Plano Estratégico da Educação
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- Benedicto Cipriano Deluca
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1 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Plano Estratégico da Educação Vamos aprender! Construindo competências para um Moçambique em constante desenvolvimento. 12 de Junho, 2012
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3 Índice Lista de Quadros... v Lista de Gráficos...vii Lista de Abreviaturas... ix Prefácio... 1 Resumo... 3 A contextualização do Plano Estratégico da Educação... 3 O racional para as prioridades e enfoques nos próximos anos... 4 Principais implicações para a implementação... 6 O financiamento Contexto Educação: factor crucial para o combate à pobreza e para o desenvolvimento do país Enquadramento do plano estratégico no Sistema Nacional de Planificação Contexto económico e social do país Sistema Educativo Ensino Geral Ensino Técnico-Profissional Ensino Superior Modalidades de Ensino Administração do Sistema Visão e missão Visão de longo prazo Missão Agendas internacionais e regionais Educação para Todos Integração na região Eficácia da ajuda internacional Parcerias Participação das famílias e comunidades Diálogo com os parceiros internacionais Envolvimento da sociedade civil e do sector privado ÍNDICE I
4 3. A implementação do Plano Estratégico da Educação e Cultura Historial As estratégias do PEEC / Resultados alcançados Um sistema expandido Um sistema mais equilibrado Aumento dos recursos humanos e financeiros Uma população mais educada Grandes desafios Em termos de acesso: crianças e jovens fora do sistema Em termos de qualidade: preocupação com a eficácia do ensinoaprendizagem Em termos de desenvolvimento institucional: fraquezas na implementação dos planos Apreciação da avaliação do Plano Estratégico Prioridades e enfoques para o sector da Educação ( ) Prioridades para os anos Ligação com os planos do Governo para o desenvolvimento do País Grandes enfoques nos próximos anos Inclusão e equidade no acesso e retenção Aprendizagem do aluno Boa governação Estrutura do Plano Estratégico Uma programação por nível do ensino Tratamento de temas transversais Uma abordagem de integração Questões de género Crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais Prevenção e mitigação do HIV e SIDA Ambiente escolar saudável e seguro Programas específicos Produção escolar Alimentação escolar e nutrição Desporto Escolar Áreas programáticas Formação, capacitação e motivação do professor Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) Educação Aberta e à Distância (EAD) Programas Sectoriais Ensino (Pré-) Primário II ÍNDICE
5 6.1.1 Visão Estágio actual Prioridades para os próximos anos Enfoque especial: Primeira Infância Estratégias principais do ensino primário Acções prioritárias Alfabetização e Educação de Adultos Visão Estágio actual Prioridades para os próximos anos Estratégias principais Acções prioritárias Ensino Secundário Geral Visão Estágio actual Prioridades para os próximos anos Estratégias principais Acções prioritárias Ensino Técnico-Profissional Visão Estágio actual Prioridades para os próximos anos Estratégias principais Acções prioritárias Ensino Superior Visão Estágio actual Prioridades para os próximos anos Estratégias principais Acções prioritárias Desenvolvimento Administrativo e Institucional Visão Estágio actual Prioridades para os próximos anos Estratégias principais Acções prioritárias Arranjo institucional da implementação Plano e orçamento anual Mandato do sector da educação O Ministério de Educação (MINED) Órgãos locais ÍNDICE III
6 7.3 Modalidades de financiamento Fonte interna Fonte externa Receitas próprias (monetárias ou em espécie) Contribuição do sector privado Monitoria e avaliação Acompanhamento e supervisão da implementação das intervenções do sector Monitoria e avaliação do desempenho do sector Envolvimento dos níveis sub-nacionais Monitoria da implementação do Memorando de Entendimento do FASE Plano de acção de combate à corrupção Estratégia de comunicação e informação Custos da implementação Modelo de custeamento Previsões financeiras de médio-prazo Pressupostos Os efectivos Custos unitários das acções prioritárias do sector Despesa prevista por programa sectorial e tipo de despesa Pressupostos, oportunidades e riscos Pressupostos Oportunidades Riscos Documentação Anexo 1: Matriz Estratégica Ensino (Pré-) Primário Alfabetização e Educação de Adultos Ensino Secundário Geral Ensino Técnico-Profissional Ensino Superior Desenvolvimento Administrativo e Institucional IV ÍNDICE
7 Lista de Quadros Quadro 1: Instrumentos políticos, estratégicos e operacionais de Planificação, Orçamentação e Monitoria Quadro 2: Rede escolar por nível de ensino leccionado, 2004, 2007 e 2011 (ensinos público, privado e comunitário) Quadro 3: Número de alunos e percentagem de raparigas por nível de ensino, 2004, 2007 e 2011 (turnos diurno e nocturno, ensinos público, comunitário e privado) Quadro 4: Evolução do número de novos professores recrutados e do rácio alunos-professor (ensino primário público) Quadro 5: Total de professores e percentagem de professoras no EP1, EP2 e ESG1, (turno diurno, ensinos público e comunitário) Quadro 6: Total de professores e percentagem de professores sem formação pedagógica no EP1, EP2 e ESG1, (turno diurno, ensinos público e comunitário) Quadro 7: Evolução do número de graduados, por nível de ensino e sexo, (turnos diurno e nocturno, ensinos público, comunitário e privado) Quadro 8: Taxas de escolarização por sexo e grupo etário, (turnos diurno e nocturno, ensinos público, comunitário e privado) Quadro 9: Programas sectoriais, objectivos estratégicos e acções prioritárias Quadro 10: Objectivos, indicadores e metas gerais do sector para os anos , por programa sectorial Quadro 11: Previsões financeiras para o período , baseadas na execução de 2010 e no orçamento para 2011 (em milhões de MT, 2010) Quadro 12: Indicadores principais com impacto directo nos efectivos no sistema (alunos e professores) Quadro 13: Taxas brutas de escolarização, 2010 (valores observados) e projecções por cenário) Quadro 14: Determinantes dos custos dos programas principais do sector Quadro 15: Custos previstos por nível de ensino e para os principais programas do sector (valores em milhões de MT, 2010) LISTA DE QUADROS V
