RELATÓRIO ANUAL DO MECANISMO ESTADUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA DO RIO DE JANEIRO 2013

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1 RELATÓRIO ANUAL DO MECANISMO ESTADUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA DO RIO DE JANEIRO 2013 Rio de Janeiro

2 MECANISMO ESTADUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA Membros: Antônio Pedro Soares, Fábio Simas, Patrícia Oliveira, Renata Lira, Taiguara Souza, Vera Lúcia Alves. 1 Relatório Anual 2013: I Introdução; II Panorama Nacional e Internacional; III - Sistema Estadual de Prevenção e Combate à Tortura; IV Casos Emblemáticos de Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes; V Conclusão; VI Recomendações. Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Endereço: Palácio Tiradentes, Rua Primeiro de Março, s/n, Rio de Janeiro. Contato: mecanismorj@gmail.com 2

3 SUMÁRIO ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO I INTRODUÇÃO I.1 O Mecanismo Estadual para Prevenção e o Combate à Tortura/RJ...4 I.2 - O Relatório Anual do MEPCT/RJ...7 I.3 Realizações Institucionais do MEPCT/RJ...10 II PANORAMA NACIONAL E INTERNACIONAL II.1 Panorama Internacional do OPCAT...16 II.2 Os Desafios para a Implementação do OPCAT no Brasil...20 III SISTEMA ESTADUAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA III.1 Sistema Prisional e Carcerário...25 III.1.1 Carceragens da Polícia Civil...25 III.1.2 A Progressão de Regime de Cumprimento de Pena...27 III.1.3 A Privatização do Sistema Penitenciário...70 III.1.4 Saúde no Sistema Prisional...77 III.2 Sistema Socioeducativo...84 III.2.1 Adolescentes Privados de Liberdade...84 III.2.2 Das Unidades de Internação...91 III.2.3 Do Plano de Segurança Socioeducativa do DEGASE...95 III.2.4 Da Audiência Pública sobre o DEGASE...98 III.3 Saúde Mental, Drogas e Institucionalização III Saúde Mental, Reforma Psiquiátrica, álcool e outras drogas III Abrigos Especializados e Institucionalização de Crianças e Adolescentes III Istitucionalização forçada de adultos e Unidade de Reinserção Social Rio Acolhedor III Comunidades Terapêuticas III.4 - Política Criminal de Segurança Pública: A Repressão Policial às Manifestações Populares IV CASOS EMBLEMÁTICOS DE TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES V CONCLUSÃO VI RECOMENDAÇÕES

4 I. INTRODUÇÃO I.1 - O Mecanismo Estadual para Prevenção e o Combate à Tortura/RJ O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT/RJ) é um órgão criado pela Lei Estadual nº de 30 de junho de 2010, vinculado à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro que tem como objetivo planejar, realizar e conduzir visitas periódicas e regulares a espaços de privação de liberdade, qualquer que seja a forma ou fundamento de detenção, aprisionamento, contenção ou colocação em estabelecimento público ou privado de controle, vigilância, internação, abrigo ou tratamento, para verificar as condições em que se encontram submetidas as pessoas privadas de liberdade, com intuito de prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos e degradantes. Segundo o Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura, os Mecanismos também têm como atribuição recomendar medidas para a adequação dos espaços de privação de liberdade aos parâmetros internacionais e nacionais e acompanhar as medidas implementadas para atender às recomendações. Como prevenção à tortura e de outros tratamentos ou penais cruéis, desumanos e degradantes entende-se desde a análise de instrumentos internacionais de proteção até o exame das condições materiais de detenção, considerando políticas públicas, orçamentos, regulações, orientações escritas e conceitos teóricos que explicam os atos e omissões que impedem a aplicação de princípios universais em condições locais. 1 Para tanto, o propósito fundamental do mandato preventivo é o de identificação do risco de tortura 2 e, a partir da ação proativa de monitoramento de centros de 1 Protocolo Facultativo à Convenção da ONU contra a Tortura: manual de implementação. (p.73). San José, Costa Rica: Associação para Prevenção à Tortura e Instituto Interamericano de Direitos Humanos, Declaração do Subcomitê de Prevenção à Tortura da ONU ao apresentar o segundo relatório anual do SPT ao Comitê contra a Tortura. Vide Committeeagainst Torture meetswithsubcommitteeonpreventionof Torture, Comunicado de imprensa de 2 de maio de 2009, disponível em: B40051FA5A?OpenDocument 4

5 privação de liberdade, prevenir que as violações aconteçam. O enfoque preventivo do MEPCT/RJ se baseia na premissa de um diálogo cooperativo com as autoridades competentes para coibição da tortura e outros tratamentos desumanos, degradantes e cruéis à pessoa privada de sua liberdade. Desta forma, como expressa o inciso II, do art. 2º da Lei Nº 5.778/10 que o institui, busca-se a articulação, em regime de colaboração, entre as esferas de governo e de poder, principalmente, entre os órgãos responsáveis pela segurança pública, pela custódia de pessoas privadas de liberdade, por locais de longa permanência e pela proteção de direitos humanos. O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT/RJ) resulta do processo de estabelecimento, pelo Estado Brasileiro, das diretrizes contidas no Protocolo Facultativo à Convenção contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penais Cruéis, Desumanos ou Degradantes da Organização das Nações Unidas, ratificado pelo país no ano de O referido Protocolo decorre do acúmulo estabelecido na Conferência Mundial de Direitos Humanos da ONU realizada em 1993 na qual se declarou firmemente que os esforços para erradicar a tortura deveriam primeira e principalmente concentrar-se na prevenção, designando para tanto, o estabelecimento de um sistema preventivo de visitas regulares a centros de detenção. Além disso, a construção de Mecanismos Preventivos de monitoramento dos locais de privação de liberdade integra as prerrogativas do Plano de Ações de Integradas para a Prevenção e o Combate à Tortura no Brasil, de 2006, bem como o Plano Nacional de Direitos Humanos 3 da Secretaria de Direitos Humanos. Neste sentido, o Estado do Rio de Janeiro coloca-se em posição de pioneirismo na Federação, salientando o compromisso com a implementação do Plano de Ações Integradas para a Prevenção e Combate à Tortura no Brasil, com a defesa dos direitos humanos e a consolidação dos princípios democráticos. O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT/RJ) deu início às suas atividades em julho de 2011 após a nomeação de seus 5

6 membros pelo presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, conforme atribuição do inciso II do 5º parágrafo da Lei 5778/10. O MEPCT/RJ é o primeiro mecanismo preventivo em funcionamento no país. Recentemente, entrou em vigor a Lei Nº /13 que cria formalmente o Comitê e o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (ainda não constituídos), bem como institui o Sistema Nacional de Prevenção à Tortura, do qual os mecanismos estaduais são parte integrante. Em planejamento institucional o Mecanismo definiu a Visão, Missão e Definição de seu trabalho, abaixo descritos. Visão Prevenir e erradicar a prática da tortura e maus tratos buscando a efetivação integral dos direitos humanos das pessoas privadas e restritas de sua liberdade, a partir da promoção de uma cultura de respeito à dignidade humana. Missão Prevenir e combater a tortura e maus tratos a partir de ações estratégicas e de um sistema de visitas periódicas a espaços de privação e restrição de liberdade no Estado Rio de Janeiro, fundamentado na garantia dos direitos humanos expressos no marco legal nacional e internacional. Definição O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro é um órgão estatal independente composto por seis membros, criado pela Lei No /10 e vinculado administrativamente ao Poder Legislativo. Tem como atribuição o monitoramento preventivo aos espaços de privação e restrição de liberdade, em respeito ao previsto no Protocolo Facultativo à Convenção Contra a Tortura da ONU. 6

7 I.2 - Do Relatório Anual do Mecanismo de Prevenção e o Combate à Tortura/RJ Uma das tarefas primordiais de um mecanismo preventivo constitui a elaboração do relatório anual. Conforme destacado pela Associação para a Prevenção à Tortura (APT), na publicação Monitoramento de locais de detenção: um guia prático, compete aos mecanismos nacionais e locais, no âmbito de seu monitoramento preventivo, elaborar o relatório anual, relatórios de visitas regulares, relatórios de visitas de seguimentos e, por fim, relatórios de visitas temáticas. O presente relatório tem o objetivo de apresentar o trabalho desempenhado pelo Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro (MEPCT/RJ) ao longo do ano de Uma vez que constitui o segundo relatório anual, pretende não repetir abordagens já anteriormente aprofundadas no Relatório Anual 2012, porém permanece o intituito de analisar as condições observadas para o tratamento de pessoas privadas de liberdade deste estado e a identificação dos riscos de tortura. O Relatório pretende, portanto, apresentar uma síntese das questões analisadas nas visitas e relatórios, bem como em reuniões, seminários, audiências públicas e demais atividades desempenhadas pelo MEPCT/RJ, CEPCT/RJ e outras instituições parceiras. Sua finalidade é prevenir e combater as condições de tortura através de recomendações que estabeleçam harmonia com os padrões nacionais e internacionais 3. O ano de 2013 representa um ano de consolidação de certas conquistas importantes para o MECT/RJ, como a realização da primeira eleição de membros após a composição da equipe inicial, realização de um número significativo de visitas em 3 Declaração do Subcomitê de Prevenção à Tortura da ONU ao apresentar o segundo relatório anual do SPT ao Comitê contra a Tortura. Nela, o SPT afirmou que seu principal objetivo é identificar situações de risco de tortura. Ao invés da abordagem mais tradicional de reagir à violações uma vez que já tenham ocorrido, o SPT adota uma abordagem preventiva holística, baseada numa atuação contínua e próativa regida pela premissa de um diálogo de cooperação entre o SPT e os Estados-Partes e os MPNs (...). Em: Visita ao Brasil do Subcomitê das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura e a implementação do Protocolo Facultativo da Convenção contra a Tortura. Documento Informativo para Atores Nacionais da Associação para a Prevenção da Tortura (APT). 7

8 unidades ainda não monitoradas pelo Mecanismo, e reconhecimento de representativos órgãos e instituições de monitoramento dos espaços de privação de liberdade. Entretanto, o MEPCT/RJ ainda carece de questões essenciais, especialmente no que se refere à estrutura de trabalho. O Relatório Anual 2013 compreende os seguintes itens: encerrando a introdução serão apresentadas as realizações institucionais do MEPCT/RJ. No item II será abordado o panorama nacional e internacional de implementação do OPCAT. O item III dedica-se à abordagem do Sistema Estadual de Prevenção à Tortura, elaborado a partir do monitoramento realizado pelo MEPCT/RJ. O tópico apresenta análise acerca do Sistema Prisional e Carcerário, especialmente sobre as carceragens da Polícia Civil, as mazelas da progressão de regime penitenciário, o processo de privatização em curso e o tema da saúde no sistema penitenciário. Quanto ao Sistema Socioeducativo, será enfatizada a implementação do SINASE no Rio de Janeiro e o plano de segurança do DEGASE. Será ainda analisada a temática da Saúde Mental, Drogas e Institucionalização, debruçando-se sobre a reforma psiquiátrica e a inobservância de seus princípios na atualidade, os abrigos especializados para adolescentes, a institucionalização compulsória de adultos e as comunidades terapêuticas. Por fim, aspectos da política criminal de segurança pública, especialmente no que tange à repressão policial às manifestações populares. No item IV serão elencados casos emblemáticos de tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes monitorados pelo MEPCT/RJ no ano de Por fim, serão apresentadas as considerações finais no item V e no item VI as recomendações a autoridades públicas para a adoção de medidas preventivas e eficazes com vistas à erradicação da tortura. O Relatório Anual 2013 foi elaborado pela equipe atual de membros do MEPCT/RJ - Antônio Pedro Soares, Fábio Simas, Patrícia Oliveira, Renata Lira, Taiguara Souza e Vera Alves. Vale destacar o agradecimento especial a Isabel Mansur, integrante da primeira equipe do Mecanismo que teve mandato até o primeiro semestre deste ano. Cabe ainda também o agradecimento ao Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, especialmente aos integrantes Camila Freitas (OAB-RJ), Marcelo 8

9 Freixo (Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da ALERJ), Roberto Gevaerd (Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da ALERJ), Elizabeth Souza de Oliveira (CRESS-RJ), Débora Rodrigues (CRESS-RJ), Isabel Lima (Justiça Global), Newvone Costa (Conselho da Comunidade), Márcia Badaró (CRP-RJ) e Marcelo Anátocles (TJ- RJ). Agradecemos ainda às contribuições essenciais de Henrique Guelber (ex- Coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública), Felipe Almeida (Coordenador do Núcleo de Sistema Penitenciário da Defensoria Pública), Maíra Fernandes (Presidente do Conselho Penitenciário), Cláudia Camuri (CRP-RJ), Sylvia Dias (APT), Rubens Casara (EMERJ), Andrea Sepúlveda (ex- Subsecretária de Estado de Direitos Humanos), Caroline Faria (Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos), ISER (Instituto de Estudos da Religião) e Instituto de Defensores de Direitos Humanos. Cumpre destacar a contribuição da Subsecretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro para o desenvolvimento dos trabalhos ora relatados, ao ceder transporte para os membros do MEPCT/RJ até as unidades de privação de liberdade. Por fim, registramos o agradecimento aos órgãos públicos que contribuíram com informações imprescindíveis ao relatório, como a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, Vara de Execuções Penais, DEGASE e Secretaria Municipal de Assistência Social. 9

10 I.3 REALIZAÇÕES INSTITUCIONAIS I Da Eleição de Membros O ano de 2013 foi de grande importância para a consolidação do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro. Se em 2012 foi realizada a primeira eleição para entidades da sociedade civil após a instalação do CEPCT/RJ, havendo mudanças na composição do Comitê, em 2013 foi realizada a primeira eleição para o MEPCT/RJ após o início dos seus trabalhos. Respeitando ao princípio da alternância na renovação de seus quadros, a cada dois anos serão realizadas eleições para metade dos membros do mecanismo, ou seja, para três membros, conforme orienta a Lei Estadual Nº 5.778/10. Excepcionalmente, em 2013, foram realizadas eleições para quatro membros, sendo um dos eleitos indicado para preencher dois anos do mandato de Isabel Mansur, membro do MEPCT/RJ, que pediu exoneração do cargo. Em abril de 2013, o CEPCT/RJ aprovou edital de eleições para as quatro vagas, sendo três para exercício de mandato de quatro anos, e uma para dois anos. O processo era composto por três etapas: a inscrição; a votação no âmbito do CEPCT/RJ; e a sabatina junto à Comissão de Normas Internas e Proposições Externas da ALERJ. A primeira e segunda etapas ocorreram sem grandes obstáculos e, no dia 2 de junho de 2013 foram eleitos pelo comitê os seguintes membros: Antônio Pedro Soares, Fábio do Nascimento Simas e Vera Lúcia Alves para o exercício de mandato de quatro anos; e Taiguara Líbano Soares e Souza para exercício de mandato de dois anos. Após esta etapa, passou-se à fase das sabatinas, que só puderam ser realizadas em setembro. Este procedimento da casa legislativa foi presidido pelo deputado Édino Fonseca. No que se refere às nomeações, estas só se efetivaram em novembro. 10

11 I Dos Espaços de Privação de Liberdade visitados Entendendo espaços de privação de liberdade por estabelecimentos que detenham pessoas, qualquer que seja a forma ou fundamento de detenção, aprisionamento, contenção ou colocação em estabelecimento público ou privado de controle, vigilância, internação, abrigo ou tratamento 4, no âmbito do cumprimento de suas atribuições legais, o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro visitou unidades do Sistema Penitenciário, do Sistema Socioeducativo, equipamentos de atenção à saúde mental e instituições de abrigamento de crianças, adolescentes e adultos ao longo de Das 54 (cinqüenta e quatro) unidades que compõem o Sistema Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro, o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro visitou: Penitenciária Lemos de Brito; Penitenciária Alfredo Tranjan; Instituto Penal Vicente Piragibe; Penitenciária Talavera Bruce; Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho; Presídio Evaristo de Moraes; Cadeia Pública Romeiro Neto (Bangu III); Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro; Instituto Penal Edgard Costa; Penitenciária Joaquim Ferreira de Souza, Presídio Nelson Hungria; Casa do Albergado Crispim Ventino; Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho; Penitenciária Esmeraldino Bandeira, Cadeia Pública Patricia Acioli; Cadeia Pública Bandeira Stampa; Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo. No que tange ao Sistema Socioeducativo do Estado do Rio de Janeiro, foram visitadas apenas unidades de cumprimento de medidas socioeducativas de internação e internação provisória, quais sejam: Escola João Luiz Alves; CENSE Dom Bosco; Educandário Santo Expedito; CENSE Gelso de Carvalho Amaral; CENSE Professor Antônio Carlos Gomes da Costa; e CAI Baixada. Importante destacarmos que, embora a medida socioeducativa de semiliberdade seja, assim como a internação, medida privativa de liberdade, no ano de 2013 não houve nenhuma visita a unidades próprias 4 Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Regimento Interno do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,

12 para o seu cumprimento, por razões de priorização por parte da equipe do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro, devido à maior gravidade de violações perpetradas nas unidades de internação. Em relação à rede de atenção à saúde mental, realizou-se visitas de monitoramento em unidades conhecidas como comunidades terapêuticas, destinadas ao atendimento de dependência químicas a partir de métodos polêmicos, como veremos no decorrer deste relatório. As unidades visitadas foram Instituto Aldeia Gideão e Centro de Recuperaçãp para Dependentes Químicos Associação Amor & Vida (CREDEQ), Centro Regional de Atendimento de usuários de Álcool e outras Drogas (CARE AD Campo Grande, Obra Social Nossa Senhora da Glória- Sítio Liberdade Teresópolis. Em relação às unidades de abrigamento, foram visitadas as Centrais de Recepção para crianças e adolescentes no município do Rio de Janeiro, Central de Recepção Taiguara e Central de Recepção Adhemar Ferreira de Oliveira. Da mesa forma, em visitas conjuntas com outras instituições parceiras, o MEPCT/RJ participou de visita à Casa Viva Bonsucesso abrigo especializado para atendimento a crianças e adolescentes que, supostamente, sejam dependentes de alguma droga. Por fim, o MEPCT/RJ realizou visita ao abrigo Rio Acolhedor, da Prefeitura do Rio de Janeiro, abrigo destinado a pessoas em situação de rua e que são alvo das operações de recolhimento da prefeitura da capital. I Dos Relatórios Todas as visitas identificadas no item acima geraram relatórios. Algumas das unidades mencionadas foram visitadas pela primeira vez, gerando, para tanto, relatório de visita regular, em outras foram realizadas visitas de seguimento e também foram realizadas visitas temáticas e de apuração de denúncias recebidas. No ano de 2013, o MEPCT/RJ realizou inúmeras visitas temáticas a unidades do sistema prisional para a elaboração do Relatório Temático sobre a Progressão de Regime do Sistema Prisional do Rio de Janeiro, lançado em 27 de setembro. Seu objetivo foi a realização de diagnóstico sobre a cumprimento do disposto na Lei de 12

