Expedição África do Sul e Moçambique de 7 a 22 Outubro de 2010

Transcrição

1 Expedição África do Sul e Moçambique de 7 a 22 Outubro de 2010 Como já é normal nas Expedições da HVR tudo começou pela vontade de fazer algo diferente, num misto de organização e participantes assíduos das nossas expedições, fomos construindo um programa que fosse do agrado de todos. A 1ª regra era fugir de certa forma aos percursos mais turísticos deixando no entanto duas opções incontornáveis, Kruguer Park e Parque da Gorongosa. Até ao dia de embarque foram feitas duas reuniões, o objectivo das mesmas era a afinação dos percursos, elucidar os participantes das dificuldades que poderíamos passar e o convívio e conhecimento de todos os participantes/organização. 1º Dia Finalmente chega o dia da partida e assim os 20 aventureiros lá foram chegando ao Aeroporto de Lisboa para embarcar no voo da TAP 287 com destino a Joanesburgo. Esta é sem duvida uma das piores etapas, são 14 horas de viagem pois o avião faz escala em Maputo, e saindo de Lisboa pelas 20h temos uma noite mal dormida. 2ºDia - Joanesburgo - Sabie - A chegada deu-se dentro do horário previsto, no entanto atrasamo-nos porque o condutor de um dos mini-bus, que nos levaria até à nossa frota de 4x4 tinha perdido a chave da viatura o que significou um transporte mais demorado, acabando a chave por aparecer quando já quase tudo estava resolvido. É assim África no seu melhor. Depois destas peripécias lá chegámos finalmente junto da frota: 1 Toyota Land Cruiser, 1 Toyota Hilux e 3 clássicos Land Rover Defender 110, devidamente preparados com todo o equipamento para evoluirmos em autonomia total. (Kit de acessórios TT, Kit de ferramentas, tendas de tejadilho, depósitos de grande capacidade de água e gasóleo, frigorifico, mesas, cadeiras, fogão a gás, candeeiro também a gás, talheres, pratos, copos, panelas e grelhador.) Embora os 3 clássicos apresentassem sinais claros de já terem passado por muitas aventuras, (ao contrário dos Toyotas - um deles era a estrear) foram quase tomados de assalto na base este é meu. É o fascínio das velhas máquinas do Reino de Sua Majestade.

2 Assim, todo o resto da manhã foi passada no primeiro contacto com as viaturas para aprender a usar toda esta panóplia de equipamento. Por fim, após uma refeição ligeira lá nos fizemos à estrada, tomando muito cuidado, pois, para grande parte dos participantes, era o primeiro contacto com um volante à direita, uma condução pela esquerda e uma alavanca de mudanças a exigir a utilização da canhota. Evoluímos assim o mais directo possível até ao nosso objectivo Sabie. 3º Dia - Sabie - Blyde River Canyon - Kruger Park (Acampamento de Satara) O dia começou cedo com a preparação do que vinha pela frente. Depois de um retemperador pequeno-almoço lá fomos para um supermercado local fazer as compras para abastecer as viaturas para os próximos dias, 3 deles em autonomia total. Após esta tarefa lá seguimos visitando as cascatas de Lisboa e Berlim entre outros locais de vista panorâmica espectaculares como o Blyde River Canyon. O que estava previsto para o período da manhã acabou por se alastrar para a tarde, obrigando os condutores a carregar mais no pedal direito para chegar ao acampamento de Satara a horas de podermos entrar. O Kruguer Park tem regras de segurança muito rígidas e é óbvio que a entrada fora de horas está fora de questão.