8 Quadro 16: Custo por aluno por nível de ensino (em Meticais) Quadro 17: Rácio do custo por aluno por níveis de ensino, por referência ao custo por aluno no EP1 (Ep1 = 1) Quadro 18: Efectivos (alunos e professores), 2004, 2010 e projecções para 2016 (por cenário) VI LISTA DE QUADROS
9 Lista de Gráficos Gráfico 1: Evolução do Sistema Educativo, 1974/5 2011, ensino primário público, turnos diurno e nocturno Gráfico 2: Evolução da percentagem de meninas frequentando o Ensino Primário e Secundário (1º e 2º ciclos), (turno diurno, ensino público, privado e comunitário) Gráfico 3: Percentagem de meninas no Ensino Primário, 2004 e 2011 (turnos diurno e nocturno, ensinos público, privado e comunitário) Gráfico 4: Evolução do orçamento e sua execução no sector da Educação, Gráfico 5: Crianças com 6 e 7 anos na 1ª classe, 2007 e 2011, e taxas de escolarização aos 6 e 7 anos, 2011 (ensinos público, privado e comunitário) Gráfico 6: Número de alunos na 1ª classe (total e com 9 anos e mais), e percentagem dos alunos com 9 anos e mais (ensinos público, comunitário, privado) Gráfico 7: Taxas de desistência na 2ª, 5ª e 7ª classes, 2007 e 2011 (ensinos público, comunitário, privado, turnos diurno e nocturno) Gráfico 8: Resultados dos testes de leitura: médias e percentagem (SACMEC III) Gráfico 9: Número de professores no ESG1 e no ESG2 e percentagem de professores com formação pedagógica adequada, (turno diurno, ensino público) Gráfico 10: Graduados no ESG1 e ESG2 e taxas de aproveitamento, por turnos, (ensino público) Gráfico 11: Número de alunos no ESG 1 e 2 e rácios de alunos por turma, (turno diurno, ensino público) LISTA DE GRÁFICOS VII
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11 Lista de Abreviaturas %M Proporção de Mulheres (sexo feminino) ADE Apoio Directo às Escolas ADPESE Apoio da Dinamarca ao Plano Estratégico do Sector da Educação AEA Alfabetização e Educação de Adultos AGO Apoio Geral ao Orçamento BdPES Balanço do Plano Económico e Social CALE Comissão de Avaliação para o Livro Escolar CEE Construção e Equipamento Escolar CES Conselho do Ensino Superior CFMP Cenário Fiscal de Médio Prazo CFQAEAs Centros de Formação de Quadros de Alfabetização e Educação de Adultos CGE Conta Geral do Estado CIFP Comissão Interministerial da Função Pública CIREP Comissão Interministerial da Reforma da Educação Profissional CNAQ Conselho Nacional de Avaliação da Qualidade do Ensino Superior CNES Conselho Nacional do Ensino Superior COPA Comité Paritário de Acompanhamento COREP Comissão da Reforma da Educação Profissional COVs Crianças Órfãs e Vulneráveis CUT Conta Única do Tesouro DAF Direcção/Departamento de Administração e Finanças DANIDA Agência Dinamarquesa de Desenvolvimento Internacional DFID Department for International Development (United Kingdom) Departamento para o Desenvolvimento Internacional (Reino Unido) DICES Direcção de Coordenação do Ensino Superior DINET Direcção Nacional do Ensino Técnico DIPE Direcção de Programas Especiais DIPLAC Direcção de Planificação e Cooperação DNEAP Direcção Nacional de Estudos e Análise de Políticas (MPD) DNFP Direcção Nacional de Formação de Professores DNO Direcção Nacional do Orçamento DPEC Direcção Provincial de Educação e Cultura DPI Desenvolvimento da Primeira Infância LISTA DE ABREVIATURAS IX
12 DPPF DRH DTS (e)-sistafe EAD EE EFA EGFE EMIS EB EP EP1 EP2 EPC EPT E-QAD ES ESG ESG1 ESG2 ETP FAO FASE FC FNUAP FP FTI FUNDEC GCC GoM GTPGF GTZ/GIZ HIV e SIDA HM IBE IEDA IESs IFP Direcção Provincial de Plano e Finanças Direcção de Recursos Humanos Doenças de Transmissão Sexual Sistema (electrónico) de Administração Financeira do Estado Educação Aberta e à Distância Educação Especial Education For All / Educação Para Todos Estatuto Geral dos Funcionários do Estado Sistema da Informação sobre a gestão da educação/ Education Management Information System Ensino Bilingue Ensino Primário Ensino Primário do 1º Grau Ensino Primário do 2º Grau Ensino Primário Completo (da 1ª à 7ª classe) Educação para Todos Quadro de Avaliação de Desempenho do sector da Educação Ensino Superior Ensino Secundário Geral Ensino Secundário Geral (1º ciclo, 8ª à 10ª classe) Ensino Secundário Geral (2º Ciclo, 11ª e 12ª classe) Ensino Técnico-Profissional Food and Agriculture Organization of the United Nations Organização de Nações Unidos para a Agricultura e a Alimentação Fundo de Apoio ao Sector da Educação Fundo Catalítico / Catalytic Fund (FTI) Fundo das Nações Unidas para a População Formação de Professores Fast Track Initiative / Iniciativa Acelerada Fundo para Desenvolvimento de Competências Grupo Conjunto do Coordenação Governo de Moçambique Grupo de Trabalho de Planificação e Gestão Financeira Deutsche Gesellschaft für technische Zusammenarbeit Cooperação Técnica Alemã Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) Total de ambos os sexos (Homens e Mulheres) Instituto de Bolsas de Estudo Instituto de Educação Aberta e à Distância Instituições do Ensino Superior Instituto de Formação de Professores X LISTA DE ABREVIATURAS