13 Execuções Penais por parte do estado do Rio de Janeiro, bem como indicar propostas de melhoria no sistema de progressão do regime de cumprimento de pena. As principais constatações serão apresentadas mais adiante. Ainda em 2013, houve a elaboração de relatório temático sobre as comunidades terapêuticas. Diante de inúmeras denúncias recebidas acerca de tortura, maus tratos e outras irregularidades que ocorriam em instituições de cunho religioso que se dedicam ao tratamento de dependentes químicos, o MEPCT/RJ, junto com instituições parceiras que compõe o CEPCT, realizou visitas e, conjuntamente com estas instituições, elaborou o referido relatório temático. I Da Participação em Cursos de Capacitação e Formação Como já vinha acontecendo em 2012, o MEPCT/RJ foi novamente convidado a participar dos cursos de formação para servidores do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE), ministrando o módulo Prevenção e Combate à Tortura. Importante registrar que em 2013, para além dos cursos de formação continuada dos servidores, houve a realização de um grande concurso público de seleção para agentes socioeducativos e equipes técnicas, e que este concurso público contava com a realização de um curso de formação como uma das etapas do processo seletivo. Estas aulas se deram ao longo do ano, tendo sido ministradas nos municípios do Rio de Janeiro, Teresópolis, Nova Iguaçu, Niterói, Volta Redonda e Macaé. I Das Audiências Públicas O MEPCT durante o ano participou diretamente de quatro audiências públicas convocadas pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ. Em maio foi realizada audiência pública com o objetivo de debater a questão da saúde no sistema penitenciário. Em junho ocorreu audiência pública em que se discutiu sobre o tema da política estadual de prevenção ao uso de álcool e outras drogas, 13

14 discorrendo-se a respeito das inspeções realizadas nas comunidades terapêuticas financiadas pelo governo do Estado. Já no mês de novembro de 2013, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ realizou duas Audiências Públicas em parceria com o MEPCT/RJ, sobre a atual situação do Sistema Socioeducativo, realizada em 5 de novembro, e sobre o relatório temático sobre a progressão de regime no sistema prisional, realizada em 29 de novembro. I Do Regimento Interno do MEPCT/RJ Após dois anos de funcionamento, o MEPCT/RJ encerra o ano de 2013 com o seu Regimento Interno aprovado pelos seus membros, restando apenas a publicação do mesmo no diário oficial pendente. Foram realizados encontros específicos ao longo do ano para tratar deste documento, com leitura coletiva das propostas de redação do Regimento, conforme definido no Planejamento Institucional do MEPCT/RJ em agosto de I Do Seminário Anual Nos dias 31 de outubro e 1 de novembro, o MEPCT/RJ, em parceria com o CEPCT/RJ, com a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) e a OAB-RJ, realizou o II Seminário Os Desafios para o Enfrentamento à Tortura. O Seminário foi estruturado em cinco painéis, com temas definidos previamente e contou com a participação de renomados profissionais e pesquisadores. Todo o evento foi gravado em vídeo, que em breve será disponibilizado para consultas na internet. I Do Fundo Especial do OPCAT Por fim, vale salientar que em 2013, o Mecanismo foi agraciado por ter sido selecionado em edital do Escritório de Direitos Humanos do Alto Comissariado das 14

15 Nações Unidas. O referido edital decorre do fundo especial para implementação do Protocolo Facultativo à Convenção Contra a Tortura da ONU e destina-se a apoiar mecanismos e comitês de prevenção pelo mundo. O projeto apresentado pelo Mecanismo terá execução de 4 meses e prevê a realizações de eventos, cartilhas, campanhas e criação de sitio na internet. 15

16 II PANORAMA NACIONAL E INTERNACIONAL II.1 - Panorama Internacional do OPCAT Importantes documentos adotados pela Assembleia Geral das Nações Unidas, como a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes 5 e Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes 6, aprovados em 1984 e 2002 respectivamente estão em constante processo de consolidação de seus propósitos. Atualmente 70 países já ratificaram o Protocolo Facultativo à Convenção e os Estados- Parte vem gradativamente criando seus Mecanismos Preventivos Nacionais (MPN). Atualmente, segundo dados da APT, há 51 MPNs designados. Estados Partes OPCAT Fonte: Associação para Prevenção à Tortura. MPN Designados No que se refere à ratificação dos Estados-Partes ao OPCAT, podemos visualizar que a grande maioria destes estão situados no continente europeu e na 5 Aludindo o artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o artigo 7 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que estabelecem que ninguém será submetido à tortura ou a tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, e levando em consideração a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembleia Geral em 9 de dezembro de A partir da próxima citação, será chamado apenas de Protocolo Facultativo ou OPCAT. 16

17 América Latina. O Brasil aparece no gráfico como órgão designado devido à legislação recentemente adotada, porém o mecanismo nacional ainda não foi implementado. No tocante à América Latina, catorze países já haviam ratificado o Protocolo Facultativo: Argentina. Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. Inúmeras ações vem sendo realizadas pelos representantes do Subcomitê de Prevenção à Tortura (SPT), pela sociedade civil e parlamentares para a implementação destes documentos. Muitos eventos são realizados com intuito de discutir a criação de Mecanismos Nacionais e o fortalecimento dos órgãos já existentes de modo que a luta contra à tortura tenha ferramentas também institucionalmente fortalecidas e em pleno funcionamento. No ano de 2013 o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro participou de importantes eventos internacionais que discutiram os diversos aspectos da prevenção à tortura em caráter mundial e regional. Em 21 de fevereiro de 2013 o MEPCT/RJ foi convidado a estar presente em uma reunião do Subcomitê de Prevenção à Tortura (SPT) da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, Suíça. Nesta oportunidade, o Mecanismo apresentou aos comissionados informações sobre sua atuação nos espaços de privação de liberdade do estado do Rio de Janeiro, mais especificamente sobre as ações realizadas junto as presas e presos provisórios. Durante a reunião o Mecanismo ressaltou que após uma série de ações da sociedade civil e de Parlamentares denunciando as más condições das carceragens das Delegacias de Polícia, o Governo do Estado do Rio de Janeiro assumiu um compromisso público de gradativamente fechar todas as carceragens e transferir a custódia temporária de todos os presos para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (SEAP), mas apesar de ser considerado um avanço em direção à extinção das prisões tradicionais certamente este ato resultou no agravamento da superlotação nas unidades prisionais. Aliado ao fechamento das carceragens seria fundamental a construção de novas unidades de custódia, as chamadas cadeias públicas e a urgente ampliação da concessão de medidas alternativas à privação da liberdade. 17

18 Os comissionados que haviam visitado o Brasil em setembro de 2012 perguntaram especificamente sobre a condição do Presídio Ary Franco, uma das unidades visitadas pelo grupo durante sua passagem pelo Rio de Janeiro. Na época da visita os membros do SPT recomendaram expressamente pelo fechamento desta unidade devido a condição desumana em que se encontram os homens ali provisoriamente encarcerados, esta era a unidade que recebia todos os presos, era a chamada porta de entrada. Infelizmente o Mecanismo comunicou aos comissionados que a referida unidade continua em funcionamento abrigando um número entorno de 1600 homens, quando sua capacidade é para 950. Contudo o Mecanismo informou que após a visita do SPT, em setembro de 2012, e também de uma Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro em 17 de abril de , a SEAP deslocou a entrada dos presos para Penitenciária Alfredo Tranjan (Bangu II), dando a estes uma condição menos gravosa. 8 O Mecanismo considerou muito importante a oportunidade de estar presente em uma reunião ordinária do Subcomitê e poder relatar pessoalmente dados colhidos a partir de sua experiência cotidiana. Considerando que os comissionados não tem condições de realizar visitas mais regulares aos países é fundamental que se aproveitem estes convites para informa-los sobre as violações cometidas contra as pessoas privadas de liberdade no estado do Rio de Janeiro. Ainda em 2013 o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro participou das Primeras Jornadas Sobre La Prevención de La Tortura Em Cono Sur realizada entre 14 e 16 de agosto em Buenos Aires, Argentina. O encontro ocorreu durante a celebração do vigésimo aniversário da Procuración Penitenciaria de la Nación e a entrada em vigor da lei que estabelece o Sistema Nacional de Prevenção à Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes (Lei n ) da Argentina. 7 Audiência Pública sobre Superlotação e Saúde no Sistema Prisional do Estado do Rio de Janeiro realizada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro no dia 17 de abril de Neste momento os presos do sexo masculino tem entrado no Sistema Prisional carioca pela Cadeia Pública Patrícia Acioli, no recém inaugurado Complexo Penitenciário de Guaxindiba, localizado no município de São Gonçalo. 18

19 Esta atividade foi realizada com o objetivo de promover uma análise da situação sobre os principais desafios para prevenção da tortura no cone sul, reconhecendo semelhanças e diferenças e, ao mesmo tempo, proporcionar um fórum para o intercâmbio de conhecimentos, experiência e cooperação regional entre os participantes. Estiveram presente além de representantes do Brasil, representantes da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile e Peru. Durante as oficinas de discussão foi possível trocar experiências sobre desafios considerados estruturantes na luta contra tortura tais como a impunidade seletiva, a cultura punitiva e a ausência de políticas públicas de direitos humanos, sobretudo para as pessoas privadas de liberdade. No âmbito social foi debatido que apesar das regionalidades, em todos os países presentes, a maior parte da sociedade legitima a tortura como uma prática justificável. E neste sentido é bom que ressaltemos que as pessoas em situação de pobreza são aquelas identificadas como torturáveis em qualquer país da América Latina. Sendo o encarceramento ainda maior de populações indígena, negra, LGBTT e mulheres. O caráter militarizado e a cultura da violência também foram tema da discussão que nos possibilitou reconhecer que a corrupção nas unidades prisionais, suas péssimas condições estruturais, o escasso acesso a assistência judiciária e ausência de qualificação profissional e condições de trabalho não são problemas exclusivos das prisões brasileiras. É possível afirmar que o modelo de prisão legitimado por maioria absoluta da sociedade latino americana e mundial está totalmente falido. A troca de experiências possibilitou também a elaboração de algumas estratégias tais como garantir um processo de investigação eficaz sobre as denúncias de tortura ocorridas no cárcere; criação de mecanismos efetivos de proteção as vítimas; sensibilização da opinião pública e atores políticos; fomentar o debate sobre a percepção de que a segurança pública e garantia de direitos humanos de pessoas privadas de liberdade devem dialogar através da formação de quadro de profissionais capacitados, estabelecimento de protocolos e uma gestão administrativa participativa, entre outras estratégias. 19

20 Além dos representantes do estado do Rio de Janeiro estiveram presentes na Jornada os estados de Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, São Paulo e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Como o Rio de Janeiro é o único estado que possui um Mecanismo Preventivo em funcionamento foi solicitado que o MEPCT/RJ fizesse uma fala expondo sua experiência ao longo dos dois anos de trabalho, tendo sido bastante enriquecedor para o Mecanismo poder expor suas dificuldades, pequenas vitórias e, sobretudo ouvir as impressões e questionamentos dos demais participantes. Na mesma linha, nos dias 1, 2 e 3 de outubro, o MEPCT/RJ esteve presente no Seminário Políticas y Estrategias para Prevenir a Tortura, realizado pelo Mecanismo Nacional de Prenção à Tortura do Paraguai, em Assunção, Paraguai. A referida participação foi de grande contribuição para a troca de experiências entre os dois mecanismos preventivos e algumas agências do sistema ONU. O Seminário contou com ampla participação da sociedade civil local e de alguns órgãos governamentais. Ainda dentro da programação do seminário, o representante do MEPCT/RJ pôde participar do Planejamento Institucional do Mecanismo paraguaio, espaço em que ocorreu rica troca de experiâncias e formulação de estratégias metodológicas de grande relevância, uma vez que juitos são os problemas semelhantes entre os dois países no que tange ao tratamento de suas pessoas privadas de liberdade. II.2 - Os desafios para implementação do OPCAT no Brasil O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro que completa neste mês de dezembro dois anos e meio ainda é o único em funcionamento no país. Entende-se que para a eficaz prevenção à tortura nos locais de privação de liberdade é necessária a implementação e o funcionamento dos mecanismos tanto no âmbito dos estados quanto o mecanismo nacional. O MEPCT destaca como prioridade para o próximo ano o início das atividades do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, bem como os das unidades federativas. 20

21 O MEPCT-RJ ainda como experiência única no país tem priorizado em suas ações fomentar o debate acerca da ampliação dos comitês e mecanismos pelo país. O MEPCT tem atuado em eventos temáticos, seminários, audiências públicas, seja para divulgar sua experiência como para debater a importância da adoção do Plano de Ações Integradas para Prevenção e Combate à Tortura no Brasil. O Brasil conta hoje com comitês estaduais de prevenção e combate à tortura em dezesseis estados: Acre, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Espírito Santos, Rio de Janeiro, sendo que estes últimos cinco possuem legislação específica sobre a criação destes órgãos 9. IMPLEMENTAÇÃO DO OPCAT NAS UFs DO BRASIL Legenda: Azul- Possui comitê; Verde- Possui legislação; Vermelho- Possui mecanismo.) 9 Apenas 16 estados tem comitês de combate e prevenção à tortura Disponível em: 21

22 O grande marco político no ano de 2013 no que se refere ao tema foi a aprovação em agosto deste ano da Lei de 02 de agosto de que institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Esta legislação, fruto de intenso debate há anos no campo de direitos humanos, representa uma possibilidade histórica do Brasil ao enfrentamento a estas práticas violentas, cinco anos depois após a ratificação do Protocolo Facultativo da ONU contra a Tortura. De acordo com o texto da referida lei, o SNPCT é formado pelo Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT), Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e órgão do Ministério da Justiça responsável pelo sistema penitenciário nacional, podendo ser integrada ainda por mecanismos e comitês estaduais, órgãos do sistema de justiça e conselhos de direitos. O mecanismo nacional contará com 11 membros escolhidos a partir de processo seletivo do CNPCT, este por sua vez contará com 23 representações institucionais, sendo 11 de órgãos do executivo federal e 12 representantes de organizações da sociedade civil e conselhos profissionais. Espera-se que a composição destes órgãos leve em conta a heterogeneidade das áreas temáticas referentes aos locais de privação de liberdade e assegure a pluralidade regional do país. Quanto à composição do MNPCT não há a menção, ao contrário da Lei fluminense Nº5778/10 e OPCAT, acerca do equilíbrio de gênero, étnico e de caráter interdisciplinar, o que entendemos que deva se levar em conta no processo seletivo pois visa garantir a diversidade na sua representação. O passo fundamental a ser dado para efetivação do sistema é o estabelecimento de um processo amplo e participativo na seleção dos membros do mecanismo nacional e dos órgãos que vão compor o CNPCT nos moldes deste marco legal. Além disso, é fundamental que se assegure ao MNPCT a dotação e execução orçamentária própria, fatores imprescindíveis para garantir a independência dos mandatos. 10 Lei de 02 de agosto de Disponível em: 22

23 Durante o ano em apreço, podemos destacar algumas importantes iniciativas no que se refere à adoção do OPCAT no Brasil no qual o MEPCT participou. Em dezembro do ano passado, no auditório da OAB foi realizado no Rio de Janeiro foi realizado o encontro Prevenindo a tortura no Brasil: o papel dos mecanismos estaduais de monitoramento. Organizado pela Associação para Prevenção à Tortura (APT) e OAB/RJ o evento contou com representação de onze UFs com ênfase na discussão sobre como implementar comitês e mecanismos nos estados brasileiros. Em março de 2013, o MEPCT participou de audiência pública sobre a criação do marco legal de criação do sistema estadual de prevenção e combate à tortura na Assembleia Legislativa de Minas Gerais 11. Em maio, o MEPCT foi convidado para falar de sua experiência no âmbito do debate sobre o marco legal nacional através da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal. Neste contexto, a Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal organizou em maio o I Encontro Nacional de Comitês e Mecanismos entre os dias 11,12 e 13 de maio. O evento contou com notável contribuição dos estados que possuem comitês de combate à tortura e aqueles em fase de estabelecimento destes órgãos, além do comitê nacional. O MEPCT-RJ esteve na coordenação da oficina Elaborando relatórios e a importância dos dados, abordando a importância da uniformidade dos documentos e monitoramento das unidades e acompanhamento das recomendações. No estado da Paraíba onde se tem marco legal, o MEPCT esteve presente no I Seminário de Prevenção e Combate à Tortura daquele estado no sentido de fomentar a criação do Mecanismo. 12 O MEPCT entende como positiva a movimentação dos estados e governo federal no sentido de implementar órgãos de monitoramento dos locais de privação de liberdade nos moldes do OPCAT. A aprovação do marco regulatório nacional representa um enorme avanço na coibição das práticas de tortura e maus tratos. Todavia, conforme 11 O estado de Minas Gerais embora não dispõe de um comitê de combate à tortura é um dos estados que vem participando ativamente dos encontros para implementação do OPCAT. Contudo, entendemos que o sistema estadual mineiro possa contemplar ampla participação da sociedade civil e possa garantir independência dos mandatos do mecanismo. 12 Comitê estadual realiza 1º seminário de prevenção e combate à tortura na Paraíba. Disponível em: 23

24 destacamos, é imprescindível que em 2014 o mecanismo nacional e bem como os mecanismo nas unidades de federação entrem em funcionamento, ressaltando a necessidade de um processo de escolha amplo que possa contemplar a diversidade das representações que atuam na defesa dos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade. O MEPCT, então, aguarda ansiosamente pela instalação do segundo mecanismo de combate à tortura no país já para o primeiro semestre do próximo ano que possa se somar às ações já realizadas no enfrentamento a esta prática. 24

