Beatriz Elise de Andrade-Silva 1 ; Jenif Braga de Souza 1 ; Maria Alice Amaral Kuzel 1 ; Giuliana Viegas Schirato 1 ; Carlos Alberto Müller 1
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1 breve comunicação ISSN MONITORAMENTO DOS PONTOS CRÍTICOS RELATIVOS À BIOSSEGURANÇA, BARREIRAS SANITÁRIAS E MACROAMBIENTE DO BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO DO PAVILHÃO LEÔNIDAS DEANE IOC/Fiocruz Beatriz Elise de AndradeSilva 1 ; Jenif Braga de Souza 1 ; Maria Alice Amaral Kuzel 1 ; Giuliana Viegas Schirato 1 ; Carlos Alberto Müller 1 1 Centro de Experimentação Animal, Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Rio de Janeiro, Brasil. Autor para correspondência: Carlos Alberto Müller camuller@ioc.fiocruz.br Recebido para publicação: 02/03/2012 Aceito para publicação: 30/05/2012 Objetivouse com esse estudo a realização do monitoramento dos pontos críticos de biossegurança, macroambiente e das barreiras sanitárias existentes no Biotério de Experimentação do Pavilhão Leônidas Deane (IOC/Fiocruz). Em um primeiro momento dos trabalhos desenvolvidos e os respectivos riscos envolvidos nessas atividades. Adicionalmente, os parâmetros de macroambiente foram padronizados e monitorados para a espécie utilizada (Mus musculus de esterilização e descontaminação, através da autoclavação. Os camundongos foram mantidos em racks ventilados (com lotação máxima de 05 animais por microisolador). A temperatura da sala dos animais era 21 ± 1 C, com fotoperíodo controlado por timer (ciclo de 12h claro/escuro). As partes mecânicas da autoclave e dos racks ventilados foram revisados mensalmente por empresas especializadas e quando necessário, as peças eram prontamente substituídas. Naquele momento, os ruídos emitidos por tais RESUMO tados, são de fundamental importância para propor medidas preventivas e corretivas para as espécies utilizadas como modelos experimentais, é um dos quesitos que confere bemestar aos animais, gerando, consequentemente, resultados experimentais Palavraschave: Biotério de Experimentação. Biossegurança. Macroambiente. Barreiras Sanitárias. 1 Introdução Os animais de laboratório podem ser considerados como uma importante ferramenta à disposição da Ciência, sendo utilizados, direta ou indiretamente, como reagentes biológicos nos mais diversos protocolos experimentais. À medida animais de laboratório também se desenvolveu para atender às necessidades emergentes da pes RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p , abr./maio/jun
2 MONITORAMENTO DOS PONTOS CRÍTICOS RELATIVOS À BIOSSEGURANÇA, BARREIRAS SANITÁRIAS E MACROAMBIENTE DO BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO DO PAVILHÃO LEÔNIDAS DEANE IOC/Fiocruz padronização das linhagens, dentro do princípio da reprodutibilidade experimental, ditado em meados dos anos Os animais devem ser alojados com o propósito espécie e de minimizar os comportamentos individuais de estresse. Os fatores ambientais podem como também no resultado experimental. As reações biológicas dos animais de laboratório estão correlacionadas às condições sanitárias, genéticas e aos fatores relacionados ao meio ambiente. A temperatura, a umidade, a taxa de troca do ar, a intensidade da iluminação e os níveis de ruído são pesquisa ou ensaios experimentais 2. A biossegurança em biotérios tem grande importância, pois diferentemente de outras atividades, a presença do animal agrava os riscos em que os trabalhadores são expostos. A possibilidade de adquirir infecções nos biotérios é muito grande, pois os animais de laboratório, em algumas situações, representam um risco para as pessoas que os manejam 3. Os aspectos de biossegurança relacionados às atividades com animais de laboratório são amplos, uma vez que, podem estar envolvidos diferentes riscos 3. Todos os animais devem ser tratados como potencialmente infectados, uma vez que, mesmo que não o sejam, podem apresentar infecções subclínicas, assintomáticas. Além de possivelmente estarem carreando agentes patogênicos, inclusive zoonóticos 4. O sentido da segurança biológica é de reduzir a das formas de agentes