13 IGED INE INED INEFP INSIDA KFW M MdE MEC MEPT MESCT MICS MINED MISAU MITRAB MMAS MPD MSS MT OdMs OE ONG ONP OTEO PARP(A) PCEB PCs PdA PEE PEEC PEES PES PESD PGB PIREP PMA PNUD POEMA PQG QAD Inspecção Geral da Educação Instituto Nacional de Estatística Instituto Nacional de Educação à Distância Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional Inquérito Nacional de Prevalência, Riscos Comportamentais e Informação sobre o HIV e SIDA Kreditanstaltfür Wiederaufbau / Banco Alemão para o Desenvolvimento Mulheres (sexo feminino) Memorando de Entendimento Ministério da Educação e Cultura Movimento de Educação Para Todos Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia Multiple Indicator Cluster Survey Ministério da Educação Ministério da Saúde Ministério do Trabalho Ministério da Mulher e Acção Social Ministério da Planificação e Desenvolvimento Mundo Sem Segredos Metical Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Orçamento de Estado Organização Não Governamental Organização Nacional dos Professores Orientações e Tarefas Escolares Obrigatórias Plano de Acção para a Redução da Pobreza (Absoluta) Plano Curricular do Ensino Básico Parceiros de Cooperação Programa de Actividades Plano Estratégico de Educação Plano Estratégico de Educação e Cultura Plano Estratégico do Ensino Superior Plano Económico e Social Programa de Ensino Secundário à Distância Programa Geração Biz Programa Integrado da Reforma de Educação Técnico-Profissional Programa Mundial de Alimentação Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Planificação, Orçamentação, Execução, Monitoria e Avaliação Plano Quinquenal do Governo Quadro de Avaliação de Desempenho LISTA DE ABREVIATURAS XI
14 QIF QNQP QUANQES RAR REO REP RET RH SACMEQ SADC SAQEM SDEJTs SIDA SIGEDAP SIGE SINAQES SNATCA SNE SWAP TARV TdR TICs UGB UGE UNESCO UNICEF UNIFEM UNSIDA UP USAID USD ZIP Quality Enhancement and Innovation Fund/ Fundo para a melhoria da Qualidade e Inovação Quadro Nacional de Qualificações Profissionais Quadro Nacional de Qualificações do Ensino Superior Reunião Anual de Revisão Relatório de Execução do Orçamento Reforma da Educação Profissional Repartição do Ensino Técnico Recursos Humanos Southern and Eastern Africa Consortium for Monitoring Educational Quality Southern African Development Community Sistema de Avaliação de Qualidade de Educação em Moçambique Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia Síndroma de Imunodeficiência Adquirida Sistema de Gestão de Desempenho da Administração Pública Sistema Integrado de Gestão para Educação Sistema Nacional de Avaliação, Acreditação e Garantia de Qualidade do Ensino Superior Sistema Nacional de Acumulação e Transferência de Créditos Académicos Sistema Nacional de Educação Sector Wide Approach / Abordagem Sectorial Tratamento Anti-Retroviral Termos de Referência Tecnologias de Informação e Comunicação Unidade de Gestão Beneficiária Unidade de Gestão Executora United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization/ Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura United Nations Children's Fund Fundo das Nações Unidas para a Criança United Nations Development Fund for Women Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e SIDA Universidade Pedagógica United States Agency for International Development Agência de Cooperação Internacional dos Estados Unidos United States Dollar / Dólar dos Estados Unidos da América Zona de Influência Pedagógica XII LISTA DE ABREVIATURAS
15 Prefácio O retorno socioeconómico da educação para o indivíduo, para as família e a nação em geral tem estado nas agendas políticas de desenvolvimento nacional e internacional, e motiva os pais e as famílias a enviar os seus filhos para a escola. A Educação é, por excelência, um instrumento crucial para o combate à pobreza, uma vida mais saudável, para sustentar o crescimento económico, bem como para reforçar a democracia e a participação de todos os cidadãos nas agendas nacionais. Com a conquista da nossa Independência Nacional em 1975, a Educação passou a constar no topo das prioridades na Governação da nossa Pátria Amada. Moçambique encara a Educação como um direito humano e um instrumento chave para a consolidação da Paz, da unidade nacional e para o desenvolvimento económico, social e político do País através da formação de cidadãos com elevada auto-estima e espírito patriótico. Com o advento da Paz em 1992, anualmente, cada vez mais crianças têm acesso à escola a todos os níveis o que permitiu que, desde então, o número de alunos passasse de um pouco mais de 1,5 milhões para mais de seis milhões em Hoje, uma parte significativa das nossas crianças e jovens têm a possibilidade de prosseguir os seus estudos em outros níveis, nas diferentes áreas de ensino. De ano para ano, vem-se registando uma redução significativa das disparidades regionais e de género principalmente no ensino primário e secundário. Os sucessos que temos vindo a lograr, são, em larga medida, resultado das reformas introduzidas no nosso sistema educativo, sobretudo no ensino primário, com destaque para a provisão do livro escolar gratuito, a abolição das taxas de matrícula, a introdução do novo currículo, a construção acelerada de salas de aula, a reforma do programa de formação de professores e a introdução do programa Apoio Directo às Escolas. Contudo, permanecem ainda grandes desafios por superar: há ainda um número considerável de crianças fora da escola, há muitas crianças que tendo ingressado na primeira classe não concluem as sete classes do ensino primário. O rácio alunos por professor é ainda muito alto. Na vertente da qualidade de ensino, constitui preocupação o facto de parte significativa de crianças atingir o fim do primeiro ciclo do ensino primário sem que tenham desenvolvido as competências de leitura e escrita, plasmadas no currículo. O aproveitamento pedagógico, sobretudo na 10ª e 12ª classe do ensino secundário, constitui igualmente uma fonte de preocupação. A jusante, a preocupação do sector reside na necessidade do aprimoramento da ligação do graduado dos diferentes níveis do Sistema Nacional de Educação com o mercado de PREFÁCIO 1
