SUPREMO É ESTUDAR EM CASA

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1 1 Supremo Tribunal Federal Secretaria de Recursos Humanos Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoal Seção de Ações de Capacitação Continuada SUPREMO É ESTUDAR EM CASA Tema: Gestão de Pessoas Equipe: Cristiana Sales Marques da Cruz Oliveira o Analista Judiciário: área administrativa - cristiana.cruz@stf.jus.br Mariana Aparecida Serejo de Souza Lima o Analista Judiciário: apoio especializado / pedagogia mariana.lima@stf.jus.br Josani Straub Vasconcelos o Técnico Judiciário:área administrativa josani@stf.jus.br Rafaela Bezerra Espindola Moreira o Técnico Judiciário:área administrativa / Chefe de Seção rafaelab@stf.jus.br AÇÃO O presente trabalho trata da implantação da educação a distância no STF desde o segundo semestre de 2009 até hoje. O objetivo foi oferecer aos servidores uma alternativa de capacitação, atualização e aperfeiçoamento, principalmente para aqueles que não tinham disponibilidade para cursos presenciais. Realizamos pesquisas e benchmarking, escolhemos o modelo mais apropriado à nossa realidade e oferecemos um curso piloto. A partir de então, estamos buscando novas ferramentas e técnicas para melhorar cada vez mais nossos treinamentos e o resultado tem sido muito positivo.

2 2 1- Primeiros Passos A educação a distância no STF surgiu no segundo semestre de 2009, como uma demanda do senhor Diretor-Geral. Inicialmente, houve certo receio, por entendermos que a nova modalidade seria mais apropriada para órgãos com diversas sedes espalhadas pelo Brasil. Além do mais, sentimos insegurança em relação à implantação e à aceitação da nova modalidade pelos servidores da casa. Essas questões não nos paralisaram, assim, com o objetivo de oferecer aos servidores uma alternativa de capacitação, atualização e aperfeiçoamento, principalmente para aqueles que não tinham disponibilidade para cursos presenciais, começamos a pensar nos fundamentos da EAD para o Tribunal, que também auxiliaria na criação de um banco de conhecimentos, no qual os cursos poderiam ser disponibilizados para futuras consultas. A implantação foi o primeiro desafio. Qual a plataforma a ser utilizada? Qual a equipe necessária? Precisaríamos de mais algum recurso? Quais as principais diferenças da educação a distância em relação ao ensino presencial? Para responder a esses questionamentos, procuramos conhecer as vantagens e desvantagens do e-learning. Para tanto, realizamos algumas pesquisas que revelaram, principalmente: Vantagens: Estimula a autodisciplina e fomenta a pesquisa, nos diversos níveis; Possibilidade de escolher a melhor hora e local para estudar, determinando a velocidade do seu avanço como lhe for conveniente. Desvantagens: Pouco contato entre os alunos e professores; Falta de relacionamento entre os estudantes. Na sequência, realizamos um benchmarking em alguns órgãos da Administração Pública, como o MPT, MPM, CJF, Senado Federal (ILB), Câmara dos Deputados, TRF, STJ e TCU, vislumbrando conhecer as experiências de cada um. Identificamos que muitos, como nós, ainda estavam iniciando o processo de implantação. A próxima etapa foi escolher o modelo de EAD que ofereceríamos. Com o intuito de minimizar as desvantagens identificadas anteriormente, optamos por utilizar um AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem pois dispõe de uma

3 3 série de ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas, que são utilizadas de acordo com a proposta desenhada para cada curso, o que aumenta a interação entre os participantes e, consequentemente, reduz a distância transacional. A distância transacional, segundo Moore (1993), manifesta-se na educação a distância quando professor e aluno, separados espacial e temporalmente, comunicam-se de modo a construir novas relações pedagógicas e psicológicas. Esse fenômeno possui três variáveis que aumentam ou minimizam a distância entre o professor e aluno, são elas: a interação entre eles; a estrutura dos programas educacionais; e a natureza e o grau de autonomia do estudante. Dentre as variáveis mencionadas, a interação entre o aluno e o professor é decisiva para o sucesso do treinamento e, um fator que influencia bastante, é o tipo de recurso utilizado. Assim, observa-se que os livros, vídeos, programas de televisão e de rádio, por exemplo, não possibilitam o diálogo entre o aluno e o professor, tornando-se a interação praticamente nula. De outra sorte, a aprendizagem por e-learning disponibiliza ferramentas que proporcionam um alto nível de interação, tais como: chats, videoconferências, s e fóruns. A consequência disso é uma redução da distância transacional e da sensação de separação física e psicológica, ou seja, as chances de o treinamento ser um sucesso aumentam. Partindo desse conceito, a plataforma escolhida foi a Moodle, tanto por possuir uma proposta diferenciada, a do aprendizado em colaboração dentro de um ambiente virtual, com seus agentes interagindo via internet, como por ser um software livre, que pode ser utilizado gratuitamente por universidades, escolas, empresas ou profissionais liberais. Dessa forma, poderíamos customizar a plataforma conforme nossas necessidades, sem nos vincularmos a qualquer empresa ou licença de uso. Escolhida a plataforma, solicitamos o apoio da área de Tecnologia da Informação do Tribunal para viabilizar a implantação do sistema e assegurar o seu bom funcionamento, realizando backups periódicos, permitindo o atendimento pelo Service Desk ao usuário com problemas de acesso e garantindo a disponibilidade do sistema por 24 horas por dia.

