PRODUTIVIDADE DA CENOURA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA E POTÁSSICA EM CAMBISSOLO HÁPLICO

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1 PRODUTIVIDADE DA CENOURA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA E POTÁSSICA EM CAMBISSOLO HÁPLICO David Pires AZEREDO NETO (1) ; Fernanda BROGIATTO (1) ; Robinson Jardel Pires de OLIVEIRA (2) ; Romano Roberto VALICHESKI (2) ; Luciano Colpo GATIBONI (3) Acadêmico Curso de Agronomia 1 ; Prof. Orientador IFC-Campus Rio do Sul 3, Robinson@ifc-riodosul.edu.br; Professor; Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul (2) ; Professor; Centro Ciências Agroveterinárias; Universidade do Estado de Santa Catarina (3). Introdução A cenoura (Daucus carota, L.) pertence a família Apiaceae, do grupo das raízes tuberosas, originária do Sudoeste Asiático (Filgueira, 2008), considerada a principal hortaliça de raiz em valor econômico consumida no Brasil e também uma das mais cultivadas (Duda & Araujo, 2003). No Brasil, a produção nacional em 2014 foi de 760,32 mil toneladas, cultivadas em uma área de hectares, o que proporcionou uma produtividade média de 31,0 t ha -1 (Santos et al., 2015). Quanto à adubação, Filgueira (2003) afirma que experimentalmente têm sido obtido maiores resposta em produtividade aplicando-se P e K; e que efeito da aplicação de K no aumento da produção não é comum em olericolas, mas que ocorre em cenoura. Sediyama et al. (1998) relataram que o potássio foi o nutriente com maior teor tanto nas folhas como nas raízes da cenoura, seguido pelo nitrogênio. O fósforo participa na maioria das transformações energéticas dos processos vitais das plantas, como a fotossíntese, no metabolismo de carboidratos, na relação amido/sacarose e na participação de fotoassimilados entre as folhas (fonte) e o órgão armazenante (dreno) (Marschner, 1986), sendo, por isso, um dos principais fatores limitantes do crescimento. A literatura existente para a fertilização da cultura da cenoura recomenda, de modo geral, doses de nutrientes para expectativas de produtividades inferiores às obtidas atualmente. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a resposta da cultura da cenoura a diferentes níveis de adubação fosfatada e potássica, visando estabelecer uma recomendação para Cambissolos da região do Alto Vale do Itajaí, frente as novas demandas. Material e Métodos O presente trabalho foi implantado em área experimental do Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, no dia 10 de junho de 2015, e permaneceu no campo

2 por 105 dias. Utilizou-se a cultivar de cenoura Nantes de origem europeia, que produz cenouras cilíndricas, de ótimo aspecto, coloração e sabor. Muito resistente ao florescimento, que não ocorre nas condições termoclimáticas do Centro-Sul. O solo do local do experimento é um Cambissolo e, segundo Jacomine (2001), solos pertencentes a esta ordem possuem propriedades químicas muito variáveis, em função do material de origem e do clima. Conforme análise, o solo da área experimental possui os seguintes atributos químicos: ph em água de 5,3; teores de Ca +2 (4,2), de Mg +2 (2,2), Al +3 (0,2) e CTC (12,6), em cmol c dm 3 ; saturação por bases de 51,3%, teor de argila de 24,0% e teores de P (2,5) e K + (30), em mg dm 3. Conforme recomendação para a cultura, realizou-se a aplicação de calcário (para elevar o ph do solo a 6,0) 70 dias antes do transplante das mudas. O experimento foi montado em blocos inteiramente casualizados, no esquema fatorial 4 x 4, sendo quatro doses de fósforo (0, 200, 400 e 600 kg ha -1 ) e quatro doses de potássio (0, 100, 200 e 400 kg ha -1 ) com três repetições, totalizando 48 parcelas experimentais. Os canteiros (com 1,0 m de largura x 7,5 m de comprimento) foram subdivididos em parcelas com 1,50m de comprimento, nas quais implementou-se os tratamentos, incorporando-se os fertilizantes ao solo com o auxilio de um rastel. Utilizou-se o espaçamento de 0,25m entre linhas e profundidade de 1,0-1,5 cm. Realizou-se o raleio aos 10 dias após a emergência, deixando-se aproximadamente 10 cm entre plantas, totalizando 15 plantas por linhas. Em cada parcela experimental cultivou-se 60 plantas (4 linhas), das quais, apenas coletou-se para avaliação 4 plantas localizadas no centro de cada parcela. No momento do transplante, aplicou-se em cobertura 20 kg ha -1 de nitrogênio, repetindo-se esta mesma aplicação aos 30, 60 dias após, porém na dosagem de 40 kg ha -1. Também aos 15 dias após a semeadura aplicouse em cobertura 1,0 kg ha -1 de bórax + 2,0 kg ha -1 de zinco. A coleta das plantas foi efetuada aos 105 após a semeadura, determinando-se o diâmetro de raiz com o auxilio do paquímetro e a massa fresca de folhas e raiz em balança de precisão. Após, todo material coletado foi submetido a secagem em estufa (60 o C) até atingir peso constante, determinando-se em balança de precisão a massa seca de raiz e de folhas. Após tabulação, todos os dados foram submetidos à análise de variância com aplicação do Teste F a 1,0 e 5,0% de probabilidade de erro, utilizando-se