biológicos nos mais diversos trabalhos prevenindo a saída desses agentes e/ou animais de dentro dos sistemas de contenção utilizados como barreiras de segurança 5. Objetivouse com esse estudo realizar o monitoramento dos pontos críticos de biossegurança, do macroambiente e das barreiras sanitárias exis lhão Leônidas Deane (Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz IOC/Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil), no período de setembro de 2011 a março de métodos período de setembro de 2011 a março de 2012, senvolvidas, tais como: recebimento de animais e insumos, processos de esterilização e descontaminação, manejo dos animais e descarte de na legislação e nas normativas vigentes, foram críticos dos trabalhos rotineiramente efetuados 5,6. Os parâmetros de macroambiente foram padronizados para a espécie utilizada (Mus musculus), utilizando dados de Guidelines internacionais 7,8. da integridade das barreiras sanitárias de esterilização e descontaminação pelo processo de autoclavação. Concomitantemente houve o registro de parâmetros que estivessem em nãoconformidade. das atividades realizadas e consequentemente a rotineiramente efetuados. Todos os protocolos de pesquisa realizados pelos pesquisadores no biotério foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais e de manejo também foram avaliados pela referida 4 resutados Os camundongos foram mantidos em racks 196 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p , abr./maio/jun. 2012
3 Beatriz Elise de AndradeSilva; Jenif Braga de Souza; Maria Alice Amaral Kuzel; Giuliana Viegas Schirato; Carlos Alberto Müller saída de ar, com lotação máxima de 05 animais sala dos animais era mantido a temperatura de 21 ± 1ºC e o fotoperíodo controlado por temporizador (timer), onde se adotou ciclo claroescuro de 12h. Mensalmente todas as partes mecânicas da autoclave eram revisadas por uma empresa especializada e quando necessário, as peças do ações realizadas durante a manutenção preventiva mento; dos sensores indicadores e transmissão de temperatura e pressão; das conexões hidráulicas, do sistema de vácuo. Foram realizadas regulagens do pressiostato e dos circuitos elétricos e hidráulicos. Os racks ventilados foram submetidos à manutenção por técnicos especializados, à rotina de Os potenciais riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos foram encontrados na rotina que envolviam o manejo direto dos camundongos, como por exemplo, no momento do recebimento e das trocas das gaiolas, apresentaram os potenciais riscos ergonômicos; físicos, por mordeduras e biológicos, pela presença de agentes patogênicos experimentalmente inoculados nos animais e a presença de alérgenos (Figura 2). Já nas rotinas de desinfecção, esterilização, descontaminação e descarte de resíduos, os riscos envolvidos foram: físico, como o calor emitido pela autoclave; químico, pela exposição de desinfetantes contendo compostos halogenados como hipoclorito de sódio e ergonômico (Tabela 1). substituição semestral ou quando havia indicação de troca, alertada pela sinalização luminosa do próprio equipamento. Nesse momento, os ruídos em todas as aferições não foram superiores a 60dB. O sistema de ar condicionado foi submetido à hie higienizados, como também o funcionamento do equipamento foi checado. Figura 2. Troca das gaiolas dos animais risco físico, biológico e ergonômico. 5 discussão Figura 1. Rack ventilado para manutenção dos camundongos em experimento. A experimentação animal é composta por instalações adequadas denominadas biotérios de experimentação que devem ser gerenciados em termos de licença de uso, aquisição de insumos e equipamentos, e capacitação de pessoal, facilitando aos laboratórios o acesso a condições RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p , abr./maio/jun
