, essencialmente, introduzir os ajustamentos que a aplicação dos principais instrumentos legais reguladores do investimento privado, na última Lei Base de Investimento Privado, revelou serem necessários. Um dos grandes objetivos desta lei é a criação de um sistema de incentivos, benefícios e facilidades que atente, em concreto, ao impacto económico e social dos projetos na economia. A lei aplica-se ao investimento privado a realizar em Angola, mas apenas a uma parte o objetivo é regular o investimento mais relevante / estruturante. Assim, na delimitação do campo de aplicação, recorre-se a um critério monetário/financeiro: apenas os investimentos (externos e internos) de valor igual ou superior a US$ ,00 estão abrangidos. Os projetos de montante abaixo do referido, embora viáveis, não estão sujeitos à Lei n.º 20/11, não podendo aceder aos benefícios previstos na lei, nem sendo garantido o repatriamento do investimento e correspondentes acréscimos. Os regimes de investimento privado nas atividades de exploração petrolífera, diamantífera, das instituições financeiras e, ainda, de outros setores que a lei determine, estão sujeitos a legislação específica. Benefícios e incentivos 118 Para o acesso a incentivos, as operações de investimento devem preencher determinados requisitos de interesse económico, nomeadamente: 1. Realizar o investimento nos seguintes setores de atividade: agricultura e pecuária; indústria transformadora; infraestruturas ferroviárias, rodoviárias, portuárias e aeroportuárias; telecomunicações e tecnologias de informação; indústria de pesca e derivados; energia e águas; habitação social; saúde e educação; e hotelaria e turismo; 2. Realizar investimentos nos polos de desenvolvimento e nas demais ZEE de investimento; 3. Realizar investimentos nas zonas francas a criar. De acordo com o artigo 27º da Lei nº 20 / 11, a concessão dos incentivos e facilidades ao investimento é feita tendo em conta os seguintes objetivos económicos e sociais: a) Incentivar o crescimento da economia; b) Promover o bem-estar económico, social e cultural das populações, em especial da juventude, dos idosos, das mulheres e das crianças; c) Promover as regiões mais desfavorecidas, sobretudo no interior do país; d) Aumentar a capacidade produtiva nacional, com base na incorporação de matérias-primas locais e elevar o valor acrescentado dos bens produzidos no país; e) Proporcionar parcerias entre entidades nacionais e estrangeiras; f) Fomentar a criação de novos postos de trabalho para trabalhadores nacionais e elevar a qualificação da mão-de-obra angolana; g) Obter a transferência de tecnologia e aumentar a eficiência produtiva; h)aumentar as exportações e reduzir as importações; i) Aumentar as disponibilidades cambiais e o equilíbrio da balança de pagamentos; j) Propiciar o abastecimento eficaz do mercado interno; k)promover o desenvolvimento tecnológico, a eficiência empresarial e a qualidade dos produtos; l)reabilitar, expandir ou modernizar as infraestruturas destinadas à atividade económica. 118 Lei Base de Investimento Privado Lei nº 20/11 173

174 Os incentivos fiscais são concedidos dependendo da zona em que o investimento é realizado, tendo o Governo estabelecido zonas de desenvolvimento específicas, agregando assim determinadas províncias de acordo com o seu grau de desenvolvimento. a) Zona A - Província de Luanda, os municípios-sede das Províncias de Benguela, Cabinda, Huíla e o Município do Lobito; b) Zona B - Restantes municípios das Províncias de Benguela, Cabinda e Huíla e Províncias do Bengo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malange, Namibe e Uíge; c) Zona C - Províncias do Bié, Cunene, Huambo, Cuando-Cubango, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico e Zaire. Tabela 38 - Incentivos fiscais por zona Zona A Imposto Industrial (art.º 38) Imposto sobre Aplicação de Capitais (art.º 40) Imposto de Sisa (art.º 41) Critérios para aplicação dos limites máximos (art.º 42) Isenção ou redução do Imposto Industrial sobre os lucros resultantes de investimento privado por um período entre 1 a 5 anos. Isenção ou redução do Imposto sobre Aplicação de Capitais sobre os lucros distribuídos aos sócios por um período até 3 anos. Isenção ou redução do Imposto de Sisa pela aquisição de terrenos e imóveis adjacentes ao projeto. O limite máximo de isenção só pode ser atribuído ao investimento (i) avaliado num valor superior a US$ 50 milhões ou (ii) que crie, no mínimo, 500 novos postos de trabalho diretos para cidadãos nacionais. Zona B Imposto Industrial (art.º 38) Imposto sobre Aplicação de Capitais (art.º 40) Imposto de Sisa (art.º 41) Critérios para aplicação dos limites máximos (art.º 42) Isenção ou redução do Imposto Industrial sobre os lucros resultantes de investimento privado por um período entre 1 a 8 anos. Isenção ou redução do Imposto sobre Aplicação de Capitais sobre os lucros distribuídos aos sócios por um período até 6 anos. Isenção ou redução do Imposto de Sisa pela aquisição de terrenos e imóveis adjacentes ao projeto. O limite máximo de isenção só pode ser atribuído ao investimento (i) avaliado num valor superior a US$ 20 milhões ou (ii) que crie, no mínimo, 500 novos postos de trabalho diretos para cidadãos nacionais. 174

175 Zona C Imposto Industrial (art.º 38) Imposto sobre Aplicação de Capitais (art.º 40) Imposto de Sisa (art.º 41) Critérios para aplicação dos limites máximos (art.º 42) Isenção ou redução do Imposto Industrial sobre os lucros resultantes de investimento privado por um período entre 1 a 10 anos. Isenção ou redução do Imposto sobre Aplicação de Capitais sobre os lucros distribuídos aos sócios por um período até 9 anos. Isenção ou redução do Imposto de Sisa pela aquisição de terrenos e imóveis adjacentes ao projeto. O limite máximo de isenção só pode ser atribuído ao investimento (i) avaliado num valor superior a US$ 20 milhões ou (ii) que crie, no mínimo, 500 novos postos de trabalho diretos para cidadãos nacionais. Na concessão dos benefícios, a lei é mais benéfica se o projeto for localizado nas Zonas B ou C, (menos desenvolvidas) e, em último lugar, na Zona A. Na Zona C, a isenção e redução tributária podem ser concedidas a fornecedores secundários (subcontratados). Para todas as zonas, quando não seja aprovada a isenção de Imposto Industrial a possibilidade de redução da taxa de Imposto Industrial está limitada a um máximo de 50% da taxa geral em vigor. Os incentivos fiscais ao IDE têm vindo a tornar-se crescentemente seletivos Os incentivos ou reduções fiscais são negociados individualmente. Poderão ser ainda concedidos benefícios fiscais extraordinários a investimentos desde que estes sejam considerados muito relevantes para o desenvolvimento estratégico da economia nacional e verifiquem uma das seguintes condições: Que criem pelo menos 500 postos de trabalho; Que contribuam para o desenvolvimento tecnológico inovador e maior investigação científica; Que resultem numa exportação anual que exceda os 50 milhões de US$; Avaliados em mais de 50 milhões de US$. Há ainda projetos que pela sua particular relevância para a economia angolana podem beneficiar de incentivos fiscais extraordinários. Regimes especiais Lei que estabelece incentivos e facilidades para as Micro, Pequenas e Médias empresas (MPME), Lei 30/11, de 13 de setembro Há ainda um conjunto de benefícios fiscais transversais que, apesar de não estarem condicionados pela existência de um fluxo financeiro externo para Angola, concedem vantagens para todos os empresários que invistam no país. Estes benefícios consistem na redução da taxa de Imposto Industrial e são especificamente orientados para MPME, sendo esta classificação determinada pelo número de trabalhadores e montante de faturação, nos seguintes termos: Microempresas: até 10 trabalhadores e/ou faturação anual bruta até US$ ; Pequenas empresas: entre 11 e 100 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ e US$ ; Médias empresas: de 101 até 200 trabalhadores e/ou faturação anual bruta entre US$ e US$

176 Os valores dos benefícios são: Microempresas: taxa de 2% sobre as vendas brutas; PME: Zona A: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 50% - prazo: 5 anos Províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Bengo, Cuanza-Norte, Malanje, Cuando Cubango, Cunene e Namibe Zona B: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 35% - prazo: 3 anos Províncias de Cuanza-Sul, Huambo e Bié Zona C: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 20% - prazo: 2 anos Província de Benguela, excetuando os Municípios do Lobito e de Benguela e a Província de Huíla, excetuando o Município do Lubango Zona D: benefício de redução da taxa de Imposto Industrial em 10% - prazo: 2 anos Província de Luanda e Municípios de Benguela, do Lobito e do Lubango Incentivos à captação de IDE A captação de IDE tem sido promovida pelo Governo e, em concreto, pela ANIP que tem como meta para o ano de 2013, atrair cerca de US$ 4 mil milhões para Angola em novos projetos. O valor de IDE em projetos aprovados pela ANIP atingiu em 2012 o montante de 2.3 mil milhões de euros, tendo o valor global de IDE em 2012 atingido o montante de 9,9 mil milhões de dólares, de acordo com a African Economic Outlook (perspetivas económicas em África) do Banco Mundial. A estratégia futura da ANIP passa pelo reforço da cooperação com os maiores investidores em Angola, nos quais se inclui Portugal, e pela diversificação das fontes de investimento através da captação de investidores de novos mercados do Extremo Oriente e da Europa Central e de Leste, nomeadamente em, Singapura, Malásia, Tailândia, Polónia, Alemanha, República Checa e Hungria. Apesar de ser expectável que os fluxos de IDE sejam orientados para setores de exploração de matériasprimas, especialmente o petróleo e minério, a estratégia de captação de IDE passa também pela diversificação do investimento para outros setores como o agrícola, águas, energia, infraestruturas, transportes, telecomunicações, TI, construção/urbanismo e para o reforço da indústria nacional. Para o índice de desenvolvimento esperado em termos de IDE em muito contribuirão o PND e os projetos estruturantes de Prioridade Nacional incluídos no plano Estratégia Nacional Angola A dinamização desta captação de IDE passa por um conjunto de incentivos e benefícios fiscais caraterizados no ponto anterior, bem como por um conjunto de mecanismos recentes de proteção ao investidor constantes da Lei de Bases do Investimento Privado, dos Acordos de Proteção Recíproca de Investimento e de alguns acordos internacionais a que Angola aderiu e ratificou e que se encontram devidamente identificados adiante. Há também um vasto conjunto de reformas que o Governo tem vindo a implementar por forma a melhorar o ambiente de negócios através da simplificação administrativa, e a regular a atividade económica, como sucede com a Lei das MPME, a Lei das PPPs e o quadro legal que regula a situação dos estrangeiros. 176

177 O investimento privado externo Mecanismos de captação de IDE A Lei do Investimento Privado em Angola é um elemento essencial para se compreender como investir em Angola uma vez que estabelece as bases gerais do investimento e define os princípios e o regime de acesso aos incentivos, bem como outras facilidades a conceder pelo Estado a este tipo de investimento. Algumas das principais caraterísticas e mecanismos de atração de IDE previstos na Lei de Investimento Privado são: Fatores a ponderar É obrigatório um sócio Angolano? Quais as operações de investimento em Angola consideradas investimento externo? Todas as operações de investimento externo são abrangidas pela Lei do Investimento Privado? Quais as formas de investimento consideradas como sendo de investimento externo? É possível ao investidor externo proceder à transferência integral para o exterior dos lucros e dividendos num único Regras para o investimento privado externo em Angola Há legislação especial para determinados setores de atividade que obrigam a participação maioritária de sócios de nacionalidade angolana, como adiante se indica. Nos restantes setores de atividade, apesar de não ser obrigatório poderá revelar-se uma mais-valia para a integração e conhecimento das especificidades do mercado angolano. Há um vasto conjunto de operações consideradas como sendo de investimento externo em Angola, como sejam, a introdução de tecnologia e know-how, desde que representem uma mais-valia ao empreendimento e sejam suscetíveis de avaliação pecuniária; a introdução de máquinas, equipamentos e outros meios fixos corpóreos; a participação em sociedades e empresas de direito angolano domiciliadas em território nacional, a criação e ampliação de sucursais ou de outra forma de representação social de empresas estrangeiras; a criação de novas empresas exclusivamente pertencentes ao investidor externo; a aquisição da totalidade ou parte de empresas ou de agrupamentos de empresas já existentes e participação ou aquisição de participação no capital de empresas ou de agrupamentos de empresas, novos ou já existentes, qualquer que seja a sua forma; a celebração e alteração de contratos de consórcios, associações em participação, joint ventures, associações de terceiros a partes ou a quotas de capital e qualquer outra forma de contrato de associação permitida no comércio internacional, ainda que não prevista na legislação comercial em vigor; a tomada total ou parcial de estabelecimentos comerciais ou industriais, por aquisição de ativos ou através de contratos de cessão de exploração, a tomada total ou parcial de empresas agrícolas, mediante contratos de arrendamento ou de quaisquer acordos que impliquem o exercício de posse e exploração por parte do investidor; a exploração de complexos imobiliários, turísticos ou não, independentemente da natureza jurídica que assumam; a realização de prestações suplementares de capital, adiantamentos aos sócios e, em geral, empréstimos ligados à participação nos lucros; a aquisição de bem imóveis situados em território nacional, quando essa aquisição se integre em projetos de investimento privado. Não. Os domínios das atividades de exploração petrolífera, diamantífera, das instituições financeiras estão sujeitos a legislação específica, bem como outras que estejam reguladas em diploma próprio. É considerado investimento externo o ato ou atos que revistam a transferência de fundos próprios do exterior; a aplicação de disponibilidades em moeda externa, em contas bancárias constituídas em Angola por não residentes cambiais, suscetíveis de reexportação, nos termos da legislação cambial aplicável; a aplicação, em território nacional, de fundos no âmbito de investimento externo; a importação de máquinas, equipamentos, acessórios e outros meios fixos corpóreos; e, a incorporação de tecnologias e know-how. Não. Após a implementação do projeto de investimento e cumpridos os requisitos mínimos do investimento (US$ 1 milhão) e os critérios para a graduação do direito de repatriamento dos lucros e dividendos é, regra geral, garantido o direito de transferir para o exterior os lucros e dividendos, o produto da liquidação do investimento (incluindo mais valias) e royalties. 177

