NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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- Luiz Amorim Amaral
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1 NOÇÕES DE DIREITO PENAL TEORIA, DIREITO POSITIVO, LEGISLAÇÃO 10 QUESTÕES DE PROVAS IBFC COM GABARITOS Edição Maio 2017 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. É vedada a reprodução total ou parcial deste material, por qualquer meio ou processo. A violação de direitos autorais é punível como crime, com pena de prisão e multa (art. 184 e parágrafos do Código Penal), conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei nº 9.610, de 19/02/98 Lei dos Direitos Autorais). Site: emmentalapostilas.com.br Facebook: Emmental Apostilas
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3 SUMÁRIO 1. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL: 1.1 Lei Penal no Tempo. 1.2 Lei Penal no Espaço DO CRIME: Conceito de Crime e seus Elementos Consumação e tentativa Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Crime impossível Crime doloso, crime culposo e crime qualificado pelo resultado Erro de tipo e de proibição Causas de exclusão de ilicitude CONTRAVENÇÃO IMPUTABILIDADE PENAL (Causas de exclusão de culpabilidade) DOS CRIMES CONTRA A VIDA (Homicídio, Lesão Corporal e Rixa) DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL (ameaça, sequestro e cárcere privado) DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, estelionato e outras fraudes e receptação) DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA (quadrilha ou bando) LEGISLAÇÃO ESPARSA: Lei federal n 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura) QUESTÕES DE PROVAS DO INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO (IBFC) GABARITO... 76
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5 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 1 DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL: 1.1 Lei Penal no Tempo. 1.2 Lei Penal no Espaço. CÓDIGO PENAL DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Se não há crime sem lei anterior que a defina, é mister a existência de uma lei, e que essa lei seja prévia ao cometimento do fato tido como crime LEI PRÉVIA, legalidade e anterioridade. Todavia no nosso ordenamento tem-se: infração penal como gênero e crime e contravenção como espécie, e também sanção como gênero e pena e medida de segurança como espécie. Fazendo-se uma interpretação extensiva desse brocado, teríamos a seguinte expressão: Não há infração penal sem prévia lei, nem sanção penal sem prévia condenação. Lei Penal no Tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. * Art. 2º e parágrafo único com redação dada pela Lei nº 7.209, de Tempus regit actum: qualquer fato está submetido à lei do seu tempo. Essa é a regra, o fato será submetido à lei que o rege no momento de sua realização. A exceção é a extratividade, que é o caso de aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do tempo de sua vigência. O art. 2º do Código Penal (CP) enumera apenas a possibilidade de retroatividade, porém, em decorrência lógica dessa máxima, conclui-se pela possibilidade da ultratividade da lei penal benéfica ou irretroatividade da lei penal que não for benéfica. Novatio legis in pejus (nova lei prejudicial): surgindo nova lei, que piore no todo ou em parte a situação do réu, esta lei só terá validade para os casos cometidos dali em diante, não podendo valer a mesma para o caso já existente. Não custa lembrar o caso da atriz Daniela Peres, que foi assassinada pelo também ator Guilherme de Pádua. A autora de novelas, Glória Peres, mãe de Daniela, fez uma coleta nacional de assinaturas para elevar a gama dos crimes hediondos o homicídio qualificado. Ela logrou êxito nessa busca, haja vista o homicídio qualificado ser crime hediondo hoje, todavia esse tratamento não valeu para os assassinos confessos de sua filha, pois neste caso se tratava de uma novatio legis in pejus( nova lei prejudicial) que não poderá retroagir valendo somente para os crimes cometidos após sua vigência. Novatio legis in mellius (nova lei benéfica): se a lei posterior for mais benéfica, aplica-se desde logo a mesma, inclusive para os delitos cometidos anteriormente à vigência desta. Para o completo entendimento dessa matéria, vale recordar o seguinte: se for para beneficiar, pouco importa quando surge a lei, pois ela será aplicada. Abolitio criminis (abolição do crime): nada mais é do que a abolição da figura típica de um determinado crime. O Estado, enquanto detentor do monopólio do jus puniendi (direito de punir), decidiu