16 trabalho, nomeadamente nas áreas do Ensino Técnico onde a Reforma da Educação Profissional tem como missão primordial, a formação de mão-de-obra qualificada para responder às necessidades do sector produtivo. A introdução de matérias profissionalizantes nas Escolas Secundário e nos centros de AEA fazem igualmente parte desse pacote de iniciativas com o objectivo de preparar os jovens e adultos para a vida. Com base no diagnóstico assente numa auto-avaliação sectorial e na avaliação externa e independente, e tendo em conta as prioridades do Governo bem como a visão estratégica de longo prazo, foi elaborado o presente Plano Estratégico da Educação para o período , que tenho a honra de prefaciar. O novo Plano Estratégico privilegia a continuação da expansão do Sistema Educativo, explorando várias modalidades de ensino, incluindo o ensino à distância, beneficiando do potencial das novas tecnologias, e dentro dos limites que permitam assegurar a qualidade dos serviços educativos prestados. Neste contexto, uma atenção particular é dada ao desenvolvimento da primeira infância, que é crucial para o sucesso académico e social das nossas crianças, e ao desenvolvimento de competências com vista a garantir a formação de capital humano qualificado necessário ao aumento da produção e da produtividade e inovar a produção de bens e serviços. A elaboração do presente Plano Estratégico, foi caracterizada por um processo participativo, no qual alunos, professores, pais e encarregados de educação, organizações da sociedade civil, confissões religiosas, técnicos, quadros de diferentes Ministérios e parceiros de cooperação apresentaram preciosas contribuições, tendo juntos alcançado consensos em torno de certas matérias. A todos, Muito Obrigado! A implementação do Plano Estratégico , exige, uma vez mais, a união de todos os actores no processo educativo e de todos os segmentos da nossa sociedade. Sendo a educação de qualidade uma tarefa de todos nós e de cada um: Contamos consigo. Incondicionalmente. Zeferino Martins Ministro da Educação 2 PREFÁCIO
17 Resumo A contextualização do Plano Estratégico da Educação A visão e missão O presente Plano Estratégico define os objectivos, prioridades e as estratégias principais para o desenvolvimento do sector da Educação nos próximos cinco anos a partir da visão de longo prazo que promove a educação como um direito humano e um instrumento eficaz para a afirmação e integração do indivíduo na vida social, económica e política, indispensável para o desenvolvimento do país e para o combate à pobreza. O Plano guiará a programação, o financiamento e a monitoria das intervenções chaves do sector nos anos , virado para o a construção de um sistema educativo justo, inclusivo, eficaz e eficiente onde os alunos adquirem os conhecimentos, atitudes e habilidades, desenvolvendo as competências requeridas para realizar a visão de longo prazo. O processo da sua elaboração A elaboração do Plano Estratégico iniciou em Março de Desde então, tiveram lugar várias reflexões e consultas, internas e externas, aos diversos níveis do sector. As consultas abarcaram igualmente os parceiros da sociedade civil bem como os parceiros de cooperação internacional. A elaboração do Plano beneficiou ainda dos comentários de outros ministérios e indivíduos interessados. Foi realizada uma avaliação independente da implementação do Plano Estratégico de Educação e Cultura (PEEC) e foram realizadas outras análises sobre a situação actual do sector em termos de progressos feitos e dos grandes desafios para um melhor desempenho no futuro. O Documento de Fundo para solicitar financiamento adicional ao Fundo Catalítico da Iniciativa Acelerada de Educação para Todos, EFA FTI 1 (Setembro, 2010) foi a primeira versão deste plano. A sua apresentação ao nível de parceria internacional resultou num financiamento adicional de 161 milhões 2 de dólares americanos para a sua implementação. 1 2 O nome actual desta iniciativa é Parceria Global para Educação. USD 90 Milhões financiamento da parceria internacional através do Fundo Catalítico e USD 71 milhões IDA do Banco Mundial. RESUMO 3
18 O racional para as prioridades e enfoques nos próximos anos Educação: instrumento para o desenvolvimento do País O aumento da oferta de uma educação de qualidade para todos é uma das estratégias principais do Governo para o desenvolvimento do País e para a redução da pobreza. Evidências dos estudos internacionais, apesar de nem todos serem relevantes para o contexto moçambicano, comprovam os vários benefícios do aumento da escolarização para o indivíduo e para a sociedade em geral. É estimado que um ano adicional de escolarização da população pode resultar no retorno de cerca 10% em termos do PIB 3. Uma melhor educação das mães explica em 50% a redução das taxas de mortalidade das crianças menores de cinco anos 4. A educação da mãe é um factor importante para o sucesso escolar dos seus filhos. Relativamente a Moçambique, o estudo conduzido pelo Banco Mundial 5 comparando os níveis de renda e riqueza entre 2003 e 2008, mostrou que a educação é chave para a redução da dependência da família da produção agrícola, e o aumento do nível de renda 6. O impacto é mais significativo e directo para as pessoas que têm concluído o ensino primário do que para os outros níveis de ensino. Esta ligação positiva entre a escolarização e o desenvolvimento económico e social, justifica o compromisso internacional e nacional para atingir os Objectivos de Milénio e, sobretudo, para com o objectivo de universalização do ensino primário. O estágio actual do sector Nos últimos anos, o sector da Educação registou grandes progressos, particularmente no concernente ao aumento da oferta da educação. Mais crianças ingressaram anualmente nas escolas; mais crianças progrediram anualmente de um nível para outro. Destacou-se a expansão do ensino secundário e a redução das disparidades geográficas e de género. Permanecem contudo, grandes desafios para o futuro, principalmente quanto à capacidade de proporcionar um efectivo ensino inclusivo, através da retenção dos alunos no sistema e a sua progressão para o nível seguinte, bem como no que tange à 3 The Role of Education Quality in Economic Growth Eric A. Hanushek and Ludger Wößmann, World Bank Policy Research Working Paper 4122, February Increased educational attainment and its effect on child mortality in 175 countries between 1970 and 2009: a systematic analysis, Dr. Emmanuela Gakidou, et all, The Lancet, Volume 376, Issue 9745, Pages , 18 September Primary Education Reform in Mozambique: feedback from the Ground, Lucrecia Santibanez e Louise Fox, Maio 2011, World Bank. 6 Uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial em 2003, mostra que ter completado algumas classes do ensino primário contribuiu para o aumento do nível de consumo per capita nas zonas rurais em 6% e nas zonas urbanas em 12%, enquanto a conclusão do EP1 fez duplicar este efeito. 4 RESUMO