178 Fatores a ponderar momento? Para além dos condicionalismos resultantes do próprio investimento e acordados com a ANIP há algum outro mecanismo que inviabilize a transferência de capitais para o exterior? Há um limite mínimo de investimento para poder repatriar capitais? Se não tiver um milhão de US$ para investir qual o regime aplicável? Há incentivos fiscais para o investidor externo? Os incentivos fiscais são iguais e parametrizados? No âmbito de um projeto de investimento externo a importação de máquinas, materiais e acessórios podem beneficiar de isenções e facilidades? Há um processo específico para beneficiar de isenção de importação de máquinas, materiais e acessórios ao abrigo de um projeto de investimento? Os benefícios fiscais incluem a dispensa das obrigações fiscais? Que garantias são conferidas ao investidor externo? O investidor externo é obrigado a ter conta bancária em Angola? Regras para o investimento privado externo em Angola No entanto, há um conjunto de condicionalismos, alguns de âmbito subjetivo, que condicionam a transferência de lucros e dividendos para o exterior, identificados nas respostas seguintes. Sim. As transferências para o exterior podem ser suspensas pelo Governo sempre que o seu montante seja suscetível de causar perturbações graves à balança de pagamentos, caso em que o Governador do BNA, pode determinar, excecionalmente, o seu escalonamento ao longo de um período negociado de comum acordo. Sim, o limite mínimo do investimento é de US$ 1 milhão. Nem todos os sócios de uma sociedade que investiu 1 milhão US$ têm direito ao estatuto individual de investidor privado, somente sócios ou acionistas que, na proporção da sua participação social, comprovem ter investido no projeto de investimento o montante mínimo de US$ 1 milhão. Nesse caso o investimento está fora do âmbito específico da Lei do Investimento Privado aplicando-se as disposições gerais referentes ao comércio e às empresas, não conferindo o direito a repatriar lucros, dividendos ou outras mais-valias e não conferindo o direito de acesso ao seu regime específico de benefícios fiscais. Os incentivos ou reduções fiscais são negociados individualmente. Para mais detalhes ver ponto 4.2 acima. Não. Os incentivos fiscais disponíveis poderão consistir na redução ou isenção de Imposto Industrial, Imposto sobre a Aplicação de Capitais, Imposto de Sisa e Imposto do Selo, variando de acordo com a zona de desenvolvimento e o número de postos de trabalhos angolanos criados. Há ainda a possibilidade, em projetos de investimento privado de particular relevância para a economia angolana, de poderem ser concedidos benefícios fiscais extraordinários. Sim, o registo das operações depende da apresentação do CRIP e é da competência do Serviço Nacional das Alfândegas, em coordenação com o Ministério do Comércio. Sim. Apenas os titulares do CRIP gozam de isenções. Esta isenção só é concedida após a entrega do CRIP e os processos de Investimento Privado devem conter uma lista dos equipamentos aprovados pela ANIP. Ainda assim é importante ter em consideração que a Pauta Aduaneira em vigor, estabelece as mercadorias que podem ser importadas livres de direitos aduaneiros, para efeito de promoção dos investimentos privados. Não. Os incentivos fiscais e aduaneiros não dispensam o investidor privado da sua inscrição no registo geral de contribuintes, do cumprimento das demais obrigações legais e formalidades prescritas pela Administração Fiscal e da comprovação casuística do incentivo que lhe tenha sido concedido. É conferido um conjunto alargado de garantias ao investidor externo, salientando-se aquelas que têm impacto económico, como sendo, os direitos de propriedade intelectual sobre criações intelectuais, o não cancelamento de licenças sem a instrução de um processo judicial ou administrativo, o pagamento de uma indemnização justa, pronta e efetiva em caso expropriação que só poderá ocorrer por fundadas razões de interesse público. É importante ter em consideração que estrangeiros não podem ser titulares do direito de propriedade sobre solos. Sim. Deverão ter contas em bancos angolanos onde depositam os respetivos meios monetários, e através das quais fazem todas as operações de pagamento, internas e externas, relacionadas com o investimento aprovado. 178

179 Fatores a ponderar A conta bancária pode estar em moeda estrangeira? Há alguma obrigação de criação de postos de trabalhos angolanos e de formação nos projetos de investimento? Há obrigações acessórias quanto aos trabalhadores que deverão ser asseguradas na execução do projeto? Os trabalhadores estrangeiros que estejam a trabalhar num projeto de investimento externo poderão repatriar os montantes dos seus salários? Qual o prazo de decisão de um processo de investimento? Quem é a entidade que tem competência para a decisão final do regime de incentivos? Há setores de investimento exclusivamente reservados ao Governo Angolano? Existem áreas ou zonas específicas com regimes fiscais competitivos para a instalação de empresas? Regras para o investimento privado externo em Angola Sim. O investidor privado pode manter na sua conta bancária valores monetários em moeda estrangeira, convertendo-os, parcelarmente, em moeda nacional, para realizar gradualmente as operações previstas no número anterior e realizar o capital da sociedade ou empreendimento privado a constituir. Sim. O projeto deve permitir a criação de novos postos de trabalho para trabalhadores nacionais e elevar a qualificação da mão-de-obra angolana. Deve terse em atenção que o período de duração dos incentivos depende também do número de postos de trabalho a criar e tipo de formação a ministrar, para os trabalhadores angolanos. Sim. Os investidores deverão efetuar e manter atualizados os necessários seguros contra acidentes e doenças profissionais dos trabalhadores, bem como os seguros de responsabilidade civil por danos a terceiros ou ao meio ambiente. Sim, desde que reunidos alguns pressupostos e dentro dos limites dos valores estabelecidos na legislação cambial, os trabalhadores não residentes contratados no quadro de projetos de investimento privado gozam do direito de transferir os seus salários para o exterior, devendo a entidade patronal respeitar o estabelecido na legislação tributária. O prazo indicativo é, no mínimo, de 100 a 120 dias, considerando: - 45 dias para a ANIP apreciar, negociar e remeter para aprovação os termos do investimento proposto; - 30 dias para a Comissão de Negociação de Facilidades e Incentivos (CNFI) para proceder à análise e à avaliação da proposta de investimento; - 10 dias para a CNFI emitir parecer final. Posteriormente o prazo de decisão é de: - 15 dias para decisão após receção parecer vinculativo do Ministro das Finanças para projetos de valor abaixo de 10 milhões US$; - 30 dias após apreciação em Conselho de Ministros, de projetos acima de US$ 10 milhões. Acima de US$ 10 milhões é da exclusiva competência do Titular do Poder Executivo; quando o investimento for inferior é da competência do Conselho de Administração da ANIP, após parecer vinculativo do Ministro das Finanças. Sim. Nomeadamente, a produção, distribuição e venda de material de guerra, o Banco Central e questões relacionadas com a moeda, a propriedade de portos e aeroportos e da rede da infraestrutura básica de telecomunicações. Sim. Existem um conjunto de áreas designadas por Zonas Económicas Especiais (ZEE) que dispõem de estatuto de extra territorialidade em matéria fiscal e financeira, para além de disponibilizarem infraestruturas básicas às empresas que aí se instalarem. Fonte: Lei de Investimento Privado Dado que as disposições são gerais, como anteriormente já foi referido, a sua consulta não exclui a necessidade de confirmação de regras que constem de legislação específica setorial sendo também recomendável a obtenção prévia de aconselhamento técnico especializado. 179

180 4.3. Principais mecanismos de financiamento A banca comercial, tanto do país de origem como de Angola, têm atuado como meio privilegiado para o investimento em Angola. Muitos países, nomeadamente o Brasil, Portugal, a Alemanha e os EUA têm disponibilizado linhas de crédito para facilitar e promover as suas próprias exportações para Angola e, nalguns casos, para investimentos. Portugal dispõe de linhas de crédito específicas de apoio à internacionalização das empresas e à exportação, sendo de salientar a linha de crédito ao importador do bem com origem em Portugal, com o apoio da CGD e outros mecanismos de apoio às empresas exportadoras. Por outro lado, a banca angolana poderá beneficiar a muito curto prazo de um aumento de liquidez e crédito por via da nova Lei Cambial para o Setor Petrolífero, aprovada em 2012 que exigia às empresas internacionais de petróleo transferissem uma parte substancial das suas transações dos bancos offshore para os bancos nacionais, até outubro de Este potencial aumento de liquidez deverá ser associado a novas medidas de supervisão pelo Banco Central. Existem vários mecanismos alternativos para investir em Angola, sendo que alguns dos bancos comerciais que operam em Angola recorrem a financiamento junto de instituições multilaterais financeiras, como por exemplo, o BAfD, o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Mundial, que lhes concedem financiamento para concederem crédito à economia e às empresas. Para grandes projetos de investimento com impacto económico em países em desenvolvimento, e cujo plano de investimento permita desenvolver a economia, existem instrumentos financeiros em algumas destas instituições multilaterais financeiras para apoiar o investimento diretamente às empresas. Para além destas entidades, na Europa existem as Instituições Financeiras ao Desenvolvimento (IFD) que, desde que verificado um conjunto de requisitos, podem financiar projetos de investimento em países em desenvolvimento, contribuindo desta forma para o desenvolvimento económico do país do investimento. Estas instituições poderão constituir um importante mecanismo de financiamento aos investimentos das empresas nos países em desenvolvimento. As IFD beneficiam de apoios do Estado europeu da sua origem e podem aceder a fundos comunitários orientados para o apoio ao desenvolvimento, permitindo-lhes financiar projetos de internacionalização de PME a condições de mercado mais competitivas, por prazos mais longos, e com outros instrumentos alternativos para diminuição dos riscos da operação. FMO - Netherlands Development Finance Company é uma das maiores Instituições Financeiras de apoio ao desenvolvimento com um portfolio de projetos de milhões de euros, sendo que deste montante cerca de 67% são empréstimos concedidos para investimentos em países em desenvolvimento. Em Portugal a Instituição Financeira de Apoio ao Desenvolvimento é a SOFID Banco Mundial 'dá' 400 milhões a Angola para ampliar central hidroelétrica de Cambambe Revista Visão, 15 de julho de 2013 As IFD europeias constituíram uma associação designada por European Development Finance Institutions (EDFI), que no final do ano de 2012, no seu conjunto, detinham um portfolio de projetos num total de cerca de EUR 26 mil milhões, sendo que só no ano de 2012 foram aprovados EUR 4,7 mil milhões em 714 novos projetos 119. Mas nem todas as áreas ou setores de atividade são elegíveis para efeitos de atribuição de financiamento. 119 De acordo com o Relatório Anual EDFI 2012, acessível: 180

181 A IFD portuguesa é a Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (SOFID 120 ) que disponibiliza: Empréstimos; Participações de Capital; Garantias Bancárias; Acesso EU/Africa Infrastructure Trust Fund (ITF); o O ITF tem por objetivo captar e mobilizar recursos financeiros e competências técnicas para apoiar o investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países da África Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP; Acesso Neighbourhood Investment Facility (NIF). A SOFID apresenta condições de financiamento específicas de apoio a projetos de internacionalização de empresas portuguesas orientadas para os PALOP, nomeadamente: Montante mínimo por promotor do projeto de investimento de 250 mil Euro; máximo de 2,5 milhões de Euro (com possibilidade de vir a ser alargado no futuro caso haja aumento de capital da SOFID); Prazo: até 10 anos; Carência: até 3 anos; Reembolso: em prestações trimestrais, semestrais ou anuais; Taxa de Juro: variável indexada à Euribor, de acordo com o preçário da SOFID no momento, podendo ocorrer eventuais bonificações associadas à mobilização de fundos nacionais ou internacionais disponíveis para ajuda ao desenvolvimento, como sejam o ITF e o NIF; Moeda: Euro, com possibilidade de outras divisas com curso internacional; Garantias dos promotores: garantia internacional ou local, receitas do projeto, hipoteca ou penhor sobre ativos do projeto, garantias pessoais ou outras cauções; Utilização: total ou por tranches (em função da natureza do projeto e sua evolução); Comissões de acordo com o preçário em vigor. Regra geral, os produtos financeiros disponibilizados pelas IFD são: Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado; Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados; Participações de capital; Financiamento mezzanine (exemplo, swaps de câmbio); Garantias; Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor rendimento; Produtos de gestão de risco; Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto. 120 Notamos que as referências a esta entidade devem lidas como SOFID ou futuro banco de fomento. 181