por bem não criminalizar uma determinada conduta, sendo assim todos aqueles que cometeram um delito abolido pelo estado serão imediatamente colocados em liberdade e todas as consequências oriundas da condenação serão apagadas, inclusive os antecedentes relativos à conduta abolida. Um exemplo da situação de abolição de crimes ocorreu recentemente. A prática de adultério era tida como crime, todavia sobreveio uma lei que acabou com tal figura, daí por diante esta prática não é alçada à condição de crime. Caso viesse uma nova lei dizendo que o homicídio não seria mais crime, todos os inquéritos que versassem sobre esse tema seriam trancados, os processos seriam extintos e quem por ventura já tivesse sido condenado seria posto em liberdade. 5
6 Lei penal benéfica em vacatio legis O período de vacatio legis é o período em que a lei apesar de ter passado por todos os trâmites legais ainda não entrou em vigência (exemplo: está lei entrará em vigor em 1 ano), período de adaptação dos aplicadores do direito com a nova norma, além da devida publicidade da mesma para toda a sociedade. A indagação que versa é a seguinte: se, no período de vacatio legis, for cometido um crime, essa lei que ainda não entrou em vigor for a mais benéfica, se ela será aplicada ao fato cometido neste período em que a lei não está vigendo. Existem duas correntes sobre o tema. A primeira corrente defendida pelos professores: Paulo José da Costa Júnior, Cernicchiaro e Alberto Silva Franco defendem a possibilidade de aplicação da lei em vacatio legis ao caso cometido nesse período, caso seja mais benéfica. Porém, outra corrente que tem os professores: Frederico Marques, Delmanto, Damásio de Jesus e Guilherme de Souza Nucci entendem que não é possível à aplicação, pois a lei ainda não está vigendo. Comungo da tese adotada pela 2ª corrente. Competência para aplicação da lei penal benéfica Neste caso existem três possibilidades: se o processo ainda está em primeiro grau (Juiz da causa) de jurisdição óbvio que o próprio Juiz do feito que é o competente para analisá-lo. Se o processo já se encontra em segundo grau de jurisdição (recurso), faz-se necessário um exame minucioso do caso, para que não haja supressão de instância. É mister a análise do caso em tela, se o Juiz de primeiro grau fixou a pena no mínimo legal, daí surgiu nova lei, o Tribunal pode de plano aplicá-la, todavia se o Juiz ao fixar a dosimetria da reprimenda fixou a pena base acima do mínimo legal com fundamentos do art. 59 do CP, terá que ser remetido a este de novo, para que em face de lei nova faça novo julgamento. Numa última situação se já houver trânsito em julgado, caberá ao juízo da execução penal a análise da questão como bem enumera a súmula 611 do STF: transitada em julgado à sentença condenatória, compete ao juízo das execuções à aplicação de lei mais benigna. Ou o próprio Tribunal através da revisão criminal. Lei Excepcional ou Temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Leis intermitentes Hodiernamente em nosso conjunto normativo, as leis em geral tendem a vigorar por muito tempo, por não terem prazo determinado, não é comum na legislação brasileira, a existência de leis intermitentes e ou temporárias (que valem por um determinado período). Porém às vezes a necessidade impõe ao estado que de maneira episódica e excepcional pode editar leis de cunho penal que sejam temporárias, cujo prazo de vigência seja adstrito a uma circunstância ou lapso temporal. Em caso de calamidade pública o estado pode editar uma lei que aumente e muito a pena de certos crimes, para fins de tentar coibir a pratica delituosa motiva pela casuística da emergência. Tal tema não é uniforme na doutrina penal, eis que, alguns doutrinadores afirmam que logo depois de terminada a validade de lei temporária, e retornando ao ordenamento a lei mais benéfica, vale o princípio da retroatividade da lei penal. Todavia, com a maxima venia, tal entendimento não deve prosperar, pois a lei temporária é única e pune os crimes cometidos num determinado tempo, e a edição de outra lei mesmo que mais benigna não engloba o crime praticado naquele tempo específico e naquela dada circunstância. Posição essa defendida com ênfase pelo Professor Livre-docente da PUC/SP e Juiz de Direito de São Paulo Guilherme de Souza Nucci (in: Manual de Direito Penal. São Paulo. Ed. RT, p. 101): As leis excepcionais ou temporárias são leis que não respeitam a regra do art. 2º do Código Penal, ou seja, o princípio da retroatividade benéfica. Se o fizessem seriam inócuas, pois cessados o prazo de vigência, todos os criminosos que estivessem sendo punidos pela prática de infrações penais nesse período excepcional ou temporário teriam benefícios (...). Portanto, essas leis (temporárias ou excepcionais) são sempre ultrativas, ou seja, continuam a produzir efeitos aos fatos praticados durante a sua época de vigência, ainda que tenham sido revogadas (art. 3º, CP). O objetivo é manter o seu poder intimidativo (destaques não constam do original). Além de por em cheque a eficácia de tal lei temporária, pois se todos soubessem que seriam beneficiados com retroatividade poderia haver o fomento a criminalidade em um momento de colapso político e social da nação. 6