25 III - SISTEMA ESTADUAL DE PREVENÇÃO À TORTURA III.1 - SISTEMA PRISIONAL E CARCERÁRIO O sistema penitenciário do Rio de Janeiro padece de problemas estruturais. Atualmente o estado possui cerca de presos, segundo números atualizados pelo Subsecretário de Tratamento Penitenciário, Márcio de Souza, em Audiência Pública realizada na ALERJ no dia 29/11/13. Não obstante a inauguração de duas novas unidades prisionais em Guaxindiba, São Gonçalo, no presente ano, o Rio de Janeiro ainda possui um déficit de cerca de vagas em seu sistema prisional. Este tópico será subdividido na análise dos seguintes temas: 1 Carceragens da Polícia Civil; 2 - A Progressão de Regime de Cumprimento de Pena; 3 Privatização do Sistema Penitenciário; 4 Saúde no Sistema Penitenciário. III.1.1 CARCERAGENS DA POLÍCIA CIVIL O Rio de Janeiro, assim como outros estados, realizava a custódia da maioria de seus presos provisórios em delegacias ou carceragens da Polícia Civil. A partir de 2010, decorrente de um longo debate acerca dos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade, o Governo do Estado realizou gradativamente a transferência da população custodiada nas dependências das carceragens da Polícia Civil para unidades prisionais da SEAP. Em 2012, foi noticiada a desativação definitiva destas carceragens policiais. A manutenção de presos provisórios era feita em delegacias pertencentes à Polícia Interestadual (POLINTER) do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), pertencente à Polícia Civil, vinculada à Secretaria de Estado de Segurança Pública. Vale destacar que nas carceragens, a realidade corriqueira era de superlotação e descumprimento de direitos e garantias fundamentais do preso, como visita íntima, 25

26 assistência médica adequada, condições mínimas de higiene e salubridade, bem como atividades laborativas e educacionais, fato que não se coaduna com as garantias dispostas na Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/1984). Ademais, comumente a estrutura física das unidades era incompatível com as condições necessárias para a custódia de presos. Em linhas gerais, constatava-se que os presos custodiados em carceragens conviviam em condições mais aviltantes do que os internos situados em unidades prisionais. Além disso, a ocorrência de inúmeros relatos de tortura nestes locais, que sequer contam com equipe de profissionais para a esfera de complexidade exigida. Sem contar a atribuição da Polícia Civil de investigar crimes cuja competência no tratamento de adultos privados de liberdade é da administração penitenciária. A desativação das carceragens, apesar de ser considerado um avanço para os espaços de privação de liberdade do Rio de Janeiro, sem dúvida agravou o déficit de vagas nas unidades prisionais. Assim, com o esvaziamento das carceragens da polícia a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) passa a ter agravado o problema da superlotação. Para se ter uma ideia, à época com a desativação das carceragens, cerca de cinco mil presos custodiados nestes espaços foram transferidos para unidades da SEAP. Vale dizer, que há recomendação expressa de que a custódia realizada em instalações da Polícia Civil não pode extrapolar o prazo de 24h, conforme se pode observar nas disposições do Plano de Ações Integradas para Prevenção e o Combate à Tortura no Brasil da Secretaria de Direitos Humanos 13. Esta inadequação se deve ao fato de que a investigação que embasa qualquer inquérito policial é feita pela Polícia Civil, o que compromete a observância do princípio do devido processo legal, consagrado no art. 5º, LIV da Constituição Federal de Esse quadro dá margem a investigações pautadas num perfil confessional e 13 Recomendação Nº 7 do Plano de Ações Integradas para Prevenção e o Combate à Tortura no Brasil da Secretaria de Direitos Humanos : Evitar que as pessoas legitimamente presas em flagrante delito sejam mantidas em delegacias de polícia além de 24 horas necessárias para obtenção de um mandado judicial de prisão provisória, evitando também que qualquer prisão seja cumprida em delegacia, mesmo que seja ela uma prisão provisória. 26

27 inquisitório, fato que agrava os riscos de tortura e tratamentos degradantes como meio de obtenção de informações. No intuito de verificar o quadro da desativação, o MEPCT realizou visitas a duas unidades policiais, a 73º Delegacia Policial situada em Neves no município de São Gonçalo e a DC POLINTER situada no Grajaú. Nas referidas inspeções, pôde-se observar que os locais onde se situavam as carceragens não havia nenhum vestígio acerca daqueles espaços ainda receberem presos. No Grajaú, por exemplo, no espaço das antigas celas havia acúmulo de entulhos e objetos inutilizados como mesas e cadeiras em um cenário empoeirado. Ainda no âmbito da Polícia Civil, foi visitada a especializada Delegacia Antissequestro (DAS) situada no Leblon. Foi observado que esta unidade policial mantém um efetivo, embora pequeno, de pessoas privadas de liberdade. As carceragens são relativamente pequenas, recebendo também presas do sexo feminino embora haja uma divisão entre estas espécies de galerias. Segundo informações, as pessoas presas na DAS, algumas há meses e anos, estão no local devido à investigação de crimes de sequestro ou por decisão judicial em que há determinada o cumprimento da pena naquele espaço. Houve na ocasião, muitas reclamações dos apenados quanto a informações sobre sua situação processual. O MEPCT reforça, conforme apontado em documentos anteriores, que a Polícia Civil não faça a administração de presos e recomenda que a DAS deixe de manter em suas dependências pessoas em cumprimento de pena. III ANÁLISE DA PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA No campo dos direitos do condenado, a Lei de Execução Penal, traz em seu art. 41, um importante rol que reconhece juridicamente o apenado como sujeito de direitos, reafirmando a progressão de regime insculpida no Código Penal, e trazendo importantes disposições no que se refere ao trabalho, à educação e às saídas temporárias. 27

28 Entretanto, significativa parte dos direitos e garantias inerentes à pessoa privada de liberdade são açambarcados por uma realidade de exponencial aumento do encarceramento, decorrente do acirramento das contradições sociais a partir dos anos 90 com a adoção de políticas de ajuste neoliberais. O Brasil tem apresentado um expressivo aumento de sua população prisional. Entre 1995 ( ) e 2011 ( ) a população de encarcerados no Brasil cresceu 345,91%. De 95 presos para cada 100mil habitantes (1995) a proporção demográfica subiu para 269,79 para cada 100mil habitantes (2011). Tal crescimento é ainda mais assustador se comparado com a taxa de crescimento da população brasileira. Entre 2001 e 2011 a população brasileira cresceu 9,32% enquanto, no mesmo período, a população carcerária do Brasil cresceu 120,03%. Esta hipertrofia gerou como consequência um quadro de superlotação. Segundo dados de dezembro de 2011, o Brasil tem vagas no sistema prisional e abriga uma população carcerária de , fato que corresponde a uma superlotação de 68% além da capacidade do sistema, afrontando flagrantemente os princípios da legalidade, da humanidade e da dignidade da pessoa humana consagradas na Carta Magna de O tema da progressão de regime foi objeto de relatório temático do MEPCT/RJ que teve o fulcro de analisar as mazelas da denominada porta de saída do sistema penitenciário. Neste item será abordado o panorama das unidades prisionais do Rio de Janeiro, bem como determinados entraves à progressão de regime, como o exame criminológico, as sanções disciplinares, as autorizações de saída, o trabalho e a educação, livramento condicional, domiciliar, e por fim, as conclusões deste tópico. monitoramento eletrônico, prisão albergue a) Panorama atual das Unidades Prisionais do Estado Rio de Janeiro O Estado do Rio de Janeiro possui 54 unidades prisionais, para atender à população prisional de mais de internos. Entretanto, a ampla maioria dos estabelecimentos destina-se ao regime fechado. Ademais, contrariando claramente disposições do art. 33 do Código Penal e Título IV da Lei de Execução Penal, a maioria 28

29 dos presos em regime semiaberto cumpre a sanção penal em unidades típicas de cumprimento de pena em regime fechado, ou seja, unidades de segurança média ou máxima. Em todo o Estado há 10 unidades destinadas ao regime semiaberto, porém apenas 1 colônia agrícola ou industrial, como exige o ordenamento jurídico-penal. A mesma debilidade observa-se no cumprimento de pena no regime aberto, visto que há apenas 6 unidades de regime aberto, entretanto, apenas 1 casa de albergado masculina e 1 casa de albergado feminina. Abaixo segue quadro dispondo as unidades prisionais, por nome, endereço, capacidade máxima, efetivo atual e regime de cumprimento de pena a que se destina 14. UNIDADES ISOLADAS Nome Endereço Capacidade Efetivo Regime de Cumprimento de pena/medida de segurança Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho Frei Caneca, Nº. 401/ Fundos- Bairro Estácio De Sá Não está recebendo pacientes 78 Medida de Segurança Masculino e Feminino Presídio Evaristo de Moraes Rua Bartolomeu De Gusmão, 1100 Fundos São Cristóvão Regime Fechado e Provisório Masculino Instituto Penal Cândido Mendes Rua Camerino, Nº. 41 Centro Semiaberto Masculino 14 Dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária em 18/06/

30 Patronato Magarinos Torres 15 Casa do Albergado Crispim Ventino Instituto penal Oscar Stevenson Rua Célio Nascimento, S/Nº- Bairro Benfica Rua Célio Nascimento, S/Nº- Bairro Benfica Rua Célio Nascimento, S/Nº- Bairro Benfica - - Liberdade Condicional (LC), Sursi, Prisão Albergue Domiciliar (PAD), Prisão Albergue Domiciliar Monitorada (PADM), Limitação de Final de Semana (LFS) e Prestação de Serviços a Comunidade (PSC) Aberto Masculino Aberto e Semiaberto Presídio Ary Franco Rua Monteiro Da Luz- S/N Agua Santa Feminino Fechado e Provisório Masculino 15 Unidade destinada apenas ao controle do livramento condicional, prisão albergue domiciliar e penas restritivas de direitos. 16 Em documentação fornecida pela SEAP em 18 de junho de 2013 fora informada a capacidade de 1437 vagas no Presídio Ary Franco, entretanto, em visita realizada pelo MEPCT/RJ em 24 de julho de 2012 o então Diretor Fábio Luiz Sobrinho, informou a capacidade de 958 vagas, conforme consta do relatório do MEPCT/RJ na forma do Ofício 075/12. 30

31 Cadeia Pública Cotrim Neto Penitenciária Milton Dias Moreira Presídio João Carlos da Silva Cadeia Pública Franz de Castro Holzwarth Rua Florença, S/Nº - Jd- Belo Horizonte Eng- Pedreira Bairro: Marajoara Japeri Rua Florença, S/Nº - Jd- Belo Horizonte Eng. Pedreira Japeri Rua Florença, S/Nº - Jd- Belo Horizonte Eng- Pedreira Japeri Rodovia Dos Metalúrgicos, S/Nº- Bairro Roma - Volta Redonda Provisório Masculino Provisório Masculino Provisório Masculino Provisório Masculino UNIDADES DE NITERÓI E INTERIOR Nome Endereço Capacidade Efetivo Regime Casa do Albergado Cel. PM Francisco Spargoli Rocha Rua Desidério De Oliveira S/Nª -Centro - Niterói Aberto Masculino Instituto Penal Edgard Costa Rua São João, Nº Centro- Niterói Semiaberto Masculino Penitenciária Vieira Ferreira Neto Alameda São Boaventura, Nº. 773 Fonseca Niterói Fechado Masculino Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro Alameda São Boaventura, Nº. 773 Fonseca Niterói Semiaberto Masculino Hospital Penal de Niterói 17 Avenida Alameda São Boaventura, Nº. 773 Fonseca - - Hospital Masculino e Feminino 17 Número de leitos e total de internos não informado pela SEAP. 31

32 Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Henrique Roxo Colônia Agrícola Marco Aurélio Vergas Tavares de Mattos Cadeia Pública Hélio Gomes Cadeia Pública Romeiro Neto Rua Professor Heitor Carrilho, S/Nº- Centro- Niterói Rua Francelina Ullmann, S/Nº- Bairro Do Saco Magé Rua Francelina Ullmann, S/Nº- Bairro Do Saco Magé Estr. Rio Bonito, S/Nº- Bairro Saco / Magé Medida de Segurança Masculino Semiaberto Masculino Provisório Masculino Provisório Masculino Presídio Diomedes Vinhosa Muniz Avenida Zoello Sola, Nº100 - Bairro Frigorífico, Itaperuna Provisório, Fechado, Semiaberto e Aberto Cadeia Pública Dalton Crespo de Castro Presídio Carlos Tinoco da Fonseca Presídio Nilza da Silva Santos Cadeia Pública Juíza Patrícia Lourival Acioli Masculino Estr. De Santa Rosa, S/Nº Provisório Bairro Codin- Campos Masculino Estr. De Santa Rosa, S/Nº Provisório, Bairro Codin Campos Fechado, Semiaberto e Aberto Masculino Av. Quinze De Novembro Provisório Nº 501 Centro Campos Fechado Semiaberto Aberto Feminino Guaxindiba São Gonçalo Provisório Masculino 32

33 Cadeia Pública Isap Tiago Teles de Castro Domingues 18 Guaxindiba São Gonçalo Provisório Masculino UNIDADES DO COMPLEXO DE GERICINÓ Nome Endereço Capacidade Efetivo Regime Hospital Dr. Hamilton Agostinho Vieira de Castro / UPA Complexo de Gericinó 80 / Hospital Masculino e Feminino Hospital Penal Psiquiátrico Roberto Medeiros Complexo de Gericinó Hospital Psiquiátrico Masculino e Feminino Sanatório Penal Complexo de Gericinó Hospital Masculino Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho Complexo de Gericinó Semiaberto Masculino Penitenciária Alfredo Tranjan Complexo de Gericinó Provisório Fechado Masculino Penitenciária Industrial Esmeraldino Bandeira Complexo de Gericinó Fechado Masculino Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino Complexo de Gericinó Provisório Fechado Masculino 18 Unidade ainda não inaugurada. Segundo informado pela SEAP em reunião realizada em 16 de setembro de 2013, a previsão de inauguração é para o mês de outubro. 33

34 Penitenciária Moniz Sodré Complexo de Gericinó Fechado Masculino Penitenciária Talavera Bruce Complexo de Gericinó Fechado Feminino Creche Unidade Materno Infantil Complexo de Gericinó Fechado Feminino Instituto Penal Vicente Piragibe Complexo de Gericinó Semiaberto Masculino Penitenciária Dr. Serrano Neves Complexo de Gericinó Masculino Fechado Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho Complexo de Gericinó Masculino Provisório Fechado Cadeia Pública Jorge Santana Complexo de Gericinó Masculino Provisório Cadeia Pública Pedro Melo da Silva Complexo de Gericinó Masculino Provisório Presídio Elizabeth Sá Rego Complexo de Gericinó Masculino Fechado Presídio Nelson Hungria Complexo de Gericinó Feminino Provisório Fechado Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha Complexo de Gericinó Masculino Fechado Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho Complexo de Gericinó Masculino 34 Provisório Fechado

35 Instituto Penal Benjamin de Moraes Filho Complexo de Gericinó Masculino Semiaberto Penitenciária Joaquim Ferreira de Souza Complexo de Gericinó Feminino Provisório (comum e federal) Outros Penitenciária Lemos Brito Complexo de Gericinó Masculino Fechado Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira Complexo de Gericinó Masculino Provisório Cadeia Pública Bandeira Stampa Complexo de Gericinó Masculino Fechado Cadeia Pública José Frederico Marques Complexo de Gericinó Masculino Provisório 35

36 O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura em conjunto com organizações integrantes do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura - Justiça Global, Conselho Regional de Serviço Social (CRESS/RJ) e Pastoral Carcerária - visitou unidades de regime semiaberto e aberto nos meses de abril e maio de 2013 e o hospital de custódia e tratamento psiquiátrico que acolhe as pessoas com transtorno psíquico que já cumpriram medida de segurança em outubro de Foram as seguintes unidades: Casa do Albergado Crispim Ventino, Instituto Penal Vicente Piragibe, Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, Instituto Penal Edgard Costa, Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro e o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho. b) Do Exame Criminológico 19 O exame criminológico 20 foi instituído pela Lei de Execução Penal (LEP) 21 em 1984, sua realização deveria fornecer elementos para determinação da individualização da pena e para a progressão de regime a ser cumprido pelo preso. Por determinação da LEP cada estado deve criar sua própria regulamentação, desta forma o estado do Rio de Janeiro criou o Regulamento Penitenciário do Estado de Rio de Janeiro (RPERJ) através do Decreto Nº de 31 de março de Em 2003 a Lei Nº retirou dos artigos 6 e 112 da LEP a obrigatoriedade de realização do referido exame para a concessão da progressão de regime. A intenção era que o exame criminológico pudesse ser somente utilizado para estabelecer a individualização da pena através de um plano 19 O tópico a seguir foi elaborado com base em pesquisa realizada no livro Cartografia do Desassossego: o encontro entre os psicólogos e o campo jurídico, da psicóloga Ana Claudia Camuri e em MANSUR, Isabel e TRISTÃO, Rafael Barcelos. Entre o Direito e a Sociologia: Uma abordagem sobre o Exame Criminológico. in Escritos Transdisciplinares de Criminologia, Direito e Processo Penal: Homenagem aos Mestres Vera Malaguti e Nilo Batista. Coord. PEDRINHA, Roberta Duboc (obra no prelo). 20 Michel Foucault em livros como Vigiar e Punir, A verdade e as formas jurídicas e Resumo dos Cursos do Collège de France, localiza a emergência do procedimento do exame, entre os séc. XVIII e o séc.xix, nas sociedades disciplinares, e o entende como uma nova forma de controle social e de produção de poder-saber e da verdade. Este procedimento servirá como meio de fixar ou restaurar a norma e como matriz das ciências do homem, dentre elas: a psicologia, a psiquiatria e a psicanálise. 21 Lei No.7.210de 11 de julho de 1984, disponível em: 36