182 Gráfico 91 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade Modalidades de financiamento EDFI % Setores de atividade 13% 33% 46% 51% 6% 22% Participações de capital e equiparáveis Empréstimos Subvenções Fonte: Relatório Anual EDFI % Financeiro Infraestruturas Indústria Agroindústria Outros 4.4. Competitividade de Angola no contexto regional Há um conjunto de relatórios e indicadores que procuram caracterizar os mercados dos vários países mundiais sendo recorrente que Angola seja classificada numa das posições mais baixas da tabela. A título exemplificativo o relatório do Banco Mundial sobre a facilidade de fazer negócio indica que Angola se encontra na posição 172 só ficando à frente do Zimbabué e do Congo. Tabela 39 - Doing Business 2013 Posição por país da SADC Países Facilidade de se fazer negócios Abertura de empresas Obtenção de alvarás de construção Obtenção eletricidade Registo de propriedade Obtenção de crédito Maurícias África do Sul Botsuana Seicheles Namíbia Zâmbia Suazilândia

183 Países Facilidade de se fazer negócios Abertura de empresas Obtenção de alvarás de construção Obtenção eletricidade Registo de propriedade Obtenção de crédito Tanzânia N/D Lesotho Madagáscar Moçambique Maláui Angola Zimbabué Congo Face aos dados anteriormente indicados, as previsões estimavam um crescimento do IDE de Angola a partir de 2013, atendendo aos investimentos previstos em campos de pré-sal (sob a camada salina) e a um conjunto de novos indicadores que sustentam o crescimento dos valores de IDE, nomeadamente: A concessão de novos blocos de petróleos que têm atraído investidores estrangeiros em 2012 foram negociados oito novos projetos com Chevron, Total, British Petroleum e ExxonMobil; O investimento e o início de produção em 2013 de Gás Natural Liquefeito, do Soyo; A descoberta pela De Beers de novos depósitos de diamantes rentáveis na província da Lunda Norte e a descoberta de enormes reservas de diamantes no Lulo; A possibilidade de desenvolvimento do setor minério, além da extração de diamantes; A existência de 58 milhões de hectares de terras potencialmente aráveis e recursos hídricos abundantes; O setor de turismo, hotelaria e restauração que, apesar de limitados pelas restrições nas concessões de vistos de entrada e pelos preços elevados, têm exibido um forte crescimento ao longo dos anos, acolhendo sobretudo viajantes de negócios Principais constrangimentos ao IDE e Exportação Exportações Barreiras aduaneiras: tarifas, barreiras não tarifárias, outros impedimentos Licenciamento das importações para Angola A entidade responsável pela fiscalização das atividades alfandegárias é a Direção Nacional das Alfândegas. Para uma empresa poder exportar para Angola terá, numa primeira fase, de compreender que existem três tipos de regimes de licenciamento de importações previstos nos termos do Decreto Presidencial 264/10, de 26 de Novembro, que regula os procedimentos administrativos que devem ser observados para o licenciamento de importações, exportações e reexportações: 183

184 Dispensa de licenciamento; Licenciamento automático; Licenciamento não automático. Os procedimentos que dispensam licenciamento incluem a importação de peças e acessórios abrangidos por contrato de garantia, importação e exportação de amostras, importação, exportação e reexportação de mercadorias destinadas à realização de testes, exames e/ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica. No regime de licenciamento automático enquadram-se as mercadorias cuja importação, exportação ou reexportação de mercadorias não está sujeita a qualquer restrição de entrada ou saída do país. Estão submetidas a este regime, em especial, as importações, exportações e reexportações de mercadorias sujeitas ao regime do setor petrolífero e as mercadorias destinadas a projetos de investimento privado, aprovados pela ANIP. No regime de licenciamento não automático enquadram-se todas as mercadorias fora do âmbito de aplicação dos regimes anteriores e que estão sujeitas ao sistema de contingentação ou qualquer outro tipo de restrição. Há assim em Angola um conjunto de bens que estão sujeitos a um regime de contingentação que deverá ser previamente avaliado. Adicionalmente, importa salientar que as alterações à pauta aduaneira de Angola, visam proteger os empresários e a produção nacional especialmente nos setores agrícola e industrial. Os produtos cujas taxas aumentam são aqueles que concorrem com a produção nacional, visando-se dessa forma proteger e incentivar a produção em território A obtenção de eletricidade pode demorar em média 113 dias angolano. Um produto concreto que sofre agravamento é a cerveja, que tem um aumento significativo das taxas aduaneiras por se entender que esta bebida entra no mercado angolano a preços inferiores aos da produção nacional concorrendo com as empresas angolanas do setor. Regulamento sobre a Contratação de Prestação de Serviço de Assistência Técnica Estrangeira ou de Gestão O Decreto Presidencial n.º 273/11 estabeleceu os termos e condições a que deve obedecer a Contratação de Prestação de Serviços de Assistência Técnica Estrangeira ou de Gestão, a serem celebrados por empresas privadas ou mistas, com entidades não residentes. O referido Decreto visa regular a prestação de serviços por entidades estrangeiras e a racionalização dos recursos cambiais em angola. Do novo regime decorre um dever de comunicação da existência de tais serviços ao Ministério da Economia, quando o seu valor global anual não ultrapasse os seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz (trezentos milhões de kwanzas), no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero, registadas e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos Petróleos, ou Kz (cem milhões de kwanzas) para as demais empresas. Se ultrapassados os limites será necessária aprovação prévia por Comissão de Avaliação. Estão sujeitos a aprovação: 1. Contratos de prestação de serviços de assistência técnica ou de gestão com valores acima dos seguintes limites: valor global igual ao equivalente a Kz (trezentos milhões de kwanzas), no caso de contratos celebrados por empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero, registadas e/ou com contrato programa de formação junto ao Ministério dos Petróleos, ou Kz (cem milhões de kwanzas) para as demais empresas; e/ou 184

185 2. Contratos de prestação de serviços de assistência técnica ou de gestão cuja duração exceda 12 meses. O Decreto também estabelece que as sociedades angolanas, constituídas por via de um projeto de investimento privado, que pretendam contratar estes serviços a associados estrangeiros, têm que obter uma autorização especial por parte da ANIP mediante parecer prévio favorável do Ministério da Economia. O Decreto impõe um conjunto de requisitos que este tipo de contratos deve cumprir, bem como as formalidades do processo de aprovação, sendo que o incumprimento desses requisitos ou dessas formalidades implica a respetiva nulidade Entrada e saída capitais Regras gerais do regime cambial As transferências de fundos de contas bancárias domiciliadas fora de Angola para contas bancárias domiciliadas em Angola, e vice-versa, estão sujeitas a licenciamento cambial, o qual varia dependendo do tipo de operação cambial em causa. A realização de operações cambiais depende de intermediação obrigatória de uma instituição financeira autorizada a exercer o comércio de câmbios limitados aos valores e regras da respetiva entidade supervisora. Os pagamentos feitos por não residentes a residentes e entre residentes devem ser efetuados em contas de instituições bancárias domiciliadas em Angola. Os residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, estão autorizados a abrir e movimentar contas em moeda estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas em Angola. Os não residentes cambiais, quer sejam pessoas singulares ou pessoas coletivas, podem abrir e movimentar contas em moeda nacional ou estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas em território nacional. As pessoas singulares residentes cambiais podem abrir e movimentar contas em moeda estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola. As pessoas coletivas residentes cambiais não podem abrir e movimentar contas em moeda estrangeira junto de instituições financeiras domiciliadas fora de Angola, salvo com autorização especial do BNA. Os pagamentos ao abrigo de contratos a residentes não cambiais efetuados por um residente cambial, bem como o próprio contrato que formalize tais pagamentos, estão sujeitos a licenciamento cambial prévio junto do BNA apenas quando o respetivo montante seja igual ou superior aos seguintes limites: (i) Kz (cem milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda ou (ii) Kz ,00 (trezentos milhões de Kwanzas) ou o equivalente em outra moeda cujos ordenantes sejam empresas prestadoras de serviços ao setor petrolífero, devidamente registadas e/ou com contrato programa celebrado com o Ministério dos Petróleos. O repatriamento de lucros está sujeito a licenciamento prévio do BNA. 185

186 Regras no âmbito de um projeto de investimento Há um conjunto de restrições à entrada e saída de capitais de Angola conforme anteriormente já foi indicado. A transferência de capitais para o exterior é objeto de regulação e controlo pelo BNA e o repatriamento está sujeito ao cumprimento do acordo constante do projeto de investimento realizado com a ANIP ou com Estado Angolano. Assim, após a implementação do projeto de investimento e cumpridos os requisitos mínimos do investimento (US$ 1 milhão) e os critérios para a graduação do direito de repatriamento dos lucros e dividendos é, regra geral, garantido o direito de transferir para o exterior os lucros e dividendos, o produto da liquidação do investimento (incluindo mais-valias) e royalties. Este repatriamento é estabelecido de acordo com um quadro de prazos mínimos que varia de acordo com o montante investido e a zona do investimento. Tabela 40 - Prazo mínimo para repatriamento de dividendos e lucros Prazo mínimo Zona A Zona B Zona C 1º Ano A partir de US$ 50 milhões A partir de US$ 5 milhões 2º Ano 3.º Ano Entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões Entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões Entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões A ser negociado A percentagem de dividendos transferíveis é negociada caso a caso e deve ser incluída no contrato de investimento da empresa. No entanto, há um conjunto de condicionalismos, alguns de âmbito subjetivo, que limitam a transferência de lucros e dividendos para o exterior. O controlo cambial é igualmente efetuado nas entradas e saídas dos viajantes existindo mesmo restrições aos montantes passíveis de entrarem e saírem do país em moeda estrangeira. Assim, de acordo com a Lei Cambial: Os viajantes residentes cambiais, onde se incluem os estrangeiros com residência em Angola, podem entrar ou sair do território angolano com até US$ ou o seu equivalente em moeda estrangeira; Os viajantes não residentes cambiais, incluindo nacionais com residência no estrangeiro, podem entrar ou sair do território angolano com até US$ ou o seu equivalente em outra moeda estrangeira. Quando os valores transportados forem superiores aos indicados deverão ser declarados às Alfândegas. Todos os valores superiores aos limites estabelecidos que não sejam autorizados pelo BNA são apreendidos. Regime cambial nas operações de importação A Lei Angolana regula com especial cuidado as operações de importação estabelecendo que a liquidação do valor das importações só poderá ser efetuada pelas instituições bancárias angolanas. Nesse sentido, o Aviso n.º 19/2012, de 19 de abril do BNA, estabelece o novo regime para as operações cambiais referentes ao pagamento de importação, exportação e reexportação de mercadorias em Angola. 186

187 Em todas as operações cambiais (de importação e de exportação) passam a ser admitidas as modalidades de liquidação a seguir discriminadas: a) Crédito Documentário ou Carta de Crédito; b) Pagamento Antecipado; c) Pagamento Postecipado. Para realização da operação cambial e variando consoante a modalidade de liquidação escolhida, deverão ser apresentados à instituição bancária um conjunto de documentos, entre os quais, carta do cliente, (na qual conste o número de registo como importador e contribuinte) solicitando a realização da operação, fatura próforma, original da fatura comercial (cumprindo certos requisitos), documento de transporte, a licença de importação, o contrato de fornecimento e a garantia bancária Estabilidade legal e fiscal - Barreiras legais, fiscais e regulamentares O Governo de Angola tem vindo a realizar esforços significativos para melhorar a eficiência fiscal, encontrando-se em curso uma reforma fiscal. Esperam-se alterações expressivas em diversos diplomas fiscais, nomeadamente ao Código do Imposto Industrial e do Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho. No âmbito da reforma fiscal, foram publicados, em outubro de 2013, o Regime jurídico das faturas e documentos equivalentes, o Estatuto dos Grandes Contribuintes e o Regulamento do Imposto de Consumo para o setor petrolífero, sendo que: (i) o primeiro regula as condições técnicas para a emissão, conservação, e arquivo das faturas e documentos equivalentes, (ii) o segundo define, entre outras matérias, os requisitos para integração no Regime de Tributação de Grupos de Sociedades e a aplicação do Regime Fiscal dos Preços de Transferência; e, (iii) o terceiro define as regras de liquidação e pagamento de Imposto de Consumo nos casos de serviços adquiridos por empresas do setor petrolífero. Para se compreender melhor o sistema fiscal Angolano importa ter em consideração os diferentes impostos existentes e as respetivas taxas. 1. Imposto Industrial Em Angola os lucros das atividades comerciais e industriais desenvolvidas por pessoas coletivas estão sujeitos a Imposto Industrial à taxa de 35%. As atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias estão, porém, sujeitas à taxa de 20%. O valor do Imposto Industrial é calculado tomando como base o lucro apurado na demonstração de resultados do exercício, ajustado em conformidade com as regras fiscais. As entidades fiscalmente residentes são tributadas pela totalidade dos lucros obtidos no país e no estrangeiro, enquanto os estabelecimentos estáveis de entidades não residentes estão sujeitos a tributação pelos lucros atribuíveis ao mesmo. O Imposto Industrial compreende três grupos ou regimes de tributação: Grupo A Constituído pela generalidade dos contribuintes cuja matéria coletável seja constituída pelos lucros apurados no exercício com base na contabilidade, corrigidos nos termos da legislação fiscal. Aplica-se designadamente a: empresas estatais, sociedades anónimas e em comandita por ações, sociedades comerciais, instituições de crédito, entre outras entidades; 187