7 Tempo do Crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Teorias do Tempo do Crime Existem três teorias à cerca do tema tempo do crime, são elas: 1 teoria da atividade, que considera consumado o delito no instante da atividade delitiva; 2 teoria do resultado, que tem por fundamento considerar consumado o crime o instante em que se der o resultado; 3 teoria da ubiquidade ou mista, que enumera que o tempo do crime pode se dar tanto no instante da atividade quanto do resultado. O código penal brasileiro, em seu art.4º deixa claro que o Brasil adota a teoria da atividade. Ou seja, é considerado o tempo do crime pelo momento em que houver realizado a conduta. Independentemente de quando vier o resultado. Tempo do Crime nos Casos de Crimes Permanentes e Continuados Como nos casos de crime permanentes a execução se prolonga no tempo enquanto houver continuidade da prática delitiva, o tempo do crime perdura enquanto durar a sua existência. Pode-se construir a mesma definição para o crime continuado. Vale ressaltar o recém entendimento do STF, na súmula 711: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou permanente, se a sua vigência è anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Lei Penal no Espaço Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. * Art. 5º, 1º e 2º com Redação dada pela Lei nº 7.209, de Regras de aplicação da lei penal no espaço As leis penais têm como critério de aplicabilidade à territorialidade (aplicada no território brasileiro)que é a regra e a extraterritorialidade (aplicada fora do território brasileiro)que vem a ser a exceção, pois quase sempre o princípio da soberania das nações restringe o âmbito de lei penal brasileira. Conceito de território brasileiro Para se ter uma boa noção da aplicação da lei penal brasileira na questão espacial, torna-se importante uma visão estrutural do território nacional, haja vista este ser o palco de aplicação de tais normas. Quanto ao solo, pode-se concluir que todo o espaço ocupado pela nação é território nacional, além de todo o espaço aéreo que sobrepõe esse núcleo de solo. Além de todos os rios, lagos mares interiores e sucessivos, golfos baías portos, além do mar territorial 12 milhas, e as embarcações e aeronaves nacionais (públicas ou privadas dependendo de onde estejam). Existe uma faixa de água que vai além das 12 milhas, é a denominada ZEE (zona econômica exclusiva), que possui uma extensão de 188 milhas, está área, é de exploração econômica exclusiva do Brasil, todavia não é território brasileiro. Território brasileiro por equiparação Equiparam-se ao território nacional, as embarcações e aeronaves públicas e a serviço do governo brasileiro onde quer que estejam às embarcações e aeronaves privadas desde que estejam em alto-mar ou em sobrevoo em águas internacionais. 7
8 Lugar do Crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Teorias sobre o lugar do crime Como no caso do tempo do crime, existem três teorias à cerca do tema, são elas: 1 teoria da atividade, que considera consumado o delito no lugar da infração; 2 teoria do resultado, que tem por fundamento considerar consumado o crime no lugar em que se der o resultado; 3 teoria da ubiquidade ou mista, que enumera que o lugar do crime pode se dar tanto no lugar da atividade quanto do resultado. Esta última teoria que foi a adotada em nosso ordenamento (vide art. 6º do CP), ou seja, o Brasil adota a teoria mista ou da ubiquidade. Vejamos o art. 6º do CP: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. De outra sorte o art. 70 do CPP aduz: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Vale ressaltar que não existe conflito entre o que dispõe o art. 6º do CP (mista ou ubiquidade) com o art. 70 do CPP (consumação), eis que o último diz respeito a matéria destinada a competência de julgamento, que deverá ser estudada no processo penal, sendo que o artigo do CP, versa sobre local do crime. Neste caso, o