Desaceleração da Economia Brasileira: Causas Externas ou Domésticas? Silvia Matos

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1 Desaceleração da Economia Brasileira: Causas Externas ou Domésticas? Silvia Matos 6 de Agosto de 2015

2 Resumo da Apresentação Após 2011, o Brasil desacelerou mais do que outros países da América Latina e Caribe. Porém, entre 1980 e 2010, o Brasil crescia no mesmo ritmo da região De acordo com a datação do Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos do IBRE/FGV) a economia brasileira está em recessão desde o segundo trimestre de 2014 Segundo as previsões do IBRE/FGV, a extensão da atual recessão pode ser de até 7 trimestres, ou seja, ela deverá durar mais do que a média dos últimos cinco períodos de retração

3 Resumo da Apresentação Fatores externos não conseguem explicar a expressiva desaceleração da economia brasileira nos últimos anos Estudo em painel com 14 países emergentes (amostra: 2000Q1-2015Q1) confirma este diagnóstico

4 Brasil vs. América Latina e Mundo: PIB Até 2010, o Brasil crescia no mesmo ritmo da América Latina. Desde 2011, o comportamento do Brasil está aquém da região. Segundo o FMI, isto ocorrerá até o final desta década Taxas médias de crescimento* (%) E E Mundo América Latina e Caribe América Latina e Caribe ex Brasil Brasil Diferença Fonte: FMI (WEO-Abril de 2015). Elaboração IBRE/FGV. *Brasil (IBRE/FGV): E: 1.3% e E: 0.9%. Neste caso, as diferenças estariam em -1.9% e -1.9%, respectivamente

5 Brasil vs. América Latina e Mundo: Produção Industrial A produção industrial no Brasil desacelerou expressivamente após A desaceleração ocorreu em todos os emergentes, mas no Brasil o movimento foi bem mais acentuado Taxas Médias de Crescimento (%) Mundo Países Desenvolvidos Estados Unidos Japão Zona do Euro Países Emergentes Emergentes Asiáticos Europa Ocidental e Central América Latina África e Centro-Oeste Brasil Diferença (Brasil vs AL) Fonte: CPB e IBGE. Elaboração IBRE/FGV.

6 Com o mensurar o impacto externo? Estudo do FMI (Luis Cubeddu et. al, 2014), utiliza o método de cluster para desenvolver uma taxonomia com intuito de organizar os países de acordo o impacto externo sobre a dimensão econômica e financeira dos países emergentes (54 países) A taxonomia é composta por 7 indicadores: A metodologia consiste em agregar os países em grupos com atributos similares Ponderando os 7 indicadores e agregando o resultado, encontramos que o Brasil é um país com impacto intermediário. Países como Chile, Peru, Rússia, Argentina e Venezuela são mais afetados que o Brasil

7 Indicadores do FMI de para se avaliar o impacto externo (54 países) Fonte: IMF. Elaboração IBRE/FGV.

8 India Turkey Guatemala Pakistan Egypt Mexico Dominican Rep Lithuania Morocco Poland Jordan Tunisia Armenia Croatia Romania Philippines Korea, Rep of Thailand Slovenia Czech Rep Colombia Bulgaria Indonesia Brazil Jamaica Bosnia and Herzegovina Costa Rica Israel Latvia Uruguay Ukraine Hungary South Africa Singapore Argentina Venezuela Estonia Peru Panama Hong Kong SAR Iraq Vietnam Russia Azerbaijan Algeria Kazakhstan Malaysia Chile Angola De acordo com os critérios do FMI, o Brasil é um país com impacto intermediário 350 Elaborando um ranking entre os países, o Brasil é um país com impacto consolidado intermediário Fonte: IMF. Elaboração IBRE/FGV.

9 Mas Chile acelerou após Rússia desacelerou, mas apenas recentemente. Peru e Uruguai tb desaceleraram, porém, em magnitude bem menor *Brasil (IBRE/FGV): E: 0.1%. Taxas médias de crescimento* (%) E Mundo Brasil Argentina Chile Colômbia Peru Uruguai Outros Emergentes África do Sul Russia Turquia India Filipinas Indonésia Malásia Tailândia Fonte: IMF. Elaboração IBRE/FGV.