188 Grupo B Constituído por contribuintes aos quais não seja obrigatoriamente aplicável o regime do grupo A ou do grupo C, ou a contribuintes que pratiquem atos isolados, sendo a matéria coletável apurada mediante aplicação de uma percentagem ao volume de negócios ou faturação ou, em caso de impossibilidade de tal determinação, por aplicação de uma percentagem ao valor das compras ou dos custos dos serviços prestados; Grupo C - Reservado a contribuintes ou pessoas singulares, cuja matéria coletável é fixada em função da categoria do estabelecimento, da sua localização e do ramo de atividade, designadamente os sujeitos que exerçam atividade por conta própria, ou não disponham de escrita, de entre outros casos. Estima-se que em breve seja alterado o Código do Imposto Industrial com diversas modificações significativas nomeadamente, da taxa geral de imposto, das regras de formação dos grupos de tributação e introdução de tributações autónomas. Determinação da matéria coletável Consideram-se custos dedutíveis os que sejam considerados razoáveis e indispensáveis para a realização dos proveitos e ganhos sujeitos a imposto e para a manutenção da fonte produtora, designadamente: Encargos relativos à produção ou aquisição de bens ou serviços como mão-de-obra, energia, gastos gerais de fabrico, conservação e reparação; Encargos de distribuição e venda, abrangendo os transportes, publicidade e colocação de mercadorias; Encargos de natureza financeira, de entre os quais juros de capitais alheios, descontos, ágios, transferências, oscilações cambiais, emissões de ações; Encargos de natureza administrativa, nomeadamente remunerações, quotas, abonos de família, rendas, subsídios, transporte e comunicações, previdência social e seguros. Não se consideram custos ou perdas do exercício, nomeadamente: As reintegrações e amortizações não contabilizadas; As reintegrações e amortizações na parte em que excedam os valores que decorrem da aplicação das taxas fixadas pela Administração Fiscal; Créditos incobráveis; Donativos não abrangidos pela Lei do Mecenato; Multas fiscais; Despesas não documentadas. Deverão ser fiscalmente dedutíveis as provisões: Relativas a processos judiciais em curso; Associadas à cobertura de créditos de cobrança duvidosa; Destinadas a cobrir as perdas de valor das existências; Constituídas de acordo com instruções da inspeção provincial de créditos e seguros no âmbito de processos de fiscalização. Reporte de prejuízos fiscais O prazo geral de reporte de prejuízos fiscais é de 3 anos. Noção de Estabelecimento Estável O conceito de Estabelecimento Estável consagrado na lei Angolana é inspirado na Convenção Modelo da ONU. De acordo com este normativo, uma entidade não residente criará um estabelecimento estável em Angola se reunir um dos requisitos abaixo indicados: a) Tenha uma sucursal, um escritório ou um local de direção em Angola; 188

189 b) Tenha um estabelecimento de construção ou de montagem ou exerça aí atividades de fiscalização, quando o estaleiro ou as atividades excedam um período de 90 dias em cada período de 12 meses; c) Preste serviços em Angola, incluindo consultoria, atuando através de trabalhadores ou colaboradores contratados para esse fim, quando os referidos serviços sejam prestados por um período superior a 90 dias em cada período de 12 meses. Retenção na fonte sobre pagamentos de serviços A tributação do rendimento gerado por empreitadas e outras prestações de serviços (não abrangidas pelo Imposto sobre o Rendimento do Trabalho - IRT) é efetuada por retenção na fonte à taxa geral de 35% prevista no Imposto Industrial, sobre uma matéria coletável correspondente a 10% ou 15% do valor do contrato. Esta tributação equivale a taxas efetivas de retenção na fonte de: 3,5% no caso de serviços de construção, beneficiação, reparação e conservação sobre bens imóveis; 5,25% no caso de outros serviços, quando não tributados nos termos o Código do IRT (de notar que caso o serviço seja prestado por um trabalhador independente cuja atividade conste da lista prevista no Código do IRT, a taxa de retenção na fonte será de 10,5%). Nos termos da Lei 7/97, que estabelece as regras de retenção de Imposto Industrial, importa referir que os serviços sujeitos a retenção na fonte são: Empreitadas e subempreitadas; Prestações de serviços decorrentes de contratos de assistência técnica, de gestão e outros serviços de idêntica natureza. No entanto, verifica-se que a Administração Tributária tem vindo a considerar como sujeitas a retenção na fonte um conjunto alargado de prestações de serviços. Prevê-se a publicação de nova legislação que altere o regime das retenções na fonte no sentido de passar a abranger diversos tipos de prestações de serviços. O imposto deverá ser retido no momento do pagamento dos serviços e entregue à administração tributária no prazo de 15 dias contados do pagamento. Na prática tem sido aceite a entrega do imposto no final do mês seguinte ao pagamento dos serviços. Este imposto tem a natureza de imposto por conta no caso de sociedades residentes em Angola ou estabelecimentos estáveis em Angola de empresas não residentes, e tem a natureza de imposto final no caso do beneficiário dos rendimentos ser entidade não residente. Para efeitos da dedução na declaração de rendimento anual das retenções na fonte sofridas, as sociedades que operam em Angola deverão efetuar um controlo dos clientes a quem prestaram serviços sujeitos a retenção na fonte, no sentido de lhes solicitarem anualmente o comprovativo da entrega desse imposto nos cofres do Estado. Este comprovativo deverá ser obtido pelas entidades que retiveram o Imposto Industrial, nas respetivas repartições de finanças. Não sendo obtido dos clientes o comprovativo de que as retenções na fonte foram efetivamente entregues, a dedução à coleta efetuada poderá ser questionada pela Administração Tributária. Regime de tributação de Grupos de Sociedades O Estatuto dos Grandes Contribuintes, recentemente publicado (outubro de 2013), consagra um regime especial de tributação para os considerados Grandes Contribuintes. O Grande Contribuinte que integre um grupo de sociedades, passou a ter a possibilidade de ser tributado pela soma algébrica dos resultados, positivos ou negativos, dos contribuintes que integram esse grupo. Genericamente devem ser cumpridas as seguintes condições: 189

190 A sociedade dominante, deverá deter, de forma direta ou indireta, uma participação de, pelo menos, 90% do capital das demais e a essa participação corresponderem pelo menos metade dos direitos de voto; A sociedade dominante e as sociedades dominadas devem ter sede e direção efetiva em Angola; A participação deve ter uma antiguidade superior a dois anos, com exceção das sociedades constituídas pela própria sociedade dominante; A sociedade dominante não pode ser considerada dependente de nenhuma outra sociedade com sede ou direção efetiva em Angola; As sociedades do grupo não podem estar inativas há mais de um ano ou terem pendente contra si ações ou processos de insolvência, liquidação, dissolução, ou execução fiscal; Não podem integrar o perímetro sociedades que tenham registado prejuízos fiscais nos últimos dois exercícios fiscais anteriores à data do pedido de inclusão no perímetro; Não podem ser incluídas sociedades que beneficiem de incentivos fiscais atribuídos ao abrigo da Lei de Bases do Investimento Privado, quer seja através da modalidade de isenção, quer de redução da taxa nominal do Imposto Industrial. Regime de neutralidade fiscal aplicável a processos de reestruturação Espera-se que, no âmbito da reforma fiscal em curso, diversas operações de reestruturação de empresas passem a beneficiar de um regime de neutralidade fiscal. Preços de transferência De acordo com o disposto no Código do Imposto Industrial, a Administração Tributária poderá efetuar as correções necessárias à determinação da matéria coletável sempre que, em virtude das relações especiais entre o contribuinte e outra pessoa, sujeita ou não a Imposto Industrial, tenham sido estabelecidas condições diferentes das que seriam normalmente acordadas entre entidades independentes, conduzindo a que o lucro apurado com base na contabilidade seja diverso daquele que se apuraria na ausência dessas relações. Foi recentemente alterada a legislação em sede de Preços de Transferência (outubro de 2013), nos termos da qual, algumas entidades passam a ter obrigação de preparar dossier de Preços de Transferência. A nova legislação define: O conceito de relações especiais, o qual abrange participações no capital ou dos direitos de voto de uma entidade por administradores ou gerentes de outra sociedade ou seus cônjuges, ascendentes e descendentes; identidade da maioria dos órgãos de direção, administração ou gerência, ou seus cônjuges, unidos de facto, ascendentes ou descendentes; relações de domínio, vínculo de subordinação ou de grupo paritário; existência de relações comerciais representativas de mais de 80% do volume total de operações, ou de financiamentos de uma entidade em mais de 80% da sua carteira de crédito; O conceito de operações vinculadas, designadamente transações de bens, direitos e serviços, bem como operações financeiras; O valor mínimo de proveitos anuais que obriga à elaboração do dossier (quando a soma algébrica das vendas e prestações de serviços exceda sete mil milhões de Kwanzas cerca de EUR 53 milhões ou US$ 72 milhões); A estrutura de um documento de preços de transferência, muito embora possa vir a ser alterada pelo Diretor Nacional de Impostos; A data de entrega do dossier (até 6 meses após o fecho do exercício); Os métodos para determinação das condições que seriam acordadas nas operações entre entidades independentes (apenas contemplando métodos transacionais). 2. Imposto sobre Aplicação de Capitais (IAC) Os dividendos e os royalties são tributados por retenção na fonte à taxa de 10%, sendo a responsabilidade pela retenção do imposto da entidade que procede ao pagamento. O imposto retido nos termos referidos deverá ser entregue até ao final do mês seguinte ao da ocorrência dos factos tributáveis. 190

191 Os juros de empréstimos de terceiros ou de sócios estão sujeitos a taxas de IAC de 15% e 10%, respetivamente. Nos contratos de financiamento por terceiros presume-se o vencimento de juros à taxa de 6% se não for estipulada taxa mais elevada. Já no caso dos suprimentos a presunção corresponde à taxa de juro praticada pelo mercado. De referir que o valor do empréstimo é sujeito a Imposto do Selo, sendo que existem isenções que poderão ser aplicáveis. As declarações mensais deverão ser arquivadas, sendo o imposto devido até ao final do mês seguinte ao da ocorrência do facto tributário. 3. Imposto do Selo O Imposto do Selo incide sobre diversos escritos e atos e corresponde a um montante fixo, a uma percentagem ou a uma permilagem, nos termos previstos na Tabela Geral do Código do Imposto de Selo. Este imposto incide sobre, por exemplo, alvarás, licenças, atos notariais, contratos, requerimentos, operações bancárias, letras e documentos de despacho aduaneiro. A responsabilidade pela liquidação do imposto varia também e poderá recair, nomeadamente, sobre a sociedade comercial, os bancos ou os notários. Uma das principais bases de incidência deste imposto é o valor dos recibos de quitação. Deverá ser liquidado Imposto do Selo sobre todos os recibos de quitação emitidos pelos contribuintes (pelo fornecimento de bens, materiais, equipamento, prestação de serviços, etc.), à taxa de 1% sobre o respetivo valor. O imposto liquidado nestes termos deverá ser pago no último dia de cada mês, por referência aos recibos do mês anterior. 4. Imposto Predial Urbano (IPU) O IPU incide sobre o valor patrimonial dos imóveis urbanos à taxa de 0,5% sobre o valor que exceda o limite de Kz (cerca de EUR ou US$ ). O valor patrimonial dos imóveis corresponde ao valor mais elevado de entre o valor de aquisição e o valor que resulte da avaliação de acordo com tabelas de cálculo aprovadas pelo Decreto Presidencial nº 81/11, de 25 de abril, cujos ponderadores abrangem a área coberta do imóvel e um valor fixado por metro quadrado, corrigido consoante algumas caraterísticas do imóvel. No que respeita aos rendimentos provenientes de contratos de arrendamento o IPU corresponde a uma taxa efetiva de 15%. Este imposto incide sobre os rendimentos de imóveis urbanos à taxa de 25% sobre 60% do valor anual das rendas, presumindo-se que 40% do rendimento será destinado à manutenção e conservação do imóvel. O IPU deverá ser objeto de retenção na fonte obrigatória sempre que os inquilinos possuam ou devam possuir contabilidade organizada. Os rendimentos de rendas de imóveis não são sujeitos a Imposto Industrial e o IPU não é dedutível à coleta de Imposto Industrial. Qualificam como prédios urbanos os edifícios ou construções com carácter de permanência aptos a produzir rendimentos decorrentes de atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias. 191

192 5. Imposto de SISA O Imposto de SISA incide sobre as transmissões onerosas de propriedade ou de qualquer direito parcelar sobre bens imóveis, as promessas de compra e venda logo que verificada a tradição, arrendamentos de longo prazo, entradas em espécie para o capital social de sociedades e em alguns casos, aquisição de capital social em sociedades. A aquisição de 50% do capital social de uma sociedade (que inclui sociedades por quotas ou sociedades anónimas) está sujeita a SISA quando o objetivo dessa aquisição seja o da aquisição dos imóveis detidos pela mesma. A taxa de SISA aplicável à transmissão onerosa de imóveis é de 2% do valor do contrato. São em geral sujeitos passivos do imposto os adquirentes dos imóveis ou dos direitos sobre os mesmos, cada permutante em caso de contrato de troca, o arrematante ou adjudicatário em caso de arrematações e adjudicações judiciais e administrativas. A promessa de compra e venda do imóvel com tradição despoleta tributação em sede de Imposto de Sisa. 6. Imposto de Consumo O Imposto de Consumo em Angola caracteriza-se por ser um imposto tendencialmente monofásico, ad valorem, incidindo a tributação sobre a produção e algumas prestações de serviços. De facto, ao contrário do que se verifica em muitos outros países, não existe em Angola um Imposto sobre o Valor Acrescentado. O Imposto de Consumo não concede ao sujeito passivo a possibilidade de dedução do imposto suportado nas operações realizadas a montante, não alcançando a neutralidade económica, característica fundamental do sistema de tributação sobre o valor acrescentado. Deste modo, importa referir alguns dos aspetos fundamentais do sistema de tributação do consumo em Angola em sede de Imposto de Consumo. Incidência de imposto O IC incide nas operações de: Produção e importação de mercadorias, seja qual for a sua origem; Arrematação ou venda realizados pelos serviços aduaneiros ou outros quaisquer serviços públicos; Utilização dos bens ou matérias-primas fora do processo produtivo e que beneficiaram da desoneração de imposto; Consumo de água e energia; Diversos tipos de prestações de serviços, alguns deles identificados na tabela em baixo o resumo dos diversos impostos conforme se demonstra na tabela seguinte. Quanto às exceções ao âmbito de sujeição de imposto, importa referir que a produção de produtos agrícolas e pecuários, de silvicultura, de pesca e minerais, não estão sujeitas a Imposto de Consumo quando não sofram qualquer transformação. Não obstante a sujeição a imposto das operações supra referidas, a legislação prevê a isenção de imposto em determinadas circunstâncias, nomeadamente nas exportações quando a exportação seja feita pelo próprio produtor, assim como as importações e aquisições locais de matérias-primas e bens de equipamento para a indústria nacional (desde que certificados pelos Ministérios da tutela). 192

