REQUISITOS MÍNIMOS DOS PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM MEDICINA DE TRÁFEGO

Transcrição

1 REQUISITOS MÍNIMOS DOS PROGRAMAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM MEDICINA DE TRÁFEGO DURAÇÃO E PRÉ-REQUISITOS O Programa de Residência Médica em Medicina de Tráfego será de acesso direto, sem áreas de pré-requisitos e se desenvolverá em 2 anos. A Instituição mantenedora do programa de Residência Médica deverá estar estruturada para atendimento de trauma. Os preceptores deverão estar capacitados, treinados e familiarizados com as diretrizes da Especialidade. Primeiro ano: R1 Ao final do 1 o. ano de Residência Médica, o médico residente deverá estar apto a: A- Objetivos Gerais: 1- Abordar as questões decorrentes dos acidentes de tráfego e atender as necessidades dos setores públicos e privados na resolução da problemática situação atual, tornando mais produtivas e eficientes as ações médicas sistemáticas de educação, prevenção, assistência, perícia e planejamento. 2- Orientar, analisar, realizar pesquisas e contribuir na organização educacional do trânsito. Identificar os fatores etiológicos, definir os grupos de alto risco para acidentes de trânsito e estabelecer programas de prevenção. 3- Atuar em empresas (públicas, privadas, autarquias ou sindicatos) de transporte terrestre, marítimo ou aéreo, na área de segurança de tráfego e saúde ocupacional. B- Objetivos Específicos: 1- Cuidar da prevenção das doenças dos motoristas profissionais, como a perda auditiva, surdez, zumbido, problemas respiratórios, doenças osteomusculares, neuroses e distúrbios comportamentais entre outros. 3- Cuidar dos aspectos ergonômicos no exercício da profissão de motorista. 4- Atuar nas condições inseguras do tráfego e nos procedimentos médicos a serem implementados por ocasião dos exames admissionais, periódicos e demissionais de motoristas. 5- Orientar o planejamento de viagens. 6- Identificar as doenças infecto-contagiosas e os acidentes com animais peçonhentos prevalentes no percurso ou destino de interesse do viajante.

2 7- Orientar a imunização para o viajante nas viagens dentro do território nacional e para outros países, diagnosticar e tratar patologias relacionadas com o meio de transporte e com as mudanças geográficas como a altitude e o clima. 8- Realizar perícias, avaliações e colaborar com o Poder Público na concepção, elaboração e aplicação de uma legislação adequada e eficiente relativa à medicina e à segurança de tráfego. 9- Realizar o exame de aptidão física e mental para condutores e candidatos a condutores exigido pelo Código de Trânsito Brasileiro. 10- Realizar exames para avaliação de aptidão médica de candidatos a obtenção de licença para vôo ou exames periódicos para Renovação da Habilitação. 11- Realizar exames para a obtenção da habilitação certificada pelo representante da autoridade marítima para Segurança do Tráfego Aquaviário para operar embarcações de esporte e/ou recreio, em caráter não profissional. C- Conteúdo programático-teórico: Entre 10 a 20% da carga horária total, se dará sob a forma de reuniões clínicas, seminários, cursos de atualização e discussões clínicas. D- Conteúdo programático-prático: ÁREAS CLÍNICAS carga horária: 40% a 50%. 1- Unidades de internação e ambulatórios de Clinica Médica. 2- Unidades de internação e ambulatórios de Especialidades: 2.1- Oftalmologia 2.2- Otorrinolaringologia 2.3- Pneumologia 2.4- Cardiologia 2.5- Ortopedia e Traumatologia 2.6- Neurologia 2.7- Psiquiatria 2