4 MONITORAMENTO DOS PONTOS CRÍTICOS RELATIVOS À BIOSSEGURANÇA, BARREIRAS SANITÁRIAS E MACROAMBIENTE DO BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO DO PAVILHÃO LEÔNIDAS DEANE IOC/Fiocruz Tabela 1. Avaliação dos riscos das rotinas realizadas no Biotério do Pavilhão Leônidas Deane (IOC/FIOCRUZ). Atividade Realizada Troca das Gaiolas Recebimento de animais Rotinas de desinfecção, esterilização, descontaminação Descarte de resíduos descontaminados Riscos de Biossegurança Ergonômico Físico Biológico Ergonômico Físico Biológico Ergonômico Físico Biológico Medidas de prevenção, controle ou minimização do risco Bancadas de 90 cm de altura com cadeiras de assento regulável variando de 57 a 70 cm de altura; carrinhos de transporte de material (97 x 75 x 45 cm). Utilização de cabine de segurança biológica com altura (da área de trabalho) de 75 cm (em relação ao piso) com cadeiras de assento regulável Utilização de luvas em látex de tamanho adequado ao tamanho da mão do operador. Realização das trocas das gaiolas em cabine de segurança biológica Classe II; utilização de EPIs (luvas em látex, jaleco impermeável, touca, máscara respiradora PFF2, óculos de proteção). Utilização de carrinhos de transporte de materiais (97 x 75 x 45 cm), realização de trabalhos em bancadas de 90 cm de altura. Utilização de luvas em látex de tamanho adequado ao tamanho da mão do operador. Realização das trocas em cabine de segurança Classe II; utilização de EPIs (luva de procedimento, touca, máscara PFF2, óculos de proteção). Utilização de tanques com tamanho adequado (altura 90 cm), utilização de carrinho de transporte. Utilização de luva nitrílica, protetor facial, máscara cirúrgica dupla, avental confeccionado em cloreto de polivinila (PVC). Adicionalmente, durante o manuseio da autoclave, utilização de luvas para manipular materiais quentes (para manuseio da autoclave). Utilização de EPIs (luvas em látex touca, máscara PFF2, óculos de proteção), realização de esterilização de resíduos contaminados em autoclave. Medidas gerais de prevenção, controle ou minimização do risco Treinamento periódico em práticas de biossegurança e de manejo para a espécie utilizada (Mus musculus) 1. Treinamento periódico em práticas de biossegurança e de manejo para a espécie utilizada 1. Treinamento periódico em práticas de biossegurança e de manejo para a espécie utilizada 1. Ergonômico Utilização de carrinhos para transporte de resíduos. Treinamento periódico em práticas de Utilização de luva nitrílica, protetor facial, máscara biossegurança e de Físico cirúrgica dupla, avental confeccionado em cloreto de manejo para a espécie polivinila (PVC). utilizada 1. próprio setor. Além disso, participaram de treinamento/cursos de capacitação organizados pela Comissão Interna de Biossegurança (CIBio) do Instituto Oswaldo Cruz (perfazendo a carga horária total de 180h). 198 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p , abr./maio/jun. 2012
5 Beatriz Elise de AndradeSilva; Jenif Braga de Souza; Maria Alice Amaral Kuzel; Giuliana Viegas Schirato; Carlos Alberto Müller adequadas de qualidade, biossegurança e gestão ambiental, dispondo de equipamentos adequados. Todos os biotérios devem dispor de sistema próprio de higienização e de paramentação dos para materiais descontaminados e não descontaminados, e procedimentos de controle de qualidade sanitária e bemestar dos animais alojados em suas instalações 9. permite que o gestor do biotério avalie a necessidade de aprimoramento das barreiras e instalações existentes, aquisição de novos equipamentos de proteção individual/coletiva e treinamento da e usuários dessas instalações, como também, os danos ambientais. Segundo Soeiro e colaboradores 10, a biossegurança deve sempre balizar as condições de agentes biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e mecânicos devem ser manipulados de forma segura. Quatro elementos deverão funcionar de maneira integrada: as condutas laboratoriais, os equipamentos de proteção (individual e coletivo), evitar ou minimizar os riscos existentes em cada atividade realizada. O macroambiente de um biotério tem um impacto importante sobre o animal de laboratório du mente nos experimentos realizados 11. Os animais são extremamente sensíveis a alterações externas seu metabolismo para compensar as variações do ambiente. Desse modo, instalações apropriadas, equipamentos especializados e manutenção adequada à pessoal habilitado, são essenciais para o bemestar do animal 12. Assim, o monitoramento das condições ambientais necessárias à espécie escolhida para ser modelo experimental possui importância para que o animal não seja submetido a condições que e consequentemente inviabilizem os resultados esperados. Tal monitoramento também possui relevância do ponto de vista ético uma vez que todas as situações que possam causar estresse ou sofrimento aos animais deverão ser totalmente evitadas. 