193 Cálculo do imposto O valor tributável, para a produção de mercadorias, corresponde ao preço de custo à porta de armazém, sendo bastante relevante o cálculo correto do mesmo, de modo a corresponder às imposições legislativas, tendo em conta que o Imposto de Consumo não funciona com base num sistema de reembolso a favor do sujeito passivo quando a liquidação é superior à devida. Na produção das mercadorias, o imposto é liquidado no momento do processamento das faturas pelos produtores. Quanto à importação de mercadorias, o valor tributável é o valor aduaneiro, calculado nos termos a que nos referiremos adiante, liquidado no momento do desalfandegamento pelos Serviços Aduaneiros competentes. Para as outras operações, o valor tributável corresponde ao valor da fatura, sendo o imposto liquidado no momento do processamento das faturas, pelos sujeitos ativos das relações que se estabelecem. Taxas aplicáveis Sobre o valor tributável, calculado nos termos supra referidos, incide uma taxa de 10%, exceto para os bens e serviços enunciados nas listas anexas ao Regulamento, que podem variar entre 2% e 30%, consoante o bem ou serviço transacionado. As taxas fixadas nas listas em anexo ao regulamento, subdividem-se em 3 listas: Bens sujeitos a taxa reduzida (de 2%), caraterizados por serem bens essenciais para a população angolana (incluindo alguns produtos alimentares como carnes, leite, trigo, milho, arroz e óleos, assim como medicamentos e livros); Mercadorias importadas e de produção nacional (por exemplo a água e outras bebidas não alcoólicas, exceto sumos de frutas, que inclui cervejas de malte, vinhos, tabacos, produtos de beleza, vestuário, entre outros) podendo ser-lhes aplicável uma taxa de 20% ou 30%; Consumo de serviços com taxas de 5% e 10%. Por fim, importa referir que não existem impostos especiais sobre o consumo, nomeadamente sobre o tabaco ou álcool no ordenamento jurídico angolano. Não obstante estes produtos são tributados em sede de Imposto de Consumo, aplicando-se taxas agravadas. 7. Os Direitos Aduaneiros Os direitos aduaneiros consistem em impostos indiretos que incidem sobre o valor da mercadoria importada ou exportada no território aduaneiro. A Pauta Aduaneira, que se baseia no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, da OMA (Organização Mundial das Alfândega), fixa as taxas de direitos aduaneiros que recaem sobre as mercadorias, variando de acordo com o tipo de mercadorias. Os direitos e demais imposições aduaneiras, devidos no regime aduaneiro a que as mercadorias em causa tenham sido sujeitas são: Direitos aduaneiros; Direitos anti dumping (aplicados a certas mercadorias importadas com o objetivo de dirimir a margem de dumping); Imposto de Consumo; Imposto do Selo; Emolumentos gerais aduaneiros; Sobretaxas; Outras imposições legalmente aprovadas. 193

194 As taxas de serviços aduaneiros referidas no Texto da Pauta Aduaneira são prestações coativas pecuniárias, cobradas pelas alfândegas aos utentes dos seus serviços, compreendendo nomeadamente os emolumentos gerais aduaneiros. São cobradas em todos os regimes aduaneiros, incluindo os regimes aduaneiros isentos do pagamento de direitos e demais imposições aduaneiras. Quanto aos emolumentos gerais aduaneiros, consistem na contraprestação dos serviços prestados pelas alfândegas, sendo devidos em todos os regimes aduaneiros e em outros serviços realizados pela alfândega. São calculados e cobrados pelas Alfândegas. O Imposto de Consumo, é cobrado no acto de desalfandegamento das mercadorias. As taxas deste imposto repartem-se pelo regime geral de tributação e pela tributação no âmbito da promoção do investimento, que é aplicável igualmente aos direitos de importação, isto é, a mercadorias importadas ao abrigo de projetos de investimento público aprovados pelas entidades competentes ou com comprovados efeitos estruturantes para a economia nacional. Tal como anteriormente referido, as alterações à pauta aduaneira que entraram em vigor em 2014 visam a proteção da produção nacional em diversos setores, pelo que os produtos que se enquadrem nesses setores agravadas as respetivas taxas de importação. Benefícios fiscais de natureza aduaneira Os benefícios fiscais previstos no texto da Pauta Aduaneira ou em legislação complementar abrangem os direitos aduaneiros e o Imposto de Consumo. Os bens que sejam objeto de importação ou exportação definitiva ou sujeitas a qualquer outro regime aduaneiro podem usufruir dos seguintes benefícios fiscais aduaneiros: Isenção de direitos e demais imposições aduaneiras, Isenção parcial de direitos e demais imposições aduaneiras, Isenção de direitos aduaneiros, com exceção das demais imposições aduaneiras. A concessão de benefícios, ao abrigo da legislação vigentea projetos de investimento devidamente aprovados por entidades competentes reveste caráter automático e imediato. Quanto ao direito aos benefícios fiscais, é apenas reconhecido às entidades e bens expressamente indicados por lei e aprovados no âmbito dos projetos de investimento. 8. Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT) Trabalhadores independentes As pessoas coletivas a exercer atividade em Angola deverão reter imposto sobre pagamentos efetuados a profissionais independentes a uma taxa efetiva de 10,5% (correspondendo a uma taxa de 15% aplicada a 70% dos seus rendimentos). Os profissionais liberais estão obrigados à entrega de declarações periódicas de rendimentos. Trabalhadores dependentes Estão sujeitos a IRT indivíduos angolanos e estrangeiros, residentes ou não, que aufiram rendimentos pagos em moeda nacional ou estrangeira, provenientes de trabalho prestado a Angola. Por esta razão, são tributados em Angola em sede de IRT todos os rendimentos cujo custo seja: 194

195 Diretamente assumido por entidade angolana (i.e. quando os pagamentos sejam efetuados pela entidade local) ou; Indiretamente assumido por entidade angolana (i.e. custos de pessoal pagos no estrangeiro que sejam debitados a entidade angolana). São considerados rendimentos de trabalho, os pagamentos em dinheiro e em espécie (como por exemplo alimentação ou alojamento), excluindo, no entanto, subsídios diários (até aos limites fixados por lei), subsídio de férias, décimo terceiro mês e as contribuições para a Segurança Social. O IRT deverá ser liquidado pelo empregador angolano, retido na fonte aquando do pagamento das remunerações e entregue ao Estado até ao final do mês seguinte. As taxas de IRT, que progridem até 17% (sobre o excesso de Kz230 mil, correspondente a, aproximadamente, ou US$ 2,700), incidem sobre os rendimentos ilíquidos, deduzidos apenas do valor das contribuições devidas pelo colaborador para o regime de Segurança Social angolana. A taxa de IRT aplicada não depende nem da situação familiar, nem da residência fiscal do beneficiário dos rendimentos. A substituição tributária em sede de IRT é total, pelo que, sendo retido o imposto na fonte, não há lugar à entrega de qualquer declaração fiscal por parte do colaborador. Nos termos da legislação angolana, o colaborador apenas poderá ser considerado como colaborador da empresa em Angola enquanto tiver o seu visto de trabalho. A partir do momento em que este visto seja obtido, o colaborador poderá passar a constar do processamento de salários da empresa em Angola, sendo as suas remunerações sujeitas a retenção na fonte, em sede de IRT. Retenção na Fonte Taxas Progressivas aplicáveis aos trabalhadores por conta de outrem: Rendimentos em Kwanzas Imposto Até ,00 Isento De ,00 até ,00 5% sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 250,00 + 6% sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 550,00 + 7% sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 900,00 + 8% sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 1.300,00 + 9% sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 1.750, % sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 3.750, % sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 5.950, % sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz 8.350, % sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz , % sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz , % sobre o excesso de ,00 De ,00 até ,00 Kz , % sobre o excesso de ,00 Mais de ,00 Kz , % sobre o excesso de ,00 Taxa aplicável a empresários: 20% 9. Segurança Social Em regra, as contribuições para a Segurança Social são devidas no país onde a respetiva atividade é exercida, independentemente do local onde é paga a respetiva remuneração. Os expatriados que exerçam a sua atividade em Angola deverão fazer as contribuições para a Segurança Social nesse país. No entanto, conforme seguidamente se explicita, o regime de exceção existente no país permite o afastamento desta regra geral. 195

196 Contribuições As contribuições para a Segurança Social são calculadas sobre o salário mensal e sobre qualquer remuneração adicional dos trabalhadores, excluindo alguns subsídios. Os empregadores angolanos são responsáveis pela inscrição dos trabalhadores na Segurança Social, assim como pela retenção e pagamento das contribuições que sejam por si devidas e pelos colaboradores às taxas de 8% e 3%, respetivamente. O pagamento mensal das contribuições para a Segurança Social deve ser feito até ao 10º dia do mês seguinte ao que a contribuição se refere. Existe um regime de exceção para trabalhadores estrangeiros não residentes, i.e. titulares de visto de trabalho, que provem estar cobertos por regime de Segurança Social de outro país, não os sujeitando ao pagamento das contribuições em Angola, desde que estes efetuem prova de que se encontram registados e a efetuar contribuições para um sistema de Segurança Social equivalente noutro país. Tabela 41 - Quadro resumo com os principais impostos de Angola e alguns exemplos de bases tributáveis Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável Empresas com sede ou direção efetiva em Angola: rendimentos obtidos no exercício da sua atividade no país e no estrangeiro tributação pelo lucro universal; 35% Empresas com estabelecimento estável em Angola: lucros imputáveis a esse estabelecimento estável; Empresas não residentes e sem estabelecimento estável em Angola não sujeitas a tributação salvo ao abrigo do regime especial de tributação das empreitadas e da prestação de serviços; Imposto Industrial Regime especial de tributação de empreitadas e prestações de serviços aplicável a pessoas coletivas quer tenham ou não sede, direção efetiva e 3,5%* estabelecimento estável em Angola: Contratos de empreitada, subempreitada; Prestação de serviços de gestão, assistência técnica ou similares não abrangidos pelo Código do IRT; 5,25% Atividades que concorram para completar obras ou serviços; Tais serviços podem vir a ser considerados custos, contabilizados ou não em Angola, pelo outro contratante. 10% Lucros/dividendos/mais-valias (quando não sujeitas a Imposto Industrial ou IRT) Imposto sobre a Aplicação de Capitais (IAC) Imposto sobre o Consumo 10% Juros das obrigações 10% Emissão de ações em que tenha havido reserva de preferência na subscrição 10% Royalties 10% Juros de suprimentos 15% Juros de capitais mutuados 15% Rendimentos de contratos de abertura de crédito 10% Serviços de hotelaria e similares 5% Serviços de telecomunicações, água e energia 10% Locação de máquinas 5% Serviços de consultoria 5% Serviços de gestão de cantinas, refeitórios e condomínios 5% Serviços de transporte 5% Serviços de segurança privada 196

197 Imposto Taxa Sujeito passivo/base tributável Imposto do Selo Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho (IRT) 2% a 30% Produção e importação de diversos bens Variável Trab. conta de outrém taxa máxima 17% Trab. conta própria taxa máxima 15% (sobre 70%) Atos notariais, contratos, licenças, operações de financiamento, operações aduaneiras, operações societárias, entre outras. Sujeitos passivos: Indivíduos angolanos e estrangeiros, residentes ou não, que aufiram rendimentos pagos em moeda nacional ou estrangeira, provenientes de trabalho prestado a Angola Imposto Predial Urbano (IPU) 25% 0%-0,5% A taxa de 25% incide sobre rendimentos de imóveis arrendados, na proporção de 60% do rendimento auferido, o que corresponde a uma taxa efetiva de 15%. O montante de imposto não poderá ser inferior a 1% do valor patrimonial do imóvel. No caso de imóveis não arrendados a taxa de IPU é calculada sobre o valor patrimonial do imóvel à taxa de 0% do valor até Kz e de 0,5% sobre o valor que excede Kz Transmissões de propriedade imobiliária e assemelhadas (e.g. arrendamento por prazo superior a 20 anos); Imposto de SISA 2% Entradas de bens imóveis para o capital social das sociedades; Algumas situações de aquisição de partes sociais. *Taxa aplicada a contratos para construção ou beneficiação do ativo fixo imobilizado Angola ocupa uma posição baixa na tabela da competitividade do Relatório Paying Taxes da PwC, devido a um conjunto alargado de fatores, dos quais se destacam o elevado tempo necessário a cumprir com as obrigações fiscais e a percentagem total de imposto sobre os lucros cujo valor é influenciado pelos regimes especiais de tributação que incidem sobre as empresas petrolíferas. Numa análise comparativa de competitividade fiscal entre os vários países da CPLP verifica-se igualmente que Angola se encontra numa das últimas posições. Tabela 42 - Paying Taxes, PwC, SADC Países Rank Pagamentos (número) Tempo (horas por ano) Imposto sobre os lucros (% lucros) Contribuições e impostos sobre o trabalho (% lucros) Outros impostos (% lucros) Total (% lucros) Maurícias ,6 10,3 7,3 28,2 Seicheles ,3 1,7 0,7 25,7 197