3 4º Dia - Kruger Park (Acampamento de Satara) - Kruger Park (Acampamento Punda Maria). Este foi um dia inteiro no Kruger Park, a mais bem preservada reserva natural de toda a África. Basicamente evolui-se por uma estrada que atravessa o parque e que permite com as nossas próprias viaturas a visualização de imensas espécies. As regras do parque não deixam muito espaço de manobra e o percurso permitido está praticamente todo assinalado, mas ainda assim, sempre que era permitido saímos dos percursos principais. No fim do dia entrámos no Parque de Punda Maria onde jantámos e pernoitámos aproveitando também para fazer abastecimento das viaturas. 5º Dia - Kruger Park (Acampamento Punda Maria) - Pafuri (Fronteira com Moçambique) - Travessia do Rio Limpopo Acampamento. Saímos bem cedo de Punda Maria com as viaturas completamente atestadas na direcção de Pafuri, pequena fronteira pouco movimentada, e que talvez por isso, fecha durante a noite abrindo só pelas 8h00, deste modo aproveitámos também para reforçar o pequeno almoço enquanto a fronteira não abria. No caminho ainda visitámos Crooks Corner, confluência dos rios Limpopo e Luvuvhu, fazendo fronteira entre África do Sul, Zimbabwe e Moçambique e ponto de passagem por todos aqueles que pretendiam passar a salto por contrabando ou por qualquer outra razão. A passagem da fronteira é relativamente simples e sem grandes demoras. Do lado de Moçambique fomos recebidos com muita simpatia, a facilidade da língua também ajuda muito. Saindo da fronteira a paisagem começa a ser diferente, agora sim, era isto que ansiávamos, estávamos finalmente no Moçambique profundo numa autêntica picada com pequenos troços a exigir alguns dotes de condução TT e finalmente a tirar partido dos nossos 4x4. Ficar o mais perto possível de Machaila era o nosso objectivo. Pelo meio havia a travessia do Rio Limpopo, mas que não deveria oferecer grande dificuldade, pois estávamos no fim da época seca e os caudais eram baixos, o que se veio a concretizar, apenas foi necessário baixar um pouco a pressão dos pneus aos Toyotas pois a areia estava um pouco mole. Nos Defender s foi só dar gás e já está. Pelo facto da noite estar a cair acabámos por acampar a cerca de 40 Km do nosso objectivo.

4 6º Dia Acampamento - Machaila - Massagena (travessia do Rio Save) - Maçobere - Acufera (Algueirão) Acampamento. O sol nesta altura nasce por volta das 5h00 e há que aproveitar toda a sua luz, desta forma às 6h00 da manhã já todo o grupo tinha tomado o pequeno-almoço e estava pronto a seguir viagem para aproveitar o mais possível o dia. Continuámos a evoluir por povoações como Domasse, Machaila, Sucane e Massagena, ficando mais uma vez aquém do nosso objectivo inicial que era Espungabera. Este percurso é um misto de emoções, especialmente para quem lá esteve e muita vez percorreu estes caminhos. Ainda são bem visíveis os tempos da guerra com várias casas cravadas de buracos das balas e alguns destroços de viaturas. Esta pista era muito usada para abastecer os militares no Norte de Moçambique na zona de Tete, segundo um camarada de viagem que a fez várias vezes no seu serviço militar, era a única opção viável no tempo das chuvas, falando até de um secreto acordo entre o Governo Português e a antiga Rodésia, actual Zimbabwe, que permitia a passagem da fronteira em Espungabera e acedendo assim mais facilmente ao Norte de Moçambique por melhores caminhos e sem perigo de emboscadas. Quanto ao tipo de pista, apesar de bastante rolante especialmente a partir de Bacequote, está muito batida e com muito chapa ondulada, tornando a viagem um pouco mais cansativa, exigindo uma atenção redobrada na condução. Pelo caminho tivemos ainda mais uma passagem do Rio Save com a ajuda de um simpático rapaz moçambicano que nos ajudou a encontrar a melhor abordagem para o fazer. Mais uns atascansos dos nipónicos na areia mole, mas tudo se resolve com o baixar da pressão dos pneus.

5 7º Dia Acampamento - Espungabera - Dombe (Travessia do Rio Buzi em jangada) - Chitengo (Gorongosa) Mais um dia com despertador marcado para as 5h00 da manhã, temos que recuperar o atraso de cerca de 50Km em relação ao previsto. Assim, mais uma vez por volta das 6h00 a caravana levanta ferro e segue para Espumgabera, a pista modifica-se passa-se a ter um circuito mais sinuoso mas com muito pó, e azar dos azares o Defender onde eu seguia infelizmente já lhe faltavam umas borrachas nas portas, assim foi um dia de comer muito pó, valeu-nos sermos o primeiro carro da caravana senão ainda estaríamos pior. Quando parávamos éramos chacota do resto do grupo, pois parecíamos uns verdadeiros Rambos camuflados para o combate. Ao chegar a Espungabera aproveitámos para ir à fronteira fazer finalmente o seguro dos carros, pois na fronteira de Pafuri não existe a possibilidade de o fazer. Após uma breve visita e alguns abastecimentos lá continuámos agora na direcção de Gogoi, quase sempre com o Rumo de Nordeste. Nesta altura do ano é impressionante o esforço efectuado pelas populações para o abastecimento de água percorrendo vários Kms com jerricanes ás costas ou em cima de bicicletas, indo buscar o precioso líquido a fontes existentes onde as filas de espera para abastecimento são enormes. É uma realidade que nos leva a pensar o quanto valioso é este bem que para nós é tão fácil de obter, pelo menos por agora!!! Em Dombe tivemos mais uma travessia de rio, Rio Buzzi, mas desta vez em jangada. Aqui os caudais já não permitem que seja de outra forma. Também mais uma vez sinais da guerra, pois uma das jangadas encontrava-se há muito fora de serviço pois tinha sido bombardeada.