3 MEDICINA DO VIAJANTE carga horária: 15 % 1- Ambulatórios de doenças infecciosas e parasitárias, de medicina do viajante e centros de imunizações (opcionais: serviços aeroportuários de imunizações e atendimento de emergência aos viajantes). MEDICINA DE TRÁFEGO OCUPACIONAL carga horária: 15 % 1- Centros de atendimento aos trabalhadores nos Transportes (SEST/SENAT; SUS; Empresas de transportes de cargas e passageiros; Organizações sindicais de trabalhadores do transporte). MEDICINA DE TRÁFEGO LEGAL carga horária 10% 1- Instituto Médico Legal IML (Treinamento em Medicina de Tráfego Legal perícias e autópsias dos acidentes de trânsito). 2- Serviços Médicos, Juntas Médicas Especiais e Bancas Examinadoras para candidatos portadores de deficiências física motora (pessoas com mobilidade reduzida) dos Departamentos Estaduais de Trânsito- DETRAN o Circunscrições Regionais de Trânsito CIRETRAN (perícias de condutores de veículos automotores). Segundo ano: R2 Ao final do 2 o. ano de Residência Médica, o médico residente deverá estar apto a: A- Objetivos Gerais: 1- Cuidar do atendimento no local do acidente (APH) e do transporte da vítima para o hospital (Resgate). Prestar atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. B- Objetivos Específicos: 1- Realizar a avaliação primária e secundária de um paciente no APH. 2- Acionar sistemas de urgência e unidades de emergência. 3- Realizar técnicas de controle das vias aéreas e ventilação no trauma. 4- Realizar reanimação cardiorrespiratória. 5- Realizar controle de hemorragias externas e choque 6- Atuar em trauma de crânio, tórax; abdome e extremidades. 7- Atuar em trauma da coluna e da medula. 3

4 8- Proceder a avaliação inicial da gestante no APH 9- Atuar em trauma na criança. 10- Atuar no atendimento pré-hospitalar do queimado. C- Conteúdo programático-teórico: Entre 10% a 20% da carga horária total versará sobre os assuntos que compõem o conteúdo programático prático e se dará sob a forma de reuniões clínicas, seminários, cursos de atualização e discussões clínicas. D- Conteúdo programático-prático: MEDICINA DE TRÁFEGO CURATIVA carga horária: 80 a 90 %: 1- Pronto Socorro; Sala de Emergência (Urgências e emergências clínicas e traumáticas). 2- Treinamento em unidades móveis de SBV (Suporte Básico de Vida) e SAV (Suporte Avançado de Vida). Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU. 3- Transporte aeromédico (opcional). 4- Treinamento em serviços específicos de suporte básicos e avançados da vida. 4- Unidades de internação e ambulatórios de Especialidades: 4.1- Medicina Intensiva 4.2- Anestesiologia 4.3- Medicina Física e Reabilitação E- LOCAIS DE TREINAMENTO 1- Unidades de internação e ambulatórios de Clinica Médica. 2- Unidades de internação e ambulatórios de Especialidades: 2.1- Oftalmologia 2.2- Otorrinolaringologia 2.3- Pneumologia 2.4- Cardiologia 2.5- Ortopedia e Traumatologia 2.6- Medicina Física e Reabilitação 2.7- Neurologia 4

5 2.8- Psiquiatria 2.9- Medicina Intensiva Anestesiologia Doenças Infecciosas e Parasitárias Medicina do Viajante (opcional) 3- Centros de Imunização 4- Serviços aeroportuários de imunizações e atendimento aos viajantes (opcional) 5- Centros de atendimento aos trabalhadores nos Transportes (SEST/SENAT; SUS; Empresas de transportes de cargas e passageiros; Organizações sindicais de trabalhadores do transporte) 6- Instituto Médico Legal IML 7- Laboratório de Toxicologia Forense (opcional) 8- Laboratório do sono (opcional) 9- Serviços Médicos, Juntas Médicas Especiais e Bancas Examinadoras para candidatos portadores de deficiência física motora (pessoas com mobilidade reduzida) dos Departamentos Estaduais de Trânsito - DETRAN ou Circunscrições Regionais de Trânsito CIRETRAN (perícias de condutores candidatos a condutores de veículos automotores). 10- Pronto Socorro; Sala de Emergência. 11- Unidades móveis de Suporte Básico de Vida (SBV) e Suporte Avançado de Vida (SAV) - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU 12- Unidades de transporte Aeromédico (opcional). 13- Serviços específicos de suporte básicos e avançados de vida. e CONTEÚDO PROGRAMÁTICO-TEÓRICO MEDICINA DE TRÁFEGO PREVENTIVA Medicina de Tráfego Conceituação Áreas de abrangência EPIDEMIOLOGIA Epidemiologia do acidente de tráfego Coeficientes, taxas e índices aplicados ao tráfego Distribuição, morbimortalidade, seqüelas, incapacidades produzidas pelos acidentes de tráfego 5