37 de tratamento apropriado, contudo não foi o que o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (MEPCT/RJ) pôde constatar nas visitas realizadas. O que se observou nas pesquisas, entrevistas e, sobretudo nas visitas às unidades prisionais é que, apesar da Lei Nº /03, não tem sido a possibilidade de realizar o exame criminológico, mas sim a sua solicitação como regra, que tem ocorrido para a concessão de progressão de regime. O Mecanismo irá tecer alguns comentários a respeito da sua experiência com o instituto do exame criminológico durante as visitas realizadas. Da sua (i)legalidade O artigo 112 da Lei de Execuções Penais estabelece que quando o preso tiver cumprido um sexto da pena no regime inicial e ostentar bom comportamento comprovado pela direção da unidade, terá o benefício de passar para um regime menos gravoso. Não há qualquer menção sobre a faculdade do exame criminológico. Na tentativa de sanar as dúvidas quanto a possibilidade de sua realização, a Súmula Vinculante Nº 26, de 16/12/2009, do Supremo Tribunal Federal (STF) determina que: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n , de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico (grifo nosso). O texto da súmula é claro quando determina que em se tratando de crime hediondo, ou equiparado, será facultado ao magistrado para seu maior convencimento solicitar exame criminológico do preso, ou seja, em casos específicos e com farta fundamentação. A utilização do exame criminológico como regra para concessão de progressão de regime viola a Lei de Execuções Penais. 37

38 E, no caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ), temos o exemplo da súmula n 439, de 3/05/2010, em que: admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Para Camuri (2012) se, por um lado, essas duas súmulas, incluem um requisito que o legislador, acertadamente eliminou com as modificações trazidas pela Lei /2003 (o exame para a progressão de regime), por outro também possibilita que a decisão da progressão não esteja vinculada ao exame, ou seja, que o juízo da execução não depende do parecer psicológico ou do exame criminológico. Muito embora o STF já tenha determinado pela possibilidade da solicitação do exame, este somente deveria acontecer em casos específicos. Na verdade o que se pôde observar é que a exigência da realização do exame é mais uma das estratégias de manter o interno ad eternum em regime fechado como uma forma de responder à parte da sociedade que acredita que desta forma está segura. 22 No regime democrático em que vivemos a prisão deve ser uma restrição excepcional e não uma regra, a privação da liberdade não pode ser banalizada com fito de atender ao clamor punitivo de parte da sociedade 23. O respeito ao texto da Lei de Execuções Penais e mesmo à Súmula Vinculante Nº 26 é fundamental como um dos limites deste poder punitivo. A forma como se observou a utilização do exame criminológico durante as visitas do MEPCT/RJ não condiz com o princípio da legalidade, pois a legislação que o possibilita não faz qualquer previsão sobre favorecimento à privação da liberdade de modo que a execução penal torne-se ainda mais penosa ao preso. Os direitos adquiridos não podem ser suspensos com base em uma previsão de reincidência, os requisitos necessários a progressão do regime estão previstos em lei, qual sejam, o cumprimento de parte da pena e o bom comportamento, da forma que se observa hoje haveria ainda um terceiro requisito, a antecipação de futuras ações criminosas do interno. 22 MANSUR, Isabel e TRISTÃO, Rafael Barcelos. Entre o Direito e a Sociologia: Uma abordagem sobre o Exame Criminológico. in Escritos Transdisciplinares de Criminologia, Direito e Processo Penal: Homenagem aos Mestres Vera Malaguti e Nilo Batista. Coord. PEDRINHA, Roberta Duboc (obra no prelo). 23 BATISTA, Vera Malaguti. Criminologia e Política Criminal. Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica. Rio de Janeiro: v. 1 n. 2, p , jul./dez

39 A continuidade da privação da liberdade do preso, ou ainda a não concessão dos seus benefícios com base nas informações constantes no exame criminológico fere ainda os princípios da culpabilidade e da lesividade. O Direito Penal prevê que a responsabilização deve ser entendida a partir do ato que foi realizado e em que medida ele atingiu o outro, portanto o que se deve observar é o que se fez e não quem o fez, as normas jurídicas devem se referir a condutas e não a pessoas. Na medida em que o exame criminológico é considerado, erroneamente, como um documento que pode indicar características da personalidade do preso que podem futuramente levá-lo a reincidência os referidos princípios são desrespeitados. 24 Ao ignorar princípios basilares que norteiam o Código Penal Brasileiro, o Estado legitima a concepção de que estas pessoas seriam anormais e perigosas e que por isso não podem obter benefícios legalmente garantidos. A massa carcerária permanece em sua maioria em estado de periculosidade permanente 25. Caracterizado como perigoso é possível punir o preso sem que haja condutas delituosas, apenas a sua previsibilidade é suficiente para a suspensão de seus direitos. No livro Cartografia do Desassossego: o encontro entre os psicólogos e o campo jurídico, Ana Claudia Camuri, discute a tensão presente neste campo, por meio dos jogos de poder-saber existentes entre os operadores do direito e os profissionais da psiquiatra e da psicologia. O exame é visto como o instrumento pelo qual se consegue a articulação das estratégias de poder com a formação dos domínios de saber. A autora conta que durante as entrevistas para sua pesquisa ouvia dos promotores: o exame criminológico te dá uma luz sobre aquela pessoa que eu não tenho. E esta afirmação a remetia a pergunta de Foucault (1987, p.186) 26 : quem será o Grande Vigia que fará [...] [o] exame, para as ciências humanas? Ao longo de todo livro ela problematiza se esse vigia tem que continuar existindo e se ele tem que ser o psicólogo. 24 MANSUR, Isabel e TRISTÃO, Rafael Barcelos. Entre o Direito e a Sociologia: Uma abordagem sobre o Exame Criminológico. 25 Idem. 26 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 32 edição. Petrópolis: Vozes,

40 Da avaliação técnica A LEP determina a criação da Comissão Técnica de Classificação (CTC), esta comissão deve ser formada por uma equipe multidisciplinar composta por um psiquiatra, um assistente social, um psicólogo e dois chefes de serviço. O que se pôde observar nas unidades prisionais visitadas foi que o exame é realizado por assistentes sociais ou por psicólogos, ou por ambos, e esporadicamente também por psiquiatras que compõe a equipe técnica da unidade prisional e que estes profissionais acumulam outras funções a responsabilidade de realização do referido exame. No exame o interno será avaliado pelos profissionais que deverão expressar em um documento a possibilidade de o preso voltar ou não a cometer novos crimes. Na prática, devido a superlotação e as condições precárias de trabalho, a equipe técnica conversa com o preso por mais ou menos 15 minutos e redige o documento que irá determinar que ações o preso, ou a presa, realizará futuramente. Caso seja entendido, durante estes poucos minutos, que a pessoa não vai fugir ou cometer novos crimes ela poderá vir a receber o benefício da progressão de regime. Para além da óbvia impossibilidade da equipe técnica prever o futuro dos internos, as unidades prisionais hoje superlotadas, não fornecem condições para que os presos demonstrem capacidade e autonomia, são parcos os projetos de escolas, oficinas profissionais e trabalho extramuros, não há como avaliar o mérito exigido como condição ao seu progresso. É possível afirmar, portanto que não há condições subjetivas e nem mesmo objetivas para avaliação dos internos. A questão da previsão da reincidência criminal é um dos principais motivos que gera a solicitação do exame, a este respeito Camuri (2012) afirma que não se justifica essa demanda em função da reincidência não ser um problema psicológico e sim político e social. A ausência de políticas públicas efetivas dirigidas ao egresso 27 para auxiliá-lo na busca de condições mínimas de sobrevivência, como moradia e trabalho, é 27 Cf.: Art. 26 da LEP. 40

41 algo que não pode ser ignorado e que produz como efeito, em muitos casos, o retorno a pratica de crimes, sendo este um caminho produzido pelo próprio sistema. Considerando Regras Mínimas para Tratamento do Preso no Brasil (Resolução nº 14 de 11/11/1994), resultante da recomendação do Comitê Permanente de Prevenção do Crime e Justiça Penal da ONU, que estabelece em seu Art. 15 a assistência psicológica como direito da pessoa presa, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) deliberou uma normativa que regulamenta a atuação dos psicólogos no âmbito do sistema prisional; trata-se da Resolução CFP 012/ Contudo, em função do estado do Rio de Janeiro, ter ajuizado ação ordinária contra o Conselho Regional de Psicologia/RJ e o CFP, por meio de sua Procuradoria Geral, tendo obtido a concessão de liminar judicial pela 8 vara federal, os parágrafos dos artigos 2 e 4 deste documento foram suspensos provisoriamente 29. Citamos na integra o conteúdo do material suspenso para que se possa avaliar melhor a questão: Artigo 2, Parágrafo Único: É vedado à (ao) psicóloga(o) participar de procedimentos que envolvam as práticas de caráter punitivo e disciplinar, notadamente os de apuração de faltas disciplinares. Artigo 4, 1º. Na perícia psicológica realizada no contexto da execução penal ficam vedadas a elaboração de prognóstico criminológico de reincidência, a aferição de periculosidade e o estabelecimento de nexo causal a partir do binômio delitodelinqüente. Artigo 4, 2º. Cabe à(ao) psicóloga(o) que atuará como perita(o) respeitar o direito ao contraditório da pessoa em cumprimento de pena ou medida de segurança. É possível inferir que esta suspensão fere o Código de Ética da Psicologia (Resolução CFP Nº 010/05), pois retira o veto em relação à atuação do psicólogo em 28 Documento disponível no link: 29 Para ler reportagem sobre este fato: Comunicado%20aos%20psic%C3%B3logos%20da%20SEAP%20altera%C3%A7%C3%A3o%20da%20 Resolu%C3%A7%C3%A3o%20CFP%2012_2011%20pela%20Justi%C3%A7a.html). 41

42 práticas punitivas e disciplinares, de realização de prognósticos de reincidência e de aferição de periculosidade e, em última análise, golpeia até a carta magna, ao desobrigar o psicólogo de respeitar o direito ao contraditório. Em vista desta suspensão o CRP/RJ recomendou, em nota oficial 30, que enquanto durar essa decisão, os psicólogos da Secretaria de Administração Penitenciária do estado do Rio de Janeiro, participem das Comissões Técnicas de Classificação disciplinares, sem perder de vista os fundamentos éticos de sua profissão e os direitos humanos. Assim como acionou sua assessoria jurídica para tentar reverter à situação. Posteriormente, em outubro de 2012 o Conselho Federal de Psicologia emitiu a Resolução N que dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito. Considerando as funções do psicólogo de realizar perícias e emitir pareceres e a necessidade de estabelecer parâmetros e diretrizes sobre o papel do profissional no contexto da perícia, entre outras considerações, resolve que: Art. 8º Em seu parecer, o psicólogo perito apresentará indicativos pertinentes à sua investigação que possam diretamente subsidiar a decisão da Administração Pública, de entidade de natureza privada ou de pessoa natural na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de sua atuação profissional. (grifo nosso) Apesar do Conselho Federal de Psicologia entender que o psicólogo poderá emitir pareceres para subsidiar decisão da Administração Pública, e no tema em discussão, realizar exames criminológicos, não é unanimidade dentre os profissionais da psicologia. O Conselho Regional de Psicologia em parceria com o Conselho Regional de Serviço Social, ambos do Rio de Janeiro, tem debatido sobre os desafios da prática profissional no campo jurídico, sobretudo no que se refere ao exame criminológico. Os 30 Conteúdo disponível em: Comunicado%20aos%20psic%C3%B3logos%20da%20SEAP%20altera%C3%A7%C3%A3o%20da%20 Resolu%C3%A7%C3%A3o%20CFP%2012_2011%20pela%20Justi%C3%A7a.html 31 Conteúdo disponível em: 42

43 conselhos entendem que os exames devem ter caráter analítico, reflexivo e nãoconclusivo. 32 Diante do exposto o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro afirma que o exame criminológico não pode ser utilizado como uma forma de restringir direitos durante o cumprimento da pena, pois este, ou qualquer outro diagnóstico, não possui elementos que possam determinar condutas futuras. c) Das Atividades Laborativas e Educacionais Do Trabalho A questão do trabalho das pessoas privadas de liberdade historicamente foi um dos assuntos mais discutidos e polemizados, desde o surgimento das prisões na sociedade moderna em que o trabalho compulsório foi largamente usado nos primórdios da fase da industrialização. No Brasil, merecem destaques as Casas de Correção como a do Rio de Janeiro construída em 1833, onde sediava o antigo complexo Frei Caneca 33 e a de São Paulo em Porém, diferentemente do modelo implantado na Europa, as do Brasil não contemplava os objetivos daquela, apresentando caráter hibrido: A de São Paulo, por exemplo, não se destinava somente a receber os condenados à prisão com trabalho, mas também negros africanos, menores, além de escravos fugitivos que ficavam em outra dependência 34. Segundo a Constituição Federal de 88, o trabalho se encontra no rol dos direitos sociais estabelecidos no seu art. 6º, sendo livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendida as qualificações profissionais que a lei vem estabelecer. 32 Psicólogos e assistentes sociais debatem os desafios éticos e políticos de sua atuação no campo sociojurídico- Psic%C3%B3logos%20e%20assistentes%20sociais%20debatem%20os%20desafios%20%C3%A9ticos% 20e%20pol%C3%ADticos%20de%20sua%20atua%C3%A7%C3%A3o%20no%20campo%20sociojur% C3%ADdico.html 33 PEDRINHA, Roberta Duboc. Uma Abordagem Tridimensional do Espaço do Cárcere: Da Casa de Correção da Corte ao Regime Disciplinar Diferenciado. 34 Idem 8. 43

44 No que se refere ao exercício ao direito ao trabalho dos apenados, as Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Prisioneiros 35 dizem que este trabalho não deve ser penoso e será de natureza que mantenha ou aumente as capacidades dos presos para ganharem honestamente a vida depois de libertados, em conformidade com suas aptidões físicas e mentais. O mesmo documento prevê ainda que as horas diárias e semanais máximas de trabalho dos presos serão fixadas por lei ou por regulamento administrativo, tendo em consideração regras ou costumes locais concernentes ao trabalho das pessoas livres, e complementa que as horas serão fixadas de modo a deixar um dia de descanso semanal e tempo suficiente para a educação e para outras atividades necessárias ao tratamento e reabilitação dos presos. Já a Lei de Execuções Penais (Lei 7210/1984) entende o trabalho do detento como dever social e condição de dignidade humana, tendo finalidade educativa e produtiva, aplicando-se aos métodos de trabalho e organização cuidados à segurança e higiene. A exposição de Motivos da LEP dispõe que o projeto adota a ideia de que o trabalho penitenciário deve ser organizado de forma tão aproximada quanto possível do trabalho na sociedade. Ressalta-se que a Consolidação das Leis Trabalhista (CLT) não é aplicada nos casos de trabalho de apenados. O trabalho externo, disposto no art. 36 da Lei de Execuções Penais, é admissível para os presos em regime fechado somente em serviços ou obras públicas realizadas por órgãos da administração direta ou indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina 36, ou seja, é possível que o apenado, cumprindo pena em regime fechado, trabalhe fora da Unidade Prisional, desde que observadas as condições previstas no art. 36 da LEP. Já o apenado que cumpre pena em regime semiaberto pode trabalhar também em empresas privadas. A LEP, por sua vez, no art. 33 preceitua que a jornada normal de trabalho não será inferior a seis, nem superior a oito horas, com descanso nos domingos e feriados, complementando em seu parágrafo único que poderá ser atribuído horário especial de Exposição de Motivos nº 213, de 9 de maio de 1983, item

45 trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. A Lei Nº 6.416, de 24 de maio de 1977, que alterou dispositivos do Código Penal, do Código de Processo Penal e da Lei das Contravenções Penais, introduziu a remuneração obrigatória do trabalho prisional. Além do salário, é garantida a segurança do apenado enquanto trabalhador. Há o entendimento que o cumprimento da pena não significa que o interno terá suas condições de trabalho reduzidas. Cabe ressaltar que a remuneração do trabalho do preso, que não pode ser inferior a ¾ do salário mínimo, deve atender a indenização dos danos causados pelo crime cometido desde que determinado judicialmente e não reparados por outros meios; assistência à família; pequenas despesas pessoais - como, por exemplo, compra de material de higiene quando o apenado não recebe visita - e ressarcimento do Estado das despesas realizadas pela manutenção do condenado (art.29) não ficando explícita ainda quais seriam estas despesas. Na prática, todavia, a situação é diferente. Muitos presos que trabalham no interior das unidades não recebem salário ou não recebem o valor adequado pelo trabalho realizado, havendo desrespeito ao disposto no art. 29, da LEP, que determinado o valor mínimo a ser recebido. Outra questão no tocante a remuneração, observada durante as visitas, é que só é permitido ingressar na unidade prisional com o valor correspondente a 10% (dez por cento) do salário mínimo. A coordenação de segurança da SEAP arredondou esse valor para R$100,00 (cem reais). Entretanto, ainda assim, problemas continuam existindo, uma vez que muitos apenados não conseguem depositar o dinheiro no banco ou só podem entregar o valor para a família nos dias de visita. Então, o dinheiro fica retido na unidade e o interno ainda pode receber uma falta grave por ser flagrado portando quantia em dinheiro acima do permitido. No sistema penitenciário fluminense, o trabalho remunerado dos apenados é gerenciado pela Fundação Santa Cabrini, que de acordo com o seu sítio na internet tem como objetivo organizar atividades culturais, educacionais e artísticas, incentivando a ocupação criativa dos detentos, seus familiares, dos presos em regime de livramento 45

46 condicional e de egressos do sistema penitenciário. 37 Cabe destacar que em praticamente todas as visitas realizadas pelo MEPCT, há uma constante reclamação quanto ao atraso no pagamento realizado pelo referido órgão, alguns relatando a espera de meses. Em 2011 foi aprovada a Lei Nº garantindo ao condenado que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto remir um dia de pena a cada dia de trabalho. É mister saber que para ser concedido o instituto ora estudado é necessário atingir os requisitos objetivo e subjetivo previstos em lei. O requisito objetivo é o lapso temporal necessário para que seja possível a concessão do benefício. O mesmo é alcançado com o cumprimento de um sexto da pena. Todavia, conforme explicam Massimo Pavarini e André Giamberardino, apesar de existiram posições contrárias na jurisprudência, o entendimento predominante já pacificado no STJ é pela não exigibilidade do requisito objetivo para o preso que inicia o cumprimento de pena no regime semiaberto. 38 Cabe ressaltar que a Súmula 40 do Superior Tribunal de Justiça discorre que para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado. O requisito subjetivo é o bom comportamento do apenado na Unidade Prisional, que, conforme art. 37 da LEP, é a aptidão, disciplina e responsabilidade. A disciplina e a responsabilidade são averiguadas verificando-se o índice de comportamento que consta na Transcrição da Ficha Disciplinar do preso e a ausência de punição por faltas disciplinares. A jurisprudência mostra-se nesse sentido, verbis : Processo: HC14288 PB 2000/ Relator(a): Ministro EDSON VIDIGAL. Julgamento: 13/11/2000. Órgão Julgador: T5 - Quinta Turma. EMENTA: PROCESSUAL PENAL. REGIME SEMI-ABERTO. TRABALHO EXTERNO. LEI DE EXECUÇÕES PENAIS, ART Para a concessão de trabalho externo pelo Juízo das Execuções, é necessária a observância de requisitos de ordem objetiva o cumprimento PAVARINI, Massimo; GIAMBERARDINO, André. Teoria da Pena e Execução Penal: Uma Introdução Crítica. 1ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2011, página