5 conclusão No período de setembro de 2011 a março de 2012 foram monitorados os pontos críticos de biossegurança, do macroambiente e das barreiras Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz IOC/ Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil), implantandose: Introdução do uso obrigatório de equipamentos de proteção individual para minimizar riscos à risco encontrado no biotério (ergonômico, físico, químico e biológico). tárias de esterilização e descontaminação pelo processo de autoclavação. Registro diário de temperatura, fotoperíodo e funcionamento do sistema de ar condicionado. Manutenção, por empresas especializadas, de caráter preditivo, preventivo e corretivo dos racks ventilados e da autoclave. imediata de substituição por indicação luminosa do próprio equipamento, evidenciando saturação dos mesmos. Aferição de níveis de ruídos na sala. RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p , abr./maio/jun
6 MONITORAMENTO DOS PONTOS CRÍTICOS RELATIVOS À BIOSSEGURANÇA, BARREIRAS SANITÁRIAS E MACROAMBIENTE DO BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO DO PAVILHÃO LEÔNIDAS DEANE IOC/Fiocruz The monitoring of biosecurity, sanitary barriers and the macroenvironmental critical points in the animal experimentation facilities of the Leônidas Deane Pavilion IOC/Fiocruz ABSTRACT The aim of this study is to monitor the performance of Biosecurity, Macroenvironment and the Sanitary Barriers that exist in the animal experimentation facilities of the Leônidas Deane the macroenvironment parameters were standardized and monitored for the species used (Mus musculus the sanitary barriers as well as decontamination and sterilization by autoclaving. The mice were maintained in ventilated racks (with maximum capacity of 05 animals per microisolador). The animal room temperature was 21 ± 1 C with a time controlled photoperiod (12h cycle of light/dark). The mechanical parts of the autoclave and ventilated racks were reviewed monthly by specialized companies and when necessary, the parts were readily replaced. At this point, the noise emitted by such equipment were checked and found not in the work routine are essential in order to propose preventive measures and corrective being used as experimental models, is one of the requirements for the wellbeing of the animals, which consequently generates, reliable and reproducible experimental results. Keywords: Animal Experimentation Facilities. Biosecurity. Macroenvironment. Sanitary Barriers. REFERêNCias morfológicos e funcionais do epitélio respiratório superior de ratos (Rattus norvegicus) mantidos em diferentes sistemas de ventilação [dissertação]. 2. De Luca RR, Alexandre SR, Marques T, Souza NL, Merusse JLB, Neves S, editores. Manual para técnicos em Majerowicz J. Boas práticas em biotérios e biossegurança. Rio de Janeiro: Interciência; Andrade A. Segurança em biotério. In: multidisciplinar. Rio de FIOCRUZ; p Hirata MH, ManciniFilho J. Manual de S. Biossegurança em biotérios. Rio de Janeiro: Interciências; National Research Council of the and use of laboratory animals. 8 th ed. Handbook of laboratory animal science nd 9. Müller CA. Biossegurança na experimentação animal e na clínica Suppl. 1: Soeiro MNC, Borba CM, Oliveira experimentação animal. In: Mattaraia Comportamento de camundongo em p for laboratory rodents and rabbits: requirements of rodents, rabbits, and research. ILAR J 2005; 46(2): Biossegurança: uma abordagem 200 RESBCAL, São Paulo, v.1 n.2, p , abr./maio/jun. 2012
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