direito processual penal adota a teoria do resultado e o direito penal a teoria mista, porém não existe conflito, pois esse princípio de direito penal só vale para o direito penal internacional. A aplicabilidade do artigo 6º do CP tem escopo no denominado direito penal transnacional/internacional, ou seja, se um crime começa no Brasil e termina fora dele, ou começa fora e termina no Brasil, daí sim aplica-se o artigo 6º do CP, pois o interesse nacional sempre estaria resguardado e o Brasil sempre seria o local do crime, e sempre imporia sua legislação. Lugar do Crime nos Casos de Crimes Permanentes e Continuados Nestas hipóteses a teoria a ser aplicada contínua a ser a teoria mista, ou seja, o lugar do crime é tanto da atividade quanto do resultado. Todavia em matéria processual penal, dispõe o art. 71 do CPP, que a prevenção (regra pela qual se define a competência pelo Juiz que primeiro se manifestar em um processo/procedimento) é quem vai delimitar o juízo competente. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: Extraterritorialidade Incondicionada I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; Alíneas "a" a "d", Incluídos pela Lei nº 7.209, de Casos de extraterritorialidade incondicionada Tem por escopo o interesse de punir do estado brasileiro, exercido de qualquer maneira independente de qualquer condição, neste caso aplica-se a legislação penal pátria. O que é muitas vezes questionado pela doutrina, por entenderem que seja uma usurpação do direito nacional em detrimento do direito estrangeiro. São os casos de crimes cometidos fora do Brasil, mas que por imposição expressa na lei aplica-se a esse caso ocorrido fora do nosso território à lei penal brasileira. 8
9 São 4 hipóteses e estão previstas essas hipóteses no art. 7º inciso I alíneas de a a d : Alínea a : os crimes cometidos contra a vida ou a liberdade do presidente da República (arts. 121, 122, 146, 154 do CP e arts. 28 e 29 da Lei de Segurança Nacional lei 7.170/83). Princípio da proteção Alínea b : crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, Estado e Distrito Federal e dos Municípios, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação pública (arts. 155 a 180 e dos arts. 289 a 311 todos do CP). Princípio da proteção Alínea c : crime contra a administração pública, ou por quem está a seu serviço (arts: 312 ao 327 do CP). Princípio da proteção Alínea d : crime de genocídio. Princípio da justiça universal Em síntese nas três primeiras alíneas estão presentes os princípios da defesa ou proteção, enquanto que no último inciso está presente o princípio da justiça universal. Extraterritorialidade Condicionada II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Alíneas "a" a "c", Incluídos pela Lei nº 7.209, de Casos de extraterritorialidade condicionada É aplicado nos casos de crimes praticados fora do Brasil e que pode ser aplicada a lei brasileira, se diferencia dos casos de extraterritorialidade incondicionada, pois aquela sempre se aplicará a lei brasileira, neste caso não será sempre haverá algumas condições, daí o nome extraterritorialidade condicionada, ou seja, depende de uma série de condições. Nestes casos a aplicação da lei penal brasileira não é automática, há necessidade de certos requisitos para a sua aplicação. São 3 hipóteses estão previstas no art. 7º inciso II alíneas de a a c e no parágrafo 3º deste artigo. Alínea a : caso de convenção ou tratado que o Brasil assinou e se pré-dispôs a reprimir; Alínea b : crimes cometidos por brasileiros no exterior, em virtude, de não haver possibilidade de extradição de um nacional. Alínea c : crimes cometidos em embarcações privadas brasileiras em alto-mar, se país estrangeiro não punir tal infração. E no parágrafo terceiro deste art. 7º, crimes cometidos contra brasileiros fora do território nacional, desde que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição, é necessário à requisição do Ministro da Justiça. 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. * Incluído pela Lei nº 7.209, de º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 2º e alíneas "a" a "e", Incluídos pela Lei nº 7.209, de º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. 3º e alíneas "a" e "b", Incluídos pela Lei nº 7.209, de