4 4 2- O Projeto Piloto O próximo passo foi desenvolver um Projeto Piloto. Para tanto, foi escolhido o curso Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, por ser um tema de interesse de todos os servidores da Corte. Dessa forma, contratamos um reconhecido professor da área, uma vez que esse curso já havia sido realizado em outros órgãos e obteve ótima avaliação. Ademais, o professor também atuou em outros cursos no STF, na modalidade presencial, nos quais obteve excelente avaliação, reforçando a adequação da escolha para o primeiro curso. Solicitamos uma divulgação especial do evento para a área de Comunicação Social, que elaborou uma identidade visual específica e o slogan Supremo é estudar em casa. As imagens da identidade visual encontram-se a seguir: Figura 1. Imagem utilizada nos s enviados. Figura 2. Imagem utilizada no Manual do sistema e em cabeçalhos de documentos impressos. Figura 3. Imagem utilizada no topo da página do Moodle.

5 5 Figura 4. Divulgação do Projeto Piloto. Os servidores foram avisados de que se tratava de um projeto piloto para o caso de possíveis erros ou até mesmo para sugerirem melhorias para os próximos eventos. Essa primeira turma contou com a participação de 80 servidores e revelou-se um verdadeiro sucesso, para nossa surpresa e entusiasmo. O curso foi estruturado em tópicos, com a apresentação do curso no início, seguido dos fóruns de dúvidas e de apresentação dos participantes, aulas em arquivos PDF, uma seção específica para os exercícios objetivos e uma biblioteca. Ao final, os servidores preencheram a avaliação de reação, na qual demonstraram muita satisfação com o curso, além de sugerirem a realização de mais turmas. Em relação à plataforma Moodle, mais de 85% dos respondentes a consideraram de fácil navegação, com recursos adequados e

6 6 mensagens claras. O instrutor e o conteúdo também foram muito bem avaliados, com mais de 90% de aprovação. Além disso, foram surpreendentes os registros dos participantes nas questões subjetivas, apresentando muitos elogios e sugestões sobre o Projeto Piloto, o que demonstra que os servidores foram bastante receptivos à modalidade de EaD, eliminando, assim, os receios iniciais apontados quanto à aceitação. A nossa equipe que, até o momento, contava com três servidoras sem nenhum tipo de especialização no assunto e que realizavam outras atividades paralelamente à educação a distância, sentiu uma grande motivação para continuar, porém eram necessárias algumas melhorias. Primeiro, era extremamente recomendável que a equipe contasse com o apoio de uma servidora da área de Pedagogia, pois, da forma como estávamos, não havia planejamento pedagógico para os treinamentos. 3- Crescimento e Aperfeiçoamento Solicitamos ao setor responsável a lotação da nova servidora em nossa equipe e, com sua ajuda, conseguimos realizar alguns avanços no planejamento da segunda turma do Novo Acordo Ortográfico. Essa turma, devido ao êxito da anterior, contou com um número muito grande de inscrições, nos levando a matricular 140 servidores. A estrutura proposta foi muito semelhante, mas com alguns diferenciais, como: manual de acesso para os alunos, exercícios associados às suas respectivas aulas, e foi criado um fórum para problemas de acesso. Ainda, o acompanhamento do curso melhorou e a navegação entre as aulas ficou mais didática. Destaca-se que novamente o curso foi muito bem avaliado. Na sequência, perdemos uma servidora e a equipe restringiu-se a duas servidoras, supervisionadas pela chefia. Percebemos, assim, que precisaríamos nos capacitar ainda mais, com vistas a conhecermos melhor as ferramentas do sistema, as possibilidades de avanço e aumentarmos nossa produtividade. Então, participamos de cursos sobre Moodle e Flash (para criação de animações), além de eventos sobre a modalidade, como os Fóruns sobre educação a distância no Poder Judiciário, organizados pelo CNJ. O novo desafio foi a concretização de um programa completo na área de gestão de contratos, a Ação Educacional Gestão de Contratos

