ANÁLISE DA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS NOS PORTOS ORGANIZADOS E TERMINAIS DE USO PRIVATIVO

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1 ANÁLISE DA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS NOS PORTOS ORGANIZADOS E TERMINAIS DE USO PRIVATIVO - Coleta de Dados Este Anuário Estatístico Portuário engloba a movimentação de 119 instalações portuárias, sendo 36 portos organizados e 83 terminais de uso privativo. A maior parte das instalações, 82,35%, tiveram os dados coletados via Sistema Desempenho Portuário, ferramenta eletrônica administrada pela ANTAQ de consulta pública de estatísticas e desempenho operacional dos portos e terminais privativos brasileiros. As demais instalações enviaram arquivo eletrônico com suas respectivas movimentações. Em relação ao Anuário 2008, foram acrescentados 13 TUP, com envio regular ao SDP. A movimentação desses representou total de t. - Análise da Movimentação de Cargas A crise financeira que assolou todo o planeta teve seu início a partir da falência do banco Lehman Brothers, nos EUA, em setembro de A percepção de irregularidades a partir de uma cadeia de financiamentos em série, oriunda do setor imobiliário americano, contaminando os créditos bancários decorrentes de hipotecas, alastrou-se rapidamente por todos os setores, causando forte retração no comércio internacional, com significativos e imediatos reflexos no âmbito da concessão de crédito e nas variações cambiais. Considerando o fato de que em torno de 90% dos produtos importados ou exportados pelo país passam pelos Portos Públicos ou pelos Terminais de Uso Privativo, já era de se esperar que as movimentações de cargas nessas instalações sofressem alterações. O que se pode constatar, entretanto, mediante a análise das estatísticas de movimentação apresentadas, foi que os efeitos da crise, para as instalações portuárias brasileiras, foram sentidos a partir do ano de Com algumas exceções, os portos brasileiros fecharam o ano de 2008 com crescimento na movimentação de cargas se comparados com o ano anterior, apesar de tal avanço ter sido bastante modesto. A movimentação total de cargas nas instalações portuárias do Brasil foi de toneladas. O ano de 2009 foi marcado pelo decréscimo nas operações dos portos e terminais privativos brasileiros, atingindo queda de 4,61% em relação a 2008.

2 I - MOVIMENTAÇÃO GERAL DE CARGAS NOS PORTOS E TERMINAIS BRASILEIROS GRUPO / ANO t % t % VAR t % VAR 1. NATUREZA DA CARGA GRANEL SÓLIDO , ,89 0, ,08 (5,91) GRANEL LÍQUIDO , ,46 0, ,01 1,17 CARGA GERAL , ,64 9, ,92 (9,32) 2. TIPO DE NAVEGAÇÃO LONGO CURSO , ,98 1, ,49 (6,53) CABOTAGEM , ,78 (0,66) ,23 1,74 NAVEGAÇÃO INTERIOR , ,24 19, ,28 (3,61) 3. INSTALAÇÕES PORTOS ORGANIZADOS , ,67 (1,72) ,45 (5,18) TERMINAIS DE USO PRIVATIVO , ,33 3, ,55 (4,29) 4. SENTIDO EMBARQUE , ,34 1, ,42 (3,11) DESEMBARQUE , ,66 2, ,58 (7,84) Fonte: Administrações Portuárias e Terminais de Uso Privativo Conforme a tabela I, a maior queda relativa foi na movimentação de carga geral (- 9,32%), sendo que nos contêineres a redução foi de 10,72%, atingindo o total de t, equivalente a 64,10% da carga geral total. A navegação de longo curso obteve a maior redução absoluta, menos t, seguida dos granéis sólidos, menos t, puxada pela expressiva queda na movimentação de minério de ferro, o principal produto operado nos portos brasileiros de t para t. Apesar da crise econômica mundial, a movimentação de graneis líquidos e da navegação cabotagem no país, obtiveram pequenos aumentos relativos (1,17% e 1,74% respectivamente). A operação de combustíveis e óleos minerais e produtos, principal carga líquida em movimentação, atingiram t, aumento de 18,90% em relação a Praticamente todos terminais da Transpetro mantiveram a movimentação do ano anterior, o que mostra que o setor petrolífero não foi atingido pela crise mundial. A cabotagem, que possui frete mais barato que o rodoviário (para longas distâncias), maior segurança da carga transportada e redução nos gases poluentes, obteve crescimento médio dos últimos 5 anos de 2,83% a.a., o que evidencia um pequeno crescimento, que poderia ser estimulado, caso problemas como a falta de navios de bandeira nacional, melhora na eficiência e redução dos custos portuários, dentre outros, fossem sanados.