47 mínimo de 1/6 da pena, bem como de ordem subjetiva - aptidão, disciplina e responsabilidade (LEP, art. 37). 2. Habeas Corpus conhecido; pedido indeferido. Embora o trabalho externo tenha previsão legal, sabe-se que na prática é difícil conseguir uma oportunidade quando se está cumprindo pena. Visando melhorar esse quadro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou, em 2009, o Programa Começar de Novo, que busca promover a cidadania e reduzir a reincidência criminal por meio de oferta de cursos de capacitação e de empregos para presos e egressos do sistema carcerário 39. Através desse programa, os trabalhadores exercem atividades como as de auxiliar administrativo, pedreiro, vidraceiro, telefonista, eletricista, auxiliar de serviços gerais, ajudante de obras, soldador e mecânico, entre outros, em órgãos públicos e em empresas privadas de todas as regiões do país. Visando estimular uma maior oferta de vagas para detentos, são oferecidos atrativos para o contratante, como, por exemplo, a isenção de tributos. Apesar dessa iniciativa ter sido criada em 2009, ainda é baixo o número de apenados exercendo atividades laborativas. Segundo os dados disponibilizados pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) em 2012, a média nacional dos presos que trabalham é de 20% (vinte por cento). O Estado do Rio de Janeiro é o que ocupa a última posição no ranking de presos trabalhando por estado, pois tem apenas 2% (dois por cento) dos seus (trinta e três mil e quinhentos e sessenta e seis) detentos tem alguma ocupação. 40 Tal realidade não é muito diferente dos outros anos, visto que, de acordo com dados do Infopen esta estatística era de 2,7% e 3,6% em meados de 2011 e 2010 respectivamente. 39 Os dados relativos a cursos de capacitação e a empregos ficam disponíveis no Portal de Oportunidades do CNJ online( e é de acesso livre. 40 DEPEN. Relatórios Estatísticos: Analíticos do Sistema Prisional Disponível em: < &Team=&params=itemID=%7BC37B2AE9-4C B16-24D C%7D;&UIPartUID=%7B 2868BA3C-1C BE11-A26F70F4CB26%7D>. Acesso em:15/05/

48 Rio de Janeiro (UF) Junho 2012 Além do Rio de Janeiro, outros cinco estados tem menos de 10% (dez por cento) da sua população carcerária trabalhando. São eles, o Pará com 8% (oito por cento), a Paraíba também com 8% (oito por cento), o Acre com 6% (seis por cento), o Rio Grande do Norte com 5% (cinco por cento) e o Ceará com apenas 3% (três por cento). 41 Já a média nacional é de 20% de detentos trabalhando, dez vezes maior que o percentual do sistema fluminense. Tendo em vista que a quantidade de apenados trabalhando é mínima, sendo muito inferior ao esperado, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, também enquanto presidente do Conselho Nacional de Justiça, assinou um acordo de cooperação técnica com o Comitê Organizador da Copa do Mundo. Esse acordo estabelece que presos e egressos do sistema carcerário podem trabalhar nas obras da Copa do Mundo de Além da permissão, eles teriam oportunidades asseguradas, pois os editais de licitação devem incluir a obrigatoriedade de as empresas, nas obras e serviços com mais de vinte funcionários, destinarem 5% (cinco por cento) das vagas de trabalho a essas pessoas aqui referidas. Cabe destacar que a demanda por atividade laborativa é bastante reivindicada pelos apenados no sistema, sobretudo aqueles que se encontram no regime semiaberto. 41 PAVARINI, Massimo; GIAMBERARDINO, André. Teoria da Pena e Execução Penal: Uma Introdução Crítica. 1ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 2011, pág

49 Da Educação 42 As pessoas privadas de liberdade gozam, nos dispositivos jurídicos internacionais e nacionais, do reconhecimento de seu direito humano à educação. A Declaração Universal dos Direitos Humanos 43 reconhece a educação como direito em seu artigo 26, onde seu objetivo é de: pleno desenvolvimento da pessoa humana e o fortalecimento do respeito aos direitos humanos. Este artigo ganhou status jurídico de caráter obrigatório para Estados Parte por meio dos artigos 13 e 14 do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, aprovado pelo Brasil em Com base nos dispositivos internacionais, o Conselho Nacional de Políticas Criminal e Penitenciária (CNPCP), adaptou e aplicou regras para o Brasil mais atualizadas e condizentes com a realidade do país através da Resolução 14, de 11 de novembro de Neste último: Art. 38. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso. Art. 39. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação e de aperfeiçoamento técnico. Art. 40. A instrução primária será obrigatoriamente ofertada a todos os presos que não a possuam. Parágrafo Único Cursos de alfabetização serão obrigatórios para os analfabetos. 42 Partes do texto que se encontra neste subitem apresentam a mesma redação do conteúdo sobre o tema no Relatório Anual do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura 2012 finalizado em janeiro último. 43 O direito à educação está previsto nos seguintes documentos internacionais: Declaração Mundial sobre Educação para Todos; Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança; Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher; Convenção contra a Discriminação no Ensino; Declaração e Plano de Ação de Viena; Agenda 21; Declaração de Copenhague; Plataforma de Ação de Beijing; Agenda de Habitat; Afirmação de Aman e Plano de Ação para o Decênio das Nações Unidas para a Educação na Esfera dos Direitos Humanos e a Declaração e o Programa de Ação de Durban contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas. 49

50 Art. 41. Os estabelecimentos prisionais contarão com biblioteca organizada com livros de conteúdo informativo, educativo e recreativo, adequados à formação cultural, profissional e espiritual do preso. Art. 42. Deverá ser permitido ao preso participar de curso por correspondência, rádio ou televisão, sem prejuízo da disciplina e da segurança do estabelecimento. (...) o direito de todas as pessoas encarceradas à aprendizagem: a) proporcionando a todos os presos informação sobre os diferentes níveis de ensino e formação, e permitindo-lhes acesso aos mesmos; b) elaborando e implementando nas prisões programas de educação geral com a participação dos presos, a fim de responder a suas necessidades e aspirações em matéria de aprendizagem; c) facilitando que organizações nãogovernamentais, professores e outros responsáveis por atividades educativas trabalhem nas prisões, possibilitando assim o acesso das pessoas encarceradas aos estabelecimentos docentes e fomentando iniciativas para conectar os cursos oferecidos na prisão aos realizados fora dela. 44 Em 2010, a proposta de Diretrizes Nacionais para Educação no Sistema Prisional foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) 45. Tais diretrizes foram elaboradas por participantes do Seminário Nacional pela Educação nas Prisões, realizado em Brasília em 2006, e apresenta parâmetros nacionais com relação a três grandes eixos: (1) gestão, articulação e mobilização; (2) formação e valorização dos profissionais envolvidos na oferta; (3) aspectos pedagógicos. Em 2009, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária CNPCP aprovou a Resolução nº03, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Educação nos estabelecimentos penais. Entre as principais propostas, vale destacar a que sugeriria a extensão da remição da pena pela educação que viria a ser efetivada em Neste esteio, é decretado, no final de 2011, o Plano Estratégico de Educação no âmbito do Sistema Prisional, baseado nas diretrizes do CNE e do CNPCP, que define atribuições 44 Disponível em: 45 Resolução nº 2, de 19 de Maio de

51 do Ministério da Educação e da Justiça no financiamento para os estados que apresentarem seus planos estaduais 46. Conforme mencionado no item que versa sobre trabalho, em 2011 importante avanço para os apenados se deu com a aprovação da modificação da LEP, estendendo também a garantia de remição da pena para o estudo Lei Nº A LEP, em seu artigo 126, previa somente a redução da pena pelo trabalho. O texto legal fala em: 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias (art.126, I). No Rio de Janeiro, apesar do sistema prisional oferecer educação através de convênio com a Secretaria de Educação desde , só seria criada, em 2008, no âmbito da SEEDUC Secretaria de Estado de Educação uma Coordenadoria Especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas (Coesp), atualmente Diretoria Especial de Unidades Escolares Prisionais e Socioeducativas (Diesp) para atuar em educação nos espaços de privação de liberdade. Enquanto em 2007 havia 11 escolas prisionais, em 2011 eram 17 escolas em unidades da Seap, com o total de alunos matriculados. Já em 2012, eram 18 unidades, 15 com espaço físico e três como anexos, totalizando aproximadamente 5 mil alunos 49. Com a inauguração das escolas em três unidades prisionais do Complexo de Japeri, o Rio de Janeiro totaliza 20 escolas estaduais em prisões. No entanto, são aproximadamente 50 as unidades prisionais da SEAP e o número de pessoas presas cresce exponencialmente. 46 No âmbito do MEC as demandas deverão ser veiculadas pelo PAR Plano de Ações Articuladas instituído através do Decreto 6094 da Casa Civil da presidência da república, em Promulga-se, neste documento, o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica. 47 Disponível em: 48 Dados do Plano Estadual de Educação Disponível em: 49 Dados apresentados no Fórum de Educação em Prisões e no Plano Estadual de Educação do Rio de Janeiro. 51

52 No ano de 2009, a Secretaria de Estado de Educação apresentou à Comissão de Educação da ALERJ a versão preliminar do Plano Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro, dentre as comissões temáticas, uma se destinou ao tema da educação no sistema penitenciário. Entre 14 e 17 de maio de 2012 foi realizado o 3 Seminário Nacional pela Educação nas Prisões com objetivo subsidiar as unidades federativas na elaboração dos Planos Estaduais de Educação nas Prisões, que contou com a participação de representantes do Rio de Janeiro. A construção e implantação de um Plano Estadual é medida fundamental para consolidação de uma educação prisional que leve em conta as características específicas deste trabalho como sua orientação pedagógica, por exemplo. Em conversa com profissionais da área, foi relatada uma grande dificuldade no trabalho dos mesmos por estarem na interseção entre a lógica da educação e a lógica da segurança, tão claramente adotada pela SEAP. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária também faz uso do Programa Brasil Alfabetizado 50, idealizado através das ações do Ministério da Educação, voltado à alfabetização de jovens, adultos e idosos. Segundo dados da SEAP do ano de 2013, há 780 presos alfabetizados no estado. De acordo com o último levantamento do Infopen do Ministério da Justiça, em junho de 2012, apenados no Rio de Janeiro estavam inseridos em atividades educacionais regulares, o que corresponde a 8% da população carcerária, estimativa menor que a nacional, cuja percentual é de 10%. A grande maioria da população carcerária fluminense que goza deste direito cursa o Ensino Fundamental, como demonstra o gráfico abaixo

53 Atividades Educacionais Ressalta-se que não foi registrado nenhum preso cursando ensino superior e a questão da baixa escolaridade e não acesso ou precário ao ensino público de qualidade é um dado marcante das pessoas privadas de liberdade no estado, quiçá no Brasil. Além disso, como método de levantamento de dados, entende-se a classificação ensino fundamental muito ampla considerando a quantidade de anos letivos do mesmo, o que pode empobrecer uma análise mais aprofundada do fenômeno. Assim como esboçado na questão do trabalho, há uma grande demanda dos apenados para exercer o direito à educação nas prisões, com vários questionamentos acerca de ofertas de cursos profissionalizantes. Deste modo, há que se destacar que a educação é um direito universal para todas as pessoas privadas de liberdade, e, portanto, estendido a todos os presos sentenciados e provisórios. Apesar de certo esforço para ampliação da educação prisional que vem sendo realizada, preocupa-se que o ritmo dessa ampliação seja muito lento tendo em vista às necessidades atuais do sistema prisional. É claro que se faz necessária uma luta pela redução do encarceramento e por todas as demais causas de um sistema penal hipertrofiado. No entanto, na medida em que pessoas estejam privadas de liberdade é 53

54 fundamental que o conjunto de direitos a que dispõem seja ofertado de maneira plena pelo Estado. d) Das Sanções Disciplinares A Lei de Execuções Penais (LEP) determina em seu artigo 39, inciso VI, como um dos deveres do preso, a submissão à sanção disciplinar. O artigo 45 garante que a aplicação da sanção não violará a integridade física ou psíquica do preso e presa, cabendo ressaltar o parágrafo terceiro que determina que estão terminantemente proibidas as sanções coletivas: Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado. 2º É vedado o emprego de cela escura. 3º São vedadas as sanções coletivas (grifo nosso) O artigo 50 da referida legislação enumera de forma taxativa as faltas consideradas graves pelo legislador, tais como: incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; fugir; descumprir, no regime aberto, as condições impostas; entre outras. O artigo 53 da LEP trata das sanções aplicadas as faltas disciplinares: Art. 53. Constituem sanções disciplinares: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único); 54

55 IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei. V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. O artigo 54 completa determinando que as sanções elencadas no artigo acima em seus incisos I ao IV, serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento (...). Portanto, de acordo com a Lei de Execuções Penais as sanções disciplinares devem ter previsão legal prévia; não violar a integridade física ou psíquica do preso ou presa; a pessoa para quem será aplicada a sanção não poderá ser levada a cela escura e, principalmente, a sanção disciplinar não poderá ser coletiva. Durante as visitas realizadas pelo Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura foi possível constatar que muitos desses dispositivos são desrespeitados pela administração penitenciária. A superlotação é identificada como um dos graves problema no sistema prisional carioca favorecendo a prática de tortura e maus tratos. Uma das consequências negativas do elevado número de presos é a utilização de castigos coletivos como forma de conter e disciplinar o coletivo. Em várias oportunidades, os membros do Mecanismo ouviram dos presos relatos de que toda uma galeria havia ficado semanas sem visita dos familiares ou sem banho de sol por determinação da Direção em represália a ato indisciplinar cometido por um interno ou por um grupo de presos. A legislação prevê sanções a serem aplicadas à pessoa ou pessoas identificadas como autoras do ato indisciplinar, sanções estas que variam inclusive com o grau de gravidade da conduta, desta forma é inadmissível que todo um coletivo seja castigado por um ato isolado. Durante as visitas realizadas especificamente em unidades que abrigam presos que estão cumprindo o regime semiaberto ouvimos relatos dos internos e das direções que as punições coletivas estão sempre relacionadas a impossibilidade de saída das celas, ou seja, o preso deixa de ter o seu benefício, concedido pela SEAP, de circular livremente pela unidade. 55

56 A determinação de uma punição coletiva em unidades de semiaberto é ainda mais grave, pois viola o direito de livre circulação garantido ao preso. A direção da unidade prisional não pode naturalizar a violação à Lei de Execuções Penais. e) Das Autorizações de Saída A Lei de Execuções Penais (Lei Nº 7.210/84) estabelece duas possibilidades de saída durante a execução penal: a permissão de saída, prevista no art. 120, para casos de falecimento de entes queridos e para tratamento médico externo, e a saída temporária. Abordaremos aqui o instituto da saída temporária, regulamentado nos arts. 122 a 125 da LEP. Respondendo solicitação em ofício do MEPCT/RJ, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária informa que em todo o estado do Rio de Janeiro há apenas 700 presos gozando do direito de autorização de saída. Das Saídas Temporárias O art. 122, da Lei 7.210/84, dispõe que: Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: I - visita à família; II - freqência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Assim como o trabalho, tais saídas tem cunho de ressocialização, objetivando um retorno melhor e mais produtivo do apenado ao convívio social após o cumprimento da sentença. 56

57 É necessário que o apenado cumpra pena em regime semiaberto para ter direito ao benefício da saída temporária, não sendo admitido para o interno que cumpre pena em regime fechado ou que está preso provisoriamente. O requisito subjetivo, assim como ocorre no caso do trabalho, é ter comportamento adequado, como previsto no art. 123, I da LEP, o que pode ser comprovado através da transcrição da ficha disciplinar do apenado. O requisito objetivo, indispensável para a concessão desse benefício, é o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e ¼ (um quarto), se reincidente, conforme disciplina o inciso II, do ar. 123, da LEP. Faz-se necessário salientar que a Súmula 40 do Superior Tribunal de Justiça discorre que para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado. Também é necessário que haja compatibilidade da saída temporária com os objetivos da pena, para que esse benefício seja concedido, segundo o inciso III, do art. 123, da LEP. Cabe ressaltar que a Lei não exige a realização de exame criminológico para obtenção desses benefícios, todavia, o Ministério Público do Rio de Janeiro na maioria dos casos exige tal exame para opinar quanto à concessão das saídas temporárias. Tal exigência, que deve ser dispensada, atrasa o processo e faz com que o apenado não usufrua do benefício no prazo que tem direito. Da Visita Periódica ao Lar A Visita Periódica à Família (VPF), conhecida também como Visita Periódica ao Lar (VPL), é um benefício que permite que o apenado saia da Unidade Prisional para visitar a família, tendo que retornar para dormir no presídio, estando previsto no art. 122, inciso I da Lei de Execução Penal. Vale dizer que a LEP, no seu art. 41, inciso X, assegura a assistência familiar como integrante do rol de direitos do preso. Para a concessão da VPL, faz-se necessária a obtenção de requisitos objetivo e subjetivo. O lapso temporal necessário para obtenção do requisito objetivo, é o cumprimento de 1/6 57