19 melhoria da qualidade da educação, virada para um melhor desempenho dos alunos em todos os níveis de ensino em termos da seu aproveitamento e desenvolvimento das competências requeridas. Os grandes constrangimentos A manutenção e a melhoria do sistema educativo, ainda em fase de crescimento, anualmente precisa de mais recursos humanos e financeiros. Devido à crise económica, é previsível um crescimento do volume de recursos inferior às necessidades. Isto implica priorizar as intervenções e melhorar a eficiência na utilização dos recursos disponíveis. Para assegurar uma implementação eficiente e eficaz, há necessidade ainda de continuar a elevar a capacidade do sector com quadros cada vez mais qualificados e motivados para a gestão dos processos de mudança e para assegurar a consolidação das reformas iniciadas ao nível do sector da educação e do sector público na sua generalidade. As prioridades para os próximos anos A análise dos grandes desafios enfrentados resultou na formulação dos seguintes objectivos principais do sector da educação para o período : Assegurar a inclusão e equidade no acesso e retenção na escola; Melhorar a aprendizagem dos alunos; Garantir uma boa governação do sistema. Consciente das limitações em termos de capacidade institucional existente, e considerando as previsões sobre os recursos humanos e financeiros de médio-prazo, o sector optou pela elaboração de um plano realístico que tenta optimizar o potencial das intervenções e os pré-requisitos para uma implementação eficiente e eficaz. Isto significa balançar entre o que é desejável e o que é possível. Assim sendo, nos próximos anos, o sector continuará a privilegiar a universalização do Ensino Primário de 7 classes, com enfoque na aprendizagem e desenvolvimento de competências básicas de leitura, escrita e numeracia. Ao mesmo tempo, a necessidade de ter uma visão holística do desenvolvimento do sistema educativo é chave para assegurar a aquisição de competências e habilidades avançadas e especializadas para sustentar e impulsionar o actual desenvolvimento do País. Neste contexto, o sector continua a criar as condições necessárias para uma expansão do ensino pós-primário de qualidade e relevante para as economias existentes e emergentes no País. RESUMO 5
20 O compromisso do sector para preparar os alunos para a vida laboral realizar-se-á através i) do aumento dos graduados do ensino secundário geral com competências gerais e profissionalizantes para facilitar a sua transição para a vida adulta e laboral; ii) da expansão de Ensino Técnico-Profissional de qualidade, baseado em competências necessárias e requeridas pelo mercado de trabalho, com enfoque nos sectores prioritários e nas indústrias emergentes; e iii) da criação de oportunidades de formação e capacitação profissionais de curta duração, respondendo melhor e de forma mais rápida às necessidades de ter uma mão-de-obra qualificada. Ao mesmo tempo, a expansão dos programas de alfabetização e educação não-formal, concentrados na aquisição de habilidades para a vida, deverá contribuir para a redução do analfabetismo, e ao mesmo tempo, reforçando a capacidade dos alfabetizados de intervirem activamente no percurso da sua vida pessoal e da sua família. A consolidação das reformas iniciadas no ensino superior deverá assegurar, entre outros, o fortalecimento da capacidade intelectual, científica, tecnológica e cultural necessária para o desenvolvimento socioeconómico do País. Principais implicações para a implementação Assegurar a inclusão e equidade no acesso e retenção na escola A expansão do sistema será realizada através da rentabilização dos progressos feitos ao longo dos últimos anos significando o aumento do número de graduados através de uma maior eficiência interna das instituições, da diversificação das modalidades de ensino beneficiando das oportunidades oferecidas pelas novas tecnológicas e da expansão da provisão de educação pelo sector privado. Para evitar a exclusão dos alunos por razões de género, necessidades educativas especiais ou condição económica, é necessário introduzir-se programas de apoio social. Para o efeito, serão levadas a cabo acções como a oferta de lanche escolar e apoio material às crianças mais vulneráveis. Este apoio será dado através, por exemplo, do programa Apoio Directo às Escolas no ensino primário, e da concessão de bolsas no ensino pós-primário para estudantes com mérito, priorizando os mais jovens e as raparigas. Motivando ainda a equidade e a inclusão, o Plano Estratégico promove a integração nos programas existentes de intervenções específicas viradas para as áreas transversais como sendo, entre outras, HIV e SIDA, género, necessidades educativas especiais e a construção de escolas saudáveis e seguras, bem como a produção escolar e o desporto escolar. Neste contexto, a produção escolar assumirá um papel importante, como complemento na educação dos jovens e no aumento da diversidade da dieta alimentar dos centros internatos e lares. 6 RESUMO