6 Em Chibamo entrámos na EN1, que nos levou até ao Parque da Gorongosa, no qual tomámos um merecido banho seguido de um excelente jantar. O Parque tem também uns excelentes bagalows nos quais pernoitámos. 8ºDia Dia passado no Parque Nacional da Gorongosa Mesmo sem o despertador a tocar ás 5h00 da manhã, como o homem é uma animal de hábitos, todos tomaram o pequeno almoço bastante cedo. À nossa espera estava um dos guias do parque para nos acompanhar numa visita guiada. Infelizmente devido a um incidente com um elefante só nos foi possível visitar parte do parque. Segundo fomos informados, parte dos elefantes que se encontram na Gorongosa ainda são do tempo da guerra. Como nesta altura foram praticamente dizimados todos os animais aqui existentes e eram muitos, os que restaram, especialmente os elefantes com a sua reconhecida memória, ainda não encaram bem a presença de visitantes, tornandose por vezes agressivos. Foi o que aconteceu uns dias antes, pois um dos elefantes não gostou de um 4x4 que passou perto e não foi de modas virou-o de rodas para o ar, com os turistas felizmente só a apanharem um valente susto. Os animais visualizados, quer em quantidade numérica quer em diversidade de espécies, são diferentes do Kruguer, o que se compreende pelas razões já descritas, no entanto o ambiente envolvente é mais agradável, pois circulamos por caminhos de terra em vez do asfalto, quase sempre constante no Kruguer Park. Na Gorongosa a savana é mais fechada com uma quantidade de vegetação mais diversificada, sendo assim as paisagens são mais apelativas, ficamos com a nítida sensação que de futuro e quando o trabalho

7 em curso de repovoação permitir mais abundância de animais e espécies, será sem dúvida bastante mais interessante. É de salientar o importante trabalho que está a ser feito por este benemérito americano que com este projecto, além de estar a repovoar o parque, tem também uma forte componente social junto das povoações circundantes, ajudando assim os jovens a fixarem-se pois conseguem trabalho. O parque é também responsável pelo fornecimento da alimentação às escolas locais. O resto do dia foi passado a relaxar e a fazer uma limpeza às viaturas, permitindo ainda privar com o pessoal do parque. 9º Dia - Gorongosa Inhassoro - Vilankulos A partir deste dia o nosso objectivo passou a ser a costa do Índico e as suas belas praias. Desta forma saímos do Parque da Gorongosa rumo à costa, mais uma vez pela Nacional 1 mas desta vez para Sul. Em Inhassoro esperava-nos um conterrâneo que explora um Lodge junto a Vilankulos, que nos levou numa incursão pela praia a almoçar à ponta de Bartolomeu Dias. Foi azar que o restaurante estava fechado e tivemos que nos contentar com umas pizzas servidas à hora do lanche. No entanto valeu pelo excelente banho no Índico, com a temperatura da água a deixar o pessoal com pouca vontade de sair, e pelo percurso pela praia nos 4x4, algo impossível de fazer no nosso País, mas ali a praia é mesmo o melhor acesso e apenas temos que ter em atenção a tabela das marés para não haver surpresas. A chegada ao Lodge já foi de noite, por uma pista arenosa e a exigir alguns cuidados na condução. No entanto desta feita tínhamos o Mário como guia, o jantar foi de arromba até lagosta tivemos direito. 10º Dia Vilankulos Vilankulos. Foi um dia passado no relax, alguns dormiram até tarde e depois foram para a praia, outros saíram para visita e compras na povoação, houve ainda quem aproveitasse para fazer um passeio pedestre pela praia entre Vilankulos e o Logde, cerca de 12km. Assim se passou o dia, Ao jantar tínhamos mais uma excelente refeição preparada pelo mestre Rui, cozinheiro do empreendimento e homem do Norte, com as suas origens na cidade do Porto.