58 (um sexto) da pena se o apenado for primário e ¼ (um quarto) no caso de apenado reincidente, também sendo observada neste instituto a Súmula 40 do STJ anteriormente abordada. O parágrafo primeiro, do art. 124 da LEP, traz as condições que serão impostas pelo juiz ao conceder a saída temporária: I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; (Incluído pela Lei nº , de 2010) II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; (Incluído pela Lei nº , de 2010) III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. A jurisprudência entende que o rol apresentado nesse artigo é meramente exemplificativo. Vale destacar que se o comprovante de residência não estiver no nome do apenado, é necessário instruir o pedido do benefício com documentos que comprovem a relação de parentesco do apenado com a pessoa do comprovante, fato que gera grande dificuldade para a realização da visita. Não obstante o fato de o art. 124 da LEP discorrer que a autorização será concedida por prazo não superior a sete dias, podendo ser renovada por mais quatro vezes durante ano, e do parágrafo 3º do referido artigo estabelecer um período mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias como intervalo entre as renovações das saídas, na prática, a concessão do benefício se dá de maneira diversa. Os juízes da Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro concedem a visita periódica ao lar de modo que seja permitido ao apenado sair duas vezes por mês para visitar a família, além da possibilidade de sair nas datas comemorativas, podendo realizar no total até trinta e cinco saídas por ano. Para demonstrar tal posicionamento da VEP/RJ, cabe transcorrer a decisão da juíza Roberta Barrouin Carvalho de Souza, proferida nos autos do Processo número : 58

59 3 - Trata-se de requerimento de saída temporária na modalidade de visitação periódica ao lar, formulado em favor do apenado em epígrafe, que cumpre pena em regime semiaberto, com manifestação favorável do ministério público. Pois bem, estando devidamente instruído o requerimento, presentes os requisitos legais, com arrimo nos arts. 122, i, e 123, da LEP, concedo ao apenado em epígrafe autorização para saídas extramuros para visitação periódica à família, sem pernoite, que deverá ser realizada duas vezes por mês, de modo a não embaraçar eventual atividade laborativa, bem assim por ocasião de seu aniversário, na páscoa, nos dias nomeados das mães e dos pais, no natal e nas festividades do ano novo, até o limite ânuo de 35 (trinta e cinco) saídas, cujas saídas se darão a partir das 06 horas, com retorno até às 22 horas do mesmo dia, exceção feita ao natal, quando a saída se dará a partir das 06 horas do dia 24, e o retorno até às 22 horas do dia 25, e aos festejos do ano novo, quando a saída se dará no dia 31 de dezembro, e o retorno no dia 01 de janeiro, com o mesmo horário de saída e retorno. Não sendo obedecidos o horário e data de retorno da saída temporária, ficam automaticamente canceladas as autorizações para as saídas subsequentes. Oficiese para cumprimento. 51 Assim, conforme demonstrado pela decisão supra, na prática o benefício é concedido no Rio de Janeiro de forma diferente do disposto em Lei. f) Do Livramento Condicional Outro ponto que merece destaque é o benefício concedido aos condenados chamado livramento condicional. Considerado a última etapa do sistema penitenciário progressivo por Roberto Lyra 52, o livramento condicional é a liberdade provisória concedida, sob certas condições, ao condenado que não revele periculosidade, depois de cumprida uma parte da pena que lhe foi imposta. 51 VEP RJ. Juíza Roberta Barrouin Carvalho de Souza. Decisão proferida nos autos do processo LYRA, Roberto apud. MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 7ª ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009, p

60 Guilherme de Souza Nucci 53 entende que o livramento é a antecipação da liberdade para quem cumpre pena privativa de liberdade, desde que cumpridos determinados requisitos, alguns objetivos, outros subjetivos, conforme dispõe o art. 83 do Código Penal. Por este artigo, o juiz poderá conceder este benefício a quem for condenado a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 02 (dois) anos se: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. Como condição obrigatória, são previstas no art. 132, 1º da LEP a obtenção de uma ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se for apto ao trabalho; comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; não mudar do território da comarca do Juízo da Execução, sem prévia autorização deste. A Lei de Execução Penal estabelece ainda condições facultativas, em seu art. 132, 2º, quais sejam: não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção; recolher-se à habitação em hora fixada e não frequentar determinados lugares. O Projeto de Lei do Senado 236/2012, em tramitação, apresenta o Projeto de Reforma do Código Penal, estabelecendo dentre as proposições, a extinção do 53 NUCCI, Guilherme de Souza Código Penal Comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais,

61 instituto do livramento condicional no Brasil. Tal medida, além de desvirtuar a essência do sistema de progressão de regime que inspira o ordenamento jurídico pátrio, poderá trazer sérias consequências para o sistema penitenciário, gerando ainda maior superpopulação nas unidades já debilitadas. A proposta foi acompanhada de grande resistência na comunidade jurídica 54. g) Da Monitoração Eletrônica Como bem assevera Poza Cisneros 55, a vigilância eletrônica consiste no método que permite controlar donde se encuentra o el no alejamiento o aproximación respecto de un lugar determinado, de una persona o una cosa (...). De fato, é possível perceber que tal preocupação tem provocado modificações significativas no instante da elaboração legislativa. No Brasil, por exemplo, recentemente, as leis Nº /11 e Nº /10 introduziram os sistemas telemáticos de vigilância, como uma autêntica solução alternativa ao cárcere. De fato há inúmeras razões para que o legislador introduza inovações no ordenamento jurídico brasileiro, na perspectiva de evitar o encarceramento. Entre os diversos motivos existentes, podem ser destacados: a) a consequência jurídica do delito a ser imposta pelo Estado deve ofender, o mínimo possível, a liberdade humana; b) a regra estabelecida pela Constituição da República de 1988 é a liberdade e não a prisão; c) o cárcere é um ambiente criminógeno, estigmatizante e deletério à dignidade humana do indivíduo e, em consequência, também para a sociedade; d) e, por fim, a prisão é um instrumento inapropriado para alcançar a finalidade ressocializadora da pena. Portanto, a constatação de tais motivos leva a conclusão de que a prisão deve consistir em resposta manejável exclusivamente em desfavor das condutas antissociais consideradas de maior afronta para a sociedade. Ou seja, o emprego da prisão deve ser 54 Penal-provocara-boom-carcerario-dizem-analistas. 55 CISNEROS, María Poza. Las nuevas tecnologías en el ámbito penal. Revista del Poder Judicial, n 65, p ,

62 limitado àquelas hipóteses em que não há alternativa eficiente para proteger os bens jurídicos considerados de extrema relevância social. O monitoramento eletrônico foi inserido, no ordenamento jurídico brasileiro, pela Lei Nº /2010, que alterou a redação da Lei de Execução Penal. A mencionada norma introduziu, expressamente, no Título V (Da Execução das Penas em Espécie), Capítulo I (Das Penas Privativas de Liberdade), Seção VI, da aludida Lei de Execução Penal (artigos 146-A ao 146-D), a possibilidade de utilização da monitoração eletrônica. A Lei Nº /2010 estabeleceu a monitoração eletrônica nas hipóteses de saída temporária no regime semiaberto e de prisão domiciliar. É de verificar-se que, neste caso, que o monitoramento se aplica na fase de execução da pena, salvo a eventualidade de o cumprimento da prisão processual, excepcionalmente, vier a ser levada a cabo no domicilio do sujeito. No entanto, a implementação do sistema eletrônico de monitoração penal objetivou proporcionar maior segurança e controle quando da saída do apenado do sistema penitenciário. Portanto, não se pode visualizar, na aludida reforma de 2010, a utilização deste dispositivo tecnológico como uma autêntica alternativa à prisão, senão como um suporte eficiente de controle e vigilância do preso, beneficiado pela autorização de saída temporária ou pela concessão da prisão domiciliar. O legislador fixou, no art.146-c da LEP, a necessidade de o condenado adotar cuidados com o aparelho de monitoração eletrônica, estabelecendo deveres como: receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações ; e, ainda, abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça. O descumprimento das medidas destacadas no parágrafo anterior pode acarretar para o acusado: a regressão do regime; a revogação da saída temporária; a advertência, por escrito; ou a revogação da prisão domiciliar. Sobre este último aspecto (revogação da monitoração eletrônica) convém destacar que o artigo 146-D determina que tal vigilância poderá ser revogada se a medida se tornar desnecessária ou inadequada, 62

63 ou se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. Convém reconhecer que tais medidas (destacadas no parágrafo anterior) são meramente repressoras, pouco (ou nada) colaborando com a finalidade ressocializadora da pena. Ademais, vale destacar que inúmeros problemas técnicos nos dispositivos de monitoramento geram condições adversas ao apenado, podendo inclusive repercutir em seu desfavor na execução penal. Quando o monitoramento eletrônico começou a ser utilizado no Rio de Janeiro, foi direcionado apenas para autorizações de saída do regime semiaberto. Não iniciou como medida cautelar penal. Segundo informado pela Vara de Execução Penal/RJ, o índice de evasão de monitorados eletronicamente é baixíssimo. No ano de 2012, em todo o estado do Rio de Janeiro, havia 1300 monitorados, apresentando uma evasão da ordem de cerca de 1%. h) Da Prisão Albergue Domiciliar Notadamente, a Lei de Execuções Penais Nº 7.210/84, em seu art. 117, enumera um rol de situações nas quais se permite a prisão domiciliar, vale dizer: a) homem e mulher maiores de setenta anos ou acometidos de doença grave e; b) mulheres gestantes, com filho menor ou deficiente. Contudo, a respeito de tais hipóteses, paira a controvérsia de serem exemplificativas ou taxativas. Assim versa o art. 117 do referido diploma legal: Art Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; 63

64 IV - condenada gestante. O problema em tela é polêmico, angustia os estudiosos da execução penal e, precipuamente, o apenado do regime aberto que não tem à sua disposição o estabelecimento penal apropriado, sendo que, por isso, cumpre pena mais gravosa do que a infligida na decisão judicial condenatória. Tal medida constitui o denominado desvio de execução. Segundo Almeida: É certo que a ausência de vagas no regime adequado para: i) o preso cautelar (custodiado numa Cadeia Pública ou Centro de Detenção Provisória) que venha a ser condenado no regime inicial aberto ou semiaberto; ii) o réu que aguardou solto o trânsito em julgado de igual condenação ou; iii) o condenado no regime fechado, como na maioria das vezes, que obteve a progressão de regime; são situações que caracterizam o nefando desvio de execução. Ocorre que a questão do desvio é um problema crônico no sistema penitenciário nacional 56. Portanto, inexistindo vaga na casa de albergado 57, urge verificar o que seria mais equitativo, isto é, acomodar o condenado em dependência prisional imprópria ou conceder-lhe a prisão albergue domiciliar. A Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já vem admitindo o entendimento de que não se pode aplicar regime mais agravoso do que o que se deve de direito ao apenado. Neste sentido caminha o HC /SP, tendo como relator na Suprema Corte o Ministro Ricardo Levandowski. No mesmo sentido, também há grande repercussão nos tribunais inferiores. Vale observar a que segue: DTZ AGRAVO EM EXECUÇÃO - PRISÃO DOMICILIAR - NÃO-SATISFAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO ART. 117 DA LEP - REGIME SEMI-ABERTO - IMPOSSIBILIDADE - VOTO VENCIDO. 56 ALMEIDA, Felipe Lima de. A execução da pena no anteprojeto do Código Penal: uma análise crítica. Revista Liberdades - nº 13. São Paulo: IBCCRIM, maio/agosto de Casa de albergado é o estabelecimento penitenciário destinado ao cumprimento da pena privativa de liberdade no regime aberto, que deve se situar em centro urbano afastado dos demais estabelecimentos de custódia, bem como sem obstáculos para a fuga. 64

65 Somente é possível o deferimento da prisão domiciliar ao sentenciado em cumprimento da pena em regime aberto, que satisfaça uma das condições do art. 117 da LEP.V.V.: Se o Estado, que condena o acusado (através do Poder Judiciário), não possui local adequado para que a pena seja cumprida nos termos da sua determinação em razão de sua própria desídia (manifestada pelo Poder Executivo) em construir unidades prisionais próprias aos regimes semi-aberto (Colônia Agrícola, Industrial ou similar) e ao aberto (Casa de Albergado), não tem o recuperando que se submeter a condições prisionais que extrapolem aquelas estritamente descritas na decisão judicial. Não se pode exceder aos limites impostos ao cumprimento da condenação, sob pena de desvio da finalidade da pretensão executória, podendo ser concedida, em caráter excepcional, a prisão domiciliar no caso de inexistir Casa de Albergado na Comarca, enquanto se espera vaga em estabelecimento prisional adequado ao regime aberto (Desembargador William Silvestrini). (TJMG - Rec-Ag /001-4ª C. Crim. - Rel. Conv. p/ Ac. Des. Ediwal José de Morais - DJ ) Este tema hoje enseja grande debate no âmbito do Supremo Tribunal Federal, tendo suscitado a realização de recente audiência pública 58. Para subsidiar o julgamento de um recurso, o Ministro Gilmar Mendes coordenou audiência pública sobre o tema da prisão albergue. Defensores públicos, promotores e secretários de segurança de todo o país discutiram o assunto. Caso o STF decida que o preso tem o direito da prisão domiciliar, todos os presos do semiaberto ou do aberto que não tenham vagas específicas poderão cumprir pena em casa. Segundo informações veiculadas pelo STF no semiaberto faltam mais de 23 mil vagas em todo o país, número de detentos que pode ter a garantia da prisão domiciliar. O ministro citou que a Constituição de 1988 obriga que a União seja responsável pela defesa nacional. "Isso envolve não só a Administração Pública federal, mas também outros órgãos, inclusive aqueles que integram o Poder Judiciário, como o CNJ", afirmou. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) faz acompanhamento do sistema penitenciário e realiza periodicamente mutirões para verificar mudanças em regime de cumprimento de pena

66 A Subprocuradora-geral da República Raquel Dodge destacou que a falta de vagas é "problema crônico". Para ela, porém, é preciso utilizar devidamente os recursos públicos voltados para a melhoria do sistema prisional e não simplesmente conceder o direito de prisão domiciliar, "A falta de vagas no sistema prisional é um problema crônico e crescente no Brasil, o que tem dado causa a prisões superlotadas, à substituição forçada de penas e ao cumprimento das mesmas em situações precárias. São condições prisionais que violam a Constituição. As verbas federais destinadas à construção de presídios no Brasil têm sido subutilizadas", afirmou a subprocuradora. O advogado da Pastoral Carcerária da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, Massimiliano Antônio Russo, defendeu a garantia da prisão domiciliar sempre que não houver vaga. Segundo ele, uma decisão do Supremo daria mais força a juízes que querem dar decisões do tipo, mas enfrentam resistências. Afirma: "A experiência que a Pastoral Carcerária tem das visitas semanais demonstram que o problema persiste para todo o lado, todas as regiões do Brasil. A decisão [do STF] vai contribuir para a melhoria porque os estados vão ter de deixar de ser omissos. [...] Soltar presos, para a mídia e para o governo, tem peso muito grande em nível de votos. [...] Uma decisão desse tribunal pode dar força para que juízes tomem decisões a favor da legalidade, da dignidade da pessoa humana e da Constituição Federal. 59 " i) Considerações Finais O panorama da progressão de regime no Rio de Janeiro, tal qual nos demais estados da Federação, é calamitoso. O cenário que se ergue demonstra que o projeto moderno de prisão que teria como finalidade a correção do preso, como nos ensinava Foucault, naufragou completamente, sobretudo em países como o Brasil, nos quais o populismo punitivo 60 é o leitmotiv das políticas criminais. 59 Idem. 60 SOZZO, Máximo. Populismo punitivo, proyecto normalizador y prisión-depósito en Argentina. In Sistema Penal & Violência. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito PUCRS Vol. 1, Nº 1 - Porto Alegre:

67 A estrutural realidade de superlotação e violações de direitos das pessoas privadas de liberdade configuram penas draconianas, claramente vedadas pela Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes da ONU. O sistema penitenciário brasileiro atual, nada mais é do que uma herança dos antigos instrumentos e das formas utilizadas para conter a criminalidade e para punir indivíduos que cometiam algum crime. Nilo Batista já retratava que: vestígios desse sistema, signo de uma formação social autoritária e estamental, encontram-se ainda hoje nas práticas penais (dis?)funcionais das torturas, espancamentos e mortes com as quais grupos marginalizados, pobres e negros costumam ser tratados por agências executivas do sistema penal ou por determinação de novos senhores 61. As constadas mazelas que pairam sobre a execução penal instituem uma espécie de progressão de regime às avessas, na qual muitas vezes o apenado vivencia realidade mais gravosa ao progredir do regime fechado para o semiaberto. De tal modo, assistimos à cotidiana afronta à Constituição Federal de 1988, posto que violados diuturnamente os princípios da legalidade, da humanidade e da dignidade da pessoa humana. Põe-se em prática o desvirtuamento da matriz do sistema progressista irlandês 62 que inspira o Ordenamento Jurídico-penal em vigor, instituindo um sistema de progressão de regime de matriz filadélfico, priorizando a pena privativa de liberdade em regime fechado em detrimento de políticas penitenciárias que poderiam orientar-se ao ideal ressocializador. 61 BATISTA, Nilo. Punidos e mal pagos: violência, justiça, segurança pública e direitos humanos no Brasil de hoje. Rio de Janeiro: Revan, O preso nesse sistema iniciava o cumprimento da pena com o isolamento celular de nove meses de duração (período de prova estágio inicial), em seguida, diante das marcas obtidas, o preso passava para a etapa seguinte: o trabalho em obras públicas. Após, diante do mérito do condenado, passava-se à terceira etapa, a semiliberdade, inclusão de Crofton, consistente no trabalho externo com pernoite no estabelecimento prisional. Por fim, a quarta e última etapa consistia na liberdade sob vigilância até o término de pena, que poderia ser revogada ou convertida em definitiva pelo bom comportamento. BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da Pena de Prisão. Causas e Alternativas. São Paulo: RT, 1993, p

68 Isto posto, temos que o sistema de progressão de regime no Brasil assemelha-se a um barril de pólvora, pois ao não apresentar qualquer estímulo ao bom comportamento, impele o apenado a buscar alternativas na transgressão, seja através da fuga ou da rebelião. Não obstante isso, dados do DEPEN informam que, no ano de 2012, menos de 0,05% dos presos envolveram-se em incidentes como motim ou rebelião. A falência das funções declaradas da pena privativa de liberdade e a inversão dos pressupostos da progressão de regime dão ensejo a uma política criminal de cunho atuarial 63. Nesta perspectiva, não importam as funções positivas da pena, apenas o poder disciplinar voltado à produção da obediência. Segurança e disciplina passam a ser os postulados-chave do sistema penitenciário, de modo que os direitos fundamentais inerentes à pessoa privada de liberdade, como a saúde, o trabalho, a educação, a assistência jurídica e familiar, são aviltados cotidianamente. Em especial educação e trabalho, ao invés de direito subjetivo do preso, são tidos como privilégios, de poucos, de uma pequena casta de apenados selecionada pela administração prisional. Deste modo, não é possível lograr qualquer ideal de ressocialização, ademais, o índice de reincidência no Brasil é da ordem de cerca de 70% o que apenas reafirma o potencial criminógeno do cárcere. Única função que lhe resta é, pois, a função retributiva. Assim, o sistema penitenciário fica adstrito a uma perspectiva vindicativa, como locus expiatório da culpa dos desviantes afastados do convívio social. Em nome da punição daqueles que violam a ordem jurídica o Estado promove a aviltação de inúmeros dispositivos normativos, no plano nacional e internacional, a exemplo das Regras Mínimas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade de 1984, Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, Convenção Contra a tortura da ONU de 1984, Convenção Interamericana para Punir e Prevenir a Tortura de 1985, 63 A política criminal atuarial rejeita o discurso jurídico e científico como condição de legitimidade e adere ao falso paradigma ideológico do fim da história da Criminologia. DIETER, Maurício Stegemann. Política Criminal Atuarial - A Criminologia do fim da história, de Dieter. Rio de Janeiro: Revan,