21 Melhorar a aprendizagem dos alunos A melhoria do desempenho do aluno resulta de um processo multidimensional e complexo virado para melhorar a qualidade da educação. O aumento dos recursos financeiros, materiais e humanos, beneficiando directamente as escolas, é prioritário num contexto onde a maioria das escolas são subfinanciadas, operando em condições precárias, com salas de aula superlotadas, não equipadas e com altos rácios de alunos por professor. Para além do aumento dos recursos financeiros, é crucial ter professores melhor preparados, motivados e apoiados para assegurar a aprendizagem dos seus alunos. Isto implica investimentos na melhoria da sua formação, na elaboração dos instrumentos para uma avaliação contínua da aprendizagem do aluno, e em incentivos que motivem um melhor desempenho. Para que o aumento de recursos financeiros, bem como humanos, tenha o impacto desejável no desempenho do aluno, o enfoque será na gestão escolar, entre outros, através de uma maior atenção à selecção, colocação e capacitação dos gestores escolares, bem como a supervisão e monitoria do funcionamento das escolas, e a capacitação dos Conselhos de Escola na gestão e prestação de contas. Considerando a importância dos primeiros anos para o desenvolvimento de uma criança e o seu sucesso escolar, uma atenção especial é dada ao desenvolvimento da criança na idade pré-escolar. Em estreita colaboração com o MMAS e outros ministérios relevantes serão preparadas as condições para a expansão de oportunidades de educação pré-escolar. Boa governação O desenvolvimento dos recursos humanos do sector é chave para uma boa governação do sistema educativo, promovido através de uma gestão integrada do pessoal docente e não docente em termos de recrutamento, selecção, contratação, progressão e avaliação, bem como na sua formação, capacitação, motivação e retenção. Ao mesmo tempo, é crucial a responsabilização de todos os envolvidos pelo seu próprio desempenho e pelo desempenho do sector como um todo. Isto implica melhorar o controlo interno, reforçar a supervisão e a inspecção e um melhor envolvimento dos Conselhos de Escola na prestação de contas e na observância dos padrões e normas educativas, para garantir a qualidade do ensino. Mais de metade do orçamento será descentralizado para os distritos que têm uma importante responsabilidade na implementação do plano. Isto requererá uma atenção particular ao desenvolvimento institucional e dos recursos humanos ao nível dos RESUMO 7
22 distritos, particularmente nos processos de Planificação, Orçamentação, Execução, Monitoria e Avaliação (POEMA). O financiamento O nível de ambição em termos de resultados a atingir (metas) depende, em grande parte, dos recursos disponíveis nos próximos anos. O plano apresenta dois cenários baseados nas previsões financeiras conhecidas para os próximos anos e prioriza as actividades viradas para a provisão de um ensino primário de qualidade para todos. O segundo cenário é um pouco mais ambicioso, prevendo a disponibilização de mais recursos, facilitando uma aceleração na expansão do ensino pós-primário. A disponibilização de recursos adicionais ao longo do período da implementação do plano permitirá, ainda, acelerar as várias intervenções propostas como sendo a construção de salas de aula, apoio directo às escolas, aquisição de mobiliário e equipamento, apoio social aos mais vulneráveis, entre outros. Assumindo a educação como uma responsabilidade partilhada entre o governo, os pais e as famílias, bem como o sector produtivo que beneficiará do aumento de qualidade dos recursos humanos, nos próximos anos, será encorajado uma maior contribuição das famílias, a expansão do ensino particular através de pacotes de incentivos a elaborar, bem como um aumento da contribuição do sector produtivo no contexto dos programas de responsabilidade social das grandes empresas. 8 RESUMO
23 1. Contexto 1.1 Educação: factor crucial para o combate à pobreza e para o desenvolvimento do país Desde a independência, o Governo da República de Moçambique encara a Educação como um direito fundamental de cada cidadão, um instrumento para a afirmação e a integração do indivíduo na vida social, económica e política, um factor indispensável para a continuação da construção de uma sociedade moçambicana e para o combate à pobreza. Neste contexto, o Governo tem priorizado a criação e a expansão de oportunidades para assegurar que todas as crianças possam ter acesso e completar uma educação básica 7 de sete anos. Todavia, reconhece-se que a Educação Básica não é suficiente para apoiar e sustentar o desenvolvimento nacional num contexto de uma economia e sociedade globalizada em constante mudança. O Governo tem promovido uma visão holística do desenvolvimento do Sistema Educativo, o que implica tanto a universalização do Ensino Primário como a expansão, com qualidade, dos ensinos Secundário, Técnico- Profissional e Superior para reduzir a pobreza e estimular o desenvolvimento social, cultural, político e económico do país. A pobreza é considerada numa perspectiva multidimensional. A definição usada nos Planos de Acção para a Redução da Pobreza (Absoluta) (PARPA II , PARP ), define a pobreza como a impossibilidade por incapacidade, ou por falta da oportunidade de indivíduos, famílias e comunidades de terem acesso às condições mínimas, segundo as normas básicas da sociedade. Neste contexto, a pobreza não se define apenas em termos de pobreza monetária, medida através do nível de consumo, mas também em termos de oportunidades de acesso aos serviços básicos como a educação, a saúde, o saneamento, a informação, etc. A terceira avaliação nacional da pobreza (Setembro 2010), baseada no inquérito nacional ao orçamento familiar (IOF08/09), indicou que a pobreza de consumo ao nível nacional no período 2002/ /09 estagnou. Houve grandes avanços na expansão do acesso aos serviços públicos básicos feitos, principalmente nas áreas de Educação e de Saúde. Espera-se que os investimentos na Educação ao longo dos últimos anos produzam dividendos no 7 É referida a definição de Jomtiem (1990): uma educação básica é a fundação que fornece as competências necessárias para que o indivíduo se possa desenvolver e participar no desenvolvimento do seu país. Aquilo que define uma educação básica depende das especificidades de cada país e pode mudar com o tempo. No caso de Moçambique, a educação básica compreende a alfabetização e o ensino primário de sete anos. CONTEXTO 9