10 Pena Cumprida no Estrangeiro SOLDADO POLÍCIA MILITAR DA BAHIA (PM-BA) Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Para que não haja o denominado bis is idem, ou seja, a dupla punição pelo mesmo fato, caso o autor do delito tenha cumprido pena em outro país essa pena será abatida da pena que no Brasil ele ainda tenha que cumprir no Brasil, desta feita, ocorrendo essa compensação de pena, a justiça está sendo realizada na medida em que se evita a dupla condenação pelo mesmo fato. Eficácia de Sentença Estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. * Incisos "I" e "II", incluídos pela Lei nº 7.209, de Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. * Parágrafo único e alíneas "a" e "b", incluídos pela Lei nº 7.209, de Primando o legislador pela soberania estatal, determinou por meio deste mandamento legal da homologação da sentença estrangeira, denominado exequatur, realizado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça STJ, que nada mais é do que a verificação de legalidade e adequação da sentença estrangeira aos moldes adequados e permitidos segundo as leis brasileiras. Contagem de Prazo Art O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Frações não computáveis da Pena Art Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Prazos penais são fatais, não se prorrogam não se respeitam sábados domingos nem feriados. E o primeiro dia entra no cômputo do prazo. Ex: prisão temporária de 5 dias, sendo que foi efetuada às 20:00h do dia primeiro dia do mês, terá que ser libertado até o dia 05. Em síntese conta-se o dia inicial e desconta-se o dia do final, uma pessoa que foi preso dia 20 e a duração seria um mês deveria ser posta em liberdade dia 19, e assim sucessivamente. A conta é efetuada pelo calendário comum. Ex: pena de 4 meses, que teve início de cumprimento em 10/05, conta-se assim: 10/05 10/06 10/07 10/08 09/09 Quanto à questão do mês pouco importa se tem 28, 29, 30 ou 31 dias, conta-se sempre como um mês, na questão do ano pouco importa se tenha 365 ou 366 é contado como um ano da mesma forma. Imaginemos que uma pessoa foi condenada a 4 anos de prisão em 20 de setembro de 2007, ela deverá sair in tese no dia 19 de setembro de
11 QUESTÕES DE PROVAS DO INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO (IBFC) 1. [Aluno Agente-(NM)-(VA)-SAEB-SEAP/2014-IBFC].(Q.51) Assinale a alternativa correta. Para os efeitos penais, não são consideradas como extensão do território nacional: a) as embarcações brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem. b) as aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem. c) as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo ou marítimo estrangeiro. d) as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, em alto-mar. e) as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 2. [Oficial de Cartório Policial-(6ª Classe)-(NS)-(VA)-PC-RJ/2013-IBFC].(Q.79) Considerando a classificação doutrinária dada às infrações penais, analise as assertivas a seguir: I. Crime próprio é aquele que exige sujeito ativo especial ou qualificado, não admitindo coautoria ou participação de quem não guarde tais características peculiares. II. Crime permanente é aquele cuja consumação se protrai no tempo em decorrência de várias condutas que sucedem o ato inicial, caracterizando habitualidade da espécie delitiva. III. Crime instantâneo é aquele cuja consumação se caracteriza com a mera probabilidade de lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal. IV. Crime de perigo é aquele cuja consumação se caracteriza com a mera probabilidade de lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal. V. Crime multitudinário é aquele que exige, para sua caracterização, o concurso necessário de duas ou mais pessoas, apesar de não existir a necessidade de que todas elas sejam penalmente punidas. Estão corretas apenas as assertivas: a) I, III e IV. b) II, III e UV. c) I, II e IV. d) III, IV e V. e) II, III e V. 3. [Perito Criminal-(Ár. 1)-(NS)-Polícia Científica-PR/2017-IBFC].(Q.9) Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa correta sobre a legítima defesa. a) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem b) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem c) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem d) Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente ou não dos meios de que dispuser, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem e) Entende-se em legítima defesa quem, usando dos meios de que dispuser, repele injusta agressão ou persegue quem a praticou, atual ou iminente, a direito próprio e não de outrem 4. Perito Criminal-(Ár. 1)-(NS)-Polícia Científica-PR/2017-IBFC].(Q.8) Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa correta sobre as espécies de infração penal. a) Crime e contravenção penal são sinônimos b) No caso de contravenção penal, admitem-se penas de reclusão e detenção, enquanto que, para os crimes, admitese prisão simples c) No caso de crime, admitem-se penas de reclusão e detenção, enquanto que, para as contravenções penais, admitese prisão simples d) No caso de contravenção penal, admite-se pena de reclusão, enquanto que, para os crimes, admite-se detenção e) No caso de contravenção penal, admite-se pena de detenção, enquanto que, para os crimes, admite-se reclusão 74