69 Lei de Execução Penal de 1984, Código Penal de 1940 e Constituição Federal da República de Como afirma Baratta, sob pena de promover-se o arbítrio não é cabível em uma democracia prescindir do princípio da superioridade ética do Estado 64. O Estado que se iguala aos criminosos não é capaz de legitimar socialmente suas ações, de modo a tornar inócuas as políticas criminais, como a empurrar a sujeira para debaixo do tapete, não atingindo as raízes das problemáticas em torno do crime e suas estratégias de controle. Urge a realização de uma profunda reforma no sistema de justiça criminal de modo a compatibilizar a execução penal aos preceitos legais e constitucionais. Para tanto, faz-se necessária uma eficiente articulação entre os três Poderes da República, em âmbito Federal e Estadual, de modo a adequar as agências do sistema penal em conformidade com a Constituição Federal de Tanto o Poder Executivo, através da reforma das polícias e da administração penitenciária; o Poder Legislativo, em sua função fiscalizatória do Executivo e em sua necessidade de repensar o populismo punitivo que coloniza a produção legiferante; como o Poder Judiciário, na necessidade de repensar a banalização da pena de prisão e zelar pela observância dos direitos fundamentais das pessoas privadas de liberdade quando da execução penal. No âmbito do Rio de Janeiro, é necessário que a SEAP elabore um programa que preconize a construção de unidades prisionais de regime semiaberto e aberto; assegurar efetivamente direitos básicos como trabalho, educação e saúde aos presos, bem como aprovar o plano de cargos e salários e realizar concursos públicos para técnicos penitenciários. É preciso repensar a centralização da VEP, de modo a assegurar maior celeridade à concessão de benefícios inerentes às pessoas privadas de liberdade. Ademais é preciso rever a obrigatoriedade da realização do exame criminológico para a concessão de tais prerrogativas, como meio de assegurar uma realidade menos gravosa 64 BARATTA, Alessandro. Principios del Derecho Penal Mínimo (Para uma Teoría de los Derechos Humanos como objeto y limite de la Ley Penal). In Revista Doutrina Penal n , Buenos Aires, Argentina: Depalma, pp

70 ao sistema penitenciário que padece diante do caos de ilegalidade estatal, bem como é preciso encampar uma campanha efetiva de apoio à utilização de penas alternativas. Mudanças estruturais são urgentes para a defesa do Estado Democrático de Direito nos espaços de privação de liberdade. O MEPCT/RJ apresenta no próximo item um conjunto de recomendações selecionadas por eixo temático, como forma de apontar alternativas concretas às problemáticas supramencionadas, colocando-se à disposição para colaborar com a formulação de estratégias para a erradicação da tortura e outros maus tratos, de modo a conferir condições mínimas de dignidade na progressão de regime no sistema penitenciário. III.1.2 PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO 65 O tema da privatização do sistema penitenciário não é novidade, visto que é uma discussão que remonta à década de 80 quando surgiram as primeiras empresas penitenciárias privadas em meio à crise de superpopulação que enfrentava o sistema penitenciário público dos EUA. Neste particular, sempre alardeou-se que o setor privado é mais eficiente, inovador e controlador que o setor público. Que as penitenciarias privadas são mais bem administradas que as públicas. Que melhores competências facilitam o funcionamento do setor público e que somente o setor privado pode solucionar a crise de instalações inadequadas e superpopulação, que afetam os sistemas penitenciários públicos. Os simpatizantes da privatização também alegam que o setor que controla as prisões privadas já está sumariamente instalado, e o que cabe agora fazer é debater como ele funciona. Na América Latina nos últimos anos, vários governos afirmam não dispor de recursos suficientes para melhorar prisões ou construir novas instalações. Isso significa que pouco 65 Este item foi elaborado com base na conferência ministrada no II Seminário Desafios para o Enfrentamento à Tortura por Newvone Costa, assistente social integrante do Comitê Estadual para a Prevenção e Combate à Tortura, representando o Conselho da Comunidade. 70

71 devem fazer pelo assunto, ou que a única forma pela qual um governo pode implantar novos projetos de infraestrutura para cadeias seria através do financiamento privado. A experiência internacional nos deixa claro que, em geral, as privatizações feitas neste setor tiveram efeitos contrários. Todas as privatizações concluídas estenderam a política neoliberal do FMI e do Banco Mundial e fizeram com que a população carcerária destes lugares aumentasse. Para se ter uma ideia as empresas que participaram deste processo não foram criadas por estudiosos no assunto e sim por pessoas que consideravam as prisões e os presos como uma lucrativa oportunidade de negócios. Estudos comprovam que as empresas referendavam os presos como dias homens compensados convertendo seres humanos em bens capitais. Segundo o professor Luis Francisco Carvalho Filho, há basicamente quatro modelos de intervenção: i. A empresa financia a construção e arrenda o estabelecimento para o Estado por determinado número de anos, geralmente não menos que 25 anos, diluindo os custos ao longo do tempo. ii. A empresa transfere unidades produtivas para o interior de presídios e administra o trabalho dos presos. iii. A empresa apenas fornece serviços terceirizados no âmbito da educação, saúde, alimentação etc. iv. E por fim a forma mais radical, a empresa gerencia totalmente o presídio, conforme regras ditadas pelo poder público, sendo remunerada com base num cálculo que leva em consideração o número de presos e o número de dias administrado. Importante salientar que as empresas não estão preocupadas com os princípios fundamentais dos direitos humanos e sim com a lucratividade dos negócios. A lógica de mercado é simples: quanto mais presos às unidades penitenciárias abrigam, mais verbas federais são repassadas para as empresas aumentando gradativamente os lucros, o setor registra recordes consecutivos de lucro no decorrer dos últimos anos e é o segundo mais 71

72 rentável aos investidores do país. Recentemente passou a figurar no rol de setores com ações negociadas na Bolsa Nasdaq. Por exemplo, o maior complexo penitenciário localizado na Geórgia, que é privatizado, recebe aproximadamente 200 dólares por cada preso todos os dias, rendendo um lucro anual de 50 milhões de dólares. Além disso, a empresa potencializa os vencimentos cobrando cinco dólares pelo minuto das ligações telefônicas - provavelmente a taxa por minuto mais cara do planeta. Os presos que trabalham no local - não importa quantas horas - recebem um dólar pelo dia trabalhado. Com a implantação da dinâmica de mercado às prisões, a população carcerária dos EUA teve um crescimento de mais de 500% - valor que representa aproximadamente 2,3 milhões de pessoas nas prisões norte-americanas. Os EUA gastaram mais de 300 bilhões de dólares desde 1980 para expandir o sistema penitenciário. A justificativa oficial de Washington para a utilização de prisões privadas, reiterada ao longo dos anos. Assistimos a privatização das prisões em alguns países como a França, Canadá, Inglaterra, Escócia, Austrália, Japão e na América Latina o Chile, Honduras, Paraguai, Peru e México. Nos EUA, o que a princípio seria a solução passou a ser um negócio lucrativo e não diminuiu em nada a criminalidade. Hoje nos EUA existem mais de 15 empresas que disputam essa fatia no mercado lucrativo. Necessário salientar, como aponta o professor José Laurindo Minhoto, que a rentabilidade do negócio em que se transformou a custódia de presos, fez com que duas empresas norte-americanas que começaram com a essa transação, conhecidas como CCA e WCA, estão avaliadas aproximadamente por quatro bilhões de dólares. Outro ponto relevante é a valorização de 100 a 200% na bolsa, muito rentável no mercado acionário. No Brasil adveio a ideia das PPPs, parcerias público-privadas, que teve início no Estado de Minas Gerais onde foi inaugurada no dia 28/01/2013 o primeiro presídio com PPP, no município de Ribeirão das Neves, com 3040 vagas. O governo estadual previu 72

73 pagamento à empresa de 2,7 mil por preso por mês, mais do que os R$ 2,1 mil que gasta atualmente com cada detento do sistema público. A socióloga Julita Lemgruber no Seminário A Privatização do Sistema penitenciário Brasileiro, organizado pelo Comitê e pelo Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, afirmou: O Estado priva alguém da liberdade, então o estado precisa administrar essa privação da liberdade. Portanto, não é legítimo que o estado ceda à iniciativa privada a administração da privação da liberdade de alguém. Essa é uma questão de fundo. Está impondo um novo modelo sem qualquer discussão com a sociedade, não houve nenhuma tentativa de amadurecer essas ideias. É um grande equívoco, pois tem pessoas que estão na prisão ilegalmente. Então, você tem um problema muito grande para solucionar, que é manter na prisão, realmente, somente aquelas pessoas cuja privação da liberdade respeita os limites da lei. O que não é o caso do Brasil na questão dos presos provisórios. Continua a socióloga Julita Lemgruber em sua análise: As nossas prisões estão entupidas de presos que cometeram delitos sem violência, que poderiam ser punidos com penas diferentes da pena de prisão. A sensação que eu tenho é que a gente vai enfrentar um tsunami. Isso vai invadir o país. No Brasil os estados que estão pensando ou já iniciaram projetos de parcerias público-privadas são: São Paulo, Pernambuco, Ceará, Santa Catarina, Tocantins, Bahia, Paraná e Espírito Santo. Importante salientar o boom das privatizações começa na década de 90 quando o governo federal vendeu mais de 100 empresas estatais e concessionárias de serviços públicos, em um processo de privatizações ainda em curso, vide aeroportos, a telefonia, a distribuição de energia elétrica, muitas rodovias extração de minério de ferro e a siderurgia. Diferente do modelo privado norte-americano de gestão penitenciária, o modelo de parceria público-privada é oriundo da França. Baseia-se em um sistema de dupla 73

74 responsabilidade que tanto a empresa privada como o Estado administram em conjunto, que está dividido dá seguinte forma: 1- Cabe à empresa privada A construção da penitenciária A colocação de todos os móveis necessários ao seu funcionamento A manutenção de serviços médicos e dentários A criação de áreas de lazer O fornecimento de alimentação, roupas, medicamentos etc. A segurança interna, realizada por pessoal contratado. O fornecimento de assistência jurídica gratuita para os presos A possibilidade de assistência religiosa. 2- Cabe ao serviço público Fiscalização do Ministério Público bem como pelo Poder Judiciário Direção de unidade prisional Portanto temos modelos de privatização total e parcial. Cabe discutir alguns pontos sobre a privatização: a) Privatizando as prisões e tendo elas fins lucrativos, aumentaríamos sensivelmente o número de pessoas presas, a exemplo o que ocorreu nos EUA. Esse é o raciocínio lógico numa sociedade capitalista neoliberal. Do ponto de vista ético, pesa o fato de que as empresas só se preocupariam em lucrar com o aprisionamento das pessoas, assim lucrariam com uma atividade que deveria ser prestada pelo Estado, responsável pela administração da segurança e da justiça, logo é um negócio que lucra com a dor e a privação da liberdade, assim para se ter lucro é necessário ter mais hospedes e de penas longas. Dessa forma, vai promover uma demanda jurídico penal que se associe aos novos negócios da prisão. Esse paradigma carcerário está vinculado a um modelo político econômico de ascendência neoliberal, que transformou o Estado Social em Estado Penal. b) Cabe observar ainda que o estado já vem privatizando aos poucos o sistema prisional, pois muitos serviços já são terceirizados, a exemplo o fornecimento de 74

75 alimentação. Recentemente foi fartamente veiculado nos meios de comunicação o esquema de corrupção envolvendo a empresa Facility, fornecedora de alimentação ao sistema prisional do Rio de Janeiro. c) Vale destacar que o estado quando busca a terceirização de serviços como alimentação, limpeza e serviços de técnicos como de assistentes sociais, médicos, psicólogos, técnicos de enfermagens, pessoas para trabalharem administrativamente, enfim todos os contratos temporários, o faz pensando que o custo será menor do que aquele possivelmente praticado pelo estado. Como se sabe nas licitações públicas, o que se busca, além da qualidade do serviço, é o menor preço. Dessa forma, pelo menos teoricamente, o estado ao terceirizar um serviço busca evitar gastos desnecessários. Porém não estamos falando de gastos desnecessários e sim de um serviço que requer pessoas com uma especificidade particular de trabalho. No Rio de Janeiro, com a superpopulação carcerária, violência endêmica e condições absolutamente subumanas de alojamento, o governo vem sucateando alguns serviços essenciais no sistema prisional, como a função de médico, assistente social, psicólogas, nutricionistas, técnicos de enfermagens enfim várias profissões, principalmente toda área técnica. No organograma da SEAP a área técnica é subordinada à Subsecretaria de Tratamento Penitenciário. Na prática a pasta não vem dando a atenção devida à temática. O último concurso que foi feito para esta área foi em Até então tínhamos um número de presos compatível com os números de profissionais para atendimento que eram aproximadamente 16 mil presos. Hoje o Rio de Janeiro possui mais de 34 mil presos, para apenas 600 profissionais da área técnica. Portanto, é possível afirmar que no Rio de Janeiro, há anos, temos observado o sucateamento de todos os serviços técnicos, para haver mais justificativas nos contratos com o setor privado, na prestação de serviço. Entretanto, a situação é calamitosa. Existem unidades prisionais nas quais há muito tempo não há assistente social e que vão permanecer sem o profissional por muito 75

76 tempo, pois não são oferecidas condições dignas de trabalho. Os contratos são extremamente frágeis e perversos. Em relação aos médicos, o cenário é similar. O governo estadual inaugurou a UPA do Complexo de Gericinó, que tem a seguinte missão: A Unidade de Pronto Atendimento é uma parceria entre as Secretarias de Administração Penitenciária e a de Saúde e Defesa Civil. Segundo o subsecretário-adjunto de Tratamento Penitenciário, a unidade, além de atender os presos, vai evitar que criminosos feridos em ações policiais sejam medicados em hospitais junto com a população dentro do Complexo de Gericinó e tentaram contratar médicos a um salário diferenciados de aproximadamente sete mil reais. Porém, não conseguiram preencher todas as vagas. Existe ainda outro problema grave, ético, que é constituir equipes com alta disparidade de vencimentos, ferindo o princípio da isonomia. No Rio de Janeiro o Fórum Permanente de Saúde do Sistema Prisional vem ao longo de dois anos denunciando tais problemas. Esta luta contribui para frear a ânsia privatista no sistema penitenciário. Outro fator a ser destacado é o sindicato de profissionais da área de segurança, ainda bastante combativo. O governo do estado, ao longo dos últimos anos tem dado total apoio, realizando concurso público e implementado o plano de cargos e salários. Fato que não está acontecendo com a área técnica que, há mais de seis anos, solicita concurso público e plano de cargos e salários. Há claramente a prioridade do governo ao longo de mais de 16 anos na área de segurança em detrimento da área técnica. Outro fator que pode contribuir como freio ao processo de privatização do sistema penitenciário são alguns dispositivos legais, como a Resolução Nº 8 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária: Art. 1º Recomendar a rejeição de quaisquer propostas tendentes à privatização do Sistema Penitenciário Brasileiro.... Parágrafo único: Os serviços técnicos relacionados ao acompanhamento e à avaliação da individualização da execução penal, assim compreendidos os relativos à assistência jurídica; médica, psicológica e social, por se inserirem em 76

77 atividades administrativas destinadas a instruir decisões judiciais, sob nenhuma hipótese ou pretexto deverá ser realizada por empresas privadas, de forma direta ou delegada, uma vez que compõem requisitos da avaliação do mérito dos condenados. Certamente, a realidade prisional do Rio de Janeiro e do Brasil é calamitosa. Os problemas estruturais podem tornar-se ainda mais agravados no que se refere à garantia dos direitos das pessoas privadas de liberdade caso o processo de privatização seja aprofundado. É urgente que o Poder Judiciário, especialmente a Vara de Execuções Penais, o Ministério Público, a Defensoria Pública e demais órgãos e instituições de monitoramento dos espaços de privação de liberdade estejam vigilantes a este cenário sombrio que se ergue junto a um contexto de sucateamento de serviços básicos com saúde, educação, habitação em todo o país. Cenário este que acentua o caráter punitivo do Estado em detrimento de políticas públicas de cidadania. III.1.3 SAÚDE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro em parceria com a Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania e o Fórum Permanente de Saúde no Sistema Penitenciário do Rio de Janeiro realizou em 21 de maio de 2013 mais uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro para tratar do precário acesso à saúde no sistema penitenciário carioca. Estiveram presentes na Audiência a Secretaria de Estado de Administração Penitenciário (SEAP), Ministério Público, através da Promotoria de Tutela Coletiva de Saúde, a Defensoria Pública e parte dos profissionais que integram o corpo técnico das unidades de saúde e prisionais. O Mecanismo expos dados colhidos no relatório apresentado ao Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura específico sobre saúde no sistema prisional em dezembro de