3 o programa SASm, versão (SAS Institute, 2006). Resultados e discussão Para as variáveis biométricas massa fresca de raízes (MFR) e massa seca de raízes (MSR), houve efeito altamente significativo para as doses de P e K aplicados no solo (Tabela 1). Para o fator bloco, houve efeito significativo somente para MFR. O K é o principal nutriente relacionado a qualidade de produção, pois este nutriente participa da ativação de várias enzimas durante a biossíntese de fotoassimilados, transporte de carboidratos da fonte (folha) para os reservatórios ou drenos (raízes) e ativador enzimático da síntese do amido (Marschner, 1995); e o fósforo é responsável pela formação e crescimento das raízes de cenoura, sendo o nutriente responsável pelas maiores produções (Malavolta, 1976), justificando assim o efeito observado. Tabela 1. Valores de F e nível de significância para as diversas fontes de variação, bem como o coeficiente de variação para as variáveis biométricas avaliadas. F.V. MFR MSR Bloco 20,70 ** 1,69 ns Fósforo 2,78 ** 7,30** Potássio 2,01** 2,01** CV(%) 2 18,27 13,65 F.V.= fonte de variação; CV= coeficiente de variação; MFR = massa fresca de raiz; MSR = massa seca de raiz A produtividade de raízes de cenoura apresentou efeito quadrático para as doses de P e K (Figuras 1A 1B), com produção máxima de 126,0 t ha -1, colhida aos 105 dias após a semeadura, obtida com a aplicação de 390 kg ha -1 de P e 230 kg ha -1 de K. Esses resultados são superiores aos encontrados por Zanfirov et. al, (2012), que em nível experimental obteve a máxima produtividade (103,8 t ha -1 ), colhida aos 94 dias após a semeadura. As recomendações de adubação fosfatada (Figura 1A) para a cultura da cenoura podem variar em função do tipo de solo e nível de fósforo no solo. A EMBRAPA (1997) recomenda utilizar de 400 a 600 kg ha -1 de P 2 O 5 se o teor de fósforo no solo for menor que 10 mg dm -3. No caso do solo onde foi conduzido o experimento (Cambissolo Háplico), com teor de argila de 24,0% e teor de P (2,5) mg dm 3 (considerado muito baixo), o maior rendimento foi obtidos com 951 kg ha -1 de P 2 O 5, dose superior aos 731 kg ha -1 de P 2 O 5, testados por (Mesquita Filho et. al., 1985) para a obtenção da maior produtividade.

4 Quanto a adubação potássica (Figura 1B), a dose de 290 kg ha -1 de K onde obteve-se o maior rendimento de raízes, é superior a recomendada pela CQFS RS/SC (2004), que é de 180 kg ha -1. A cenoura é uma das poucas hortaliças que respondem a adubação potássica (Filgueira, 2008). Conforme constatado por Rodrigues (2007), que ao testar 300 kg ha -1 do formulado , obteve ajustes lineares, confirmando que a cultura pode apresentar incremento na produção utilizando-se doses superiores A 300 1B MFR e MSR (g planta -1 ) MFR Y= -0,0005X 2 +0,3922X+237,18 R 2 = 0,96 MSR Y= -0,0001X 2 +0,1188X+30,708 R 2 = 0,98 Figura 1a. MFR e MSR (g planta -1 ) MFR Y= -0,001X 2 +0,4665X+263,49 R 2 = 0,99 MSR Y= -6E-05X 2 +0,0306X+44,023 R 2 = 0,99 Figura 1b Dose de P (kg ha -1 ) Dose de K (kg ha -1 ) Figuras 1. Massa fresca e seca de raízes de cenoura em função das doses de fósforo (1A) e potássio (1B) aplicadas no solo. Rio do Sul (SC), IFC Campus Rio do Sul, Conclusão A cenoura responde a adubação fosfata e potássica, e a máxima produtividade de raízes foi obtido com a aplicação de 390 kg ha -1 de P e 230 kg ha -1 de K. Referências CANTIERI, M. G. et al Sasm-agri sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scott-knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, v.1, n.2, p DUDA, C.; ARAÚJO, E. S. Efeito de espaçamento entre linhas na produção de cenoura. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 43, Recife: SOB(CD-ROM) EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultivo da cenoura (Daucus carota L.): Instruções técnicas. Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças, Brasília. (Série Instruções Técnicas), p. FILGUEIRA, F. A. R Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 421p. FILGUEIRA, F. A. R.; Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2 edição. Viçosa: UFV, p.

5 JACOMINE, P. K. T. Solos Sob Matas Ciliares. In: RODRIGUES, R. R. ; FILHO, H. F. L. Matas Ciliares conservação e recuperação. 2ª ed. Edusp/FAPESP, São Paulo, MALAVOLTA, E. Manual de química agrícola: nutrição de plantas e fertilidade do solo. São Paulo: Agronômica Ceres, MARSCHNER H Mineral nutrition of higher plant. 2. ed. New York: Academic. 889 p. MESQUITA FILHO, M. V. de; CRISÓSTOMO, L.A.; SILVA, T.G. Rendimento de cenoura em função da aplicação de nitrogênio e fósforo em solo de cerrado. Horticultura brasileira, v3, n2, p , RODRIGUES, W. L. Adubação de cobertura com nitrogênio, potássio e cálcio na produção de cenoura. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia/MG SANTOS, C. E.; KIST, B. B.; CARVALHO, C.; REETZ, E. R.; MÜLLER, I.; BELING, R. R.; POLL, H. Anuário brasileiro de hortaliças Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta, p. SEDIYAMA, M. A. N.; VIDIGAL, S. M.; PEREIRA, P. R. G.; GARCIA, N. C. P.; DELIMA, P. C Produção e composição mineral de cenoura adubada com resíduos orgânicos. Bragantia 57: ZANFIROV, C. A.; CORREA, C. V.; CARPENETTI, M. G.; CORREA, F. F.; CAR- DOSO, A. I. I. Produção de cenoura em função das doses de potássio em cobertura. Hortic. bras. vol.30 no.4, Vitória da Conquista. Oct./Dec