198 África do Sul ,9 4,1 4,1 30,1 Botsuana ,7 0,0 3,7 25,4 Zâmbia ,2 10,4 3,5 15,1 Maláui ,7 9,6 4,6 34,9 Suazilândia ,2 4,0 4,3 36,5 Madagáscar ,0 20,3 1,5 35,8 Lesoto ,1 0,0 2,9 16,0 Moçambique ,9 4,5 2,1 37,5 Namíbia ,7 1,0 3,1 21,8 Tanzânia ,4 18,0 6,5 44,9 Zimbabué ,8 5,1 9,4 35,3 Angola ,2 9,0 17,9 52,1 Congo ,9 7,9 51,3 118,1 Tabela 43 - Paying Taxes, PwC, 2014 CPLP Países Rank Pagamentos (número) Tempo (horas por ano) Imposto sobre os lucros (% lucros) Contribuições e impostos sobre o trabalho (% lucros) Outros impostos (% lucros) Total (% lucros) Timor-Leste ,0 0,0 0,0 11,0 Cabo Verde ,0 18,5 0,7 37,2 Portugal ,1 26,7 0,5 42,3 Moçambique ,9 4,5 2,1 37,5 Guiné-Bissau ,9 24,8 6,2 45,9 Angola ,2 9,0 17,9 52,1 São Tomé e Príncipe ,1 6,8 3,6 32,5 Brasil ,9 39,6 3,8 68,3 198

199 Obtenção de vistos, disponibilidade de mão-de-obra Vistos Visto de curta duração e múltiplas entradas Existem diversos tipos de vistos para Angola, nomeadamente (i) o visto diplomático, (ii) o visto ordinário, (iii) o visto de cortesia, (iv) o visto de turismo, (v) o visto de estudo; (vi) o visto para fixação de residência, (vii) o visto de permanência temporária, (viii) o visto privilegiado, (ix) o visto de trabalho, (x) o visto de tratamento médico, (xi) o visto de curta duração e (xii) o visto de trânsito. Para os empresários importa ter em consideração que: O visto de curta duração, é concedido por razões de urgência (ex: reunião, conferência, óbito) e permite a permanência em território angolano até 7 dias, prorrogável uma única vez por igual período. O visto ordinário, é concedido para prospeção de negócios e permite a permanência em território nacional até 30 dias, prorrogáveis duas vezes por igual período de tempo; O visto ordinário ao abrigo do protocolo celebrado com Portugal é concedido para: (i) desenvolver contactos exploratórios de domínio comercial ou análogo, (ii) conduzir negociações de projetos de investimento, (iii) empresários e investidores, (iv) quadros dirigentes de empresas, (v) proceder à montagem de equipamentos ou prestar assistência técnica pós-venda; (vi) ministrar conferências ou ações formativas. Este tipo de visto é válido para entradas múltiplas num período de 36 meses, permitindo ao seu titular uma permanência continua ou interpolada em território angolano por um período máximo de 90 dias por semestre. O visto privilegiado, concedido ao cidadão estrangeiro investidor, representante ou procurador de empresa investidora, pelas missões diplomáticas e consulares angolanas e que permite a entrada em território nacional para fins de implementação e execução da proposta de investimento aprovada nos termos da Lei do Investimento Privado. Permite ao titular múltiplas entradas e a permanência em território nacional até dois anos, prorrogáveis por iguais períodos de tempo, e o seu beneficiário pode requerer autorização de residência; o Este visto pode ser dos seguintes tipos: Visto privilegiado tipo A Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento superior ao equivalente a US$ ou com investimento realizado na Zona C de desenvolvimento; Visto privilegiado tipo B Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior ao equivalente a US$ e superior a US$ ; Visto privilegiado tipo C Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior ao equivalente a US$ e superior a US$ ; Visto privilegiado tipo D Concedido ao cidadão estrangeiro com investimento inferior ao equivalente a US$ O visto de trabalho, destinado a cidadãos estrangeiros não residentes que pretendam desempenhar uma atividade remunerada no interesse do Estado ou por conta de outrem. Este visto permite várias entradas no país até ao termo do contrato de trabalho, sendo atribuído por um período mínimo de três meses e um período máximo de 36 meses, de acordo com a duração do contrato de trabalho. Permite ao seu titular exercer apenas a atividade profissional que justificou a sua concessão e em dedicação exclusiva à entidade empregadora que o requereu. Os vistos de trabalho são divididos em várias 199

200 categorias em função das caraterísticas da entidade empregadora ou do setor de atividade e algumas categorias de trabalhadores beneficiam de um regime excecional; o Os trabalhadores ligados aos projetos de investimento podem solicitar a obtenção do respetivo visto de Trabalho. O visto para fixação de residência, concedido aos cidadãos que pretendam fixar residência em Angola permite a permanência em território nacional pelo período de 120 dias, prorrogáveis por idênticos períodos de tempo até decisão do pedido de autorização de residência, e o exercício de atividade remunerada. São vários os acordos celebrados entre Angola e outros Estados para a supressão ou facilitação de vistos. De entre eles, destacam-se os celebrados com os países-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), com países africanos (África do Sul, Guiné Equatorial, Namíbia), com países asiáticos (Coreia, Vietname) e com outros países como a Rússia, Argentina e Espanha. O acordo entre Angola e Portugal permite um regime privilegiado de vistos para cidadãos angolanos e portugueses de curta e longa duração. De notar que as demoras na emissão dos vistos são comuns. Se for aceite, o visto pode demorar entre duas a doze semanas Modelos de cobertura de riscos financeiros, operacionais, propriedade Apesar de não ser obrigatório é recomendável estabelecer um contrato de seguro sobre as mercadorias e bens com destino a Angola, que poderá ser realizado por empresas seguradoras privadas. Os seguros de crédito à exportação são importantes instrumentos críticos na promoção e sucesso das exportações. A concessão, ou não, dos seguros e o seu preço são, por vezes, entraves à atividade exportadora e à concretização de oportunidades de negócio. Os seguros de crédito possibilitam aumentar a confiança nos negócios com os agentes compradores, incentivando assim as transações, diminuindo o risco de incumprimento em matéria de pagamento das mercadorias exportadas. A concessão de seguro às empresas exportadoras materializa-se com operações de empréstimo às empresas, logo dependentes de plafonds que as empresas têm no sistema financeiro e sujeitas a taxas indexadas ao risco que o seu perfil determina. São dois os principais riscos cobertos pelos seguros de exportação: Risco comercial: Como por exemplo o risco de falência ou insolvência do devedor; atraso de pagamento (mora); insuficiência de meios; concordata ou moratória; Risco Político: Como por exemplo o risco da ocorrência de atos como nacionalizações, guerras, revoluções, motins, anexações e riscos derivados (confisco de bens, dificuldades de transferência/conversão, etc.). Estado tem procurado reduzir os custos dos seguros de crédito através da minimização do risco das entidades seguradoras, ou seja, substituindo-se em parte ao devedor. 200

201 Este objetivo é conseguido através da criação de linhas de seguro de crédito com garantia do Estado. Esta garantia pode ser concedida diretamente ou indiretamente através do financiamento público de sociedades de garantia mútua. Atualmente a segunda opção é a mais utilizada No caso dos seguros de créditos com Garantia do Estado, o operador único, por protocolo com o Estado Português, é a empresa Companhia de Seguro de Créditos (COSEC) que, para além do seguro de crédito à exportação, dispõe de um mecanismo específico designado por Convenção Portugal-Angola (Seguro), no valor de milhões de Euro. De acordo com informação disponibilizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) de Portugal, são enquadráveis operações de exportação de bens de equipamento e serviços portugueses de médio e longo prazo, com cobertura da COSEC, a qual, pode assumir a forma de: seguro dos créditos dos exportadores sobre os importadores angolanos (crédito fornecedor) ou garantia dos financiamentos concedidos por instituições de crédito ao BNA, a outras instituições de crédito angolanas ou a importadores angolanos (crédito comprador). Os créditos cobertos são avalizados pelo Estado Angolano que se compromete a garantir, através do seu Ministério das Finanças, o bom pagamento e a transferência dos montantes relativos às exportações efetuadas ao abrigo da Convenção. Existe igualmente uma linha de seguro de créditos à exportação para países fora da OCDE, Turquia e México com Garantia do Estado. Além destas soluções, existe um conjunto de outros instrumentos financeiros que estão disponíveis não só na banca comercial, como em fundos de investimento que visam mitigar o risco do investimento estrangeiro. Nessa situação há instrumentos que visam assegurar o risco cambial e outros riscos associados ao investimento que poderão ser devidamente avaliados em fase de decisão de internacionalização ou exportação. 201

202 Sistema jurídico e judiciário Principais formas jurídicas de estabelecimento comercial No sistema jurídico angolano, os tipos de sociedades mais comuns são as Sociedades por Quotas (Limitada/Lda.) e as Sociedades Anónimas (SA). As Sociedades por Quotas apresentam menor complexidade organizativa, com estrutura mais leve ao nível dos órgãos sociais, estando normalmente associadas a negócios de pequena ou média dimensão. As Sociedades Anónimas são, em geral, o veículo escolhido pelos investidores para projetos de investimento de maior dimensão. Sociedade por Quotas Sociedades Anónimas Número de Sócios Pelo menos dois. Na maioria dos casos o capital social poderá ser detido integralmente por entidades estrangeiras, salvo as exceções detalhadas abaixo. 124 Pelo menos 5. Na maioria dos casos o Capital Social poderá ser integralmente detido por entidades estrangeiras, salvo as exceções detalhadas abaixo. 121 Responsabilidade dos sócios Até ao valor das quotas. Até ao valor das ações subscritas. Capital social mínimo US$ US$ Para além destas, existem ainda as sociedades em nome coletivo, as sociedades em comandita e as sociedades unipessoais. Estas últimas passaram a ser permitidas com a publicação da Lei nº 19/12, de 11 de junho, que veio permitir a constituição de sociedades unipessoais, isto é, sociedades com um único sócio, pessoa singular ou coletiva. Nas sociedades em nome coletivo, o sócio responde ilimitadamente pelas obrigações sociais, subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com os outros sócios, para além de responder pela sua entrada. Por outro lado, este não responde pelas obrigações da sociedade, contraídas após a data da sua saída, mas responde pelas contraídas anteriormente à data da sua entrada. Nas sociedades em comandita, o sócio ou os sócios comanditários respondem apenas pela sua entrada e os sócios comanditados têm responsabilidade ilimitada, ou seja, respondem pelas dívidas da sociedade, ilimitada e solidariamente entre si, nos mesmos termos que os sócios das sociedades em nome coletivo. Existem dois tipos diferentes de sociedades em comandita: as sociedades em comandita simples e as sociedades em comandita por ações. As sociedades em comandita são pouco comuns em Angola, bem como as sociedades em nome coletivo que, neste último caso, apesar de terem estrutura simples e flexível se tornam pouco atraentes, dado o risco associado, pois o património dos sócios responde subsidiariamente pelas dívidas da sociedade. 121 A exceção a esta regra está ligada aos setores que são da reserva exclusiva do Estado (ex: materiais de guerra, Banco Central, direitos de propriedade sobre os portos, caminhos de ferro, serviços postais), e aos setores que só podem ser exercidos por entidades privadas através de concessão do Estado (ex: produção, distribuição e comercialização de energia, exploração de portos e aeroportos, tratamento e distribuição de água). Além dos aspetos já referidos, existem também limitações impostas às empresas que prestem serviços ao setor petrolífero, pelo que, em alguns casos, é exigido que o capital seja detido maioritariamente por nacionais de Angola. 202

203 Neste contexto, os tipos societários dominantes correspondem às sociedades por quotas e às sociedades anónimas, sendo estas as principais escolhas dos investidores angolanos e estrangeiros. O Sistema judiciário O sistema judiciário em Angola está organizado em 3 categorias: Tribunal Supremo, os Tribunais Provinciais e os Tribunais Municipais, que se distinguem por diferentes competências e pela sua organização. Tabela 44 - Sistema Judiciário de Angola 122 Tipos de Tribunais Judiciários Competência Organização Nº de Tribunais Tribunal Supremo Exerce jurisdição em todo o território nacional e é por princípio o tribunal de último recurso. Constituído pelo Plenário e Câmaras de competência 1 Tribunais Provinciais Decidir os conflitos de competência entre os Tribunais Municipais da respetiva Província. Exerce jurisdição no território da Província. Organizado por salas: Cível e Administrativo, Família, Trabalho, Crimes Comuns e Crimes contra a Segurança do Estado 19 Tribunais Municipais Competência genérica em matéria cível e criminal, exercendo jurisdição no território do Município - 35 (instalados 12) O sistema judiciário angolano ainda não permite uma capacidade de resposta célere aos complexos problemas que advêm de relações comerciais internacionais sendo comum aos investidores internacionais optarem por meios alternativos de resolução de litígios por forma a assegurar os seus direitos. A possibilidade das entidades poderem recorrer à arbitragem constitui um dos fatores de atenuação dos efeitos negativos da morosidade da justiça dos estados, do risco das decisões judiciais arbitrárias, da falta de garantias e da incerteza quanto à eficácia dos contratos. Estima-se que mais do que 95% dos contratos internacionais têm cláusulas arbitrais Resolução extrajudicial de litígios Por forma a remover os principais constrangimentos ao investimento privado estrangeiro em Angola, o Governo Angolano adotou um conjunto de instrumentos jurídicos que visam a resolução extrajudicial de litígios via conciliação e arbitragem 123. Em Angola, a arbitragem é a solução imperativa para a resolução de litígios em contratos de investimento ao abrigo da Lei de Investimento Privado A referida Lei obriga que o recurso à arbitragem, para a resolução de litígios decorrentes de investimento privado, ocorra em Angola. 122 Fonte: Lei n.º 16/2003 de 25 de Julho 203