78 O relatório apresentado teve o intuito de diagnosticar as políticas de saúde existentes no âmbito do sistema prisional no Rio de Janeiro e as condições observadas para o tratamento de pessoas privadas de liberdade deste estado. Sua finalidade é a de prevenir e combater as condições de tortura através de recomendações que estabeleçam harmonia com os padrões nacionais e internacionais de cuidados em saúde. O MEPCT realizou visitas a todas as unidades de saúde do sistema prisional do rio de janeiro, incentivado pelas constantes denúncias por parte dos presos em relação ao atendimento de saúde e dos questionamentos oriundos dos próprios técnicos da saúde prisional. Além de considerações sobre essas unidades, o MEPTC fará também observações sobre questões ligadas à saúde das visitas realizadas em unidades que dispõem de ambulatórios de saúde. Entre os principais descontentamentos dos presos, a assistência médica se destaca. São frequentes as queixas de péssimo atendimento, indisponibilidade de medicamentos e demora para atendimento de emergência. Como constatado em quase todos os relatórios do Mecanismo, a arquitetura das unidades prisionais em muito contribuem para violação do direito à saúde e dos direitos humanos. A condição dos ambientes são insalubres: precária iluminação e ventilação, má conservação da rede de esgoto, acúmulo de lixo, condição degradada das celas e ausência de ambiente sanitário adequado. É nítida a existência de maus tratos em virtude do difícil acesso das pessoas doentes aos serviços de saúde, a não disponibilização de água filtrada para o consumo dos detidos, a falta de camas, colchões, roupa de cama, uniformes, materiais de higiene e remédios agravam e vulnerabilizam ainda mais a saúde dos presos. Médicos entrevistados pelo Mecanismo em ambulatórios apontaram graves problemas no que diz respeito à resolutividade dos casos e afirmaram que doenças graves não são tratadas e que não há saúde preventiva no sistema prisional do rio de janeiro. Há muitos presos com doenças respiratórias, alergias e doenças de pele em diferentes unidades. Aponta-se que seria necessária a presença de dermatologistas, oftalmologistas, alergistas, ortopedistas e outros especialistas que pudessem tratar das doenças mais recorrentes para que fosse prestado um bom tratamento de saúde. Há, 78

79 ainda, uma gama de presos com hipertensão, asma e outras tantas doenças que não tem tido atendimento adequado no sistema. Há falta de remédios, nebulização, materiais em geral. Uma das enfermeiras entrevistadas em visita do Mecanismo afirmou que eles (técnicos de saúde) trabalham fazendo milagres, pois a estrutura é absolutamente precária e os salários são insatisfatórios. Nas unidades femininas faz-se indispensável a presença de ginecologistas. Importante destacar, no entanto, que não foram observadas, nas visitas realizadas pelo MEPTC, a presença de médicos ginecologistas em nenhuma das unidades femininas visitadas. No que diz respeito aos transexuais do sistema, seria fundamental o fornecimento da hormônio-terapia para manutenção de sua dignidade. Como muitos presos reclamam de receber medicação com validade vencida, o Mecanismo sempre solicita acesso aos medicamentos do ambulatório. Por diversas vezes foi possível observar a presença de medicamentos e seringas fora da validade. A subsecretaria de tratamento afirmou, em reunião com o MEPTC, que providências estão sendo tomadas para que não mais sejam fornecidos remédios com prazo perto ou fora do vencimento. Justificou-se que a maior parte dos medicamentos fora da validade são oriundos de doações, o que não mais será aceito pela SEAP. O MEPTC vê a iniciativa com bons olhos, mas alerta que, ainda assim, foi possível encontrar remédios fora da validade nas visitas que realizou após a reunião com o Subsecretário de Tratamento. Até o ano de 2007, o serviço de saúde oferecido pela seap era referência no cenário nacional, contudo diante dos dados colhidos nas visitas realizadas é possível afirmar que a saúde do sistema prisional carioca passa por uma crise. As possíveis causas para este grave momento apontadas pelos próprios profissionais são aumento da população carcerária, escassez de recursos humanos, déficit salarial e a adoção de contratos temporários. Segundo Resolução do Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias (CNPCP), Nº 07 de 14 de abril de 2003, artigo 1º, inciso IV: Para o atendimento ambulatorial são necessários, no mínimo, servidores públicos das seguintes categorias profissionais: 01 médico clínico, 01 médico psiquiatra, 01 79

80 odontólogo, 01 assistente social, 01 psicólogo, 02 auxiliares de enfermagem e 01 auxiliar de consultório dentário com carga horária de 20 horas semanais. Nas unidades femininas deve haver sempre, pelo menos, 01 médico ginecologista. (grifo nosso). O CNPCP acrescenta ainda que cada equipe deve ser responsável por até 500 presos. Nesse sentido é possível afirmar que, no tocante às equipes técnicas de saúde nas unidades comuns da SEAP (que tem tratamento ambulatorial), há um total descompasso com a política nacional de acesso à saúde do preso e da presa. 66 Outro aspecto cotidiano que prejudica aqueles que necessitam ser deslocados da unidade para atendimento é o transporte realizado pelo Serviço de Operações Externas (SOE). Um fator recorrente no relato dos detentos é uso contínuo e excessivo da força por parte dos agentes do SOE em traslados realizados pelo órgão. Um preso relatou ao MEPTC que o SOE esculacha muito e que enquanto batem afirmam que quebram e o médico conserta. É necessário destacar também a inadequação e insuficiência de tratamentos de média e alta complexidade pela SEAP. Além do próprio Complexo de Gericinó não ter um hospital próprio para casos de alta complexidade apenas uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) as demais unidades isoladas e do Complexo de Japerí sofrem ainda mais com a logística do transporte para atendimento médico. Os presos, por sua vez, tem ameaçada sua integridade física frente às distâncias que percorrem para realizar suas consultas e ao procedimento de transporte inadequado. Faz-se premente que a SEAP se adéqüe a Resolução Nº2/2012 do CNPCP, regulamentando o transporte com número máximo de detentos por viagem, hierarquização dos casos de saúde e, em médio prazo, que seja substituído o transporte dos doentes nos carros do SOE por ambulâncias equipadas para atendimento emergencial de saúde. Outro fato grave apurado pelo MEPCT diz respeito à informação de que a comunicação dos presos com qualquer profissional integrante da equipe técnica, 66 Resolução do Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciária, Nº 07 de 14 de abril de Disponível em: 69b&attid=0.1&disp=inline&realattid=f_h0wsdq8f0&safe=1&zw&saduie=AG9B_P_wZS0nk6YD9ot6y 17nvscI&sadet= &sads=apv28yyxnLfwqi406GvqTf92Y9E&sadssc=1 80

81 inclusive para atendimento médico, se dá, na maioria das unidades, através dos chamados faxinas ou ligação. Em algumas unidades tal solicitação é feita para os inspetores penitenciários. Assim, estes são os responsáveis por anotar os pedidos de atendimento e repassar a equipe, ficando, portanto, a critério dos mesmos determinar quem irá receber atendimento psicológico, social ou médico. Tal fato é grave e enseja a possibilidade, tanto de corrupção, como de arbitrariedade no acesso ao atendimento de saúde. É urgente a mudança dessa forma de seleção para o atendimento que além de qualificado deve ser universal. O programa de tuberculose e AIDS que também já foi bastante elogiado em outros tempos, neste momento encontra-se bastante debilitado. Há reconhecida insuficiência de médicos e materiais para diagnóstico, o que nos permite afirmar a existência de provável a subnotificação dos casos de tuberculose. A unidade Alfredo Tranjan (Bangu II) que atualmente funciona também como uma porta de entrada do sistema não possui equipamentos para diagnóstico da tuberculose, tal qual não havia no Ary Franco, um das razões da audiência realizada no ano passado. Em outubro de 2012 o Ministério Público do Rio de Janeiro propôs ação civil pública devido a diminuição na oferta de consultas e exames aos internos com tuberculose e o consequente aumento na taxa de mortalidade no sistema prisional. Em janeiro de 2013, a 5ª Vara de Fazenda Pública concedeu liminar ao Ministério Público determinando ao Estado do Rio equipar o Hospital Sanatório Penal, com no mínimo 12 médicos para o atendimento dos pacientes, um laboratório com os recursos necessários para os exames de tuberculose, entre outros itens. Contudo, em 15 de março de 2013, a 3ª Câmara Cível do TJRJ suspendeu a liminar com o entendimento que o atendimento estaria sendo prestado nas unidades prisionais pela Secretaria de Estado de Saúde, fato que não foi verificado pelo MP e tão pouco pelo Mecanismo. a) Sobre os hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico Para possibilitar a ressocialização de pacientes com alto grau de institucionalização e estigma como os loucos infratores são necessárias estratégias 81

82 estruturantes que passam pela mudança no próprio perfil de internação, permanência e tratamento. Sob a lógica de gestão penitenciária, os pacientes se deparam com problemas que lhe são singulares: o quadro de agentes, por exemplo, não possui uma capacitação específica para lidar com pessoas com transtornos psíquicos, fato que acarreta sérios problemas na relação com perturbações e sintomas específicos. O MEPTC considera um exemplo de boas práticas todas as modificações realizadas pela SEAP nos manicômios judiciários, que, em reconhecimento ao fato de que a legislação dava margem para internações abusivas, iniciou o Programa de Reinserção Social Assistida nos anos 90. Tal programa foi fundamental para cessar do critério de avaliação da periculosidade e o condicionamento da desinternação à remissão da sintomatologia e ao apoio sócio-familiar, tendo importante lugar na reorientação à assistência e atendimento nos manicômios judiciários do estado. Outras experiências inovadoras demonstram que o infrator fora do manicômio judiciário e inserido nas redes de atenção à saúde mental tem maiores chances de sucesso em seu tratamento. A rede extra-hospitalar de saúde com seus dispositivos como os CAPS, Residências Terapêuticas, ambulatórios e Centros de Convivência, legitima-se para oferecer tratamento a estes cidadãos. Os municípios são responsáveis por implementar tais serviços tão fundamentais ao processo de desinstitucionalização, o que tem se dado com extrema lentidão. Preocupa ao Mecanismo que os Hospitais venham a se converter em abrigo, como pode ocorrer com o hospital Heitor Carrilho de forma permanente, oferecendo como única alternativa a continuidade da institucionalização através do acolhimento ou a transistitucionalização dos pacientes para outros manicômios. É sabido que não é essa a intenção da SEAP, o que indica um bom direcionamento. O Mecanismo vê como positiva a reorganização da porta de entrada e de saída dos manicômios judiciários e se preocupa com as dificuldades enfrentadas no processo de desinstitucionalização dos pacientes oriundos de manicômios judiciários pelo duplo estigma que sofrem. Em visitas realizadas pelo Mecanismo é preocupante a presença de internos com distúrbios psiquiátricos em unidades que não oferecem tratamento adequado. Os membros do MEPCT/RJ encontraram por exemplo em visita ao Ary Franco um interno 82

83 com aparente transtorno em uma cela comum, ingerindo fezes. Cabe destacar que durante muitas inspeções são ouvidos relatos de presos com quadro de sofrimento psíquico aguardando atendimento adequado. b) Sobre o relato de tortura No que diz respeito ao tema da tortura, é fundamental que os profissionais de saúde do sistema tenham autonomia e segurança para relatar as autoridades as evidências do crime de tortura sem naturalizar marcas físicas que podem ser oriundas de agressões. No caso de unidades prisionais, a dificuldade verificada em materializar provas dos crimes de tortura é ainda maior na medida em que o preso está sob controle e custodia do Estado. Assim, ter um corpo técnico atento aos casos de crime de tortura é fundamental. A comum escusa de que presos caíram da comarca e/ou entraram em conflito com outros presos não devem ser naturalizadas. De forma geral as soluções para a evolução no sistema de saúde nas unidades prisionais passa pela valorização da equipe técnica de saúde e isso deve ser feito através da implantação imediata do plano de carreiras, da melhoria salarial, da adequação das condições de trabalho e também pela captação de recursos humanos por um concurso público para preenchimento dessas vagas ociosas. Apesar das OS já instaladas na UPA de Bangu é necessário ressaltar a necessidade de rejeitar qualquer privatização da saúde do sistema prisional e das contratações feitas em caráter temporário na medida em que os profissionais de carreira demonstram melhor desempenho e maior compromisso com esse público singular. 83

84 III.2 SISTEMA SOCIOEDUCATIVO III.2.1- Adolescentes Privados de Liberdade No que tange à matéria dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Brasil ocupa lugar de destaque no âmbito internacional, especialmente pela sua legislação especial, qual seja, o Estatuto da Criança e do Adolescente. Antes mesmo da aprovação da Convenção Sobre os Direitos da Criança da ONU (CDC), em 1989, o Brasil já adotara a chamada Doutrina da Proteção Integral, desenvolvida durante os trabalhos das Nações Unidas que resultaram na Convenção. A proposta de emenda popular apresentada à Assembléia Nacional Constituinte, que contou com mais de 1,2 milhões de assinaturas, e que resultou na inclusão do artigo 227 da nossa carta magna, internalizou a referida doutrina, em detrimento da chamada Situação Irregular, anteriormente vigente no país através do Código de Menores de 1979, revogado pela nova ordem constitucional brasileira. Como princípios básicos da Proteção Integral, e que se contrapõem diretamente àqueles que norteiam a Situação Irregular, apontamos a condição de sujeito de direitos à qual são elevadas as crianças e os adolescentes, antes entendidos como objetos de intervenção estatal, como indicativo da mudança paradigmática que representa esta formulação e internalização deste entendimento sobre a infância e a Adolescência. Apesar destes avanços observados no âmbito legislativo, no que tange às políticas públicas, o Brasil avançou a passos lentos nestes últimos 25 anos, especialmente na universalização do acesso a estes direitos e na atenção às crianças e aos adolescentes institucionalizados. Infelizmente, a rotina histórica de violação e negação de direitos a estes meninos e meninas é a realidade atual, tendo o Brasil apresentado as maiores taxas de homicídios contra crianças e adolescentes em todo o mundo. E podemos, sem sombra de dúvidas, afirmar que o Sistema Socioeducativo é uma das políticas públicas voltadas para o público infanto-juvenil que permanece com uma cultura menorista focada ainda na situação irregular. 84

85 Segundo levantamento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), entre 2006 e 2010 observou-se uma redução do crescimento percentual de adolescentes no Sistema Socioeducativo em âmbito nacional 67, se comparado à década anterior. Embora não tenha havido uma redução no número absoluto de adolescentes e jovens cumprindo medidas privativas de liberdade (internação provisória, semiliberdade e internação), a tendência observada ao longo destes quatro anos, os primeiros após a aprovação da Resolução 119 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), que instituiu o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Cabe destacar que essa tendência de redução da taxa de crescimento do número de adolescentes privados de liberdade foi interrompida, evidenciando uma preocupante nova tendência de inversão, ou seja, se antes havia um redução constante da taxa de crescimento, aparentando haver uma certa estabilização no número de internos em todo o país, hoje observa-se uma nova onda encarceradora, o que fez com que de 2010 a 2011 o número de adolescentes internados no país tenha crescido 10,69% 68, como podemos observar na figura abaixo. 67 Levantamento Nacional sobre o Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei com dados referentes a idem 85

86 Fonte: Levantamento Nacional sobre o Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei com dados referentes a Em janeiro de 2012, a Resolução 119 do CONANDA sofreu algumas alterações, tornando-se lei federal com o número /12, a chamada Lei do SINASE. A partir deste novo marco normativo, fruto de ampla mobilização da sociedade civil organizada no âmbito da defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, pretende-se ter maior integração entre os atores do sistema de garantia de direitos, definindo-se atribuições, metas, procedimentos e responsabilidades dos gestores quanto a eventuais irregularidades constatadas. O MEPCT em junho de 2013 encaminhou contribuições e sugestões á consulta pública ao Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo à Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente nos eixos gestão, qualificação do atendimento, participação cidadã dos adolescentes e sistema de justiça e segurança. Vale destacar que muitas de tais contribuições são semelhantes àquelas que o MEPCT realiza em suas recomendações nos relatórios de monitoramento. O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio de Janeiro, ao longo de 2013, realizou inúmeras visitas nas unidades de internação e internação 86

87 provisória, com vistas ao acompanhamento da implementação do SINASE no estado. Nestas visitas, recorrentemente éramos surpreendidos com afirmações de que o número de apreensões e internações vinha crescendo, informações estas prestadas por diretores de unidades, servidores e gestores do próprio sistema socioeducativo fluminense. Para se ter uma ideia, em 05 de novembro de 2013, em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de janeiro sobre o Sistema DEGASE, o Sub-diretor Geral do departamento afirmou que observou-se um aumento desproporcional no número de adolescentes que entram no sistema, apontando como uma das possíveis causas, a realização de mega-eventos na cidade do Rio de Janeiro, tais como Rio +20, Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude Católica, entre outros. Esta constatação merece atenção especial do MEPCT/RJ uma vez que esta tendência encarceradora durante estes eventos deve permanecer ao menos até 2016, tendo como ápices a realização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos de Esta hipótese encontra respaldo na tabela abaixo, que analisa, comparativamente, a variação do número de adolescentes privados de liberdade entre os anos de 2010 e 2011 nos estados e no Distrito Federal. 87

88 Fonte: Levantamento Nacional sobre o Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei com dados referentes a A tabela abaixo compara o número de adolescentes privados de liberdade em todos os estados no período entre os anos de 2008 a

89 Fonte: Levantamento Nacional sobre o Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei com dados referentes a Importante destacar que, mesmo se tratando de dados referentes ao ano de 2011, ou seja, anteriores aos primeiros mega-eventos em sequencia que teremos na cidade do Rio (tivemos em 2012 a Rio +20 e, em 2013, a Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude Católica) o Rio de Janeiro já observava um crescimento, evidenciando que, embora a observação feita pelos gestores e profissionais do DEGASE da relação entre este eventos e o aumento do número de adolescentes, o encarceramento em massa constitui elemento de suma importância na política criminal levada a cabo pelo estado, não apenas no que diz respeito aos mega-eventos. No que tange à proporcionalidade da população quanto ao gênero, a tabela abaixo traz a realidade em 2011 em todos os estados brasileiros. 89

90 Fonte: Levantamento Nacional sobre o Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei com dados referentes a O número de meninas privadas de liberdade no estado do Rio de Janeiro representa cerca de 5% do total de adolescentes internados, muito semelhante ao observado no restante do país. Ainda sobre a conjuntura do sistema socioeducativo, em 2011, o estado do Rio de Janeiro apresentava uma taxa de encarceramento de 60 adolescentes para cada adolescentes residentes no estado. Esta taxa, se de fato as observações dos gestores do DEGASE e dos membros do MEPCT/RJ (de que houve um aumento significativo do número de adolescentes apreendidos nos últimos dois anos) se confirmarem, deve ser bem mais elevada atualmente. Como já vinha acontecendo em 2012, o MEPCT/RJ foi novamente convidado a participar dos cursos de formação para servidores do Departamento Geral de Ações 90

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