6 Morbimortalidade dos acidentes de tráfego no Brasil Fontes de dados para conhecimento dos acidentes de tráfego Atestado de óbito da vítima do acidente de tráfego Classificação internacional das doenças e acidentes de tráfego GRUPOS DE RISCO EM ACIDENTES DE TRÁFEGO Pedestres Jovens Idosos Gestantes O condutor diabético O condutor estressado O condutor obeso O condutor distraído O condutor fumante Ciclistas Motociclistas O condutor sob o efeito de drogas legalmente prescritas ÁLCOOL E DIREÇÃO VEICULAR Como o álcool afeta o condutor Desempenho do condutor alcoolizado Mensurações (Bafômetro) Métodos de fiscalização Legislação brasileira e internacional Punições MEDICAMENTOS, DROGAS E DIREÇÃO VEICULAR Principais medicamentos que interferem na condução veicular Adição e abuso de drogas permitidas e ilícitas Verificação do nível plasmático de drogas utilizadas pelos condutores Detecção de drogas por outros meios (saliva, suor, fâneros etc.) Orientação para condutores que fazem uso de medicamentos DISTÚRBIOS DO SONO E DIREÇÃO VEICULAR Principais distúrbios do sono com interesse em Medicina de tráfego Características dos acidentes causados pelo sono Períodos críticos do sono para quem dirige Inter-relações álcool e sono Como prevenir acidentes de tráfego causados pela sonolência Higiene do sono 6

7 MEDIDAS E EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA ATIVA E PASSIVA PARA VEÍCULOS AUTOMOTORES TERRESTRES Proteções para os ocupantes de veículos Segurança ativa e passiva Prevenção primária, secundária e terciária do trauma Cinto de segurança Airbag Encosto de cabeça Sistema de freios ABS Barra de proteção transversal Direção hidráulica progressiva Motociclistas: capacete, colete, luvas e roupas especiais Homeostase do risco TRANSPORTE VEICULAR DE CRIANÇAS A segurança da criança no interior do veículo Regras básicas Escolha do dispositivo de segurança Booster Quando usar o cinto do adulto Educação e proibições Legislação Transporte escolar COMPORTAMENTO DO CONDUTOR Psicologia de trânsito Comportamento adequado no trânsito Fatores acidentógenos ligados à personalidade Avaliação psicológica do condutor ENGENHARIA, RODOVIAS E FATORES AMBIENTAIS COMO CAUSA DE ACIDENTES Características dos veículos Características das vias Fatores ambientais O ESTADO DE SAÚDE DOS MOTORISTAS O exame de aptidão física e mental para condutores e candidatos a condutores de veículos automotores Exigências da legislação Questionário Anamnese Exame clínico geral Avaliação oftalmológica: mobilidade ocular; acuidade visual; campo visual; visão cromática; visão estereoscópica; teste de ofuscamento e visão noturna; sensibilidade ao contraste, principais patologias oftalmológicas que interferem na condução veicular 7