24 futuro: mais pessoas habilitadas a entrar no mercado de trabalho com melhores qualificações, porque terão, entre outros requisitos, completado o Ensino Primário 8. O governo continua a priorizar, nos seus planos nacionais de desenvolvimento, o investimento na Educação, com o objectivo de educar os cidadãos a desenvolver a auto-estima e o espírito patriótico, ou seja, a formar pessoas capazes de intervir activamente no combate à pobreza e na promoção do desenvolvimento económico, social, político e cultural do país. 1.2 Enquadramento do plano estratégico no Sistema Nacional de Planificação O Plano Estratégico do sector da Educação concretiza a visão do Governo para o desenvolvimento do sector da educação em objectivos e estratégias implementáveis num determinado período de tempo. O plano sectorial enquadra-se nos instrumentos de planificação, orçamentação e monitoria do sistema nacional de planificação do Governo (veja o Quadro 1). Quadro 1: Instrumentos políticos, estratégicos e operacionais de Planificação, Orçamentação e Monitoria Agenda 2025: reflecte a visão de longo prazo para o desenvolvimento do País. Plano Quinquenal do Governo (PQG): apresenta os objectivos e prioridades-chave do Governo num horizonte de cinco anos. Plano de Acção para a Redução da Pobreza (Absoluta) (PARP(A): apresenta a estratégia de médio prazo do Governo para reduzir o índice de pobreza. Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP): define os limites para a implementação do PARP(A) a médio prazo (três anos). Planos Estratégicos Sectoriais e Provinciais: apresentam os objectivos principais do Governo (do PQG) que os ministérios e as províncias devem atingir a médio prazo e as estratégias específicas para os atingir. (Balanço do) Plano Económico e Social ((Bd)PES): operacionaliza as linhas gerais do PQG e do PARP(A), traduzindo as estratégias sectoriais ou provinciais em acções concretas para serem implementadas no ano concernente. A sua implementação é avaliada semestralmente através do Balanço do PES. (Relatório de Execução do) Orçamento de Estado ((R)OE): define os fundos disponibilizados para a implementação das acções especificadas no PES. A sua execução é monitorada trimestralmente através do Relatório de Execução do Orçamento. O Programa de Actividades (PdA): traduz as acções do PES em actividades concretas relacionando-as com o orçamento disponibilizado para a sua implementação (através do Orçamento de Estado ou outras contribuições conhecidas, mas não inscritas no orçamento). 8 Fonte: Pobreza e Bem-estar em Moçambique: Terceira Avaliação Nacional MPD/DNEAP, Setembro, CONTEXTO
25 O Plano Estratégico do sector da Educação especifica as prioridades do Governo para o desenvolvimento da Educação como reflexo do Plano Quinquenal do Governo e do Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP) O Plano é estruturado com base na nova abordagem de programação, organizada por níveis de ensino, que foi elaborada pelo Ministério ao longo dos últimos anos e adoptada em O Plano é construído a partir da análise e avaliação dos progressos observados e dos desafios identificados durante a implementação do Plano Estratégico de Educação e Cultura , com o objectivo de melhorar o desempenho do sector nos próximos anos. O Plano integra e assume as estratégias subsectoriais e os programas específicos já elaborados e em curso e especifica as intervenções prioritárias do sector para os próximos anos ( ), considerando a visão global do sector e a capacidade institucional e financeira disponível nos diferentes níveis. O Plano contém, em anexo, a matriz estratégica de indicadores e a matriz operacional. O plano fornece um guia para a preparação dos planos e orçamentos anuais (PES, OE, PdA). Constitui, ainda, um instrumento-chave para as negociações sobre a alocação dos recursos (internos e externos) necessários e fornece um quadro para o acompanhamento e monitoria da sua implementação. 1.3 Contexto económico e social do país Com uma população de 20,6 milhões em 2007, Moçambique tem 11 províncias com uma grande diversidade sociocultural, linguística e geográfica. Existem 18 línguas nacionais e muitos mais dialectos. Aproximadamente 70% da população vive na zona rural. Na capital do país, a Cidade de Maputo, vive cerca de 5,3% da população. Nas duas províncias mais populosas, Nampula e Zambézia, vive quase 40% da população. Segundo o Censo de 2007, mais de metade da população (51,8%) é do sexo feminino, variando de 55% nas províncias de Gaza e de Inhambane a 50,5% nas províncias de Nampula e Niassa. O crescimento anual da população é de 2,6%. Mais de metade da população (52%) está no grupo etário de 0-18 anos e 20% no grupo etário 6-12 anos. Uma população tão jovem, que ainda não produz, coloca uma forte pressão sobre a economia do país que tem que assegurar a realização das necessidades básicas deste grande grupo de consumidores de produtos económicos e de serviços públicos. Esta situação é ainda agravada pelas altas taxas de prevalência de HIV (veja 5.2.4, pág. 46). Após a guerra dos 16 anos, a reconstrução do país começou em 1992, com a assinatura do Acordo Nacional de Paz. Desde então, a economia do país vem crescendo a um ritmo de cerca de 7-8% por ano (PIB). A inflação é de cerca de 10%. A despesa do CONTEXTO 11
26 Estado representa cerca de 30% do PIB. A despesa financiada por recursos externos através de donativos e créditos atinge os 45% do Orçamento de Estado (OE). O crescimento económico ao longo dos últimos anos tem facilitado a expansão dos serviços básicos em todo o país em termos de acesso à educação, saúde e saneamento, com maiores progressos nas zonas rurais. A proporção da população na escola aumentou de 30,8% em para 37,3% em A taxa de analfabetismo diminuiu de 60,1% em 2001 para 48,1% em Apesar do crescimento económico, 54% da população ainda vive abaixo da linha de pobreza em consequência de uma estagnação na diminuição da pobreza no período entre 2002/2003 e 2008/2009 ao nível nacional. Existem grandes diferenças entre regiões e províncias, com evolução positiva a Norte, mas com indicações de aumento da pobreza na zona Centro (províncias da Zambézia e de Sofala) no mesmo período. A zona Centro é a mais vulnerável aos choques climáticos. Ademais, os indicadores de nutrição para crianças com menos de cinco anos de idade mostram pouco progresso a nível nacional, aparentemente sem grande correlação com o nível de pobreza e de consumo da família. 