A GEOGRAFIA NO CURRÍCULO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS EM ANÁPOLIS
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- Filipe Furtado Cerveira
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1 A GEOGRAFIA NO CURRÍCULO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS EM ANÁPOLIS Eugênia Rodrigues Cunha* (IC) 1 ; Loçandra Borges de Moraes (PQ) 2 1 Acadêmica do Curso de Geografia, bolsista PBIC/UEG - Câmpus CSEH eugenia2506@yahoo.com.br 2 Docente do Curso de Geografia. Universidade Estadual de Goiás. Campus CSEH, Anápolis/GO. Resumo: Nos últimos vinte anos, a discussão sobre currículo toma um grande direcionamento das políticas curriculares nacionais, que com uma série de documentos, tem orientado a formação de docentes e discentes, as matrizes curriculares da disciplina Geografia, bem como da produção de materiais. Os estados e municípios tem regulamentado a organização curricular de acordo com as necessidades educacionais para melhoria da educação pública. Este texto apresenta resultados parciais de uma pesquisa cujo objetivo geral foi compreender a concepção de Geografia veiculada no currículo da Educação Básica do Estado de Goiás e os objetivos específicos foram a) identificar os conteúdos de Geografia por área especifica dessa disciplina presente no currículo da Educação Básica do Estado de Goiás; b) analisar o lugar da disciplina de Geografia, em termos de carga horária e anos de ensino, no currículo da Educação Básica do Estado de Goiás. Os resultados obtidos se basearam nas respostas de onze professores que ministram aulas de Geografia em escolas estaduais de Anápolis. Palavras-chave: Conceitos-chave: Currículo. Geografia Escolar. Saberes Docentes. Introdução Segundo Coll (1996), o currículo é um elo entre a teoria educacional e a prática pedagógica, entre o planejamento e a ação, entre o que é prescrito e o que realmente ocorre nas salas de aula. Se considerarmos a forma como se produz o currículo, o objetivo da formação e o ideal de escola que se defende, verificaremos que ele está direcionado a pensar o papel dos sujeitos do conhecimento: a escola, os professores e os alunos, principalmente o papel do docente como orientador, promotor e organizador desse processo de criação dos elementos curriculares. Assim, se ele pensa os sujeitos do conhecimento ele, fatalmente, tratará dos objetos e das finalidades da educação. Em cada estado e município são dados nomes específicos para fazer referência ao currículo, de acordo com suas propostas. No Estado de Goiás a terminologia utilizada atualmente é Currículo Referência da Rede Estadual de Goiás. A organização dessa estrutura curricular teve início em 2004, com o processo de reorientação curricular que culminou, no ano de 2007, com a publicação de uma versão preliminar de currículo para todas as disciplinas e turmas do Ensino Fundamental.
2 Embora tal proposta contemple todas as etapas do Ensino Fundamental, ela não foi elaborada simultaneamente e nem pela mesma equipe. Em 2007, paralelamente aos estudos da equipe de 6º ao 9º ano, que estava trabalhando desde o ano de 2004, com a coparticipação dos professores multiplicadores e professores articuladores de grupos de estudo, acontecia um movimento da equipe responsável pelo ensino de 1º ao 5º; que, em 2007, tinha recebido a tarefa de construir as matrizes para esse nível de escolaridade. Quanto ao currículo do Ensino Médio não se tem referências de como teria sido elaborado. Sabe-se, entretanto, que [...] foi assim, entre pactos e conflitos, que se avançou na constituição de uma equipe curricular de Ensino Fundamental da Secretaria (VIEIRA; REGINATO; CHIEFFI, 2010, p. 81). Em 2013, referenciados nas legislações vigentes, nas Diretrizes e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e na matriz curricular do Estado de Goiás (GOIAS, 2007), foi instituído o Currículo Referência da Rede Estadual de Goiás: versão experimental para toda a Educação Básica. O referido documento foi elaborado por uma equipe totalmente diferente da anterior e avaliado por uma parte dos professores da rede nos anos de 2011 e Em 2013 foi utilizado em caráter experimental em escolas piloto e, em 2014, foi implantado em toda a Rede Estadual de Educação. Com base em eixos temáticos foram enumeradas as expectativas de aprendizagem mínimas a serem alcançadas em cada bimestre do ano. Segundo informações coletadas na fase de pesquisa, a cada início de ano os professores discutem sobre os ajustes necessários. É por compreender a importância do currículo para a construção do conhecimento escolar, o que se desdobra na forma como a sociedade analisa e intervém na construção do espaço geográfico, que questionamos o lugar da Geografia nos documentos que regulamentam a Educação Básica no Brasil na atualidade, a fim de atingir os objetivos estabelecidos para esta pesquisa: Objetivo Geral: Compreender a concepção de Geografia veiculada no currículo da Educação Básica do Estado de Goiás; Objetivos específicos: a) identificar os conteúdos de Geografia por área especifica dessa disciplina presente no currículo da Educação Básica do Estado de Goiás e b) analisar o lugar da disciplina de Geografia, em termos de carga horária e anos de ensino, no currículo da Educação Básica do Estado de Goiás.