12 5. [Perito Criminal-(Ár. 1)-(NS)-Polícia Científica-PR/2017-IBFC].(Q.10) Considere as regras básicas aplicáveis ao Direito Penal e ao Direito Processual Penal para assinalar a alternativa correta sobre a imputabilidade penal. a) São inimputáveis os menores de dezoito anos e semi-imputávies aqueles que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento b) São imputáveis os menores de dezoito anos e semiimputávies aqueles que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento c) São inimputáveis os menores de dezoito anos e aqueles que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento d) São imputáveis os menores de dezoito anos e inimputáveis aqueles que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, eram, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento e) São imputáveis os menores de dezoito anos e inimputáveis aqueles que, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não eram inteiramente capazes de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento 6. [Perito Criminal-(Odontolegista)-(NS)-Polícia Científica-PR/2017-IBFC].(Q.65) O parágrafo primeiro do artigo 129 do Código Penal estabelece casos de lesões corporais graves. Assinale a alternativa que não resulta em lesões corporais graves de acordo com o Código Penal. a) Debilidade permanente de membro b) Incapacidade para as ocupações habituais por 10 dias c) Aceleração do parto d) Debilidade permanente de sentido e) Perigo de vida 7. [Oficial de Cartório Policial-(6ª Classe)-(NS)-(VA)-PC-RJ/2013-IBFC].(Q.84) Na descrição típica do crime de homicídio o Código Penal prevê hipóteses de diminuição de pena e algumas figuras qualificadoras. Tendo em conta as referidas disposições legais, analise as afirmativas a seguir: I. O pai de um jovem viciado em crack que, em ato de desespero, mata o traficante que fornece drogas para o seu filho, poderá ter sua pena reduzida em face da caracterização do homicídio privilegiado por relevante valor moral. II. O marido que, ao surpreender a esposa conversando com outro homem em praça pública, tomado por ciúme egoístico, efetua disparos de arma de fogo contra ela, ceifando sua vida, comete homicídio privilegiado em decorrência do domínio da violenta emoção. III. O homicídio praticado por agente público, que tem como vítima o morador de uma comunidade carente suspeito de colaborar com os traficantes locais, caracteriza figura privilegiada, em decorrência do relevante valor social da conduta IV. O cliente que suprime a vida do dono de um bar porque este se negou a servir-lhe uma dose de bebida fiado, comete o crime de homicídio qualificado pelo motivo fútil. V. O agente que emprega violência física reiterada contra o suspeito da prática de um crime visando extrair-lhe a confissão, mas lhe causa a morte em decorrência da intensidade das sevícias, responde pelo crime de homicídio qualificado pela tortura. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I, IV e V. b) II, III e IV. c) I e IV d) IV e V. e) II, III e V. 75
13 8. [Aluno Agente-(NM)-(VA)-SAEB-SEAP/2014-IBFC].(Q.53) Considerando a legislação sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA. Considera-se furto qualificado se o crime é cometido: a) Por condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum. b) com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. c) com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. d) com emprego de chave falsa. e) mediante concurso de duas ou mais pessoas. 9. [Soldado-(NMC)-(VA)-PM-BM-PB/2014-IBFC].(Q.59) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa constitui o crime de. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna. a) Furto. b) roubo. c) Extorsão mediante sequestro. d) Extorsão. 10. [Soldado-(NMC)-(VA)-PM-BM-PB/2014-IBFC].(Q.74) Assinale a alternativa INCORRETA. Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) Com o fim de obter confissão da vítima ou de terceira pessoa. b) Para provocar ação ou omissão de natureza criminosa. c) Em razão de discriminação racial ou religiosa. d) Para obrigar ao pagamento da indenização civil ex delicto. GABARITO C D A C C B C A D D 76
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