10 Estudo em Painel Avaliar o comportamento do crescimento AsA de um conjunto de países emergentes A variáveis explicativas selecionadas foram: Fatores externos: taxa de crescimento dos EUA e China; o indicador da aversão ao risco (VIX- volatilidade implícita das opções sobre o índice S&P 500), a taxa de juros de 10 anos dos EUA e termos de troca (Citi Commodity Terms of Trade Indices) Fatores domésticos: taxa de investimento, taxa de inflação, taxa de juros, conta corrente como % do PIB, hiato do produto e déficit nominal. Incluímos efeitos fixos para controlar por fatores que são invariantes no tempo. Total de países na amostra: 14 Período da amostra: 2000Q1-2015Q1. Porém o painel é desbalanceado, e para alguns países a amostra inicia-se após 2000Q1 (África do Sul (2001);Índia (2001); Indonésia (2005) e Malásia (2004). Todas as variáveis foram defasadas em um lag para reduzir a endogeneidade Dummies de ano são significativas

11 set-04 dez-04 mar-05 jun-05 set-05 dez-05 mar-06 jun-06 set-06 dez-06 mar-07 jun-07 set-07 dez-07 mar-08 jun-08 set-08 dez-08 mar-09 jun-09 set-09 dez-09 mar-10 jun-10 set-10 dez-10 mar-11 jun-11 set-11 dez-11 mar-12 jun-12 set-12 dez-12 mar-13 jun-13 set-13 dez-13 mar-14 jun-14 set-14 dez-14 mar-15 jun-15 set-15 dez-15 Brasil: Cresceu acima do esperado até 2010 e desacelerou mais que o previsto (taxa de crescimento AsA) Observado Estimado

12 Estudo em Painel II com ICE (Índice de Clima Econômico) Testamos a inclusão de uma variável qualitativa: ICE (Índice de Clima Econômico) Pesquisa realizada com base em informações prestadas por especialistas econômicos, a pesquisa é aplicada com a mesma metodologia, simultaneamente, em todos os países O ICE é o indicador síntese, composto pelos Índices da Situação Atual (ISA) e de Expectativas (IE), ambos de natureza qualitativa, referentes às questões da pesquisa que tratam da situação econômica geral do país no momento e nos seis meses seguintes As respostas individuais são combinadas para cada país sem qualquer ponderação. Para chegar ao valor médio de cada índice, atribui-se nove pontos às respostas positivas (+), 5 às respostas indiferentes (=) e 1 às respostas negativas (-). O ICE é uma média aritmética dos dois índices que o compõem.

13 Estudo em Painel II com ICE(Índice de Clima Econômico) Resultado da Regressão (variável endógena: taxa de crescimento trimestral AsA) Todas as variáveis são significativas a 5% com exceção dos termos de troca. Todos os coeficientes têm o sinal esperado, com exceção da inflação (variável excluída) Variáveis coef p-value INV JUROS HIATO TT CC DEF_Nom CRESC_EUA CRESC_CHINA VIX JUROS_10ANOS_EUA ICE Ano_Dummy cons R-sq: within between overall Number of observations 667 Number of groups 14

14 set-04 jan-05 mai-05 set-05 jan-06 mai-06 set-06 jan-07 mai-07 set-07 jan-08 mai-08 set-08 jan-09 mai-09 set-09 jan-10 mai-10 set-10 jan-11 mai-11 set-11 jan-12 mai-12 set-12 jan-13 mai-13 set-13 jan-14 mai-14 set-14 jan-15 mai-15 set-15 Brasil estudo II O modelo explica melhor a desaceleração atual da economia Q Q1 ante 2010/2012 Países Observado Previsto Dif Externos Domésticos Resíduo Brasil % 29% 54% 15% Observado Estimado

15 Conclusão Fatores externos não conseguem explicar a expressiva desaceleração da economia brasileira nos últimos anos Estudo em painel com 14 países emergentes confirma este diagnóstico A inclusão da variável nível de confiança (ICE) melhora a previsão do modelo e reduz o componente não explicado pelo modelo para o caso brasileiro Próximos passos: painel anual, com a inclusão de mais países e variáveis, abrangendo um período mais longo. Objetivo: um melhor entendimento do processo de aceleração e de desaceleração dos países emergentes