204 Apesar da República de Angola não ter ratificado as duas mais importantes Convenções Internacionais em matéria de arbitragem, nomeadamente, a Convenção das Nações Unidas sobre o Reconhecimento e Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras, a Convenção de Nova Iorque de 1958, a Convenção para a Resolução de Diferendos relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de outros Estados, a Convenção CIRDI 124 de 1965, dispõem de leis que permitem a proteção de investimentos estrangeiros através da Arbitragem. Há diferentes mecanismos de resolução arbitral que resultam dos Contratos de Investimento e dos Tratados Bilaterais de Investimento (TBI). Assim, a análise desta temática deverá ser analisada in casu para que o investidor possa optar pela solução que melhor atenda aos seus interesses. Todavia, não poderá deixar de ter em consideração as regras da Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de 20 de maio, bem como as regras que determinem o regime de arbitragem aplicável que resultem dos TBI. O investidor deverá ter algum cuidado nesta opção atendendo a que a Lei será determinante no regime e nas regras legais que lhe serão aplicáveis. Poder-se-á ter, por um lado, um contrato de investimento que preveja uma arbitragem ad hoc, a realizar-se em Angola, com aplicação da lei angolana ao mérito da causa e ao processo arbitral, e por outro, um TBI que indica, em princípio, uma arbitragem internacional institucionalizada, que poderá decorrer fora do território angolano, com recurso a procedimentos fixados no respetivo centro de arbitragem escolhido pelo investidor. A título exemplificativo, apesar de Angola não ter ratificado as convenções mais relevantes em matéria de arbitragem, há um conjunto de TBI no qual está incluído Portugal que remete a resolução arbitral dos litígios para o Centro Internacional de Resolução de Litígios relativos a investimentos (CIRDI) e para o Mecanismo Complementar para a Administração de Procedimentos de Conciliação, Arbitragem e Averiguação, bem como para o Tribunal de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI) ou ainda para um árbitro internacional ou Tribunal ad hoc designado por acordo especial ou estabelecido nos termos das Normas de Arbitragem da CNUDCI 125. Por último, deve igualmente ter-se em consideração que a Lei do Investimento Privado, Lei n.º 20/11, de 20 de maio, contém regras imperativas, nomeadamente quando dispõe que a arbitragem deve ser realizada em Angola e a lei aplicável ao contrato e ao processo deve ser a lei angolana. Atendendo à complexidade da matéria e das possíveis soluções alternativas existentes esta matéria deverá ser acompanhada pelo respetivo profissional competente. 124 Centro Internacional de Resolução de Litígios relativos a investimentos 125 CNUDCI - Commission des Nations Unies pour le Droit Commercial International 204

205 4.6. Principais caraterísticas dos Acordos de Angola no domínio do comércio e investimento Protocolos existentes na SADC e posicionamento de Angola face aos mesmos. A SADC possui mais de 26 instrumentos de cooperação entre os EM, dos quais 23 se encontram atualmente em vigor. A República de Angola assinou, mas não ratificou, 4 dos 23 tratados em vigor, tendo assinado e ratificado apenas 19. Tabela 45 - Situação de Angola face aos Acordos e Protocolos existentes na Zona da SADC Tipo de Acordo Protocolos da SADC ratificados por Angola em áreas não económicas Protocolos da SADC assinados e ratificados por Angola Protocolos Assinados mas não Ratificados Protocolos não Assinados nem Ratificados Âmbito e Descrição do Acordo 1. Protocolo sobre imunidade e privilégios; 2. Protocolo sobre o combate ao tráfico ilícito de drogas; 3. Protocolo da SADC contra a corrupção; 4. Acordo de cooperação e assistência mútua no campo do combate ao crime; 5. Protocolo da SADC sobre extradição; 6. Protocolo sobre género e desenvolvimento. Angola tem assinado e ratificado os protocolos referentes a vários setores, nomeadamente: Sistema judicial; Saúde; Energia; Pescas; Extradição; Corrupção; Ambiente; Trocas comerciais; Educação e cultura; Sistema financeiro; Assistência mútua legal em matéria criminal. 1. Protocolo sobre as minas e geologia; 2. Protocolo sobre a ciência, tecnologia e inovação; 3. Protocolo sobre política, defesa e segurança; 4. Protocolo pacto de defesa mútua. 1. Protocolo sobre o desenvolvimento do turismo; 2. Protocolo controlo de armas de fogo, munições e outro material conexo; 3. Protocolo facilitação de circulação de pessoas; 4. Protocolo sobre o comércio de serviços Acordos essenciais de Angola na área do comércio (ACI, APPRI, ADT) Existe um conjunto de acordos bilaterais que são essenciais para compreender os mecanismos que poderão facilitar o acesso dos investidores portugueses aos mercados, contando-se entre eles os Acordos Comerciais 205

206 de Investimento (ACI), os Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos (APPRI) e os Acordos para evitar a Dupla Tributação (ADT). Angola ratificou poucos acordos, tendo vindo a ser de prática comum a assinatura de acordos pelo país, sem que, no entanto, exista uma posterior ratificação. Tabela 46 - Acordos Bilaterais de Angola Tipo de Acordos Acordos de Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos Acordos assinados mas ainda não em vigor Portugal, África do Sul, Espanha, Reino Unido Acordos em vigor Cabo Verde, Alemanha, Itália, Rússia Acordos para Evitar a Dupla Tributação Não Não Angola faz parte da OMC desde 23 de novembro de A sua regulação alfandegária segue a Pauta Aduaneira aprovada pelo Decreto-Lei n.º 2/08, de 4 de agosto; Angola é membro da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos ( MIGA ); Angola é membro da Organização Mundial da Propriedade Intelectual ( OMPI ), tendo aderido ao código de classificação internacional de patentes e registo de marcas da instituição; Angola aprovou a Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial e Propriedade Intelectual para a Proteção de marcas e patentes; Angola assinou acordos de cooperação aduaneira com Portugal e São Tomé e Príncipe Acordos entre EUA e Angola AGOA 126 A Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), aprovada em 2000, tem vindo a permitir a exportação de bens e produtos para os EUA sem que os mesmos se encontrem sujeitos a taxas alfandegárias. Para beneficiarem deste regime é necessário que os produtos sejam de origem africana, e que os países em causa estejam a adotar medidas para a implementação duma economia de mercado livre, através de políticas democráticas Acordos entre a UE e Angola Acordo Cotonu O Acordo de Cotonu assinado em 2000, por 79 países, é o principal instrumento para a prestação de assistência da UE em matéria de cooperação para o desenvolvimento com os Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico, e de cooperação da UE com os países e territórios ultramarinos. 126 AGOA - African Growth and Opportunity Act 206

207 O Acordo Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social dos países ACP, tendo como principal desígnio a redução da pobreza nos Estados ACP, do qual faz parte Angola. No entanto, cumpre referir que o Acordo de Cotono veio, em muito, facilitar o investimento de EM da UE nos países africanos que subscreveram o Acordo. De notar que o Acordo previu ainda a criação de um importante instrumento financeiro de apoio aos seus objetivos, o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED). No âmbito do FED, o montante global disponibilizado pela UE a Angola entre 2008 a 2013, através do Documento de Estratégia para Angola, foi aproximadamente de 228 milhões de euros. Deste montante, cerca de 214 milhões foram destinados ao financiamento para o apoio macroeconómico, às políticas setoriais, aos programas e projetos previstos nos setores focais e não focais de Assistência Comunitária, e cerca de 14 milhões de Euros para necessidades imprevistas. O Acordo Cotonu prevê também a promoção de instrumentos de dinamização do IDE para os países ACP, nomeadamente: Promoção do investimento Apoio e financiamento dos investimentos nos países da ACP através de subsídios para assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos privados, nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a partir dos recursos próprios do BEI; Criação de instrumentos de garantias de investimento, através de Seguros de risco, com vista aumentar a confiança dos investidores nos Estados ACP; Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial quanto a regimes de resseguros destinados a cobrir o IDE realizado por tais investimentos; e Medidas que visem a proteção dos investimentos. Estes mecanismos de apoio às empresas têm vindo a ser promovidos, entre outros, pelas IFD. Além do Acordo de Cotonu, existem um conjunto de outras convenções e compromissos políticos assinados entre a UE e Angola. No entanto, cumpre neste âmbito sublinhar a ausência de acordos de interesse comercial, fiscal e aduaneiro entre Portugal e Angola. Entre as convenções assinadas pela UE e por Angola, contam-se: Declaração de Paris sobre a eficácia da ajuda, de 2 de março de 2005 (e instrumentos subsequentes); Parceria Estratégica África-UE de 2007; Documento de Estratégia por País e o Programa Indicativo Nacional para o período ; Estratégia Nacional de Desenvolvimento a Longo Prazo ( Visão 2025 ), os vários Planos Nacionais de Desenvolvimento que têm vindo a ser feitos, e alguns documentos complementares aprovados pelo Governo. 207

208 208

209 5.CPLP Atratividade de Angola no contexto da CPLP 209

210 País importador Angola - Integração regional na SADC e relacionamento com os países da CPLP 5. Atratividade de Angola no contexto CPLP No contexto da CPLP Angola é um dos países com maior potencial de crescimento atendendo à forte riqueza em matérias-primas. Angola tem, no entanto, adotado uma forte estratégia protecionista que a tem colocado em posições inferiores nos relatórios de realização de negócios do Banco Mundial, reveladores da dificuldade do investimento estrangeiros. Tabela 47 - Doing Business 2013 Posição por país da CPLP Países Facilidade de se fazer negócios Abertura de empresas Obtenção de alvarás de construção Obtenção de eletricidade Registo de propriedade Obtenção de crédito Portugal Cabo Verde Brasil Moçambique São Tomé e Príncipe Timor-Leste Angola Guiné-Bissau A intensificação das trocas comerciais exige complementaridade industrial das economias, implicando níveis de especialização diferenciada entre parceiros. Tabela 48 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%) 127 País exportador Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique São Tomé e Príncipe Timor Leste Portugal Macau Angola Brasil Cabo Verde Guiné-Bissau Moçambique São Tomé e Príncipe Timor Leste Portugal Macau Fonte: Cálculo realizado pela PwC com base nos dados do UNCTAD, UNCTADstat 127 O Trade Complementary Index (TCI) é um indicador utilizado para medir a compatibilidade do perfil comercial, através da comparação das estruturas de exportação e de importação entre países. Índices mais elevados revelam potenciais de complementaridade superiores e maior correspondência entra a estrutura de exportações/importações dos 2 países. TCI nulo é sinónimo de não complementaridade. 210

211 O nível de complementaridade comercial das economias da CPLP e Macau é muito baixo, excetuando no relacionamento entre Portugal e Angola. De facto apenas 2,9% das exportações dos países da CPLP destinam-se a outros países da CPLP, peso relativo que tem vindo a reduzir-se desde Apesar das exportações intrarregião evidenciarem um decréscimo médio anual 0,4% de 2008 a 2012, verifica-se uma retoma favorável das exportações intrarregião de 20,8% (crescimento médio anual) a partir de Verifica-se um elevado potencial de complementaridade recíproco no relacionamento comercial entre alguns países da CPLP. O índice de complementaridade entre Portugal e Angola (83 pts e 80 pts) revela uma relação potencial biunívoca. A estrutura de importações de Portugal poderá também potenciar as suas relações com o Brasil (48 pts), Guiné-Bissau (38 pts), Moçambique (66 pts), São Tomé e Príncipe (51 pts) e Timor Leste (37 pts). Por seu lado a estrutura de importações do Brasil poderá apresentar algum grau de complementaridade com as estruturas exportadoras de Angola (40 pts) e Portugal (47 pts). Por outro lado, o índice de complementaridade entre Portugal e Cabo Verde evidencia uma relação potencial unívoca, apresentando um grau de complementaridade de 72 pts. De facto, é notório que a alavancagem comercial intra-cplp poderá ser potenciada fundamentalmente por 2 motores, por Angola - país com maior relevância nas exportações intrarregião e por Portugal país CPLP que mais destaca nas importações intrarregião. Nesta medida Portugal poderá potenciar-se como hub comercial da CPLP, assumindo um papel fundamental de porta de entrada para os países da CPLP e destes para a UE. 211