8 11º Dia - Vilankulos Inhambane Chidenguele. Após as despedidas dos nossos novos amigos, com a promessa de um voltar em breve, lá saímos rumo a Inhambane. Após visita e almoço seguimos para Chidenguele, montando, num parque de campismo de Sul Africanos, o nosso último acampamento. Este parque tinha uma característica interessante, talhões bem assinalados para cada campista e cada talhão usufrui-a de um WC privativo. O jantar é que foi fraco, embora tenha sido muito barato, mas o facto é que também vínhamos mal habituados. 12º Dia Chidenguele - Bilene Maputo Embora a ideia inicial fosse mais um dia de relax na praia, o que é facto é que o S. Pedro não ajudou, e como nestas coisas é sempre bom ter um plano B, decidimos ir dormir já a Maputo neste dia ao contrário do que estava previsto. No caminho passámos pela praia do Bilene, e aqui tivemos um guia muito especial, pois era o local de férias da família do nosso amigo e participante Pedro Sequeira, assim se reviram casas de outros tempos e histórias de uma infância bem passada. No fim da visita fomos recebidos no empreendimento das Palmeiras, amigos do Pedro Sequeira, onde almoçámos e efectuámos uma viagem de barco pela baía. Com saída a meio da tarde, lá seguimos para Maputo. A entrada na capital é bastante demorada, com muito trânsito, talvez também pela hora a que entrámos. A periferia da cidade é quase toda ela um enorme bairro de lata, no entanto na passagem já ao anoitecer não sentimos qualquer sinal de violência ou insegurança. Após alojamento no Hotel, fomos jantar no Restaurante Zambie, uma referência a considerar pois come-se muito bem. 13º Dia Maputo Maputo Com a opção de avançar para Maputo no dia anterior, perdemos um dia de praia, mas ganhámos um dia inteiro para visitar a cidade com calma. Como o Hotel ficava no centro, no nosso caso optámos por deixar o carro no Hotel e fazer a visita a pé, o que realmente foi o mais acertado, pois há bastante trânsito e os polícias gostam muito de sacar dinheiro aos turistas, com multas por tudo e por nada.

9 Como o dia de visitas era livre, combinámos reunir no Hotel ao fim da tarde, pois tínhamos combinado um jantar no Restaurante Costa do Sol, outra boa referência gastronómica, entre todo o grupo e alguns amigos residentes em Maputo. De regresso ao Hotel de táxi ainda tivemos mais uma experiência, que foi o facto de termos sido multados no táxi, não me perguntem porquê África é assim, turista tem dinheiro, turista paga. 14º Dia - Maputo Mhlabanyatsi Como havíamos deixado um dia livre para qualquer eventualidade e Maputo também já estava visto, decidimos regressar a África do Sul, local onde nos iríamos separar das nossas viaturas, pela Suazilândia.. Este é um pequeno país com um ambiente diferente, pois é bastante verde e montanhoso. Evoluímos assim a partir da fronteira de Namaacha, primeiro para Sul e depois para Norte num cenário muito verde de estradas e estradões bem conservados, em que a agricultura dominante é o cultivo da cana-de-açúcar, tornando-se depois a norte mais montanhoso e com vegetação composta por arvoredo. A paisagem é muito bonita e deixa-nos com vontade de voltar para desfrutar mais dias neste simpático país. Dormimos perto Mhlabanyatsi num simpático Hotel entre uma soberba paisagem, percebendo o porquê deste país ser conhecido pela Suíça de África.

10 15º Dia Mhlabanyatsi Joanesburgo A saída foi bem cedo, pois tínhamos que estar às 15h em Joanesburgo para entrega das viaturas. Assim, tirando a passagem da fronteira, o dia foi feito praticamente só com uma paragem antes de Joanesburgo para atestar veículos e comer qualquer coisa rápida. Chegados ao destino, foi a despedida dos nossos companheiros de viagem, mais de 4000kms sem qualquer problema, nem um furo. 16º Dia Joanesburgo Lisboa De manhã à hora combinada transfer para o Aeroporto para voltarmos para Lisboa novamente na Tap voo FIM Deixo os meus agradecimentos a todos aqueles que colaboraram para levar a bom termo esta Expedição e para o ano teremos mais, destino previsto Namíbia. Reportagem fotográfica em