8 Avaliação otorrinolaringológica: prova da voz coloquial; audiometria; prótese auditiva, principais patologias otorrinolaringológicas que interferem na condução veicular Avaliação neurológica: o exame neurológico; diretrizes da ABRAMET/AMB/CFM para a avaliação de condutores e candidatos a condutores portadores de Epilepsia; principais patologias neurológicas que interferem na condução veicular Avaliação cardiorrespiratória: diretrizes da ABRAMET para a avaliação de condutores e candidatos a condutores portadores de hipertensão arterial; diretrizes da ABRAMET para a avaliação de condutores e candidatos a condutores portadores de cardiopatias Avaliação do aparelho locomotor: dinamometria; caracterização das deficiências físicas para fins de habilitação; critérios para avaliação de condutores e candidatos a condutores portadores de deficiências físicas; as adaptações nos veículos para o portador de deficiência; aplicação da Resolução do CONTRAN Motorista de baixa estatura Avaliação mental MEDICINA DE TRÁFEGO LEGAL Legislação de Trânsito Sistema Nacional de Trânsito Normas de circulação e conduta Da habilitação Das penalidades Medidas administrativas Processo administrativo Crimes de trânsito Modelo de credenciamento dos médicos e psicólogos examinadores Parâmetros para as diferentes classes de condutores de acordo com o CONTRAN e respectiva legislação de trânsito PERÍCIA MÉDICA A perícia do condutor para fins de concessão da CNH, licença para vôo e operar embarcações A responsabilidade legal do perito e abrangências do laudo de aptidão Perícia médica securitária para vítimas de acidentes de trânsito MEDICINA DE TRÁFEGO CURATIVA Atendimento pré-hospitalar (APH) APH e Resgate Avaliação primária e secundária Avaliação Geral em 5 fases Sistemas de urgência Unidade de emergência Vias aéreas e ventilação Reanimação cardiorrespiratória Controle de hemorragias externas Choque e reposição volêmica Ferimentos 8

9 Trauma de crânio Trauma de tórax Trauma abdominal Trauma abdominal na gestante Trauma da coluna e da medula Trauma de extremidades Trauma na criança Atendimento pré-hospitalar do queimado Estabilização e transporte do paciente MEDICINA DE TRÁFEGO OCUPACIONAL O motorista profissional Jornada de trabalho; intervalo sem dirigir; tipo de refeição; repouso Equipamentos de proteção individual (EPI) para o transporte Ações dos produtos da combustão sobre organismo humano Alternativas de geração de energia não poluente Ações da aceleração e desaceleração sobre o organismo humano Aposentadoria-auxílio doença em profissionais incapacitados Higienização de veículos Habilitação especial para o condutor de carga perigosa Motociclista profissional Programas especiais para prevenção de acidentes Características do trabalho penoso Riscos físicos, químicos e ergonômicos MEDICINA DO VIAJANTE Conceituação Planejamento das viagens O ambiente nas viagens e situações de risco para o viajante Doenças pré-existentes: conduta e adequação a serem observadas no percurso e destino final Os meios de transportes utilizados e suas ocorrências mais freqüentes Enjôo do movimento; medicações profiláticas Diarréia do viajante; prevenção e tratamento Doenças que contra-indicam viagem aérea comercial Jet Lag Imunização para motoristas do Mercosul O médico quando viajante: o que fazer perante uma emergência, a conduta específica do médico de tráfego nas doenças e situações de risco e desastres Os riscos de doenças apresentadas pela alimentação, água, contatos interpessoais - Regiões de endemias/epidemias Vacinações para a viagem Consultas médicas pré e pós viagem Fusos horários, ciclos circardianos medicação em uso: precauções em levar medicamentos e receitas para evitar eventuais faltas e observar a legislação internacional Síndrome da Classe Econômica 9

10 MEDICINA DE TRÁFEGO AEROESPACIAL Fisiologia do vôo Ambiente físico das cabines Álcool, drogas e medicamentos na aviação Fatores Humanos na aviação: passageiros, comissários e pilotos Sono, fadiga, estresse na aviação Exames para habilitação Doenças orgânicas e o vôo Avaliação Psicológica na aviação Vacinações Pediatria e o vôo Nutrologia Ciclos circadianos e mudanças climáticas bruscas Equipamentos e técnicas de sobrevivência Transporte e resgate aéreo de pacientes e vítimas Emergências em aeroportos MEDICINA DE TRÁFEGO AQUAVIÁRIO Ambiente físico das embarcações Avaliação dos condutores (Habilitação) Doenças que mais freqüentemente afetam os navegantes Cinetoses, diarréias Nutrição e exercícios nas embarcações Álcool, drogas, medicamentos e o navegante Atendimento médico nas embarcações Emergências - resgastes Habilitação do arraes amador Socorro a vidas em perigo no mar Desastres e resgate 10

11