3 Material e Métodos A análise do currículo foi desenvolvida tendo como referência a metodologia qualitativa assentada no estudo de caso. O estudo de caso segundo Ludke e André (2013) é sempre bem delimitado, pois tem um interesse próprio, singular; ainda que possa ser similar a outros casos. Geralmente os estudos de caso constituem estudos qualitativos. Dentre as características fundamentais de um estudo de caso de natureza qualitativa, segundo as referidas autoras, destacam-se: a) visam à descoberta de novos aspectos, elementos e dimensões, ainda que o investigador parta de alguns pressupostos teóricos iniciais; b) enfatizam a interpretação do contexto para a apreensão mais completa do objeto; c) buscam retratar a realidade de forma completa e profunda por meio da revelação da multiplicidade de dimensões e de inter-relações presentes numa determinada situação problema; d) usam uma variedade de dados coletados em diferentes momentos, em variadas situações e com uma variedade de informantes; e) permitem generalizações visto que é possível associar os dados encontrados no estudo com os dados que são frutos de experiências pessoais do pesquisador e do leitor; f) procuram representar diferentes e às vezes conflitantes pontos de vistas presentes numa situação social, permitindo tanto ao pesquisador quanto ao leitor se posicionar a respeito das divergências e chegar às suas próprias conclusões; e g) utilizam de variadas formas de linguagem para tornar mais acessível ao leitor o conhecimento produzido. Resultados e Discussão O currículo do estado de Goiás foi analisado segundo a perspectiva de onze professores que foram contatados durante visitas às escolas e responderam a um questionário. Do total de professores participantes, sete são do sexo feminino e quatro do sexo masculino. Oito fizeram graduação em Geografia e três em História. Suas idades variaram de 21 e anos que se formaram entre 1990 e A maioria (oito) se formou na UEG, dois em instituições particulares e um não respondeu esta questão. Em relação à formação continuada, cinco fizeram pós-graduação latu sensu em diferentes instituições, tanto pública quanto privada e um fez mestrado na UFG. Quanto ao tempo de experiência varia de dois meses a vinte anos. Sete
4 professores estão na faixa entre 0-10 anos de profissão e os demais, quatro, possuem entre anos de trabalho. No que diz respeito à quantidade de escolas em que lecionam, com exceção de um que trabalha em escola pública e privada, os demais trabalham somente na rede estadual. Sobre vínculo com o Estado, seis são contratados temporariamente e cinco são concursados. Sobre a carga horária cumprida em escolas estaduais, a maioria é de 40 horas, sendo que um professor que acumula função de gestão trabalha 60 horas e dois trabalham 32 e 38 horas. Em relação ao nível em que lecionam, oito professores trabalham nos ensinos fundamental II e médio, um no nível fundamental II e dois no ensino médio. Conforme estabelecido no currículo, a disciplina Geografia está presente em todos os anos do Ensino Fundamental (I e II) e no Ensino Médio. No Ensino Fundamental II a carga horária semanal é de três horas e no Ensino Médio é de duas horas semanais. Os professores analisaram que a Geografia deve fazer com que o estudante saiba se localizar e identificar os fenômenos que estão espacializados no mundo em diferentes escalas. Além disso, seria fundamental para a formação do cidadão. A questão central para alguns professores é o fato de a Geografia contribuir para que o estudante pense a sua realidade de forma crítica, para que ele tenha conhecimento dos problemas existentes no mundo, para compreender as relações que acontecem em seu cotidiano. Outra característica da Geografia escolar está ligada a questões de localização, do meio ambiente e de escala. Para os professores a geografia proporciona uma discussão crítica sobre os fenômenos para que os estudantes possam saber ler e interpretá-los, tornando-se assim um dos elementos importantes para o estudo da natureza, dos aspectos sociais, econômicos e políticos. Ainda segundo a maior parte dos professores de Anápolis, os conteúdos geográficos presentes no currículo são coerentes; todavia quatro professores consideram os conteúdos parcialmente adequados. Apesar de concordarem com os conteúdos eles argumentam que a ordem não é adequada, que não estão de acordo com o currículo nacional previsto para a Geografia ou que eles não estão coerentes com os livros didáticos.
5 Considerações Finais O trabalho ainda está em andamento e por isso a coleta de dados ainda poderá ser ampliada. Todavia, os dados obtidos apontam coerência com as análises de estudiosos acerca da importância da disciplina no currículo. Para Callai (2005) e Sacramento (2012) a Geografia deve ajudar na construção crítica do cidadão ajudando-o a pensar o espaço vivido, fazendo-o compreender como as escalas local e global estão envolvidas no processo de transformação espacial. Deve, ainda, por meio do cotidiano, fazer com que o aluno perceba a importância da Geografia e se veja como sujeito produzido e produtor dessa sociedade. Agradecimentos Agradecemos a UEG pela Bolsa de Iniciação à Pesquisa. Referências BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução. Brasília: MEC/SEF, BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília: MEC/SEF, CALLAI, Helena. Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamenta. IN: CASTELLAR, S. (org). Educação Geográfica e as Teorias de Aprendizagens. Campinas SP: Cadernos Cedes, col 25, nº 66, p. maio/ago COLL, César. Psicologia e currículo: uma aproximação psicopedagógica a elaboração do currículo escolar. 4ed. São Paulo: Ática, GOIÁS. Secretaria de Estado da Edu cação. Currículo em debate. Caderno 5. Goiânia,2007. GOIÁS. Secretaria de Estado da Educação. Currículo referência da Rede Estadual de Educação de Goiás: versão experimental. Goiânia, LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A de. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2 ed. São Paulo: EPU, SACRAMENTO, Ana Claudia Ramos. A consciência e a mediação: um estudo sobre as didáticas contemporâneas dos professores de geografia da rede pública de São Paulo e do Rio de Janeiro. São Paulo: Tese de doutorado, FFLCH-DGEO-USP, 2012 VIEIRA, A.; REGINATO, M. J.; CHIEFFI, M. V. (orgs.). Currículo: construção e participação. São Paulo: CENPEC/Itaú Social, 2010
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