1.4 Sistema Educativo A lei do Sistema Nacional de Educação (SNE), de , define o Sistema Educativo actual em 3 subsistemas: ensino pré-escolar, ensino escolar e ensino extra-escolar. O ensino pré-escolar é actualmente oferecido por creches e escolinhas do Ministério da Mulher e Acção Social (MMAS), das organizações não-governamentais ou comunitárias e pelo sector privado. Este subsistema, coordenado pelo MMAS, divide-se em dois níveis: o nível das creches, que cobre as crianças dos 0 aos 2 anos, e o nível dos jardins-de-infância que atende crianças entre os 2 e os 5 anos. A frequência é facultativa. O ensino escolar compreende i) o Ensino Geral, ii) o Ensino Técnico-Profissional e iii) o Ensino Superior. O Português é a língua oficial e a língua de instrução. O ensino extra-escolar engloba actividades de alfabetização e de aperfeiçoamento e actualização cultural e científica realizadas fora do sistema regular do ensino. 9 Fonte: PARP , 3 de Maio de Fonte: Inquérito de Indicadores Múltiplos (MICS), Lei nº 6/92, publicada no BR, nº 19 (1ª série), 6 de Maio, Deve-se notar que nalguns aspectos a Lei está desactualizada, principalmente no que concerne ao ensino técnico-profissional. Está prevista uma revisão da Lei após a aprovação deste Plano. 12 CONTEXTO
27 1.4.1 Ensino Geral Ensino Primário O Ensino Primário público é gratuito e está dividido em dois graus: o Ensino Primário do 1º grau (EP1, da 1ª à 5ª classe) e o Ensino Primário do 2º grau (EP2, 6ª e 7ª classes). Com a introdução do novo currículo em 2004, este ensino foi estruturado em 3 ciclos de aprendizagem numa perspectiva de oferecer um ensino básico de sete anos para todos: o 1º ciclo (1ª e 2ª classes), o 2º ciclo (3ª à 5ª classe) e o 3º ciclo (6ª e 7ª classes). A idade oficial de ingresso na 1ª classe é de seis anos, completados no ano de ingresso. As escolas primárias funcionam normalmente em dois turnos de 6 tempos lectivos (45 minutos por tempo lectivo), um de manhã e outro à tarde. Para acomodar a expansão do sistema, algumas escolas primárias, principalmente nas cidades, funcionam em três turnos de 5 tempos lectivos (40 minutos). Algumas escolas leccionam também o EP2 no turno nocturno, mas esta situação tende a diminuir. Menos de 2% dos alunos frequentam o ensino primário em escolas privadas ou comunitárias. Depois de concluir o Ensino Primário, os alunos podem continuar os seus estudos no Ensino Secundário Geral ou no Ensino Técnico-Profissional de nível básico. Ensino Secundário Geral O Ensino Secundário Geral tem dois ciclos: o primeiro compreende a 8ª, 9ª e 10ª classes. Depois de completar este nível de ensino, o aluno pode continuar os seus estudos no segundo ciclo do ensino geral (11ª e 12ª classes) que antecede a entrada no Ensino Superior. O Ensino Secundário Geral não é gratuito, havendo cobrança de propinas. Não há exames de admissão. Para responder à grande procura de lugares no ensino secundário, este nível de ensino opera com turnos nocturnos, principalmente para os alunos mais velhos (com mais de 15 anos). Além disso, estão a surgir muitas escolas privadas neste nível de ensino, particularmente nas cidades. Em 2011, estas escolas privadas eram frequentadas por 10% do total de alunos do ensino secundário. Recentemente, o MINED introduziu um programa de Ensino Secundário Geral à distância cuja cobertura é ainda limitada Ensino Técnico-Profissional O Ensino Técnico-Profissional estrutura-se neste momento em dois níveis: o nível básico 12 e o nível médio, ambos com a duração de três anos, e é organizado por ramos: comercial, industrial e agrícola. 12 O Ensino Técnico Elementar (pós 5ª classe) está em extinção. O nível básico incluirá as escolas profissionais. CONTEXTO 13
28 O critério mínimo de ingresso é a conclusão da 7ª classe para o nível básico, e, para o nível médio, a conclusão da 10ª classe do Ensino Secundário Geral ou do 3º ano do nível básico do Ensino Técnico-Profissional. Este nível de educação não é gratuito, havendo cobrança de propinas. O Ensino Técnico-Profissional está numa fase de reforma, com enfoque na introdução de um sistema educativo modular, seja ao nível básico, seja ao nível médio, que vai resultar em diferentes tipos de certificados (veja também 6.4 a partir da pág. 89) Ensino Superior O Ensino Superior inclui as universidades, escolas e institutos superiores públicos e privados bem como as Academias. Para ingressar no Ensino Superior, os alunos têm que concluir a 12ª classe do Ensino Secundário Geral ou o equivalente do Ensino Técnico-Profissional e aprovar num exame de admissão. Para evitar a exclusão para as classes com menor rendimento económico existe um sistema de bolsas. As instituições do Ensino Superior gozam de autonomia científica, pedagógica e administrativa, regulamentado através da Lei do Ensino Superior. Está em processo um alinhamento do currículo, graus e diplomas com os padrões internacionais como definido no contexto do acordo de Bolonha Modalidades de Ensino Para além do ensino geral, ensino técnico-profissional e ensino superior, a Lei 6/92 considera o Ensino Especial, o Ensino Vocacional, o Ensino de Adultos, o Ensino à Distância e a Formação dos Professores como modalidades especiais que, sendo parte integrante do ensino escolar, regem-se por disposições especiais e podem envolver outros ministérios (por exemplo o MMAS, no caso de Ensino Especial). A formação de professores para os diferentes níveis de ensino é oferecida por instituições especializadas Administração do Sistema A responsabilidade pela administração dos serviços de educação (do ensino geral) e a gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros é cada vez mais descentralizada até ao nível das escolas e das instituições com crescente autoridade financeira e poder de decisão (veja também 7.2, a partir da pág. 118). O Ministério da Educação (MINED) é responsável pela elaboração das políticas nacionais e pelo seu acompanhamento e monitoria, assegurando a coerência contínua com as grandes prioridades e os objectivos do Governo. Ao nível das províncias existem Direcções Provinciais de Educação e Cultura (DPECs) e dos distritos os 14 CONTEXTO
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