212 Angola Valor total das importações, US$ 24 mil milhões, 2012 Principais produtos importados Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais relacionados Maquinaria e equipamento de transporte Maquinaria e equipamento de transporte Outros artigos manufaturados Alimentos e bebidas Alimentos Matéria prima (exceto combustíveis) Produtos manufaturados Fonte: UNCTAD, UNCTADstat Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos> óleo de 70% Máquinas para a construção civil Geradores Veículos a motor para transporte de mercadorias Veículos automóveis para transporte de pessoas Outras máquinas e aparelhos para as indústrias particulares Aparelho para circuitos elétricos, tabuleiro, painéis Materiais de construção Equipamento para distribuição de energia elétrica Bombas, compressores a gás e ventiladores Equipamentos de aquecimento e refrigeração Equipamento de telecomunicação Motocicletas e velocípedes Aparelhos para canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas; Aparelhos de medição, análise e controle; Artigos de plástico Bebidas alcoólicas Preparações de cereais, farinha de frutas ou vegetais Carnes e miudezas comestíveis Cereais Ferro e aço Produtos de ferro e aço Barras de ferro e aço, cantoneiras, perfis e seções; Metais comuns; Estruturas e peças de ferro, aço, alumínio; Tubos e perfis ocos, acessórios, ferro, aço Ferramentas mecânicas e outros Potenciais fornecedores CPLP Brasil Portugal* Brasil Portugal Brasil Brasil Portugal Brasil Portugal Brasil Moçambique Brasil Portugal Brasil Portugal * Petróleo refinado Alguns dos produtos com potencial de produção local* Maquinaria especializada Maquinaria e equipamento de transporte Peças industriais Materiais de construção Carnes Alimentos Cereais Agro indústria em geral e pescas Vestuário Produtos manufaturados Ferro e aço Produtos de ferro e aço Petróleo Combustíveis minerais Gás natural *Para mais dados ver setores de investimento. 212

213 Índice de Tabelas Tabela 1 - Caracterização dos países membros da SADC Tabela 2 - TCI (Trade Complementary Index) intra-sadc Tabela 3 - Comunidades económicas regionais em perspetiva (2012) Tabela 4 - Investimento Direto Estrangeiro nos países-membros da SADC inward (milhões US$) Tabela 5 - Objetivos definidos pelo Governo para o mercado de trabalho, Tabela 6 - Características das Províncias Sul-Africanas Tabela 7 - Investimento público em infraestruturas, por setor, (US$M) Tabela 8 - Expansão da capacidade de produção e de distribuição de energia elétrica Tabela 9 - Projetos previstos para a África do Sul no setor energético Tabela 10 - Eficiência dos transportes Tabela 11 - Projetos previstos para a África do Sul no setor dos transportes Tabela 12 - Abastecimento de água e saneamento básico Tabela 13 - Projetos previstos na África do Sul no setor da água e saneamento Tabela 14 - Abertura da economia Sul-Africana Tabela 15 - Prioridades do Governo a Nível Setorial (NDP 2030) Tabela 16 - Potencialidades ao nível das infraestruturas Tabela 17 - Inward stock de IDE na África do Sul (milhões de US$) Tabela 18 - Objetivo do PND : IDH Tabela 19 - Objetivo do PND : Exportações Tabela 20 - Objetivo do PND : Doing Business Tabela 21 - Evolução do setor petrolífero: produção, preço médio de exportações do barril de crude, investimento e criação de emprego Tabela 22 - Investimento por sistema e previsão do consumo de eletricidade (US$ milhões) Tabela 23 - Caraterísticas das redes ferroviárias em Angola, Tabela 24 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões telefones Tabela 25 - Indicadores de acesso às TIC em 2010, Angola e outras regiões internet Tabela 26 - Potencialidades ao nível de infraestruturas (PND ) Tabela 27 - Projetos previstos em Angola para o setor do transporte da energia elétrica Tabela 28 - Projetos previstos em Angola para o setor da distribuição da energia elétrica Tabela 29 - Projetos previstos em Angola para o setor eletrificação rural e mini-hídricas Tabela 30 - Projetos previstos em Angola para o setor dos transportes Tabela 31 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água às sedes de província e municípios mais populosos Tabela 32 - Projetos previstos em Angola para o setor do abastecimento de água em meios rurais Tabela 33 - Abertura da economia angolana Tabela 34 - TOP 10 dos países de origem do investimento privado em Angola Tabela 35 IDE em Angola: projetos greenfield de maior dimensão, anunciados entre Tabela 36 - Potencialidades a nível setorial (PND ) Tabela 37 - Potencialidades a nível do setor empresarial (PND ) Tabela 38 - Incentivos fiscais por zona Tabela 39 - Doing Business 2013 Posição por país da SADC Tabela 40 - Prazo mínimo para repatriamento de dividendos e lucros Tabela 41 - Quadro resumo com os principais impostos de Angola e alguns exemplos de bases tributáveis 196 Tabela 42 - Paying Taxes, PwC, SADC Tabela 43 - Paying Taxes, PwC, 2014 CPLP Tabela 44 - Sistema Judiciário de Angola Tabela 45 - Situação de Angola face aos Acordos e Protocolos existentes na Zona da SADC Tabela 46 - Acordos Bilaterais de Angola Tabela 47 - Doing Business 2013 Posição por país da CPLP Tabela 48 - TCI (Trade Complementary Index) da CPLP e Macau (%)

214 Índice de Gráficos Gráfico 1 Crescimento médio anual países SADC Gráfico 2 - Relacionamento do crescimento do PIB e variação no índice global de competitividade Gráfico 3 - Análise do PIB per capita em 2012 de cada um dos países, da taxa de crescimento média do PIB e do peso do PIB do País no total da SADC Gráfico 4 - Produto Interno Bruto por setor 2012 Angola % Gráfico 5 - Produto Interno Bruto por setor 2011 Moçambique % Gráfico 6 - Produto Interno Bruto por setor (%) - África do Sul Gráfico 7 - Produto Interno Bruto por setor (%) Lesoto Gráfico 8 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Madagáscar Gráfico 9 - Produto Interno Bruto por setor (%) - Maláui Gráfico 10 - Produto Interno Bruto por setor (%) - República Democrática do Congo Gráfico 11 Produto Interno Bruto por setor (%) Suazilândia Gráfico 12 - Produto Interno Bruto por setor 2011 (%) Seicheles Gráfico 13 - Produto Interno Bruto por setor (%) Maurícias % Gráfico 14 - Produto Interno Bruto por setor (%) Botsuana Gráfico 15 - Produto Interno Bruto por setor (%) Namíbia Gráfico 16 - Produto Interno Bruto por setor (%) Zâmbia Gráfico 17 - Evolução do comércio intra-sadc vs. Evolução do PIB da região Gráfico 18 - Peso das exportações/importações intra-sadc no total da região Gráfico 19 - Produtos transacionados intra-sadc (2012) Gráfico 20 - Evolução das importações da SADC e principais países de destino Gráfico 21 Importações da SADC - Top produtos, Gráfico 22 - Importações SADC da China Gráfico 23 - Importações SADC da Alemanha Gráfico 24 - Importações SADC dos EUA Gráfico 25 - Importações SADC da Índia Gráfico 26 - Importações SADC do Reino Unido Gráfico 27 Evolução das exportações da SADC e principais países de destino, Gráfico 28 Exportações da SADC - Top produtos, Gráfico 29 - Exportações SADC para a China Gráfico 30 - Exportações SADC para os EUA Gráfico 31 - Exportações SADC para a Índia Gráfico 32 - Exportações SADC para o Reino Unido Gráfico 33 - Importações da SADC aos países da CPLP (valor e crescimento médio) Gráfico 34 - Importações SADC a Portugal Gráfico 35 - Importações SADC do Brasil Gráfico 36 - Exportações da SADC para a CPLP (valor e crescimento médio) Gráfico 37 - Exportações SADC para Portugal Gráfico 38 - Exportações SADC para o Brasil Gráfico 39 - IDE na SADC - inward e outward, Gráfico 40 Representação da percentagem do PIB dos EM na SADC Gráfico 41 - Evolução anual do PIB per capita em US$ Gráfico 42 - Taxa de crescimento anual do PIB Gráfico 43 - África do Sul, PIB por setor Gráfico 44 - Crescimento anual do PIB ( ), África do Sul Gráfico 45 - Gastos do Governo em infraestruturas (incluindo parcerias público-privadas) Gráfico 46 - Evolução das importações de África do Sul e principais países de origem, Gráfico 47 - Importações Sul-Africanas - Top produtos Gráfico 48 - Importações Sul-Africanas da CPLP Gráfico 49 - Importações Sul-Africanas do Brasil Gráfico 50 - Importações Sul-Africanas de Moçambique

215 Gráfico 51 - Importações Sul-Africanas de Portugal Gráfico 52 - Evolução das exportações de África do Sul e principais países de destino Gráfico 53 - Exportações Sul-Africanas - Top produtos Gráfico 54 - Exportações Sul-Africanas - CPLP Gráfico 55 - Exportações Sul-Africanas para Moçambique Gráfico 56 - Exportações Sul-Africanas para Angola Gráfico 57 - Exportações Sul-Africanas para o Brasil Gráfico 58 - Exportações Sul-Africanas para Portugal Gráfico 59 - Fluxos de IDE na África do Sul, Gráfico 60 - Evolução anual do PIB Angolano (últimos 5 anos) Gráfico 61 - Despesas de natureza económica do OGE 2013 (%) Gráfico 62 - Despesas de natureza funcional do OGE 2013 (%) Gráfico 63 - Reserva em moeda estrangeira e ouro (US$ milhões) Gráfico 64 - Fatores de variação da liquidez - variação em % do valor inicial da massa monetária Gráfico 65 - Taxas de juro (taxas anuais) e taxa de câmbio efetiva Gráfico 66 Variação da taxa de câmbio Kwanza/Euro Gráfico 67 - PIB de Angola taxa de variação real (%) Gráfico 68 - Previsões de crescimento para Angola Gráfico 69 - Taxa de variação (%) do PIB no período Gráfico 70 - IDH Evolução desde Gráfico 71 - Inflação média anual histórico e últimas previsões do FMI Gráfico 72 - Taxa de Inflação - valores reais e estimativas (%) Gráfico 73 - Objetivo do PND : Crescimento: setor petrolífero vs. não petrolífero Gráfico 74 - Crescimento de cada setor e respetivo peso no PIB de Angola Gráfico 75 PIB por setor Angola Gráfico 76 - Empresas do Setor Público - Volume de negócios (%) Gráfico 77 - Empresas do Setor Público -Empregados (%) Gráfico 78 - Principais destinos de exportação do setor petrolífero (%) Gráfico 79 - Os custos de produção de energia elétrica em Angola são relativamente elevados Gráfico 80 - Movimentação de contentores no Porto de Luanda em Gráfico 81 - Evolução das importações de Angola e principais países de origem, Gráfico 82 - Importações angolanas da CPLP Gráfico 83 - Importações angolanas - Top produtos Gráfico 84 - Importações angolanas evolução por tipo de produtos Gráfico 85 - Importações angolanas a Portugal Gráfico 86 - Importações angolanas ao Brasil Gráfico 87 - Importações angolanas de serviços Gráfico 88 - Evolução das exportações de Angola e principais países de destino Gráfico 89 - Exportações angolanas para a CPLP Gráfico 58 - Fluxos de IDE em Angola Gráfico 91 - Percentagem do valor dos projetos por modalidade de financiamento e setores de atividade

216 Índice de Figuras Figura 1 - Risco dos países da SADC Figura 2 - Principais etapas na criação da SADC Figura 3 Índice Global de Competitividade Figura 4 - Estimativas de crescimento do PIB em África Figura 5 - Principais exportações de África do Sul intra-sadc, por produto Figura 6 - Principais exportações de Angola intra-sadc, por produto Figura 7 - Principais destinos das exportações portuguesas para a SADC Figura 8 - Principais destinos das exportações brasileiras para a SADC Figura 9 - Panorâmica das infraestruturas em África - África do Sul, PwC, Figura 10 - Infraestrutura da rede de eletricidade da África do Sul Figura 11 - Principais rotas ferroviárias e portos Sul-Africanos Figura 12 - Infraestrutura do Porto de Durban (o maior porto do país) Figura 13 - Principais redes rodoviárias Sul-Africanas Figura 14 - Principais importações Sul-Africanas de Angola Figura 15 - Principais importações Sul-Africanas do Brasil Figura 16 - Principais importações Sul-Africanas de Moçambique Figura 17 - Principais importações Sul-Africanas de Portugal Figura 18 - Principais exportações Sul-Africanas para Moçambique Figura 19 - Principais exportações Sul-Africanas para Angola Figura 20 - Principais exportações Sul-Africanas para o Brasil Figura 21 - Principais exportações Sul-Africanas para Portugal Figura 22 - Estrutura acionista bancária em África Figura 23 - Contas bancárias (% +15 anos) em África Figura 24 - Evolução dos níveis de inclusão financeira, Figura 25 - O estado das infraestruturas em África - Angola Figura 26 - Redes ferroviárias em Angola, Figura 27 - Tipo e condições de estrada, linhas ferroviárias, portos, e população Figura 28 - Principais importações angolanas de Portugal Figura 29 - Principais importações angolanas do Brasil Figura 30 - Principais exportações angolanas para Portugal Figura 31 - Principais exportações angolanas para o Brasil Figura 32 - Estrutura acionista bancária em África Figura 33 - Contas bancárias em África com antiguidade superior a 15 anos

217 6. Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela: Apoio: Projeto Co-Financiado: Todos os direitos reservados. Neste documento PwC refere-se a PricewaterhouseCoopers & Associados SROC, Lda. que pertence à rede de entidades que são membros da PricewaterhouseCoopers International Limited, cada uma das quais é uma entidade legal autónoma e independente.

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