7 7 Administrativos com ênfase na terceirização de serviços (à luz da jurisprudência do TCU e das Instruções Normativas 2/2008 atualizada pelas INs n.º 3, 4 e 5/2009 e 4/2008 da SLTI/MPOG), composto por seis etapas. Nesse programa já foram realizadas as duas primeiras etapas. Em relação à primeira, fizemos poucas alterações na estrutura do último curso (Novo Acordo Ortográfico), apenas acrescentamos fóruns de discussão, ainda não avaliados, e algumas poucas animações em Flash. Apesar disso, percebemos uma diminuição na participação dos servidores e um aumento na evasão. A princípio, pensamos que poderia ser o tema, mais técnico, ou a falta de um acompanhamento mais eficaz do curso. 4- Experiências Inovadoras Tendo por base os resultados desse curso, decidimos, para a segunda fase do programa, realizar mudanças significativas. Dentre elas, realizamos um upgrade na versão do Moodle, o que gerou vários inconvenientes, pelo fato de não termos servidor da área de TI na equipe. Diante da necessidade, fortalecemos a aliança com a referida área e conseguimos customizar um pouco mais a plataforma (criação um novo tema, com o banner do STF, um Menu diferenciado e um formulário de contato, instalação de plugins de jogos, módulos interessantes, melhoramos o sistema de backup e a inscrição dos servidores). Além disso, participamos de outros treinamentos, agora, em temas voltados à gestão de e-learning e à formação de coordenadores de cursos a distância (CNJ), o que nos auxiliou bastante, pois conhecemos o papel do coordenador e do monitor, que não existiam em nossos cursos. A partir de então, adotamos uma postura diferenciada, iniciando o trabalho de monitoria dentro de cada curso, o que se mostrou muito positivo, de forma que superamos o nível de participação dos alunos nos fóruns em relação a todos os cursos anteriores. Também disponibilizamos a plataforma com um aspecto mais agradável e com mais recursos: exercícios estimulantes em forma de jogos, como caça palavras, forca e palavras cruzadas; escolhas avaliando a qualidade de cada aula e bloco de notas para anotações pessoais. Ademais, as aulas

8 8 foram disponibilizadas aos poucos, para que toda a turma acompanhasse o curso em ritmo aproximado. A monitoria ficou a cargo das servidoras da equipe, que ficaram responsáveis pelo acompanhamento das atividades, do cronograma e da participação dos alunos, postando mensagens relevantes e lembretes sobre os prazos. As mensagens, além de informar, também eram motivadoras, pois utilizamos imagens, cores e textos revitalizadores, despertando a afetividade da comunicação. Ainda, incentivou-se o uso da foto no perfil dos alunos e a apresentação pessoal de cada um, na tentativa de aproximá-los uns dos outros e diminuir o receio da exposição. Quanto à estrutura, pela primeira vez, optou-se por disponibilizar na plataforma uma seção específica para proporcionar aos alunos o conhecimento sobre as funcionalidades do Moodle e sobre questões que apóiam o estudo e a aprendizagem a distância, denominada Ambientação Aprenda a ser um aluno a distância. Na sequência, disponibilizamos a seção Informações do curso, na qual foram incluídas todas as informações úteis para guiar o desenvolvimento das atividades e o acompanhamento do curso pelos alunos, incluindo a apresentação do curso, o cronograma e os critérios de aprovação, por meio da ferramenta Livro. Ainda, constaram o Fórum de Notícias, o Fórum de Apresentação do tutor e dos participantes, o Fórum Problemas de Acesso e o Bloco de Notas. Em relação ao conteúdo, as aulas foram postadas em formato PDF na plataforma do curso. E, a cada aula, havia um Fórum de Dúvidas específico e exercícios (objetivos e práticos) relacionados ao conteúdo da aula. Destacase que houve dois Fóruns de Discussão, sendo que um deles foi avaliado pelo tutor, sendo parte da composição final das notas atribuídas, pela primeira vez. Nos momentos finais do curso, também como experiência inicial, foi realizado um Chat com o tutor para revisão dos conteúdos e tira-dúvidas. Por ser uma atividade síncrona, tivemos uma participação pequena, contudo houve uma interação significativa, que nos permitiu vislumbrar as potencialidades da ferramenta para novos cursos. Ao final do evento, 34 de 44 participantes responderam o formulário de reação e, novamente, os resultados foram muito positivos. Todavia,