3 CABOTAGEM ANO CABOTAGEM t 1,14% t 8,93% t 3,02% t -0,66% t 1,74% Quanto a participação dos terminais privativos na movimentação total do Brasil, estes contribuíram com t, ou 64,55% do total. Esta porcentagem relativa cresceu nos últimos 2 anos, visto ao aumento da quantidade de TUPs, aos altos investimentos privados e também ao crescimento da produtividade e da eficiência operacional. PORTOS E TUPS ANO PORTOS PAR VAR TUPS PAR VAR TOTAL t 36,09% 2,66% t 63,91% 5,77% t t 36,56% 8,08% t 63,44% 5,89% t t 36,94% 10,06% t 63,06% 8,28% t t 35,67% -1,72% t 64,33% 3,87% t t 35,45% -5,18% t 64,55% -4,29% t - Principais Portos e Terminais Privativos Entre as principais instalações em movimentação de cargas, o TUP Ponta da Madeira-MA foi o que mais movimentou, com t, ultrapassando o TUP Tubarão- ES em relação a 2008, quando este operou 19,13% a mais que em 2009 ( t). Em seguida, os portos de Santos-SP e Itaguaí-RJ obtiveram movimentações de t e t, respectivamente. Na quinta posição, o TUP Almirante Barroso-SP da Transpetro movimentou t, toda carga de natureza de granel líquido. PRINCIPAIS PORTOS/TUP EM MOVIMENTAÇÃO PORTO/TUP GRANEL GRANEL CARGA TOTAL SÓLIDO LÍQUIDO GERAL TUP PONTA DA MADEIRA-MA t ,94% TUP TUBARÃO-ES t t ,06% PORTO DE SANTOS-SP t t t ,16% PORTO DE ITAGUAÍ-RJ t t ,37% TUP ALMTE. BARROSO-SP t ,14% Obs.: a movimentação dos portos inclui o cais público e os terminais arrendados. Terminais de Uso Privativo em área de porto organizado foram separados por serem instalações distintas (conforme a Lei 8.630/1993). - Contêineres A revolução na logística mundial provocada pelo advento e ascensão da movimentação de cargas por meio de contêineres alavancou o multimodalismo, passando o porto a ser um elo fundamental na cadeia de transporte. Suas principais virtudes são a velocidade nas operações de carga e descarga e a proteção às mercadorias. Inicialmente

4 acondicionando cargas gerais soltas de diferentes tamanhos, atualmente os contêineres também são usados para transportar minérios em fretes de retorno, assim como cereais e grãos que por pouca quantidade não justificam o transporte a granel. Em 2009, as principais mercadorias movimentadas em contêineres foram plásticos e suas obras, t, carnes de aves congeladas, t, e café, com t. O primeiro foi mais desembarcado (53,8%) do que embarcado nos portos e terminais, enquanto as carnes de aves congeladas foram predominantemente embarcados (98,6%). Como terceira maior carga conteinerizada (sendo 98,9% embarcado), o café foi um exemplo de mercadoria que migrou totalmente de sacarias para contêineres. Quanto a movimentação em unidades, houve redução de 13,28% comparado com 2008 ( u). Em TEU, a redução foi próxima (-12,98%), total de Em toneladas, que considera a tara mais a carga do contêiner, a redução foi de 10,72%, total de t. Os valores de unidades foram os menores dos últimos 3 anos, período que houve crescimento médio de 7,36% a.a.. As cargas transportadas por contêineres (que possuem maior valor agregado), caíram tanto pela redução do crescimento mundial, como também, no caso das importações, por meio da desvalorização do Real frente à moeda americana (em agosto de 2008, a taxa de câmbio (R$/US$) estava em 1,6123, se elevando até a 2,3138 em março de 2009) que tornou os produtos importados mais caros comparados aos produtos nacionais. - Mercadorias CONTÊINERES ANO CONTÊINER t 8,89% t 15,24% t 7,43% t 7,65% t -10,72% As 10 principais mercadorias movimentadas no país representaram 80% do total geral, conforme observado abaixo: Minério de ferro: 36,58% Combustíveis e Óleos Minerais e Produtos: 23,81% Soja: 4,29% Bauxita: 3,80% Açúcar: 3,10% Produtos Siderúrgicos: 2,17% Celulose: 1,99% Fertilizantes: 1,83% Farelo de Soja: 1,23% Produtos Diversos da Indústria Química: 1,19% Em relação a 2008, houve aumento nas participações relativas de quase todos os produtos listados, a exceção de Fertilizantes, que ano passado corresponderam a 2,19%.