9 9 destacamos, no aspecto da avaliação - Atividades Avaliativas, o quesito Os exercícios apresentaram nível de dificuldade adequado ao curso, o qual apresentou resultados inferiores ao esperado, uma vez que os alunos consideraram o nível de dificuldade dos exercícios elevado para o curso. Esse resultado pode ser atribuído, em parte, aos exercícios propostos, já que iniciamos a inclusão de atividades práticas, que, no caso, exigia dos alunos uma maior dedicação na resolução de cálculos matemáticos. Apesar dessa constatação, alguns alunos manifestaram-se positivamente à proposição dessas atividades: A qualidade das avaliações foi muito construtiva para o aprendizado e aplicação do conhecimento ; A parte prática do curso foi muito importante para testarmos efetivamente o conhecimento teórico ; (...) a novidade dos exercícios práticos, apesar de terem me surpreendido inicialmente, serviram para fixar o conteúdo. 5- Aprendizado Diante dos dados da avaliação e considerando a estrutura proposta para o último curso realizado, pudemos observar mudanças expressivas na oferta, especialmente no que concerne à participação e à interação dos alunos nos espaços disponíveis na plataforma. Enquanto no primeiro curso da ação educacional tivemos apenas 18 intervenções de alunos, neste os números foram mais expressivos, alcançando 106 participações nos fóruns disponíveis, por meio de mensagens postadas. Esse dado demonstra um grande avanço em termos de participação efetiva dos alunos, revelando que o investimento em planejamento educacional e em recursos que promovem a interação no ambiente virtual refletem-se em estímulo para a ação dos discentes em relação ao curso. Destacamos, ainda, a redução nos índices de evasão e de reprovações. Para fins de comparação, no primeiro curso houve três evasões e duas reprovações; no curso em tela, não houve evasão, apenas uma desistência justificada e uma reprovação. Pelo exposto, pode-se perceber que mesmo com uma equipe pequena, com pouca especialização na área, mas com muita disposição e motivação, é possível realizar cursos com qualidade, sempre evoluindo, buscando ferramentas novas e desenvolvendo atividades diferentes. Um ponto

10 10 decisivo é a prática da monitoria, que estimula bastante a participação dos alunos e, consequentemente, traz discussões mais profundas e relevantes, aumentando o conhecimento da turma. A chave é investir na redução da distância transacional, com cursos mais participativos e que estimulem o pensamento crítico. 6- Perspectivas Futuras Para os próximos treinamentos, planejamos testar formas diferentes de avaliação, como trabalhos em grupo, de forma colaborativa, com o auxílio da ferramenta Wiki, além dos exercícios individuais já utilizados. Outra mudança será a produção de conteúdo interativo, de forma personalizada, por empresas contratadas, que nos fornecerão o direito de propriedade do material, resguardados os direitos autorais do autor. Com isso, pretendemos estimular o aluno com recursos audiovisuais diferentes, mais interessantes, para que fiquem motivados a aprender e a participar das atividades com mais afinco. Além disso, o conteúdo elaborado sob essa perspectiva é vantajoso financeiramente, visto que, após o investimento inicial, o curso poderá ser realizado várias vezes, apenas com o custo da tutoria.

11 11 Conclusão Diante do exposto, é possível concluir que com as ações desenvolvidas, conseguimos resultados expressivos relacionados ao aumento da participação dos alunos e à redução da evasão e das reprovações. Isto se deve, principalmente, a uma mudança de postura na concepção andragógica dos cursos, visto que passamos de uma visão de transmissão do conhecimento para uma visão de construção, o que repercutiu positivamente na forma como os exercícios foram elaborados, bem como no acompanhamento do treinamento, realizado por meio da monitoria. Ressaltamos que a monitoria foi um fator de extrema relevância para o alcance dos resultados, pois incentivou a participação dos alunos e trouxe para a comunicação expressões de afetividade que aproximaram os estudantes entre si, com o tutor e com a coordenação do curso. Assim, percebemos que as atividades realizadas até o momento impactaram positivamente a experiência de educação a distância no Supremo Tribunal Federal. Esperamos buscar mais ferramentas, além da troca de experiências com outras instituições, para agregar valor aos próximos cursos e continuar crescendo no sentido da qualidade dos processos.