5 O maior aumento foi na participação do grupo de mercadorias Combustíveis e Óleos Minerais e Produtos (+4,69%). O açúcar, dentre essas mercadorias, foi o que mais cresceu percentualmente entre 2008 e 2009 (43,12%). Esse crescimento pode ser explicado pela grande exportação para a Índia. AÇÚCAR ANO AÇÚCAR t -1,34% t 6,09% t -1,34% t 0,95% t 43,12% As principais cargas que sofreram declínio na movimentação, em comparação ao ano anterior, foram minério de ferro e fertilizantes. O primeiro apresentou essa retração, na ordem de 4,18%, tendo como principal causa a diminuição das importações chinesas. ANO MINÉRIO DE FERRO MINÉRIO DE FERRO t 15,72% t 7,30% t 7,15% t 4,60% t -4,18% No caso dos fertilizantes, ocorreu que as empresas importadoras, acumularam grandes estoques antes da crise, pois os preços estavam em crescente elevação, dado o aquecimento da economia mundial e dos preços favoráveis das commodities agrícolas. FERTILIZANTES ANO FERTILIZANTES t 5,77% t -16,82% t 56,99% t -7,73% t -20,42% A partir dos fatos apresentados, dos dados já coletados em 2010 e das diversas matérias publicadas sobre o assunto, entendemos que as perspectivas para os próximos anos são promissoras, principalmente no grupo dos fertilizantes, já que os estoques deste produto estão baixos e não ocorrerá redução na área plantada. Com relação ao minério

6 de ferro e aos produtos transportados por contêiner, a tendência que a movimentação aumente, chegando em 2011, aos mesmos patamares de movimentação antes da crise. - Comércio Exterior A movimentação de cargas no longo curso, vinculadas ao comércio exterior, obtiveram total de t, decréscimo de 6,68% comparado ao ano anterior. As cargas exportadas representaram total de t, e as importadas de t, retrocedendo a valores próximos ao ano de 2006 ( t e t). As importações representaram 17,22% do total, contra 20,15% (2008), 19,89% (2007) e 17,90% (2006), período em que com a valorização do real em relação ao dólar, houve grande aumento no desembarque de mercadorias vindas do exterior. ANO IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO TOTAL t -13,16% t 10,95% t 5,80% t 8,48% t 5,85% t 6,31% t 23,55% t 8,46% t 11,16% t 3,14% t 1,52% t 1,84% t -20,22% t -3,27% t -6,68% - Embarcações Quanto ao movimento de embarcações nos portos organizados e terminais privativos, observa-se que 35,18% foram de longo curso, 27,69% de cabotagem e 31,68% na navegação interior, do total de atracações. Os portos com maior tráfego de embarcações foram Santos-SP, Vitória-ES, Rio Grande-RS e Paranaguá-PR, com respectivamente 12,57%, 7,39%, 7,34% e 5,65% do total atracado no país. O porto paulista teve a maior quantidade de atracações no longo curso, 27,50%, enquanto o capixaba foi o maior em cabotagem, 22,56%, e o gaúcho o maior na navegação interior, 9,42%. Entre os terminais privativos, a maior quantidade de atracações foi na navegação interior, sendo o TUP Hermasa Graneleiro-AM o principal, com 2,63% do total geral. Localizado na hidrovia do rio Madeira, recebe barcaças carregadas principalmente de soja, que por sua vez é embarcada pelo terminal em navios de longo curso.